sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Até as últimas consequências–Capítulo XI

(fanfic II para Hakushaku to Yousei)

Opening (Abertura):

Qual é a cor da trama de Edgar?

Sugestão de trilha: Atatakana Kokoro (Rozen Maiden – OST)

- Ficarão parados aí? – indagou uma mulher de cabelos negros presos por um coque majestoso. Aparentava ser jovem, apesar do traje sóbrio que a deixava mais austera do que era. Manipulava uma roca e dela sai vários fios, ora coloridos, ora brancos, ora negros. Ao seu lado, estava uma outra mulher, agora um pouco mais velha, com mesmo cabelo negro mas com alguns fios prateados salpicados ali e aqui. Na sua frente havia um enorme tear que ela conduzia com delicadeza e apuro. E ao lado desta, uma senhora de longos fios prateados, vestida exatamente como as anteriores, e no seu colo repousava uma tesoura de ouro cravejada por diamantes.

Lydia e Raven aproximaram-se delas e curvaram em sinal de respeito. A do meio os saudou:

- Bem-vindos! Estávamos à espera de vocês, Sir Raven e Lady Lydia.

Os dois entreolharam-se espantados. A mais jovem, que parecia adivinhar o que pensavam, disse:

- Talvez estejam se perguntando como sabemos os nomes de vocês e os digo: eu vi vocês nascerem.

A segunda continou:

- E eu sou responsável pelas atribuições, missões e dificuldades na vida de cada um de vocês.

E a terceira finalizou o pensamento com os seguintes dizeres:

- E sou eu quem determinará a hora da partida de cada um de vocês.

- Meu nome é Cloto, disse a primeira.

- O meu é Láquesis, falou a segunda.

- E o meu é Átiopos, revelou a terceira.

Cloto então os convidou:

- Por favor, acomodem-se naquelas cadeiras.

- Devem estar com fome, não é? Vou solicitar que preparem uma refeição para vocês – falou a segunda. E tocou um sininho chamando pela criada.

Cloto tornou a falar, agora, com foco em Lydia:

- Vamos lá! Seu nome de solteira é Lydia Carlton. Nasceu na Escócia e herdou os poderes de sua mãe, Aurora, os de ver, ouvir e falar com as fadas. Mas, ela faleceu muito cedo e você ficou aos cuidados do seu pai, o senhor Carlton.

- Cresceu sem muitos amigos humanos – desta vez era Láquesis quem falava -  mas, em compensação, foi querida e amada pelas fadas e os seres mágicos. Além de ter a companhia inseparável de Nico, o gato-fada, que também foi o fiel escudeiro de sua mãe.

A fairy doctor teve uma saudade repentina de Nico. Mesmo com poucos modos e o um certo mau-humor, ele era gentil para ajudar os outros. Agora, provavelmente, zelava pelo sono de Aurthur.

- Mas aí, um belo dia, tudo isso mudou… – continuou Láquesis – Você estava a caminho de Londres para encontar seu pai e um homem alto pediu a sua ajuda desesperadamente. Vocês fugiram daquele navio, porque tratava-se de uma emboscada. E quando se deu conta, estava apaixonada por ele, mesmo negando veemente por muito tempo.

- Talvez, tempos demais… – completou Átiopos.

Quando elas terminaram de falar, a criada disponibilizou alguns sanduíches, tortas e sucos para Raven e Lydia.

- Pois bem, como vocês passaram por determinados testes e tiveram autorização, verão a trama de Edgar. – anunciou Cloto.

Sugestão de trilha: Kodoku na Kokoro (Rozen Maiden – OST)

Ela então girou a roca rapidamente e aos poucos, eles puderam ver imagens da vida pregressa de Edgar. Primeiro, ouviram o choro potente de um nenezinho muito alvo e bem cabeludo. “Definitivamente era ele”, pensou Lydia, “que outra pessoa iria anunciar aos plenos pulmões que tinha chegado ao mundo?”. A fairy doctor sorriu involutariamente quando viu a cena.

Agora em conjunto com o trabalho de Cloto, Láquesis começou a manipular o tear de forma mais ágil. Desta vez, surgiu um Edgar criança, provavelmente, estava no jardim de sua casa. Tinha as barras da calça viradas até a altura do joelho e estava descalço. A camisa branquinha engomada parecia suja, algo comum para meninos daquela idade. Os mesmos olhos cor de malva acinzentados curiosos, os cabelos vastos, mas de fios tão finos, que o vento brincava de deixá-los despenteados. O menininho estava aproximando o dedinho indicador para tocar uma lesma. Quando a tocou, ele fez uma cara de espanto e nojo. E ouviu-se a reprimenda da babá que o alertou que ele poderia piorar da asma.

Outras cenas passaram, inclusive quando Edgar disse a Paul que ele era melhor pintor do que um poeta. E aí, as imagens foram ficando mais aterrizadoras. Principalmente, a noite em que os pais, assim como todos os criados, foram assassinados a mando do Príncipe. Os gritos desesperados do garoto tentando salvar seus pais ensanguentados e já sem vida, foram demais para Lydia. Depois, ele teve a cabeça envolta por um capuz negro que tampava totalmente a visão e seus pés e mãos foram amarrados. Ele agitava-se de modo febril e aí surgiu um senhor de meia-idade, de feições muito parecidas com Ulysses. Lydia arregalou os olhos e lembrou-se do que Edgar tinha dito:

- Querida, provavelmente, Ulysses possui 2 a 3 corpos. Não me pergunte como, mas ele mesmo se gabava disso. E não era uma invenção de qualquer anormal. Ele é um anormal!

Ulysses foi o braço direito do Príncipe durante muito tempo, tinha por volta de 200 anos e sempre mudou de corpo. Ele conseguia fazer essa façanha por dois motivos. Um, assim como Lydia, ele é um fairy doctor. Porém, seu poder é de manipular os elementais e subjugá-los ao seu bel--prazer. E outro, Ulysses é o filho ilegítimo do último Conde Cavaleiro Azul, Julius Ashenbert. E fosse como fosse, ele não tinha engolido até o momento que Edgar conseguira o título.

Sugestão de trilha: Kowareta Sekai (Rozen Maiden – OST)

Para ele, Edgar era um grande obstáculo, o homem que roubou dois cargos que ele sempre sonhou: como já foi dito, o posto de Conde Cavaleiro Azul e ser o substituto do Príncipe. Algo que Edgar não tinha o mínimo de orgulho e lutou contra todas as forças para desatar as amarras daquele que matou seus pais por puro poder.

Outras cenas foram entrecortadas, por conta da gravidade em que Edgar foi tratado como escravo branco e cobaia de experiências assustadoras. Depois vieram a fuga dos domínios do Príncipe, a volta para a Inglaterra, quando ele e Lydia se conheceram, a busca pela Espada Merrow, o cotidiano entre os dois, o namoro, o casamento, o nascimento de Aurthur, assim como o seu rapto. E finalmente… a sua morte…

Lydia percebeu que deveria ficar atenta à cena, e mais do que nas outras. Mas também a sua tensão cresceu, isso porque era o momento decisivo que o fio da vida de Edgar seria cortado ou não por Átiopos. A condessa então desejou: “Oh, Deuses, permitam que isso não aconteça”. Naquele momento, ela era uma mera espectadora. E não importaria quantas vezes revisse a cena, ela era sempre extremamente dolorosa. Porém, ali diante dos seus olhos, pode constatar o autor do disparo…

- Ulysses!!! – gritou Lydia – Só podia ser ele!!

- Acalma-se, milady – pediu Raven.

A trama de Edgar foi ficando cada vez mais vermelha. E conforme ela estava terminando, Lydia ficava fixa na cor da trama e nos movimentos que Átiopos poderia fazer. Mordeu os lábios levemente, suas costas ficaram tensas e a respiração difícil de ser controlada. A trama estava no fim… Átiopos pegou a tesoura… Enquanto isso, a roca de Clotos e o tear de Láquesis pararam de trabalhar. A trama ficou inacabada. E Átiopos abaixou a tesoura e a colocou em uma caixinha tão espertacularmente trabalhada como o próprio utensílio.

Sim! Não estava nos planos das Moiras, a morte de Edgar. Lydia começou a chorar emocionada e aliviada, assim como Raven, algo incomum para uma pessoa como ele. “E agora, o que faço?”, indagou-se a fairy doctor.

- Lydia, o que você deve fazer agora é voltar no tempo. Exatamente no momento em que você sonhou com o ocorrido. – afirmou Láquesis.

- Mas, para isso, você deverá convencer aquele que é o responsável pelos ciclos da vida, senhor do presente, passado e futuro. – explicou Cloto.

- Aquele que atende pelo nome de Chronos, o Senhor do Tempo. – finalizou Átiopos.

Sugestão: Bara no Jubai (Rozen Maiden – OST)

- Tudo bem!Tudo bem! Mas o que devo dizer exatamente? – Lydia perguntou de forma ansiosa.

- A verdade, Lydia! – declarou Átiopos.

- Em último caso, leve-a com você. –  Láquesis dobrou a trama de Edgar, envolveu-a em um veludo verde-folha e entregou à condessa.

- Mostre para ele, Lydia! Mas primeiro,  convence-o, mas se não tiver outro jeito, mostre-a e diga que ainda não estava nos nossos planos cortar o fio da vida de Edgar. Pelo que sabemos, a vida dele é longa. – dessa vez era Clotos que norteava a fairy doctor.

- Como fazemos para chegarmos até o Chronos? – indagou a fairy doctor.

- Estaremos disponibilizando um cocheiro que sabe o caminho e os levará o mais rápido possível. – revelou Láquesis.

- E vocês devem partir nesse minuto! – alertou Átiopos.

- E Lydia… – Clotos mordeu os lábios em forma de apreensão, mas continuou: – vá agora, pois logo mais uma alma querida irá criar laços com vocês…

A condessa ficou perplexa e pensou: “Será que estou grávida?”.

Nesse momento o cocheiro já estava na porta  esperando por eles.

“Espere por mim, meu amor! Logo estaremos juntos novamente! E ninguém terá o poder de nos separar, só se for a vontade dos Deuses”. Lydia pensou como fosse uma oração e que essa chegasse até a alma do seu amado, seja lá onde estivesse.

Ending(Fechamento):

Nota da autora: Bem, estamos indo para o final do primeiro arco. Já disse que teriam dois arcos a história, lembra-se? Pois bem, aqui estão as Moiras. Não sei se você reparou, mas esse capítulo foi escrito como fosse um jogral. E sim, foi proposital. Isso porque foi uma pequena homenagem ao teatro grego, que da mesma origem das Senhoras dos Destinos. Quando estava escrevendo não tinha percebido, mas depois de pronto, notei a imponência dessas Deusas. Para quem quer saber mais sobre elas, aí vai um link: As Moiras. Vale a pena conferir e realizar mais pesquisas. Elas são realmente interessantes.

Pois bem, o próximo capítulo é decisivo para Lydia e Raven trazerem o Edgar de volta! Será que agora vai? A resposta estará na próxima semana. Então, até lá, beijos e obrigada por ler a fic.

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