sexta-feira, 10 de março de 2023

O changeling escondido - Capítulo 3 - Volume VI - Hakushaku to Yousei Light Novel

  


Nota de apresentação 


Bom, depois de um tempão, apareço por aqui! Espero que não tenha demorado tanto e se isso aconteceu, mil perdões. Como já disse, sou uma equipe de uma pessoa só!  

Vale lembrar que não ganho absolutamente nenhum tostão, e todos os direitos são reservados à magnifíca Mizue Tani.  

Uma curiosidade, neste capítulo não havia uma ilustração, por isso, tomei a liberdade de trazer uma que está no raw do light novel. Nele estão Ulisses, Nico, Raven e Ermine.

Bora para história? 

Enjoy! 



 

A ligação entre a tripulação pirata de Lota para Edgar, a neta do Grão-Duque de Cremona, que desapareceu, a garota chamada Betty, a fluorita chamada Freya, que só poderia ser desenterrada na cidade de Wallcave e a existência da pessoa que estava usando o nome de Conde Cavaleiro Azul, ao juntar isso tudo de uma vez, Lydia ficou confusa por um tempo.  


E, no entanto, Lydia foi capaz de entender que seria perigoso entrar na cidade sozinha e que Edgar havia planejado esse ataque. Parecia que isso não era apenas uma simples piada de mau gosto.  


De pé no convés, Lydia olhou para o oceano de cor preta bem quando se aproximava do pôr do Sol e levantou a cabeça ao som da presença de alguém que se aproximava dela através da brisa lateral.  


― Vamos parar em um porto próximo antes que escureça.  


Edgar parou para ficar ao seu lado enquanto ela estava encostada na grade.  


― Você não estava indo para Yorkshire neste navio? 


― Bem, não quero dormir no chão no fundo de um navio. Então, vamos passar a noite em alguma pousada e estou pensando em pegarmos o trem. Eu já disse a Nico que ele pode nos alcançar no navio de Lota. Vamos fingir que somos viajantes de passagem e entrar na cidade.  


Quando Lydia acenou com a cabeça, sentiu seus ombros roçando um no outro, e lembrou-se de quando ele disse que ela deveria estar perto de se apaixonar por ele, e começou a sentir dificuldade para respirar novamente.  


Por outro lado, ele tinha um sorriso gentil no rosto e olhava calmamente para Lydia.  


― Quando estamos assim, isso me faz lembrar.  


― ... O quê? 


― A primeira vez que nos conhecemos.  


No momento em que Lydia se lembrou, franziu a testa.  


― Agora que me lembro, também fui raptada por você em um navio.  


― Ah, foi? 


Você é fácil de esquecer memórias inconvenientes para você”. 


― Só me lembro que passamos uma noite maravilhosa em cima do oceano.  


― Não diga coisas que parecem o que não são! 


― Você não acha que esse foi o começo do nosso amor predestinado? 


― Não.  


― Com o tempo, você vai pensar assim.  


Definitivamente, eu não vou”. 


― Ah, sim, preciso lhe dizer que Betty e eu terminamos completamente. Mesmo quando ela for encontrada, não deixe que ela a incomode.  


Lota deixou escapar a história de que ambos estavam namorando quando se encontravam na América. Aquela notícia a frustrava, como se fosse um incômodo, ou era errado se sentir incomodada com aquilo, e ela não sabia o que deveria organizar dentro de si esses sentimentos.  


Só que ela pensou que deveria se concentrar em encontrar a garota como uma fairy doctor 


― ... Se Betty foi tomada como uma changeling, acredito que pode ser difícil porque já passou algum tempo.  


― O tempo passou: Por quê? 


― Ela pode ter se acostumado com o mundo das fadas. 

 

Entendo. Embora, eu não me importe se ela gostar do mundo das fadas.  


― Você está sendo muito frio.  


Edgar adorava a companhia de mulheres, mas nunca se fixou em nenhuma. Lydia foi reforçada com isso todos os dias. Então, ela imaginou que ele acabaria por considerar o que havia entre Lydia e ele como “acabado” sem nenhuma hesitação. Apesar de que nada tenha sequer começado.   


― As pessoas são seres que não podem se separar do mundo humano.  


― Então, eu gostaria que você levasse a sério o casamento comigo, para que não tivesse que ir para o mundo das fadas com Kelpie 


― Eu... eu posso não ser um ser humano.  


Como se fosse difícil para ele entender, Edgar voltou-se para encará-la. 

 

― Que parte de você? É por que você se parece com uma fada? 


― Um changeling. Muitas vezes se deixa para trás um bebê-fada em seu lugar. Quando isso acontece, o bebê-fada é enfeitiçado para que as pessoas não possam diferenciá-lo de um humano. No meu caso, é porque meus olhos são de uma cor rara. 


― Olhos verdes não são tão raros.  


Lydia também sabia disso. Mas, parecia que as pessoas ficavam perturbadas com os seus olhos que se assemelhavam a verde-dourados com diferentes reflexos conforme batia a luminosidade. Mais do que pela cor, esses olhos que podiam ver fadas eram essencialmente diferentes dos de qualquer pessoa e eram um dom que continha a magia de uma fada.  


― Há momentos em que penso, a verdadeira Lydia no mundo das fadas pode estar desejando retornar ao reino humano.  


― Porém, sua mãe não era uma fairy doctor? Se a filha dela passasse por um changeling, acredito que ela não a abandonaria.  


― Sim. Meu pai sempre diz que não sou um changeling. 


― Mas, você não está convencida? 


― Porque não consigo me encaixar no mundo humano.  


Ela acreditava no que seu pai dizia, mesmo assim, havia momentos em que percebia uma parte no seu interior que se conectava mais com as fadas do que com as pessoas.  


― Eu não sou o suficiente? - indagou Edgar, de repente, com tom angustiado.   


― Não posso ser eu que te mantenho presa ao mundo humano? 


Eh... 


Ele deixou sua mão tocar suavemente a testa de Lydia, onde havia uma fina cicatriz. A brisa soprara seu cabelo e isso se destacou.  


― Desculpe-me por deixar uma cicatriz no rosto de uma lady. 


― Isso vai sarar logo. Eu sempre fazia cicatrizes assim quando era criança. ...Além disso, não foi sua culpa.  


― Foi eu que te levei lá.  


Lydia sentiu que ultimamente Edgar havia mudado um pouco. Ele estava começando a se responsabilizar pelo que aconteceu com ela. Como a responsabilidade que um noivo teria. Mesmo que ela sentisse que era diferente do tipo de flerte leve do passado, ainda era complicado para Lydia crer que essa era a forma de seu amor.  


Ela sentiu como se estivesse sendo puxada como um par de amantes faria, e seu corpo ficou rigidamente resistente. Mas, mesmo assim, ele segurou seus ombros muito mais gentilmente do que nunca.  


― Quero te perguntar uma coisa. 


― ...O que é isso? 


― Estenda a mão.  


Enquanto ela tentava adivinhar o que era, ele colocou o anel de pedra da Lua em seu dedo anelar.  


― Esta pedra da Lua da fada-guardiã deverá ser um amuleto contra o mal, não é? O lugar para onde estamos indo acabou de acontecer um changeling. Para protegê-la de coisas que não podem ser vistas pelos olhos das pessoas comuns, o que posso fazer é muito pouco. É por isso que, pelo menos, quero que você use isso até que este caso seja resolvido com segurança.  


Ele beijou a ponta dos seus dedos e disse sorrindo: 


― Agora posso ficar tranquilo.  


Antes que ela percebesse, a sua mão havia se acostumado com o seu beijo, que era como o para uma lady 


Mesmo que ela se sentisse acostumada, isso significava que não queria fugir ou ficar com raiva ou confusa, e até a parte em que os lábios dele tocavam, sempre havia uma sensação persistente de que não era a mão dela, não mais.  


― Você não ficou chateada e me disse para tirá-lo. Você está se sentindo como se estivesse começando a se apaixonar por mim um pouco? 


Oh, me esqueci”. 


― Tire! 


Ela disse isso pelo costume, mas como esperado, Edgar apenas deu um sorriso feliz.  

 

Saindo da pousada na pequena cidade portuária, Edgar caminhou sozinho até um pub. Este era um país onde as pessoas iam a lugares diferentes para beber de acordo com a posição social de cada um, mas este era o bar fechado que ficava ao lado da pousada, construído em estilo antigo no qual a entrada era dividida.  


Logo atrás da pequena divisória, ele pediu uma cerveja enquanto ouvia a agitação e o clamor da classe trabalhadora. Deste lado, os assentos foram preenchidos de forma esparsa, mesmo assim, ainda relativamente silenciosos.  


Por um tempo, ele bebeu sozinho, mas, então, Ermine finalmente apareceu.  


― Tudo bem se eu me juntar a você? 


― Você veio para ficar de olho em mim? 


― Sim. Se você ficar bêbado e começar a flertar com mulheres, a senhorita Carlton testemunhará você levando alguém para a pousada, então, não seria capaz de inventar uma boa mentira.  


― Se é sobre o que aconteceu há pouco, não estava mentindo.  


― Vou deixar que se resolva assim.  


Com um sorriso azedo, Edgar deixou a cerveja escorrer pela garganta.  


― Mas, Lydia não me permitiu nem um beijo leve.  


― Isso é porque não seria fácil.  


Isso significa que ouvir por boato e você testemunhar por si mesmo é completamente diferente.  


― Realmente, sinto-me bastante enojado comigo mesmo. Lydia disse que se sente ajustada ao mundo humano. Isso me deu a sensação de que ele poderia partir para o mundo das fadas nesse ritmo por minha culpa. 


― Então, você será capaz de se conter? 


― Se fosse apenas uma conversa divertida, você não poderia considerar adultério, certo? 


― Se for apenas conversar, aceite conversar comigo.  


― Tudo bem se eu tentar te seduzir? 


― Como queira.  


Porque Ermine sabia que Edgar nunca tentaria seduzi-la, foi capaz de deixar passar como uma piada.  


― Mas, faz tanto tempo, Ermine, beber com você. No passado, Raven não gostava de passar o tempo nos pubs e só esperava do lado de fora.  


― Ele não gosta de como ainda é visto como uma criança.  


― Ele pode não parecer, mas surpreendentemente está preocupado com seu rosto de bebê.  


― Quando as empregadas lhe disseram que ele parecia ter quinze anos, estava se sentindo muito chateado por dentro.  


― Se ele está começando a conseguir demonstrar suas emoções, então, é um progresso.  


― Mas, suas expressões sutis não estão sendo notadas por ninguém.  


Edgar riu.  A conversa corriqueira e sem pretensão trouxe a ele uma pequena paz de espírito por um curto período de tempo para eles. Como não podiam ver o que aconteceria a partir de agora, esse tipo de tempo era precioso.  


― Ah, deixe estar. De qualquer forma, acredito que Raven está feliz por você ter voltado.  


― Não tenho certeza sobre isso. Ele não pode se sentir confortável com o fato dos meus cabelos e unhas não crescerem e meu corpo ficar frio como água quando durmo.  


― Eu me sinto feliz. Mesmo que você esteja um pouco diferente de antes, posso sentar e conversar com você assim novamente.  


Ermine dissolveu a tensão em seus lábios e até pareceu que estava um pouco perdida sobre o que fazer.  


― Como é a sensação? Você se sente sufocada por permanecer na forma humana? 


― Não, eu mesmo não sinto nada. Há momentos em que até esqueço alguns dias que sou uma selkie. Mesmo assim, quando chego perto do oceano assim, sinto que estou sendo chamada pelas ondas.  


― Eu entendo... Não pretendo acorrentá-la, então, quando chegar a hora, me avise.  

Quando a parte selkie dela for despertada. 

 

Eles tomaram uma bebida após a outra de maneira incomum e caíram em um estado de espírito indefeso e bêbado. Quando o dono do bar colocou um novo copo na mesa, ele disse que era para a fada.  


Os clientes aqui tinham uma prática em que ofereciam bebidas às fadas? Podia ser uma medida para cobrarem dos clientes bêbados, mas se fosse para uma fada, então, era interessante. Ele não se importou e jogou um xelim de prata.  


Quando olhou para o copo que o dono do bar colocou na mesa, a quantidade de bebida desapareceu lentamente, embora ninguém tivesse colocado um canudo nela. As fadas estavam ao lado das pessoas sem que elas soubessem. Esse fato foi revelado a ele desde que conheceu Lydia.  


Terminada sua bebida, Ermine se levantou. 


― Eu vou indo agora.  


― Você não vai ficar de olho em mim até o fim? 


― Eu não sou a única que está te observando.  


Sem entender o que ela queria dizer, ele se sentiu um pouco insatisfeito com sua atitude seca e descuidada.  


Ermine, você acha que tudo bem se eu ficar com Lydia assim? 


Antes que ela percebesse, ele agarrou a sua mão para impedi-la de ir.  


― Eu a trato com tanto vigor e, no entanto, quando chegar a hora dela aceitar, não tenho certeza se seria capaz de aceitá-la.  


― Você não tomou a decisão de fazê-lo? 


― Achei que tinha determinação, mas sou rápido em vacilar. Não tenho garantia de que posso protegê-la e, no entanto, a forçar a se juntar à minha batalha e quando imagino que algo irreversível pode acontecer, tenho medo de fazer algo que a faria me odiar.  


― Isso significa um caso? 


Um item que estragaria tudo, assim como o conto de fadas que ele leu no livro ilustrado. 

 

― Porque eu sei que essa é a coisa mais odiada de Lydia.  


Ele não sabia por que estava dizendo algo assim.  


― Você ficaria bem se fosse odiado tão profundamente que se tornasse inadmissível? 


― Não. Mas, se Lydia não odiasse o suficiente, não seria capaz de deixá-la ir.  


E, então, ele percebeu. Que não era ele mesmo esta noite. No entanto, Edgar olhou para a mão de Ermine que ele segurava e Ermine não tirou os olhos de seu rosto.  


― Você precisa de uma parceira que faria você ser odiado? 


Ela sempre conseguia ler exatamente as intenções de Edgar. 


― ...Possivelmente.  


Sentindo a tensa presença de Ermine na ponta dos dedos, pensou que devia rir daquilo como se fosse uma piada. Embora, ele não tivesse certeza se isso era uma piada ou não.  


Ermine cautelosamente soltou um suspiro.  


― Você achou que posso recusar? 


Edgar finalmente soltou a sua mão.  


― Eu estava brincando. Não faça uma cara tão assustada.  


― ... 


― ... Mesmo assim, isso foi horrível da minha parte. Devo ter bebido demais.  


Lord Edgar, você está se depreciando demais. Por que vocês dois não poderiam segurar as mãos um do outro e resolver seus problemas juntos? Não estamos mais na América. Não temos uma batalha para lutar, você deve ter permissão para trilhar o caminho que lhe traga felicidade. 

 

― Eu me pergunto se tenho o poder de fazer uma mulher feliz. Minhas amantes sempre acabam se cansando de me amar, e Ermine, sempre te machuquei.  


― Se fosse a senhorita Carlton, acredito que ela seria alguém que até tentaria apoiar as fraquezas e falhas de seu ente querido.  


― ...Sim, se ela viesse a me amar, isso é.  


― Estarei desejando que isso se torne realidade.  


Sentindo a presença de Ermine deixar o pub pelas portas atrás de suas costas, Edgar soltou um suspiro.  


― Eu me pergunto o que quero fazer.  


Enquanto ele olhava para a cerveja que foi colocada para a fada continuar diminuindo, ela foi deslizando pelo topo da mesa.  


― Você tem um caráter bastante cínico, conde.  


Quem disse foi um gato cinza sentado na mesa. Ele pegou o copo grande como se estivesse carregando algo bastante pesado e bebeu a cerveja.  


― Compreendo, então, você é outro que está de olho.  


― Se você teve um caso com ela, com certeza, vai machucar Lydia. Já que aquela senhora está profundamente apaixonada por você há algum tempo, e Lydia também sabe disso. Logo, não seria aceito apenas como um mero capricho.  


― Eu não tenho esse tipo de sentimento em relação à Ermine. 


― Isso é mentira. Você sabe disso.  


Nico limpou a espuma do bigode com a pata dianteira.  


― Se isso acontecesse, você seria o tipo de homem mais baixo e pior. Você se aproveita dos sentimentos das mulheres e as deixa magoadas. Até mesmo Lydia, com certeza, não iria querer nem mesmo ver seu rosto.  


― Eu não vou fazer isso! Não tem como eu fazer isso.  


― Para o bem de quem? Lydia? Ou Ermine? 


― Ambas. 

 

― Você é cheio de mentiras, conde.  


― Nico, você não vai dizer nada desnecessário à Lydia, vai? 


― Estou faminto por peixe frito.  


― Tudo bem.  


― Mas, isso não significa que posso fazer a promessa de não contar.  


Edgar ficou irritado com sua coragem e pensou que deveria bajulá-lo por inteiro, mas como ele sabia que era o culpado, mal conseguiu conter sua vontade de descarregar sua raiva. Já que Nico nem iria querer deixar Lydia saber sobre esse tipo de coisa horrível. 

 

― Você é um estudioso? 


― Oh, não. Isso é apenas um passatempo para mim.  


― Ouvi dizer que você está reunindo histórias de contos de fadas.  


― Estava pensando em escrever um livro sobre folclore.  


Edgar estava inventando uma mentira atrás da outra com tanta facilidade, e convidou um dos aldeões para se juntar a eles e andar de carruagem. Pediu para ser guiado até uma única instalação de hospedagem que existia na cidade de Wallcave 


― Achei que não havia contos de fadas nesta cidade.  


― Em qualquer lugar ou cidade, com certeza, haverá pelo menos um ou dois. Embora esse tipo de coisa seja mais conhecida por residentes idosos ou mulheres.  


― Mas, qual é a razão de você vir a um lugar como este? 


― É apenas uma coincidência. Eu viajo sem planejar e de improviso, mas ouvi dizer que as colinas ao redor desta área têm vistas mais maravilhosas e, como minha noiva está me acompanhando nesta viagem, pensei que deveríamos ir e passar por aqui.  


― Se for assim, há muitos lugares e coisas para aproveitar. Desde então, os visitantes da cidade parecem achar uma pequena montanha ou penhasco bastante raro.  


Enquanto Lydia ouvia a conversa, sentiu que o aldeão não queria que eles tocassem sobre o assunto fadas. A vista da paisagem era de colinas ao longe, enfileiradas com subidas e descidas em suas superfícies rochosas. A vasta natureza aberta suficiente para agradar aos olhos. No entanto, mesmo que eles se aproximassem da comunidade, ela sentia que havia muito pouco terreno agrícola.  


Mesmo os campos de trigo que eram definidos por uma cerca, nesta época da estação em que a colheita deveria terminar, haveria montanhas de palha empilhadas, mas elas estavam cheias apenas de ervas daninhas murchas.  


Disseram a ela que o principal produto desta cidade eram fluoritas e, originalmente, deveria haver um pequeno número de fazendas, mesmo assim, ouvindo que nem mesmo as fluoritas podiam ser desenterradas, se perguntou o que eles estavam fazendo.  


Ela se perguntou se as pessoas viviam apenas com o dinheiro enviado por aqueles que trabalhavam fora da cidade.  


Enquanto ela analisava, eles passaram pela comunidade da cidade e começaram a ver altos edifícios de pedra que carregavam um ar diferente que uma casa de aldeia. Quando a carruagem parou em frente a um desses, o aldeão explicou a eles que era a propriedade do senhor das terras. E que, normalmente, o povo abria como um meio de hospedagem.  


― O lord da casa não está morando lá? 


― Ele não vem com tanta frequência. Desde então, ele é um conde que tem propriedades aqui e ali.  


― Quando ele veio pela última vez? 


― Oh, não posso dizer com certeza. Talvez, há dois anos.  


Ao ouvir isso, Edgar lançou um olhar para Lydia. Assim como ele pensou, alguém que afirmava ser o Conde Cavaleiro Azul havia visitado a cidade, Lydia deu aceno de cabeça.  


― Por favor, espere um momento.  


Dizendo isso, o morador desapareceu nos fundos do prédio. Depois de algum tempo, duas mulheres apareceram.  


― Você deve ser o visconde lord Middlesworth. Se você me seguir, eu o guiarei imediatamente.  


Esse era o pseudônimo que Edgar usara para se apresentar ao aldeão um pouco antes. As mulheres mais velhas abriram a fechadura da entrada e deram instruções à mulher mais jovem. Parecia que os únicos hóspedes seriam eles.  


― Você prefere um quarto com vista para o mar, lady Middlesworth? 


Eh... 


Ao ser chamada desse jeito, subitamente, Lydia entrou em pânico.  


― Ela ainda é minha noiva, logo, você nos deixe em quartos separados. Acho melhor ter uma sala de espera para uma criada anexa a ela. Mesmo assim, seria interessante que houvesse vista para o oceano.  


Criada?”. Ela surpreendentemente pensou e virou a cabeça, dessa forma, seus olhos se encontraram com os de Ermine, que tinha um rosto que era esperado. Escondendo o fato de que era uma fairy doctor, e mesmo que houvesse necessidade de entrar na cidade, ela meio que se sentia como se estivesse sendo usada para a vantagem de Edgar.  


Ela até foi obrigada a usar um vestido que uma filha nobre em geral usa, e deve ter parecido que veio se divertir com o noivo e a empregada. Porém, ela teve a sensação de que estava sendo obrigada a fazer o péssimo jogo de cena de Edgar.  


― Martha, você poderia escoltar a lady. - disse a mulher mais velha, ao que a mulher mais jovem acenou em resposta.  


Ao ouvir o nome Martha, Lydia se lembrou de algo. A mulher que enviou a carta sobre o changeling também foi assinada por Martha.  


― Lydia, até mais tarde.  


Edgar deu a ela um sorriso agradável e desapareceu em uma sala junto com Raven. Enquanto Lydia era escoltada para outro quarto, ela falou com a mulher.  


― Hum... Você é casada? 


A mulher era do tipo quieta e passava a impressão de estar muito deprimida, o que deixou Lydia preocupada se ela poderia ser a mãe do changeling 


― Sim. Faz um ano desde que me casei nesta cidade. Meu marido está trabalhando na cidade vizinha, por isso, ele não está morando comigo.  


― Você tem filhos? 


― Não.  


Então, ela pode não ser a única. Mas, de acordo com a história de Edgar, parece que toda cidade está dizendo para desistir do changeling para todos os membros da aldeia, então, ela pode estar apenas dizendo que não tem filhos.  


Mesmo que ela pudesse ter dúvidas ou olhar com desconfiança, Lydia fez-lhe outra pergunta.  


― Existem outros maridos e esposas que acabaram de se casar? 


― Oh, não, como esta é uma cidade pequena, eu sou a única. ... Há algo errado? 


― Ah... Hm... 


My lady não pode deixar de querer ouvir as histórias de jovens recém-casados. Como seu próprio casamento está se aproximando, parece que há algumas coisas com as quais ela está preocupada. Mas, por favor, a única coisa que você fala é que ficou feliz em se casar.  


Ermine lhe deu uma mãozinha e Lydia, finalmente, se acalmou.  


― Entendo. Mas, se fosse eu, não acredito que seria de alguma utilidade para my lady. Desde então, estou arrependida do meu casamento.  


Arrependimento? Por que seu filho foi submetido a um changeling? Mas, ir e dizer que você está arrependida, e ela deveria ter tirado o filho, mas talvez seja porque o marido não está ao seu lado”. 


Deixando de lado Lydia, que estava surpresa, a jovem as conduziu pela sala de maneira profissional.  


― O quarto de sua atendente fica lá atrás. Posso pedir-lhe que venha buscar o carvão vivo para a sua fogueira mais tarde? Sinto muito, mas não há mão de obra suficiente no momento.  


Ao deixar Ermine acenar com o canto de olho, a jovem foi rápida e nítida em seus movimentos ao abrir as cortinas e quando terminou, preparou-se para sair. Nisso, Lydia correu e tentou impedi-la.  


― Eu... eu posso ver fadas! 


A jovem se virou com um olhar suspeito.  


― Há algo que te incomoda? Posso falar com fadas, por isso, acredito que posso ser de alguma ajuda... 


De repente, a expressão de seu rosto mudou e ela disse: 


― Se isso for verdade, vou avisá-la de que é melhor você se apressar e deixar esta cidade imediatamente. Ou então, isso colocará suas vidas em perigo.  


Saindo apenas com palavras que soaram como uma ameaça, a jovem saiu correndo da sala. 

 

― O que isso pode significar? - murmurou Lydia enquanto se encontrava perdida.  


― A cidade inteira pode estar a ameaçando para não vazar a palavra sobre a ocorrência do changeling 


― Para que eles obedecessem à ordem dada a eles pela pessoa que acreditam ser o Conde Cavaleiro Azul? Sim, se for dessa maneira, portanto, os outros aldeões podem não falar sobre fadas tão facilmente.  


Mas, então, por que as mães não têm permissão para recuperar seu filho changeling?”, ela se perguntou.   


Ermine saiu da sala para buscar carvão. Do lado de fora da janela, o som do vento soprava sem parar. Mesmo que ela estivesse dentro da sala de um prédio sem fogo aceso era completamente gelado e frio, mas não queria pegar casaco, então, Lydia permaneceu como estava e sentou-se no sofá.  


Ela notou que a janela fazia barulhos anormais e, quando levantou o rosto, viu Nico parado do lado de fora e batendo no vidro da janela.  


No fim, a razão pela qual Nico decidiu pegar o trem pode ter sido porque estava preocupado com Lydia e queria ficar de olho nela. Levantando-se, ela abriu a janela e ele pulou para dentro do quarto.  


― Oi, Lydia, esta cidade, com certeza, está quieta. Mesmo se eu andar pelas ruas, quase não há pessoas, e não consigo ver nenhuma fada. Embora, esta seja uma das terras que pertencem ao Conde Cavaleiro Azul. 


A razão pela qual o número de pessoas era baixo deve ter sido porque quase todos deixaram a cidade para trabalhar nas cidades vizinhas, mas agora que ela se lembrava, era estranho não ver nenhuma fada.  


Enquanto pensava nisso, Lydia percebeu uma figura escura e sombria se mover atrás da cauda fofa de Nico como se estivesse tentando se esconder.  


― Quem é? Seu amigo, Nico? 


― Hum? 


Nico se virou, ergueu a cauda e encontrou uma pequena fada cor marrom ali. Colocou as patas nos quadris e virou o corpo para encará-la.  


― Quem é você? Como assim, chega e toca na minha cauda como quiser!

 

(― Huh? Oh, desculpe... Pensei que você era apenas um gato desconhecido.) 


― Eu não sou um gato.  


(― O quê?) 


― Gatos não falam, e você sabe que eles não se levantam e andam por aí. 

 

(― Agora que você disse isso, está certo.) 


― Você é idiota? 


Era uma fada feminina, que usava saia e um pano como chapéu. Olhando de perto se assemelhava a uma brownie, mas pela ingenuidade pode ser mais uma dobby.  


― Nico, não diga essas coisas horríveis! 


A pequena fada se voltou para ela e, assim que seus olhos se encontraram com os de Lydia, retornou correndo para se esconder atrás da cauda de Nico.  


― Eu disse pare, esta humana não tem medo.  


(― O quê? Ela pode me ver?) 


― Eu posso ver você. Pois, sou uma fairy doctor 


(― Uma fairy doctor!) 


A fada soltou um grito estridente como se estivesse surpresa e correu para os pés de Lydia, e de forma desesperada, agarrou-se à bainha de sua saia.  


(― Por favor, ajude meu filho!) 


― O quê? O que você quer dizer? 


(― Meu filho está sendo colocado em uma panela. Se eles deixaram meu bebê assim, vão fervê-lo!) 


Colocar um bebê-fada em uma panela? Essa era uma das medidas que um humano tomaria para descobrir a identidade do bebê quando suspeitasse que fosse um changeling 


Houve momentos em que os pais-fadas deixaram para trás seu próprio bebê-fada, no qual, colocaram magia para fazê-lo parecer um bebê humano no lugar do bebê que roubaram. Nesses casos, se os humanos colocassem o bebê-fada em algo terrível, ele revelaria sua verdadeira forma e a magia seria desfeita, e dizia-se que as fadas devolveriam o bebê que roubaram.  


No entanto, Lydia pensou que era um método que não poderia recomendar. Isso não garantia a devolução do seu bebê e, por essa razão, havia momentos em que o bebê humano roubado era tratado horrivelmente pelas fadas.  


Em vez disso, era um método que as pessoas que não sabiam nada sobre fadas usariam e, se fosse um fairy doctor, não utilizaria esse meio.  


― Seu bebê é o changeling que foi trocado com um dos bebês da aldeia? 


(― Isso mesmo, mas como é horrível para eles colocarem meu bebê em uma panela.)  


Como as fadas não gostam de ferro, consideravam uma crueldade colocar uma fada em uma panela no lugar de um berço. A jovem Martha, que eles conheceram a pouco, deve ter ouvido esse método de algum lugar e o testou. No entanto, ela estava trabalhando aqui e não parecia haver tempo para ferver uma panela.  


― Então, é melhor você devolver o bebê para ela.  


(― Não posso. Todo mundo não me permitiria.) 


A dobby feminina enxugou as lágrimas na saia de Lydia. Lydia cuidadosamente a ergueu e a colocou em cima da mesa.  


― Você disse todos, então, você quer dizer a sua espécie? Por que eles não deixam você fazer isso? 


(― Se eu fizesse isso, todos nós seríamos devorados pelo Wyrm.) 


Wyrm? Aquele era um dragão que tinha o corpo enorme como uma cobra. Houve tempos em que eles não tinham pernas como um lagarto. Era um tipo diferente de dragão que tinha asas; essas espécies de dragões eram muito comuns aqui na Inglaterra.  


― Há um Wyrm aqui? 


(― Os Wyrms são quem cria as freyas.) 


Foi dito que neste lugar se extraía fluoritas preciosas com o nome de freya. O nome freya significa fogo, que pode ser criado a partir do fogo que a Wyrm soltou.  


(― Wyrm quer comer crianças humanas. E nos ordena a roubá-las. Não podemos revidar, então, acabamos fazendo changelings... Mas, eu não quero isso se meu bebê vai sofrer. Por favor, salve meu bebê, fairy doctor!) 


Isso significa que o bebê de Martha pode estar no ninho do Wyrm. 


― Então, o bebê humano já foi devorado? 


(― Acredito que ainda não. Essa fera lentamente transforma os humanos em pedras e depois os come.) 


No entanto, se ainda não aconteceu, seria difícil recuperar o bebê. Mas, ainda assim, no passado, o Conde Cavaleiro Azul deveria ter feito uma troca com as fadas para que as joias pudessem ser extraídas desta terra. Naquele tempo, ele deveria ter feito uma troca com o Wyrm em relação às Freyas 


― Desculpe-me, dobby, mas não foi recentemente que o Wyrm começou a querer filhos humanos? 


(― Isso mesmo. O Wyrm esteve em hibernação durante todo esse tempo. Desde que foi derrotado pelo Conde Cavaleiro Azul. Mas, agora, ele acordou.) 


― Então, precisamos pensar em uma maneira de colocá-lo de volta para dormir. 

 

(― Isso é impossível. O Wyrm só pode ser derrotado pelo Conde Cavaleiro Azul. Mas, foi um novo Conde Cavaleiro Azul que despertou o Wyrm. Apenas para desejar as freyas. Há muito tempo, o Conde parou de ouvir nossos desejos.) 


Um novo conde, não havia dúvidas de que era ele quem estava fazendo os aldeões sofrerem com os changelings 


― Aquele conde é um impostor.  


(― Um impostor? Então, se o verdadeiro Conde Cavaleiro Azul viesse, ele derrotaria o Wyrm para nós?) 


Embora Lydia deixasse essas palavras saírem de sua boca, ela estava perdida em como deveria responder sobre isso. Não havia como Edgar derrotar um dragão enorme como o antigo Conde Cavaleiro Azul faria. O que significa que ela não podia sair por aí alegando que o verdadeiro estava aqui.  


(― Ah, o mais importante, fairy doctor, por favor, salve meu bebê e resgate-o da panela. Se você não se apressar, meu bebê será fervido.) 


― Tudo bem. Leve-me até lá.  


Lydia decidiu seguir a pequena fada que se movia rapidamente.  

 

***** 

 

A mansão do senhor estava localizada a uma certa distância da comunidade. Lydia saiu de lá passando pelos pinheiros. A dobby parou em frente à porta da cozinha de uma casa que ficava bem longe da cidade. Lydia olhou o seu interior, mas não conseguiu ver nenhum sinal de uma panela.  


(― Onde foi parar meu bebê? Há pouco havia uma panela bem aqui.) 


A fada vasculhou o chão de terra.  


(― Meu bebê parecia tão frio e eu não suportava vê-lo assim, então, enchi a panela com batatas.) 


― Ei, Lydia, alguém está vindo.  


Ao ouvir a voz de Nico, Lydia rapidamente se escondeu atrás de um dos pilares. A pessoa podia ser a sogra de Martha. Quando a senhora entrou pela porta da cozinha, ela pôde ver que a mulher carregava uma panela cheia de batatas. Na panela a água cobria até a boca com todas as batatas afundadas. Quando Lydia se escondeu, observou a mulher colocando-a em cima do fogo da charneca.  


― O quê? Espere só um minuto! 


Lydia pulou por de trás das sombras dos pilares.  Ela empurrou a mulher para o lado e mergulhou as duas mãos na panela. Ela remexeu nas batatas e suas mãos sentiram o toque macio das roupas de um bebê e o puxou.  


― Que diabos é você? 


― O que você pensa que está fazendo? Este bebê está completamente molhado. E, ainda por cima, você estava prestes a colocar o bebê no fogo! 


A mulher franziu as sobrancelhas e os seus olhos iam e vinham entre o bebê que Lydia segurava e a panela.  


― Eu não sabia. Minha nora só me pediu para ferver as batatas. Mas, esse bebê não chora, mesmo que tenha afundado na água. Realmente, ele não é nada normal.  


Era um pouco menor do que um bebê humano, mas esse bebê-fada tinha o rosto marrom e enrugado. Suas orelhas também eram pontudas, logo, a magia para fazê-lo parecer humano não era exatamente de alto nível.  


Se o rosto de seu próprio bebê de repente se transformasse nisso, qualquer mãe suspeitaria que poderia ter acontecido um changeling. Até a avó do bebê estava perdida sem saber o que fazer e parecia estar de luto.  


A fêmea parecia estar em choque com o fato do próprio filho ser colocado no fogo, e caiu no chão de terra aos berros. Claro, Lydia era a única que podia ver isso. Como ela quase tentou limpar o rosto com a cauda de Nico, ele rapidamente a afastou.  


― Hum, senhora, você não deve tratá-lo tão terrivelmente só porque é um changeling. Por favor, troque-o por roupas limpas. E não o coloque para dormir dentro de uma panela.  


A mulher levantou o rosto com um semblante duvidoso novamente.  


― Quem é você mesmo? 


― Sou uma fairy doctor 


― Uma fairy doctor? Hunf! Uma pessoa que diz que pode ver fadas se coloca totalmente ao lado da fada. Eles só se concentram em obter algo bom a favor da fada. 


― Isso não é verdade. Se as fadas fizerem algo terrível, também ensinaremos uma lição.  


― Então, por que você não pega nosso bebê... 


Ela quase soltou a língua, mas fechou a boca de novo. Talvez possa ter sido pois foi informada várias vezes para não buscar seu neto changeling.   


― Saia! 


― Mas... 


― Vou gritar por alguém. Se você sair por esta cidade dizendo que é uma fairy doctor que se mete em negócios de fadas, você não ficará em paz.  


― Por que isso? Isso porque o senhor da casa disse isso? Mas, esse senhor é um impostor! 


― O que você pensa que está dizendo? 


A mulher mudou de expressão imediatamente e se levantou.  


― Por favor, não saía por aí dizendo esse tipo de coisa nesta casa. Toda a minha família será atormentada! 


Nesse momento, Lydia notou a presença de alguém parado e bloqueando a passagem pela porta da cozinha. Eram dois homens que pareciam ser aldeões desta cidade e estavam com braços cruzados.  


― Então, você é uma fairy doctor. Achei estranho viajantes em férias virem a esta cidade. - disse um deles enquanto olhava para Lydia.  


― Mi-minha família não tem nada a ver com ela. Não sei o quê, mas essa garota entrou em casa sozinha.  


Eu me pergunto se isso é verdade. Alguém não a convidou aqui? De qualquer forma, precisaremos conversar com o chefe da cidade.  

 

*** 

 

Edgar, com Raven junto, tinha chegado ao terceiro andar da mansão. Se este era o quarto usado pelo senhor da mansão, logo, ele pensou que seria neste andar. Aqui deveria ser o lugar para investigar pistas para que eles pudessem descobrir sobre a pessoa que alegou ser o Conde Cavaleiro Azul, que apareceu neste lugar há dois anos.  


Com a espada Merrow em uma das mãos, Edgar averiguou um cômodo de cada vez. Ele a trouxe para o caso de precisar, já que estava indo para uma cidade que não o aceitava como o Conde Cavaleiro Azul. 


Nos últimos tempos, não havia nobres que carregassem espadas com eles, a menos que estivessem no exército, mas ele era obrigado a mantê-la consigo o tempo todo, por isso, não havia como evitar.  


Havia vários quartos trancados, mas não foi difícil abri-los. Edgar entrou sorrateiramente em uma sala que parecia o quarto de um cavalheiro e ficou no meio para dar uma boa olhada ao redor.  


Na escuridão provocada pelas cortinas fechadas, o que brilhava e se destacava no canto da sala era uma estátua feita de fluorita. Edgar caminhou em sua direção. Quando Raven acendeu o fogo no castiçal, a luz ajudou a ver claramente a forma da estátua vermelha e violeta.  


― Um cisne branco prestes a voar para o céu. Hein, Raven, não acha que é uma obra de arte maravilhosa? 


Raven não concordou ou negou, mas Edgar não queria uma resposta dele em primeiro lugar. Quando Edgar se afastou da estátua, observou a parte de cima da mesa.  


Havia papel de carta e um selo com o brasão da família do conde. Abrindo todas as gavetas, ele verificou tudo dentro. No entanto, eles estavam quase vazios.  


Raven abriu um armário que estava trancado, mas não importa o quanto você pense sobre isso, era estranho porque não havia nada neles. Eles devem ter descartado ou escondido os documentos, que não queriam que ninguém visse, e deveriam estar aqui.  


Edgar caminhou até a lareira. Ela havia sido limpa, mas na pilha de cinzas no canto, encontrou um pedaço de uma corda de couro queimada, que seria usada para amarrar alguma coisa. Ele resmungou com a língua.  


No entanto, em um minuto, seus olhos caíram em algo no tapete no chão. Porque ele viu um pedaço de papel amarelado saindo de um dos cantos. Ele virou o tapete e o pegou que aparentemente estava debaixo dele.  


― Parece ser parte de uma conta.  


Enquanto seus olhos acompanhavam as palavras escritas, Edgar acabou franzindo a testa. Ele listou a porcentagem de saída da conta. Havia uma enorme quantidade de joias desenterradas que, segundo relatos, não podiam ser extraídas.  


Lord Edgar, alguém está vindo.  


Nesse momento, o som de vários passos subindo correndo as escadas pôde ser captado pelos ouvidos de Edgar. As pessoas que desconfiaram dos veranistas devem ter vindo investigar o senhor do feudo.  


Raven foi até a parte e tentou trancar, mesmo assim, Edgar disse que era desnecessário.  


― Não há razão para fugirmos ou nos escondermos. Vamos ouvir o que as pessoas aqui têm a dizer sobre si mesmas.  


Edgar sentou-se na cadeira que deve ter sido para o senhor da casa. Ao mesmo tempo, a porta se abriu e vários homens entraram cambaleando na sala. Raven aproximou-se de Edgar que permaneceu sentado e pronto com a adaga que se encontrava no pulso de sua mão.  


Lydia foi informada por um velho que disse ser o prefeito da cidade para segui-lo e voltou para o senhor proprietário das terras. Ela foi conduzida a subir as escadas do prédio, enquanto permanecia cercada pelos homens da aldeia com um ar de imponente cortejo.  


Ela estava preocupada se revelar que era uma fairy doctor sem perguntar se era uma boa ideia para Edgar, pois poderia trazer problemas a ele, porém, não havia nada para que pudesse fazer sobre isso agora.  


Um do grupo foi verificar o quarto em que Edgar estava hospedado, voltou e sussurrou algo no ouvido do prefeito. Ele, então, acenou com a cabeça e fez sinal para que Lydia o seguisse e assim subiram as escadas.  


Eles pararam na frente de uma das portas e tentaram ouvir algo contra a porta a fim de verificar o que acontecia dentro da sala, mas, eventualmente, eles se entreolharam e acenaram com a cabeça. Bateram na porta e entraram.  


― Cavalheiros, seria educado de suas partes bater à porta e, depois, tratarem de assuntos.  


O som da voz indiferente de Edgar chegou até os ouvidos de Lydia.  


― O que você está fazendo neste tipo de lugar? 


― Há algo acontecendo? 


― Claro que está! Este é o quarto de nosso senhor! 


― Bem, era tudo que vocês esperavam.  


O prefeito entrou na sala enquanto chamava o grupo de jovens animados em um tom como se estivesse dando conselhos paternais. As costas de Lydia foram empurradas por um homem atrás dela e entrou na sala.  


Quando seus olhos encontraram os de Edgar, houve um segundo em que parecia que ele e Raven ficaram rígidos, mas os dois observaram em silêncio o prefeito cuidadosamente permitir que ela se sentasse em uma cadeira.  


O prefeito imediatamente saiu do lado de Lydia, porém, antes de abrir a boca, ele parou na frente da porta como se quisesse impedir que eles escapassem.  


― A jovem que estava acompanhando você alegou que era uma fairy doctor e, aparentemente, colocou um dos bebês do aldeão em uma panela.  


― O quê?! Eu estava tentando salvar aquele bebê. Se você maltratar um changeling, o bebê humano não voltará. Você tem que tomar as medidas certas... 


― O que você está dizendo é ridículo, dizendo que existe um changeling. A noiva daquela casa só estava fazendo um alvoroço porque seu bebê que acabou de nascer tinha uma carinha feia.  


Era o mesmo assunto que Lydia tinha discutido na casa do prefeito.  


― Por que vocês estão indo tão longe assim para esconder sobre changelings? 


Ignorando Lydia, o prefeito encarou Edgar.  


― Visconde Middlesworth era seu nome, pelo que me lembro. Parece que há ladrões que tentam roubar itens preciosos da casa usando um pseudônimo de um nobre e pernoitando em uma grande casa de campo, ao que parece. Seria estranho você ficar procurando nos quartos que estavam trancados enquanto esta jovem estava fazendo comoção na cidade. Eu gostaria que você deixasse este lugar antes de jogá-lo para a polícia.  


― Infelizmente, os ladrões que roubaram são todos vocês. Desde então, seria problemático se a polícia se envolvesse.  


Edgar exibia um leve sorriso no rosto ao se levantar. Este era o Edgar mais perigoso que Lydia conhecia. Ele estava pensando em como nocautear completamente seus oponentes.  


― O quê? Não sei do que você está falando.  


― Esta casa é minha propriedade, tudo aqui me pertence. Quer eu tire ou quebre, é minha liberdade.  


Ele propositadamente varreu um vaso de aparência cara para o lado com o braço. Ao som perturbador de vidro quebrando, um dos jovens sacou uma faca em reflexo e, no segundo seguinte, foi derrubado por Raven, que acabou voando de volta para a parede.  


Raven, certifique-se de pegar leve com eles.  


― Entendido.  


― Agora, ... - disse Edgar enquanto encarava o grupo que ficou congelado.  


― Vocês sabem quem eu sou? 


Ele pegou e ergueu algo que estava sobre a mesa. Era uma longa espada que ainda estava em sua bainha. Era a espada Merrow e, ao mesmo tempo em que Lydia observava pacientemente, ele puxou a espada.  


Para que os homens pudessem dar uma boa olhada na grande estrela de safira, ele a segurou na frente do prefeito que não fez barulho.  


― O mestre de todos vocês, eu sou o Conde de Ibrazel 


Todos os aldeões estavam em completo silêncio. Eles provavelmente não tiveram a chance de ver a espada que provou a identidade do Conde Cavaleiro Azul, mas devem estar cientes da estela safira que foi chamada de estrela de Merrow 


Mesmo o azul profundo que tinha um leve brilho de seda e a estrela cruzada que reluzia clara e de modo brilhante, não era apenas uma joia normal. Todos eles, claramente, não estavam escondendo o olhar de surpresa em seus rostos. No entanto, o prefeito respirou fundo como se quisesse se acalmar.  


― ... Eu encontrei o senhor desta propriedade diversas vezes, então, eu o conheço. Você não é ele.  


Edgar encolheu os ombros como se achasse engraçado e estivesse tentando dizer “Oh, que coisa!”. 


― E teria sido melhor para todos vocês se tivessem contado a história de que todos foram enganados por ele. Então, isso faz de todos vocês seus cúmplices. Poderia ser evitado se a sociedade considerasse que você o ajudou e estava me enganando. 

 

Ele ficou balançando a espada e começou a caminhar lentamente na frente dos aldeões.  


― Em relação às “minhas” fluoritas que são extraídas nesta terra, você relatou ao mordomo da família que a mineração estava reduzida, quando, na verdade, a quantidade que estava sendo desenterrada aumento drasticamente em comparação ao passado. Oh, Deus, realmente, qual de nós é o ladrão? 


Ao chegar perto da mesa, ele estendeu um pedaço de papel colorido em um tom amarelado. 

 

― Então, senhor major, você está dividindo o dinheiro que foi ganho com as fluoritas que você as obteve ilegalmente para si mesmo com o resto dos membros desta aldeia? O que significa que existe uma rota paralela de mercado. Desde então, as fluoritas aqui têm uma coloração única que só é extraída aqui na Inglaterra. Você não foi capaz de mentir sobre onde e de que modo foram desenterrados e distribuídos. E, então, por essa razão todos vocês falam sobre o ladrão que alegou ser o Conde Cavaleiro Azul e é o líder do seu grupo e roubou minhas fluoritas depois que planejou tudo e fez todas as negociações para vocês todos.  


― A veia de mineração das fluoritas se esgotou. - disse o prefeito teimosamente.  


― Assim como você diz, não podemos tomar a liberdade e vendê-los com bem entendemos. Isso é apenas um memorando, e não qualquer tipo de papelada oficial. Mesmo se você procurar em toda a vila, nenhuma fluorita ou montanhas de dinheiro sairão. Todos nós aqui mal conseguimos manter uma vida modesta.  


― Entendo. - disse Edgar com um sorriso como se tivesse achado algo divertido. O sorriso perfeito que sua aparência perfeita usava carregava uma presença sem coração por de trás.  


Até Lydia percebeu que ele havia perdido a paciência a um nível considerável.  


― Então, mesmo que as coisas se tornem públicas, você ainda vai agir como se não tivesse nada a esconder. Se você pretende ir contra o senhor da casa, então, você deve estar bem preparado para isso.  


― Nosso senhor não é você.  


― Você me irritou. Vou mandar todos vocês para o inferno. - afirmou Edgar em um tom frio como um tirado do passado.  

 

Nota da tradutora 


Esse capítulo é um bom exemplo como a Mizue trabalha muito bem com mitologia, sobretudo a nórdica e a britânica. A menção de Wyrm talvez não seja tão desconhecida por você, porque há uma saga que dedica a esse tipo de dragão, que tem poderes mágicos.  

Neste livro, ele será bastante mencionado e explorado. Quanto aos changelings, que é a troca de bebês humanos por bebês-fadas também é abordado nessas mitologias. Tanto que, há uma leve suspeita por parte de Lydia ser um deles. Isso porque ela não é parecida com pai e nem se assemelha à mãe, a Aurora, que faleceu quando ela era bem pequena.  

Os dobbies, você talvez já os tenha conhecido pela obra do Harry Potter. Sim, eles são elfos domésticos, A dobby feminina vai dar o que falar nesse livro, portanto, fique de olho.  

Bom, é isso. Logo (assim pretendo) volto com o quarto capítulo.  

Beijos e até lá! 

 

 
 
 
 
   
 
 
 
 

 

 
 
 
 
 
 
   
 
 
 

 

 

 

 

 
 
 

 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
  

 
  

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