sábado, 10 de abril de 2021

Devaneio e Pesadelo - Capítulo 2 - Volume V - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de apresentação:  


Ufa! Chegamos mais rápido dessa vez. =) E isso me deixa muito feliz. Espero que consiga seguir nesse ritmo. Vamos para história? 


Lydia não tinha intenção de se casar com Edgar. Ela desejava ficar ao lado de seu pai por mais um tempo e continuar o seu trabalho de fairy doctor no reino humano. Ela aceitou o anel de noivado de Edgar para que pudesse fazer a promessa com Kelpie – que queria Lydia como sua noiva – e coloque-o na prateleira.  


Se ela pudesse manter Kelpie sob controle, ela imaginou que poderia devolver o anel de noivado para Edgar, mas não conseguia bolar um bom plano. Ela tirou uma pequena caixa que havia guardado na gaveta de seu quarto e tirou o anel de selenita para inspecioná-lo.  

Era uma estranha pedra da Lua que tinha um brilho interno que aumentava e diminuía como a Lua real. Esta noite, uma brilhante noite de Lua cheia, a Lua branca leitosa apareceu como se estivesse cintilando em toda a sua superfície.  


― Tão bonita... 


Surpreendentemente, Lydia ficou bastante atraída por esta pedra da Lua. Nunca se cansava de olhar para ela e, de modo estranho, isso a acalmava.   


Mesmo que fosse culpa que os acontecimentos estivessem ocorrendo como Edgar queria, não havia defeito em uma pedra preciosa. Não era como se ela quisesse ter uma joia, mas sim como fosse digna da pose.  


― Parece que vocês se dão bem.  


Lydia deu um pulo com a voz que veio de alguma direção e olhou em volta para encontrar onde ela estava.  


― Seu brilho não diminuiu em nada. Isso é um alívio.  


A voz era de uma fada?” Mas, ela não conseguia ver em nenhum lugar. Lydia adivinhou que deveria ser uma fada pequena e começou a olhar embaixo da mesa e cama.  


― Oh, me perdoe. Vou me mostrar agora.  


E, então, de um muro, uma mão saltou para fora. Em seguida, um chapéu, depois, provavelmente, uma cabeça e um corpo redondo. E quando a fada finalmente se levantou do chão, era maior do que uma lebre selvagem.  


A fada vestia uma roupa pequena, muito parecida com um operário, aparentava um rosto vermelho e um nariz em forma de botão, com cabelos desgrenhados e despenteados, o que a fez adivinhar que ele vivia em minas de ferro.  


― Você é um coblynau? 


― Sim, eu sou. Tenho feito o trabalho de gerenciamento de gemas por um longo período de tempo. Acontece que meu parceiro é aquela pedra da Lua, e o perdi de vista procurando por todo lugar.  


Colbynaus sabem tudo sobre pedras preciosas e são fadas bem-humoradas que mostravam e contavam às pessoas sobre os minerais.  


Eles estavam intimamente ligados aos minerais, em outras palavras, às joias desenterradas. Lydia sabia muito sobre eles. 


― Cada um de sua espécie vigia cada joia em particular? 


― Só aqueles que têm circunstâncias especiais. Acontece que existem pedras que são bastante particulares. Caso se formos solicitados a zelar, nós cuidaremos disso.  


A pequena fada subiu no colo de Lydia quando ela estava ajoelhada e olhou para a pedra da Lua.  


― Você está bem, Bow. Estou feliz por você, foi capaz de encontrar sua rainha.  


― O quê? Rainha? 


― Esta pedra da Lua é um presente que o Conde Cavaleiro Azul daria à sua Lady Rainha. Se ela está satisfeita, isso significa que você é a Lady Rainha, não é? 


― ... Espero um minuto. Esta pedra tem esse tipo de significado? 


― Sim, já que a Lady Rainha do primeiro Conde Cavaleiro Azul era a pedra da Lua de Lady Gwedolyn 


Eu não sabia disso. Como eu poderia adivinhar que essa pedra tinha uma história tão longa e distinta? 


Se ela conseguisse se lembrar, de acordo com a história do Lord Cavaleiro Azul, que se dizia ser o pai da família Ashenbert, ele tinha uma esposa que era uma fada. E se esse anel era dela... 


Lydia tinha a forte sensação de que não seria capaz de escapar de Edgar, e esse pensamento a deixou tonta. Nesse ritmo, poderia haver uma chance de que ela fosse reconhecida como “Rainha” pelas fadas que viviam nas propriedades da família do conde.  


― Hum... Para deixar as coisas claras agora, acontece que estou com o anel sob a minha posse de forma temporária. Então, realmente não há nenhum significado profundo por trás... 




 

Como ela temia o coblynau não ligou para a negação de Lydia.  


― Meu ancestral foi pessoalmente convidado por Lady Gwendolyn zelar e cuidar desta pedra da Lua. Eu a chamo pelo nome de Bow, e posso compreender o que está acontecendo com ela como fosse parte do meu corpo. Portanto, sinta-se segura sob meus cuidados. 


Ele pegou o anel que estava na palma da mão de Lydia com ambas as mãos e o verificou de todos ângulos. Quando ela achou que a fada parecia ter terminado, ele o colocou de volta no dedo de Lydia.  


― Ah, agora é o ajuste está perfeito.  


O quê?”, ela pensou enquanto erguia a mão para ver o tamanho do anel – que deveria ser grande demais para ela – agora descansava confortavelmente em seu dedo. Não somente isso... 


― Não está saindo! - Lydia engasgou.  


― Não podemos permitir que cai e você o perca.  


― Este não é o ponto. Por favor, tire! 


― O único que pode tirar é o conde. Não deveria haver nenhuma chance em tirá-lo na frente dos outros homens.  


Oh, você deve estar brincando! 


Lydia tentou com todas as forças tirar o anel, porém a fada sentou-se na mesa, meteu um cachimbo na boca, deu um olhar satisfeito e começou a fumar. A partir daí ela não conseguiu convencê-lo a mudar de ideia.  


― A propósito, minha Lady Rainha, gostaria de saudar o Conde Cavaleiro Azul. Posso perguntar onde exatamente ele poderia estar? 


― Ele não está aqui! 


― Oh, agora, o conde está vivendo separado de minha Lady Rainha e a deixa morar em uma casa tão pobre e pequena como esta? 


― Desculpe por ser pobre e simples. Essa não é a questão; não somos casados, portanto, não moramos juntos! Logo, não me chame de sua Rainha! 


Lydia estava finalmente começando a ficar irritada.  


― Oh, então, vocês dois ainda estão em período de noivado. Não me admira que este lugar não se parecesse com a grande mansão do conde. Mas, ainda assim, seu tratamento não é ruim. Se vocês dois ficassem noivos, precisariam de um número adequado de vestidos e joias. Oh, sim, eu sei, irei dar meu conselho sobre o assunto.  


― Não preciso nada disso! 


Edgar ficaria muito animado e definitivamente empolgado.  


― Agora não vá e faça algo sem a minha permissão. Ou então, sendo você o gerente da selenita ou não, eu o expulso! Porque sou uma fairy doctor! 


Quando ela estava prestes a jogar um fruto de espinheiro nele, o coblynau desapareceu com um puf! 


Ela não podia sair em público com o anel de noivado no dedo anelar. Também seria muito incômodo se seu percebesse.  


Desde a manhã, Lydia escondia a sua mão esquerda enquanto tomava o café da manhã. Porém, por mais que tentasse, não conseguia segurar o garfo como de costume, então, acabou bebendo apenas chá.  


― Lydia, você não está se sentindo bem? 


No momento em que Lydia foi rápida para largar o guardanapo, o pai perguntou a ela com uma expressão preocupada no rosto.  


― -não, estou bem. Eu só queria sair mais cedo hoje. 

 

― Há tanto trabalho acumulado para você fazer? 


― Bem, mais ou menos.  


Ela queria sair antes que ele notasse o anel, por isso, Lydia se levantou depressa, entretanto, seu pai falou para impedi-la.  


― Sobre o conde Ashenbert 


― Ãhn? O quê? 


― Não, hum, aconteceu de eu ouvir um boato. Que você e o conde estavam se cortejando... 


― Oh, sim, ele está cercado por tais rumores. Todas as mulheres que ele encontra, acabam sendo acusadas de cortejá-lo, o que prova que os rumores são problemáticos e realmente não confiáveis, não é? 


Lydia apressou-se a inventar uma desculpa.  


― ... Você está certa. Não poderia haver tal coisa. 


― Não há nada disso. - ela ecoou.  


― Bem, como você mesma disse, tenho certeza de que muitas mulheres são adequadas para o conde, mas namorar que não termina em casamento é apenas uma desonra para a mulher. Eu sei que você pode se garantir sozinha e pensar por si mesma, logo, eu não acredito que você seria enganada, mas... 


O pai de Lydia deixou escapar um suspiro, ergueu os óculos redondos e manteve a conversa.  


― Mas, se caso você tiver algum problema, quero que você me peça um conselho. Posso ser um pai que deixa você livre, não me intrometo e posso ser pouco confiável, mas ainda sou seu pai.  


Ela sabia que o estava deixando preocupado. Entretanto, não podia se permitir confessar sobre o noivado. E não era como se ela realmente quisesse se casar, isso só iria deixá-lo mais preocupado com o mal-entendido que foi enganada.  


― Pai, aquele que vou escolher será um homem sincero e sério como você. 


Óbvio, Lydia estava sendo honesta sobre isso. É por isso que – embora ela não odiasse Edgar – ele não era do tipo que poderia ser seu parceiro de casamento.  


Eu preciso me adiantar e fazê-lo tirar o anel”. Lydia se apressou para sair da sala de jantar. No entanto, não havia como o Edgar que ela conhecia ser consciencioso e concordar em tirar o anel.  


― Lydia, você finalmente decidiu colocar o anel por mim.  


Essa foi a resposta que Lydia recebeu depois de chegar à mansão Ashenbert um pouco mais cedo do que de costume, e se esforçar para explicar sua situação e implorar para Edgar, que estava relaxando na sala matinal.  


― Você ouviu o que estou dizendo? - perguntou Lydia.  


Se eu não me acalmar, estarei fazendo exatamente o que ele espera”, no entanto, mesmo que ela soubesse disso, uma carranca aparecia em seu rosto.  


― Sim, uma fada coblynau colocou no seu dedo, certo? E, disse que sou o único que pode tirá-lo.  


― Então. - incitou Lydia.  


― A fada está certa. Tirar seu anel de noivado na frente de outro homem é um convite à infidelidade.  


Infidelidade?” Com uma palavra tão indecente, ela foi empurrada muito além da raiva e sentiu sua cabeça girar. E, no entanto, havia uma parte calma dela que vasculhou a sala e se certificou de que Kelpie não estava se escondendo em nenhum lugar e baixou a voz ao lado de Edgar.  


― No-nosso noivado é falso! É sua culpa não reconhecer isso, então, por que tenho que passar por essa situação? 


― Se você reconhecer nosso compromisso, todos os nossos problemas serão resolvidos.  


― Pare de ser tão egoísta! 


― Minha Senhora Rainha, tem algo que a desagrada? 


Oh aqui está ele de novo! 


De repente, Lydia se sentiu cansada e se virou. O coblynau de rosto vermelho trotou até o lado da cadeira em que Edgar estava.  


― Eu disse para não me chamar de rainha. 


― Oh, sim, claro, milady. 


Ela pensou que “sim, isso sim”, mas notou que não era esse o problema, porém a fada rapidamente se ajoelhou na frente de Edgar.  


― É uma honra conhecê-lo pessoalmente, my lord Conde Cavaleiro Azul.  


― Hum, você é o zelador do anel de Gwendolyn? Posso ouvi-lo, mas não consigo vê-lo. 

Ele não podia ver o corpo da fada porque a maioria dos humanos normalmente não era capaz. Mesmo assim, chamar a si mesmo de Conde Cavaleiro Azul e não ser apto para ver era algo ridículo.  


No entanto, o coblynau não pareceu se incomodar, subiu na mesa e puxou uma flor de cosmos do vaso.  


― Isso ajudaria? 


Vendo a cosmos flutuar no ar sozinha, Edgar assentiu.  


― Agora, em relação à minha visita, my lord. Enquanto estou aqui para cumprimentá-lo e gostaria de lhe dar um conselho: o tratamento que dispensa à vida de milady é muito pobre. Você deveria tratá-la como o Lord Cavaleiro Azul tratou sua princesa fada no passado.  


― Eu disse para parar, coblynau 


― Eu entendi. Mas o que posso fazer? - indagou Edgar.  


Ele apenas ignorou Lydia e se inclinou na direção da fada.  


― Mais do que qualquer coisa, o traje da milady é muito simples.  


― Isso é verdade. Tentei fazer algo a respeito, mas ela diz que está aqui para trabalhar e teimosamente se mantém vestida desse jeito.  


― Você não tem se esforçado o suficiente. Você deve tratá-la de forma tão especial que ela se canse disso.  


― Vamos tentar. - disse Edgar, levantando-se para se aproximar rapidamente de Lydia, que tentava fugir.  


― Oh, Lydia, não importa o que você vista, você é sempre charmosa, mas acredito que poderei dar uma mão para torná-la a mulher mais linda do mundo. Por exemplo, um diamante brilha ainda mais somente quando é cortado metodicamente para coletar o máximo de luz possível. Você deve buscar a Lydia mais qualificada para tal brilho.  


Não era como se não fosse suficiente, mas o tratamento especial desse homem sempre foi além.  


― Entendo o quão charmosa você é, mais do que qualquer outra pessoa, porém, se você me permitir cuidar de tudo, posso transformá-la em uma princesa que todos iriam admirar e invejar. Eu sei, já que é um bom momento, vamos comprar alguns acessórios para nossa festa de anúncio de noivado.  


― Anúncio de noivado? - Lydia ficou perplexa.  


― Não precisamos finalmente fazer a declaração oficial? Quando chegar a hora, gostaria que você usasse os presentes que lhe dei e prefiro preparar o que for melhor para você. Então, eu precisaria fazer os pedidos para que fossem realizados o mais rápido possível.  


Ela não conseguia discernir se ele exagerava na atuação ou se falava seriamente. Mas, se Edgar estava exagerando, era do tipo que seguia aquelas ordens. O coblynau balançava a cabeça com satisfação, logo, não havia ninguém para apoiá-la. 


― Quais joias gostaria de ter? Compro o que você quiser.  


Neste minuto, Lydia lembrou de repente do diamante de ontem. Ela queria ter certeza se era realmente um presente para a princesa do harém. Não era algo muito importante para ela, mas queria causar alguns problemas para Edgar. 


― En-então, o diamante de ontem, você me daria?  


Se ele realmente oferecesse a ela, logo, poderia ir em frente com o anúncio de noivado em seguida. Mesmo assim, Lydia não pensou nesse perigo.  


― É um diamante amaldiçoado. Não quero que ele me coloque na desgraça.  


Ao recuar de Edgar, Lydia teve a sensação ainda mais forte de que queria intimidá-lo. Como ela pensava, talvez fosse realmente um presente para uma mulher. Ele era um homem baixo e frívolo que teve várias amantes enquanto flertava com Lydia. Ele merecia ter problemas. 

 

― Se fosse o coblynau, poderia ser capaz de conter o poder da maldição.  


Ao dizer isso, ela se lembrou de como isso de fato era verdade. Ele era uma fada que tinha o poder de cuidar de joias. Nico disse que o diamante amaldiçoado não tinha recebido nenhum tratamento adequado até agora. Ela teve a ideia de que talvez o coblynau fosse capaz de devolver a pedra ao seu estado original.  


― Isso é verdade? - perguntou Edgar, virando-se.  


coblynau inclinou a cabeça para o lado enquanto segurava a flor de cosmos sobre a cabeça como fosse um guarda-chuva.  


― Diamantes não são minha especialidade, por isso, não posso dizer exatamente. São as joias mais particulares e difíceis, portanto, precisaria conversar com meu clã. Se vai ser um presente para a minha jovem, definitivamente, vou precisar fazer algo a respeito.  


Uhm.. Talvez isso acabe ficando ruim”. Lydia finalmente percebeu que, se ele desse a ela, estaria sem volta e a partir daí começou a suar, mesmo assim Edgar deu um pequeno suspiro.  


― Mas, Lydia, não pode ser esse. 

 

― Oh, cla-claro. Isso é muito caro. Além disso, eu não poderia estar à altura. 

 

Ela se sentiu aliviada, mas ao mesmo tempo servil. “Eu sabia, era apenas conversa fiada”.  


― Não é isso. Se você quiser diamantes, vou encontrar os maiores que existem e você pode ter tudo o que quiser. Mesmo assim, o diamante que você quer não está mais aqui.  


― Hum... Por quê?  


―  Eu o dei de presente. Para alguém que não seria afetado pela maldição.  


Essa é a princesa pagã?” Se essa mulher chegou a desejar um diamante amaldiçoado, portanto, ela deve saber uma maneira de acabar com a maldição.  


― Entendo. Por que não vamos à joalheira na Bond Street?  


Ele sorriu para ela como quisesse consertar as coisas, entretanto, Lydia não teve esse tipo de intenção desde início e, de repente, ficou deprimida. Ela rapidamente balançou a cabeça para os lados.  


― Eu estava mentindo. É uma mentira que queria o diamante. Afinal, você esteve provocando e brincando comigo, só queria te dar alguns problemas. Porque, bem, esse tipo de diamante incrível não é algo que pode ser facilmente doado. Achei que você certamente ficaria perturbado.  


― Lydia, se fosse por você, não há nada de que eu me arrependeria.  


Edgar disse isso, mas, aparentava realmente que estava perturbado.  


― Não me importa. Além disso, não tenho intenção de me casar com você.  


Ela girou os calcanhares e saiu correndo da sala. No fim, ela conseguiu causar alguns problemas para Edgar. No entanto, isso só a deixou com um gosto amargo.  

 

Quando ela correu para seu escritório de trabalho, Nico bebia chá em uma xícara graciosamente.  


Esta fada felina gostava do chá caro fornecido na casa Ashenbert, e ultimamente não tinha perdido o interesse no chá servido na casa de Lydia.  


 “As fadas são criaturas egocêntricas e de espírito livre. Que vida fácil deve ser para elas, já que fazem o que querem”. Enquanto Lydia pensava nisso, ela passou ao lado de Nico e sentou-se na frente de sua mesa. E acabou não conseguindo tirar o anel.  


― Hmmmm, ora, ora, esta é realmente uma joia rara. - disse coblynau perto do ouvido de Lydia, ao mesmo tempo em que ela se apoiava a cabeça com a mão e o cotovelo apoiado na mesa.  


― Isso é um doce e o que você é? - pergunto Nico.  


Nico olhou de forma interrogativa para a fada de cabelos desgrenhados que, do nada, apareceu em frente à mesa.  


― Ele, aparentemente, é o zelador da selenita. - respondeu Lydia.  


Isso significava que enquanto Lydia não pudesse se livrá-lo, ela seria seguida pela fada.  


― Portanto, Nico, seja amigável com ele.  


Nico estreitou os olhos como essa atitude fosse pesada para ele, porém se inflou com uma orgulhosa fada sênior e abriu a tampa do pote de vidro, estendendo um doce.  


― Eu vou te dar um. Não é uma joia, mas algo para comer.  


― Ora, obrigado. A propósito, por acaso, você é amigo da jovem? 


coblynau pegou o máximo de balas de cor de âmbar que conseguiu segurando nos dois braços, e as colocou preciosamente em seus bolsos.  


Por alguma estranha razão, todos os doces cabiam nos bolsos da pequena fada, que eram do tamanho de uma colher de chá. Lydia não sabia como seus bolsos eram feitos, mas aparentemente as fadas eram livres para se esconder e carregar coisas muito maiores do que seus corpos.  


― Não tanto um amigo, mais que isso, eu sou seu guardião.  


Ei, agora, qual parte você é meu guardião? 


― Mesmo assim, minha jovem, o que há para você ficar descontente? O conde disse que iria presenteá-la com diamantes ou qualquer coisa que você quisesse. Ele parecia ser o tipo generoso aos meus olhos.  


Não há como concordar em me casar com alguém por apenas receber presentes dessa pessoa. 


― O quê? Lydia quer diamantes? - questionou outra voz.  


Oh, não! Ele aqui de novo! 


Quem entrou, quando ele se intrometeu na conversa, foi Kelpie com seus cabelos negros ondulados. Essa fada kelpie sempre parecia despreocupada, mesmo assim, Lydia percebeu que as fontes de suas dores de cabeça eram todas causadas por ele.  


― Diamantes não servem em você. Você sempre estava coberta de sujeira e brincava na grama quando estava na Escócia. E depois que veio para a cidade, você não está começando a agir de um modo pretensioso? 


― Isso não tem nada a ver com nada. Não há nenhum lugar aqui que me deixaria coberta de sujeira.  


Uma filha mais velha não poderia se permitir de rolar na grama de um parque. Tudo bem, se ela fosse em frente e se deitasse em algum lugar aleatório na cidade do interior em que cresceu, mesmo assim as pessoas olhariam para ela com as sobrancelhas levantadas. Mas, muito além da cidade, nos campos abertos e vastos gramados, Lydia podia brincar e se misturar com as fadas nos vales e amplos campos de trevos delas sem ter que se preocupar com as pessoas olhando para ela.  


― Ei, você deveria repensar sobre se casar com o conde. Se você disser que deseja permanecer no mundo humano um pouco mais, pode simplesmente morar na Escócia. Ou quer voltar para o outro lado comigo? - se ofereceu Kelpie 


Para Kelpie, esse foi um meio-termo. E isso, realmente, não era uma concessão tão ruim para Lydia. Ela não seria mais jogada por Edgar, não teria que ser arrastada para situações perigosas que aconteciam ao seu redor e poderia viver em paz e sossego.  


Porém, a única coisa que a preocupava era a existência de Ulisses que tentava matar Edgar. Ulisses tinha o poder de um fairy doctor e Edgar não seria capaz de fazer nada sozinho.  


Pode não haver muita diferença, mesmo que a pouco experiente Lydia fosse contra ele, Ulisses ainda usava a magia das fadas para fins malignos, por isso, pelas fadas e como uma fairy doctor, Lydia sentia que precisava ficar aqui.  


Entretanto, isso soou como uma desculpa.  


Não, não, eu quero me tornar uma fairy doctor como minha mãe”. Enquanto ela repetia isso para si mesma, Lydia inconscientemente acariciou a pedra da Lua em seu dedo anular.  


― Você realmente deveria fazer tal promessa? Mesmo se eu voltasse para a Escócia, poderia encontrar outra pessoa por quem me apaixonaria. - perguntou Lydia.  


― Você vai acabar com o coração partido.  


― Hum? O que isso significa? 


Kelpie se empoleirou em sua mesa e olhou para Lydia de sua altura.  


― Não há como uma fairy doctor se dar bem com humanos. Porque da perspectiva de humanos comuns, uma fairy doctor aparenta ser uma doida. Já que isso é uma realidade, não coloque suas esperanças nos homens humanos.  


Os olhos de Kelpie tinham a magia para encantar e atrair humanos, e a luz opaca de seus olhos negros perolados confundiu o pensamento de Lydia.  


― Minha mãe se apaixonou pelo meu pai e eles se casaram.  


― Bem, seu pai é obcecado por pedras e seixos, logo, ele mesmo não é normal.  


Ele é um mineralogista”. Mas, mesmo se ela o corrigisse, Kelpie não entenderia. Lydia deixou escapar um suspiro ao pensar “Tanto faz”. Não achava que Edgar estivesse apaixonado por ela, mesmo assim sentia que ele tinha bom entendimento sobre a sua habilidade como fairy doctor. Talvez porque ele ganhou o título honroso de Conde Cavaleiro Azul e precisava de uma fairy doctor, ele não teve outra escolha a não ser entender.  


Ou ela se perguntou se ele era alguém raro que conseguia compreender pessoas como ela, que viviam na fronteira dos dois mundos vizinhos.  


Ela se perguntou se era uma chance extremamente rara de ser capaz de conhecer alguém como ele, que era um personagem tão peculiar, querer casar com uma fairy doctor e apoiá-la, mesmo que fosse para benefício próprio. Se questionou, uma vez que se afastou de Edgar, se nunca seria seduzida por um homem ou tratada com bondade como ela era agora. Quando parou para pensar sobre isso, ficou chocada e horrorizada ao notar que havia uma parte dela que não gostava de seu tratamento aberto, caloroso e de boa vontade.  


Bom, de qualquer modo, qualquer um ficaria satisfeito quando era elogiado, mesmo que não fosse de coração. ... Bem, isso é tudo que há para fazer”.  


― Em primeiro lugar, ouvi dizer que os machos humanos são trapaceiros. Até mesmo aquele conde, que falava sobre como deu um diamante à uma mulher. Você pretende se casar com um homem assim? 


Uma mulher?” Lydia levantou a cabeça.  


― Kelpie, como você sabe disso? 


― Quando estava tomando banho no jardim da fonte daqui, ele conversava sobre isso com o pintor. Disse que era uma mulher em um harém. O que é um harém? 


Hein!? Espere um minuto! Ele realmente está escondendo uma princesa em um harém? Não era apenas um boato? 


― Kelpie, você nem sabe o que é isso? - questionou Nico com orgulho enquanto penteava seus bigodes.  


― Então, você sabe o que é.  


― É claro que sim. Estou muito bem informado. É um novo tipo de comida.  


― Aha! Realmente existem muitos nomes de comidas em Londres, dos quais nós, fadas, nunca ouvimos falar.  


Quem disse isso foi coblynau 


― Quem é este pequeno horrível? - perguntou Kelpie enquanto apontava para o coblynau 

Bem, ao lado de Lydia, que havia começado a pensar nas coisas novamente, a conversa despreocupada entre fadas, que só estavam interessadas em comida, se manteve.  


*** 

 

O nome da loja era Madam Eve Palace. Diziam que era um prédio, no qual os nobres podiam esconder suas amantes, mas apenas aqueles que sabiam a verdade eram os clientes. Era um negócio em que os recém-chegados precisavam ser recomendados por um cliente atual para ingressar. Edgar tinha seu nome na lista de clientes, e no momento em que saiu da carruagem em frente aos portões da loja, foi imediatamente escoltado para seu interior do prédio por um dos criados em que praticamente saiu cambaleando. 


Mesmo sendo dia, os quartos estavam com as cortinas fechadas e o lustre pendurado iluminava o salão com tanta luz que quase cegava os olhos.  


Ele caminhou ao longo do tapete carmesim profundo que se espalhava pelo corredor até a parte de trás do edifício e chegou onde foi encarado por uma estátua feminina de mármore, que estava alinhada uniformemente.  


 A fumaça que vagamente enchia o ar deixava a mente entorpecida, pois fazia com que ela entrasse em transe. Já devia haver alguém que havia caído sob aquele doce aroma e estava se deleitando em um devaneio sobre seu próprio harém, que sempre esperava por ele além daquelas portas silenciosas.  


Aquele quem o guiava havia sido trocado antes que ele percebesse, de um criado que agia como guarda-costas para uma mulher que usava um pano fino sobre a cabeça.  


Eventualmente, ele e a sua guia feminina chegaram diante de uma porta dupla no final de um corredor e a mulher abriu as portas girando as maçanetas douradas para ele, enquanto humildemente abaixava a cabeça.  


Edgar entrou pela porta. A sala interna era decorada com ornamentos e guarnições de ouro e prata e era iluminada apenas por uma lâmpada fraca que deixava a sala às escuras.  

O tapete persa com estampas coloridas tomava o chão, decorando o espaço sob seus pés, e a sala tinha belas cadeiras e mesas de ébano, que ornavam com o ambiente de modo agradável e tranquilo.  


No fundo daquela sala, ficava pendurada uma cortina de chita estampada, formando uma parede provisória e dividia a sala. Ele podia ver através do tecido transparente e fino um sofá longo e requintado. Ele também notou que havia alguém sentado nele.  


Edgar se aproximou daquela pessoa de cabelo comprido e corpo esguio. 

  

― Como você está hoje, Jean-Mary? 


Ele puxou a cortina e se abaixou para beijar a mão da senhora.  


― Você ficou satisfeita com o diamante? Ficou lindo em você. 


A mulher vestia roupas estrangeiras, vestida para parecer uma princesa árabe, e ela estava sentada olhando suavemente para Edgar com um leve sorriso nos lábios.  


― Lord Edgar, ele virá em breve.  


Quem apareceu na porta foi Raven. Edgar assentiu com a cabeça e fez um aceno para senhora na frente da bainha e soltou a cortina.  


― Jean-Mary, eu prometo irei vingar por você, então, por favor, deixe tudo comigo.  


Então, ele entrou na pequena sala junto com Raven, que estrava atrás do grande espelho na mesma sala para se esconder.  


― Raven, como foi Paul? Ele foi capaz de persuadir o duque Barkston? 


― Parece que ele conseguiu de alguma forma.  


― Bem, o ajudamos a praticar bastante. Como o duque conhece meu rosto, tive que pedir a Paul para fazer essa parte.  


Na pequena sala em que se encontravam, separada pelo espelho mágico embutido na parede, ela foi feita para quem quisesse olhar através do espelho para a outra sala. Ao mesmo tempo em que Edgar se inclinou bem ao lado do espelho, a porta que dava para a outra sala foi aberta e ele viu dois homens entrando.  


― Posso entender. Neste lugar, não há algo que não seja impossível.  


O cachimbo que o duque fumava já havia puxado sua consciência dentro de um sonho. Uma empresa que vende sonhos: Madam Eve-Palace. Aqui qualquer um poderia esquecer a dura realidade lá de fora e mergulhar no mundo de sua própria imaginação.  


― Sim, você está realmente certo. Então, ela me revelou sobre o outro diamante que é seu par, o Pesadelo.  


― Você quer dizer o diamante branco Devaneio, que disseram ter desaparecido ao mesmo tempo? 


― Você já ouviu falar do mito de que aquele que possui os dois diamantes, tanto como branco quanto o negro, se torna um Rei que pode conquistar o mundo? 


― Sim, por isso que a Família Real da Inglaterra continuou a procurar pelos diamantes perdidos. Foi dito que eles caíram nas mãos de Napoleão, mas mesmo que fosse assim, parece que os diamantes devem tê-lo abandonado.  


― Pelo bem do crescimento e expansão da Inglaterra, a Família Real deve querer recuperar os diamantes. Mas, esta senhora aqui afirma que o diamante branco Devaneio já voltou às mãos de seu Rei.  


― ...Não é a Majestade Sua Rainha? 


― Isso mesmo. A senhora deseja encontrar aquele que possui o Devaneio e quem ela pode confiar o cuidado de si mesma e o destino do Pesadelo. Se fosse alguém assim, acredito que teria uma grande chance, portanto, prometi que ajudá-la no que puder. Então, lord Barkston, devido ao seu pedido mais urgente, trouxe isso até você porque deve estar ciente do proprietário do Devaneio.  


― Eu, você disse? 


― Você tem alguma ideia de quem possa ser? 


O duque parecia estar tentando raciocinar, embora sua mente não estivesse funcionando com clareza.  


― Você se importaria de me mostrar o Pesadelo? Se eu pudesse ver, talvez fosse capaz de me lembrar de algo.  


Edgar prestou a atenção à expressão no rosto do duque Barkston. Foi crucial daquele ponto em diante. Paul se virou para a cortina e se ajoelhou na frente dos pés da senhora que mantinha sentada no sofá. Mas, ele estava tão rígido e pesado que cambaleou um pouco.  


― Você prestaria atenção ao duque, lady Jean-Mary?  


Ele disse isso em um tom monótono, mas não foi um problema. Porque, assim como Edgar previu, o semblante do duque ficou inflexível. E parecia que seus lábios se moviam para sussurrar o nome de Jean-Mary.  


Paul abriu a fina cortina. Os olhos do duque Barkston se arregalaram. O cachimbo de sua mão congelada caiu no chão, mas ele não se preocupou em pegá-lo. Paul correu para pegá-lo pois deve ter se preocupado com a possibilidade de queimar o tapete persa e essa foi na verdade a reação de um plebeu, mas para o duque e para Edgar era algo que não se importava absolutamente.  


― Ele foi pego. - sussurrou Edgar.  


― Por favor, Sua Graça, você poderia ajudá-la.  


― Ah, sim. - ele respondeu, em um tom um tanto atordoado.  


A mulher que ele amava profundamente e pela qual ansiava estava bem diante de seus olhos. O duque tinha certeza de não recusar seu desejo.  


Em sua fantasia no Madam Eve Palace, ele tinha certeza de ser pego no sonho sobre seu passado e pelo brilho do diamante negro. Esse foi outro esquema feito por Edgar a fim de colocar as mãos no diamante mais lendário Devaneio. Ele tinha certeza de que o duque Barkston tinha a joia escondida em algum lugar.  


Porém, Edgar não sabia como o duque veio a se conectar com o Príncipe. Edgar ainda não sabia quais eram as intenções ou o objetivo principal do Príncipe, e nem mesmo sabia o motivo pela qual estava envolvido nisso. E uma das pistas para chegar a isso foi o par de diamantes da Família Real.  


O diamante negro aparentemente absorveu o poder de uma maldição ao passar de mão em mão não merecia sua fama. Porém, você podia sentir que eram as intenções das pessoas, mais do que a própria joia, que eram mais poderosas como uma maldição.  


Quem sabia o que Jean-Mary estava pensando enquanto olhava para o duque. Ela parecia um pouco oca e vazia e aparentava ter esquecido o homem na frente dela, pelo qual supostamente tinha ódio.  


Isso pode estar certo. Não era mais por causa de Jean, entretanto, poderia ser uma vingança pessoal por causa de Edgar. Se ela fosse capaz de sentir algo agora, ela poderia ficar cheia de tristeza com o plano de Edgar. Mesmo que fosse assim, Edgar não foi capaz de se conter.  


― Raven, agora o duque Barkston não será mais capaz de impedir de trair Ulisses depois disso. Ele pode muito bem tirar Devaneio do seu esconderijo para que possa dar a ela. Informe a Scarlett Moon para ter certeza e ficar de olho nele.  


― Entendido.  


Edgar deixou Raven sozinho na pequena sala e foi até a porta dos fundos para sair para um corredor.  


Madam Eve Palace, um lugar privado e feliz que prometia um momento de prazer. Além das portas fechadas fortemente protegidas, esperava-se um mundo ilusório que existia apenas para os clientes.  


Era um lugar onde os clientes podiam se tornar um rei, como um sultão governante em seu harém. As mulheres que esperavam o retorno de seu mestre eram gentis e leais, nunca recusariam nada.  


Mesmo que fosse chamado de harém, não havia mulheres vivas que respirassem e tivessem vontade própria. Porque era apenas um palácio com mulheres que existiam para representar os sonhos e fantasias dos homens.  


Até Jean-Mary, independente do que ela pensava, existia aqui pelo desejo de Edgar. E, no entanto, ele queria pensar que isso era o melhor para o bem dela do que continuar a ser usada como consolo e objeto de conforto para este homem.  


Edgar foi capaz de se esgueirar daquela sala que estava preenchida daquele homem, o amor excessivamente parcial de duque Barkston, e os retratos pintados que cobriam uma parede inteira o encheram de uma emoção obscura e monstruosa.  


A sala secreta do duque. Nem mesmo Ulisses conhecia esse lugar. Não seria fácil para Ulisses, recém-chegado da América e com a aparência de um jovem em plena floração, poder entrar em mundo insular da nobreza para obter as informações que desejava. É por essa razão que Edgar decidiu usar este lugar como palco para seu enredo.  


Havia apenas uma mulher em seu harém nesta sala que era decorada com flores e joias e parecia ter saído de um sonho. Em todas as incontáveis fotos emolduradas, era a mesma mulher sorridente sendo retratada.  


Claro, Jean-Mary.  


― Vossa Graça, se você quer sonhar tanto, então vou me certificar de que você tenha um pesadelo que nunca irá se esquecer.  


***

 

Edgar havia deixado a mansão Ashenbert à tarde e voltou à noite. Lydia queria ter certeza de que ele tiraria o anel antes que ela tivesse que ir para casa, logo,  se dirigiu para o seu salão novamente.  


― Edgar! .... Hum.... 


Ela perdeu a coragem assim que viu a expressão no rosto dele, refletida na janela de vidro ao lado do qual estava, era um olhar quase assustador e severo. Era o lado cruel e sem coração de Edgar que Lydia não conseguia entender.  


― Bom, se você estiver ocupado, volto mais tarde... 


― Lydia, você sabe não existe seja o que for para me deixar ocupado que tenha que dispensá-la.  


O homem que disse e se virou era o Edgar de sempre, com seu tipo de sorriso irreverente e arrogante.  


― Você veio dar uma última olhada no rosto de seu noivo antes de ir para casa? 


― Quantas vezes eu tenho que dizer que isso é errado? Mais importante, este anel... 


― Posso te abraçar? 


― Ãhn? 


Edgar se encontrava parado de frente para Lydia e não deu sinais de estar brincando ou de deboche, apenas olhou para ela com saudades com seus olhos malva-acinzentados.  


― -não, você não pode.  




 

Lydia simplesmente disse isso por puro reflexo.  


― Só um minuto.  


― É muito longo.  


― Então, trinta segundos.  


Surpreendentemente, ele não apresentava nenhum sinal de malícia, mas ela sentiu que ele queria apenas abraçá-la como uma criança pequena, e isso fez com que Lydia desse uma resposta que sobressaltou a si mesma.  


― ... Se forem dez segundos, então... 


Ela não teve um momento para retirar sua resposta, quando foi puxada para os braços dele. 


 “Eu me pergunto se ele passou por algo doloroso”. Enquanto pensava nisso, ela desejou poder ser de alguma ajuda, mas no final, Lydia não conseguiu liberar a tensão em si mesma e permaneceu dura e rígida, logo, isso pode não ter ajudado a confortá-lo de alguma forma.  


Ela não tinha certeza se os dez segundos haviam se passado ou não, e Edgar não deu nenhum sinal de que iria se soltar, e o que fez Lydia se mexer para sugerir que ele se soltasse e veio um leve cheiro oriental. Um aroma oriental.  


― Onde você foi? 


― No estúdio de Paul.  


É uma mentira”.  


Ela sempre se recusava e não podia ser um conforto para ele, logo, ela não tinha o direito de questionar qual era o paradeiro de sua amante. Mesmo assim, ela se sentiu decepcionada por algum motivo e não percebeu que havia soltado um suspiro.  


― Lord Edgar, ouvi dizer que você se feriu. - disse Ermine, que entrou no cômodo carregando uma maleta de remédios.  


― O que, ferido? Isso é verdade, Edgar? 


Quando ela deu uma boa olhada, havia um corte no ombro de seu casaco, local onde o sangue escorria.  


― Só um pouco. De repente, fui cortado por uma faca em um beco, mas isso não é nada. Não sei quem é a pessoa, mas deve ter sofrido uma lesão muito mais grave.  


Raven deve ter sido quem fez isso. Se fosse para proteger seu mestre, ele liberaria seus instintos de luta e ataque.  


― Ei, o poder da maldição do diamante ainda não está trabalhando em você? - questionou Lydia.  


― Agora que você disse isso, acredito que vi um gato preto. - lembrou Edgar.  


― Edgar, por acaso você se encontra frequentemente com... uh, a pessoa para quem você deu o diamante? 


― Se for assim, a maldição ainda ficará comigo? 


Então, você admite que foi encontrá-la? 


Lydia não tinha relação com isso, mas ficou irritada.  


― Nesse ritmo, será muito perigoso.  


― Se isso a deixa preocupada comigo, então não seria tão mau ser amaldiçoado.  


Você é tão piadista”. 


― Lord Edgar, gostaria de desinfetar seu ferimento, então, por favor, tire a roupa. - disse Ermine com firmeza e o fez sentar em uma cadeira.  


― Lydia, você poderia me dar uma mão? 


― O quê? 


― Você me ajudaria desabotoando? Meu braço dói tanto que não consigo movê-lo... 


― Você estava se movendo muito bem um segundo atrás! 


Por que uma jovem garota tem que ajudar um homem a tirar a roupa? 


Ela girou os calcanhares ao mesmo tempo em que fumegava de raiva.  


― Se você estiver cheio de graças, vou derramar uma boa quantidade de antissépticos em você.  


Lydia olhou para Edgar com o canto do olho quando ele foi repreendido por Ermine e respondeu: 


― Sim, sim, tudo bem.  


Ao mesmo tempo em que ele obedecia, ela saiu da sala.  


Eu me pergunto se Ermine não fica envergonhada em fazer algo assim”. 

Ermine parecia estar acostumada a tratar feridas, provavelmente, ela não se importaria se Edgar tirasse a roupa ou não bem na sua frente.  


Mesmo se ela estivesse na posição de serva de Edgar, Ermine parecia que tinha permissão para dizer o que queria, e isso os fazia parecer que possuíam uma atmosfera mais relaxada e amigável entre eles.  


Lydia carregava esse sentimento desde a primeira vez que os conheceu.  


Para escapar do Príncipe, Edgar era um líder na frente de seus camaradas e amigos e Ermine havia dito que aquela posição o deixava sozinho. Porém, se ele tivesse amigos ou aliados a quem pudessem revelar sua fraqueza, ela imaginou que esse alguém era Ermine 


Durante o tempo em que ele passou por mais dor e angústia, quem provavelmente apoiou Edgar foi Ermine. Ao pensar nisso, Lydia teve a sensação que ficava deprimida.  


Edgar perguntou à Lydia se poderia abraçá-la, mesmo assim ela sentiu que o tratamento que dispensou a ele foi rude e descuidado. Se fosse Ermine, ela responderia colocando os braços ao redor dele.  


Naquele momento, da sala de onde Lydia saiu correndo, imaginou a visão dos dois aninhados um ao outro e se direcionou ligeira para seu escritório.  


Ela soltou um suspiro ao perceber que perdeu a oportunidade de pedir a ele para tirar o anel.  

 

― Lord Edgar, tenho más notícias. - disse Ermine, enquanto colocava uma bandagem em torno do ombro e braço.  


― Jimmy desapareceu.  


Edgar imediatamente teve uma imagem ruim em sua mente.  


― O que você quer dizer? - questionou.  


― Ele aparentemente escutou uma conversa entre adultos. Eles planejavam para entrar furtivamente na propriedade do duque Barkston como servos para que pudessem obter informações sobre seus movimentos, porém Jimmy foi em frente sem contar a ninguém.  


― Então, ele foi capturado? 


― Parece que sim. Foi enviado algo parecido com uma unha, provavelmente de Ulisses. Não teve como determinar se era dele ou não. - acrescentou Ermine 


Em um segundo drasticamente rápido, a mente de Edgar passou por inúmeras ideias diferentes. Mas, primeiro, ele queria verificar algo.  


― Essa foi a única conversa que Jimmy ouviu? 


Ele perguntou, pois se  Slade ouvisse isso, diria que Edgar era cruel.  


― Aquele que sabia sobre as informações mais importantes não estava no grupo que Jimmy ouviu, logo, ele não deveria ter ouvido nada sobre o plano.  


Mesmo assim, ele pode ter descoberto que Edgar é quem estava com Pesadelo.  


― O que significa que o problema em questão seria como Ulisses usará Jimmy a partir de agora.  


Isso pode ser um problema que pode causar atrito entre Edgar e os membros de “Scarlett Moon”. Embora houvesse um menino que correria perigo com sua devoção a Edgar, por outro lado, havia membros mais velhos que estavam preocupados com isso.  


Exatamente como Slade havia dito, poderiam surgir brigas dentro da organização. Ou essa também poderia ter sido a intenção de Ulisses, e ainda havia a possibilidade que ele massacrasse Jimmy brutalmente para esticar a distância entre a “Scarlett Moon” e Edgar.  


― Ermine, quero resgatá-lo de alguma forma.  


― Vou reunir informações sobre onde ele pode estar.  


Mas, no canto de sua mente, persistia uma sensação de que não haveria esperança de que aquele menino saísse vivo depois de cair nas mãos de Ulisses. E, no entanto, Edgar sentia-se enojado e se odiar por não ter ficado perturbado e histérico com esse fato.  


Quando era com Jean, ou qualquer outra pessoa, até mesmo o incidente com Ermine, ele se perguntava se havia algo errado com ele por não conseguir ficar desordenado ou perder a calma.  


Assim que terminou de envolver a bandagem rapidamente, Ermine desdobrou uma camisa nova e limpa. Enquanto a apanhava, ele se lembrou, do nada, de como ele perguntou à Lydia se poderia abraçá-la.  


Não foi o suficiente. Ela não se abria para ele tão facilmente.  


No início, ele planejava apenas mantê-la ao seu lado, sem prestar a atenção aos sentimentos dela. Se Edgar tivesse Lydia com ele, poderia continuar sendo o Conde Cavaleiro Azul com sucesso. Porém, Lydia disse que sua “seriedade” não era amor de forma alguma. Ele considerava seus sentimentos como amor, logo, não conseguia entender o que ela queria dizer.  


E, mesmo assim, se ele a forçasse parecia que ele estaria sendo infiel do seu ponto de vista, por isso, chegou à conclusão de que não deveria pressioná-la para um simples beijo.  


Em relação à Lydia, era verdade que começava a perder a confiança, entretanto, não tinha intenção de desistir. Não havia necessidade de pressa. Acontece que ele estava chateado por estar insatisfeito e isso o fez perder a confiança em seu coração. Começou a sentir que tudo não estava indo bem e isso o deixou abatido.  

 

Nota da tradutora 


Certamente, você identificou alguns detalhes que aparecem no anime que estão aqui. Primeiro lugar, o coblynau. Lembra do episódio 8? Sim, é ele que sai do nada da terra e se apresenta à Lydia. E também tem aquela cena em que ele conversa com Edgar e usa uma flor para que o conde identifique onde ele está (Edgar não tem a habilidade de ver e conversar com fadas, lembra-se?).  


Pois é, também a cena em que Edgar abraça a Lydia também é no episódio 8, depois de um segundo baile (o primeiro ocorre no episódio 5). Tanto que ele fala a ela que vai se controlar para não olhar pela fechadura.  


“Ué, mas a história dos episódios 8 a 12 não tem a ver com Banshee?” Sim! Só que os roteiristas do anime fizeram uma miscelânea e mesclaram alguns dos volumes. Tanto até que os livros 2, 4 e, inclusive, o 5 não entraram no anime.  


“Ah, então, qual livro o Raven aparece vestido de mulher?” No livro 8 e certamente, você irá lê-lo 😉 


Então, é isso. Vamos acompanhar como Jimmy virou um subordinado de Ulisses a partir desse volume. E espero que a tradução do capítulo III seja rápida como essa ^^ 

Beijos e até lá!