domingo, 5 de janeiro de 2020

A Arte da Ressurreição - Capítulo 2 - Volume IV - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de apresentação: Antes de tudo, feliz 2020!!! Aeeeeeeeee 

2019 foi um ano complicado para mim, vários percalços e com desvios no caminho. Infelizmente, não consegui dar conta de colocar mais capítulos no blog como havia planejado. Foram 5 no ano passado, mas espero de coração que venha o dobro, e quem sabe o triplo para este ano.  

Bom, vamos começar bem esse ano com capítulo 2? Porque a coitada da Lydia está numa enrascada e o único que pode dar a cartada para o seu resgate é quem? Óbvio que é ele... Edgar. Sente-se confortavelmente e bora para história.  

A espiritualista parecia Ermine. Estava atrás do véu, porém, Edgar tinha certeza de que se parecia com ela. Seu corpo não foi encontrado por causa das ondas pesadas e rápidas do mar sereiano. Por esse fato, ele não pôde ter deixado de lado a fraca esperança de que ela pudesse estar viva em algum lugar. 

Mas, se ela sobreviveu, por que não voltou ao lado de Edgar? Poderia ser porque não foi capaz de se libertar da corrente do Príncipe?  Se essa espiritualista fosse Ermine, isso significaria que ela ainda estava sendo usada por um dos subordinados do Príncipe.  

― Lord Edgar, ainda não consigo pensar que minha irmã está viva.  

Raven, que levou o chá ao estúdio para Edgar e estava imerso em seus pensamentos, disse sua opinião assim que entrou como estivesse refletindo sobre isso por todo caminho até chegar ali.  

― Se você a visse, era tão parecida que acreditaria. 

― Mesmo se o seu rosto e voz fossem familiares, teria a sensação de que não seria a minha irmã.  
Ermine era a meia-irmã mais velha de Raven, de outro pai. Ela era diferente dele, de pele avelã, obviamente de outro país e pele clara, mas era de fato sua irmã.  Edgar cruzou os dedos em cima da mesa e olhou para Raven. 

― Por quê? 

 Mesmo se ela tivesse sobrevivido, você acreditaria que ela trabalharia para o Príncipe novamente? Ela não teria mais razão para isso e, mesmo que fosse levada para um cativeiro, não creio que valorizaria sua vida, uma vez que tenha jogado fora.  

A razão pela qual ela estava traindo Edgar com o Príncipe era que o seu único desejo de poder ficar ao seu lado. Durante a fuga, o único motivo pelo qual  foram capazes de manter um forte vínculo foi porque deveriam confiar neles mesmos e os que estavam ao seu redor eram todos inimigos, porém, uma vez que Edgar conseguiu chegar à nobreza, ela pensou que iriam perder essa conexão especial.  

Foi por isso que ela vazou suas informações para o Príncipe a fim de prolongar sua fuga. Não importa quando tempo e como escapassem, Edgar sempre estava nas palmas das mãos do Príncipe. Porém, essa situação mudou drasticamente depois que ele conheceu Lydia. Porque era impossível entrar na sociedade e se tornar conde sem a sua ajuda.  

A partir daí, Ermine trouxe o controle do Príncipe sobre Edgar para si própria. Raven sabia que Ermine, que havia feito tal ato, não seria capaz de voltar ao lado de Edgar, mesmo assim, não conseguia pensar em nenhuma razão para ter que trabalhar com o Príncipe mais uma vez.  

― Há uma maneira de confirmar se é Ermine ou não é. 

Quando Edgar disse isso, empurrou a carta que acabou de chegar ao jovem de cabelos negros.
  
― É o convite da senhora Collins. Tratei a espiritualista como uma farsa e, no entanto, não fui retirado da lista de convites.  

É claro que a carta endereçada ao Visconde Middleworth chegou originalmente a um endereço diferente.  

― Se fosse à sua propriedade perto de Hasting, poderei conhecer sua filha, Teresa. Parece que a espírita está também morando lá.  

― Você vai? 

― Claro. 

― Entendido.  

Assim como Raven respondeu de maneira composta, estendeu o jornal, que foi desamassado, com um rosto inexpressivo.  

― Isso estava no chão do escritório da senhorita Carlton.  

Era o tabloide. Nele estava o artigo idiota de fofocas de que Conde Ashenbert estava enamorado por um fantasma. Que pena, não era Edgar que se denominava conde naquele ritual e, ainda sim, era sobre ele. Mas, não foi por engano que Lydia o leu e teve também um sentimento desagradável que a fez estremecer.  

― ... Isso é ruim. 

― É ruim.  

Assim que ele o abaixou, Edgar afundou os dedos na franja. 

― Com que diabos Lydia teria a oportunidade de colocar as mãos em um tabloide? 

Em primeiro lugar, isso era algo que a classe trabalhadora lia e não era algo lido por alguém como ela de uma família de classe média. Estava ciente de que havia algumas coisas escritas sobre ele, mesmo assim, não havia a oportunidade de que chegasse a ela, ele não se incomodou com isso, mas com certeza era específico.  

― Creio que é porque sir Nico tem lido todos os dias.  

Aquele felino”. 

― Ele age como um cavalheiro, mas é fã de um jornal de baixa qualidade como este.  

 Parece que existem muitas fadas que gostam de fofocas idiotas dos humanos. 

 De qualquer forma, vou acalmar Lydia. 

Quando Edgar se levantou, o gato fofoqueiro, do qual eles falavam, entrou em seu estúdio pelas patas traseiras. 

― Ei, condeLydia saiu, mas não retornou. 

Ele teve mau pressentimento. Este é o momento em que os subordinados do Príncipe estavam se movimentando. 

 Quando ela saiu?  

― Pela manhã. Ela supostamente tinha ido ao parque dizendo que iria elaborar um plano, porém as pequenas fadas daquele parque disseram que Lydia não apareceu por lá. Tentei dar uma olhada na área, mas não consegui encontrá-la. Estou preocupado, por isso, você também deveria procurá-la.

― Planejar um plano? Para quê? 

― Ah! Era só uma coisinha.  

Nico coçou a cabeça tentando disfarçar, mesmo assim, Edgar foi até ele. Nico baixou a guarda e foi imediatamente apanhado.  

― O quê? O que você está fazendo? Deixe-me ir!!! 

― Que plano?  

Quando ele acariciou a área ao redor de sua garganta suavemente, Nico estreitou os olhos semicerrados enquanto resistia.  

― Pare! Tudo bem, eu vou te contar, então, pare! 

No momento em que ele o soltou, a fada se inclinou contra a parede, se escorando, e alisou freneticamente o casaco de pele.  

― Tudo bem, mesmo assim, você se recusa que sua disposição faz com que terminamos em um mau acordo. 

Ele encarou Edgar com um olhar relutante.  

― Já disse para não me tratar como um gato! 

― Então, em que Lydia estava pensando? 

― Uma maneira de cancelar o noivado com você! 

Isso é ruim”, pensou Edgar, enquanto cruzava os braços. 

 Mais importante, apresse-se e procure por Lydia! 

― Oh, claro! Raven, chame o mordomo! 

***** 

Quando ela acordou, estava sentada em um quarto escuro, iluminado apenas por uma vela. Por trás da cadeira em que estava, havia uma mulher em pé e pousara as mãos em seus ombros. A razão pela qual ela conseguiu adivinhar que era uma mulher era porque as mãos eram esbeltas e macias. 

 Milady Teresa, como se sente? – alguém perguntou. 

Teresa, poderia ser meu nome?”, pensou ela em confusão. No entanto, começou a pensar que sim. 

― Você acabou de renascer agora. Voltou à sua família amorosa mais uma vez no mundo dos vivos. 

Quando virou um pouco a cabeça, conseguiu ver o rosto da mulher que estava atrás dela. Era bonita, com uma pele branca e sedosa. 

Porém, quem falava era a idosa ao seu lado. A mulher bonita apenas assentiu com a palavras da senhora. “Renascida?”. Agora que ela pensou sobre isso, teve a sensação de estar em outro lugar que não estava aqui. Não era tão escuro, era um lugar brilhante e quente. 

Ela teve o pensamento persistente de que renascer não era uma experiência tão boa. Ela tentou levantar a mão direita. A mão esbelta da jovem estava suavemente coberta à luz da vela. 
Era a mão de quem não precisava trabalhar. Ela teve esse pensamento atordoado.  

 Oh, Teresa! 

Houve uma voz que surgiu no canto escuro da sala e uma mulher obesa veio correndo até ela, como a estivesse a esperando por muito tempo. 

 Finalmente, você voltou para mim! É sua querida mãe, você se lembra? 

A mulher se sentou e segurou sua mão com força. “Mãe? Isso é verdade?” Ela mirou para mulher que a encarava com lágrimas nos olhos e não sabia o que fazer. 

  Uh...Eu... 

Ela não sabia nada sobre si mesma e demorou para perceber que a voz que saia dela mesma. 

― Senhora Collins, é difícil para um fantasma lembrar o que aconteceu em suas vidas antes de morrerem. Por favor, lembre-a gentilmente e com muita paciência. - falou a velha mais uma vez.  

A mulher que dizia era a sua mãe que assentiu sem nenhuma resistência. O colar que usava tinha uma enorme pedra preciosa tilintava ao redor.  

― Minha mãe...? 

― Sim, isso mesmo, Teresa. Apenas diga o que quiser.  

Parecia que ela era filha de uma família rica.  

― Qualquer coisa?...Até lindos vestidos e joias? 

― Você pode escolher o que quiser. Se não houver nada que queira, podemos comprar algo novo. Também preparei dezenas de acessórios para você.  

Que mãe gentil. Estou tão feliz por ter voltado”. Assim que ela teve esse honesto pensamento, foi abraçada por sua mãe. Durante esse tempo, foi capaz de ver outra figura nas sombras. Se assemelhava a um homem, mas não parecia que iria sair da luz, permanecendo, sem dizer uma palavra.  

Óbvio que ela não conseguia ver o contorno do seu rosto, nem a sua expressão, porém sentiu que seus olhos estavam fixos nela. De repente, notou que a reunião com a mãe estava arruinada e um nervosismo subiu sua espinha. 

 Senhorita, está acordada? O seu banho quente está pronto. 

A voz jovem e animada era diferente da criada veterana contratada pela família, que forçou Lydia sair do sono profundo. O quarto que ela estava brilhava com a luz do Sol da manhã, que entrava pela janela e, de relance, Lydia notou que o cômodo que se encontrava era diferente do seu próprio quarto, que ficava a Oeste na sala principal. Londres. 

Se apressou para se sentar na cama e ver através da janela alta e larga de vidro um oceano azul e cintilante e se perguntou se ainda estava no meio de um sonho. Não importava o que ela pensasse, não era Londres. 

― ... Oh, sim, hmmm e fizeram eu cheirar alguma substância... 

Então, isso significava que ela foi sequestrada? Se fosse esse o caso, com certeza, fora tratada com hospitalidade. Um amplo e espaçoso quarto de alta classe, com uma cama macia, lençóis limpos e brancos. Ela vestia um pijama de linho macio. Qual é o significado disso?  Ela lembrou da fada selada, selkie, apareceu na sua frente e pediu ajuda. O motivo do pedido de ajuda à Lydia era porque seu casaco de pele estava sendo queimado. Em outras palavras, foi morta bem na frente de Lydia. E ela foi capturada por quem matou aquela selkie. Foi capaz de se lembrar até essa parte. Mas, onde ela estava? Por que estava em uma casa como essa? Levantou-se ainda confusa. 

― Milady, trouxe sua troca de roupa.  

Lydia ficou incrédula quando viu a criada que entrou na sala com as roupas na mão. Era a criada que chorou pedindo a intervenção a favor de senhora Collins. Ficou mais confusa ainda. Essa garota estava no mesmo grupo do que o sequestrador? 

― Ei, você, acredita que seja certo fazer isso? Não sei quem é o líder, mas o sequestro é crime! 

Quando Lydia ficou na frente dela, a criada, cujo o rosto era coberto de sardas, deixou cair as roupas e elas encontraram o chão.  

― Que coisa horrível que você fez! Você tentou me enganar falando de sua lady, o que aconteceu? O que você está planejando fazer comigo, me levando para um lugar como esse? 

― ...Hum..., você, talvez, seja a senhorita Carlton? - perguntou desorientada.  

― Onde estamos? Vou voltar para Londres.  

― Você não é miss Teresa?  

― Do que você está falando? 

 O que você fala não faz nenhum sentido. – murmurou Lydia enquanto tentava passar pela empregada e sair pela porta.  

Porém, a empregada agiu com pressa e ficou na sua frente, impedindo-a de sair. Depois, se curvou no chão para ela. 

― Sinto muito, por favor, me perdoe...Sabia que era uma coisa terrível, porém não havia nada que pudesse impedi-lo.... Mas, imploro, por favor, fique aqui por um tempo. Se você tentar sair daqui será morta. 

Morta?”. Essa certeza não parecia nada agradável. E como a empregada estava desesperada, Lydia sentiu que ela não era culpada e, por isso, conseguiu se acalmar um pouco. 

 Então, você poderia me explicar o que é tudo isso? Não estou a culpando. 

Ela se sentou e pegou a mão da garota. 

 Qual é o seu nome? 

 Suzy... 

Segundo a sua explicação, logo depois que ela voltou à sala de espera, encontrou Lydia desacordada no chão. Correu para pedir ajuda, mas logo a espiritualista apareceu e disse-lhe para sair rapidamente do hotel. Lydia, inconsciente, foi colocada em uma cadeira de rodas e Suzy disse que a ajudou a carregá-la no trem enquanto estava cheia de culpa.  

A fim de reviver a filha da senhora Collins, Teresa, que se estivesse viva, teria dezessete anos, a espiritualista lhe contou que eles precisavam de uma jovem mulher da mesma idade e usariam seu corpo como um recipiente. Ela sabia que era um ato profano, mesmo assim, a senhora, que estava obcecada com a filha, poderia ser hospitalizada e por esse fato que só podia obedecer às instruções do espiritualista. Foi dito à Suzy que, se Lydia não pudesse ser usada como receptáculo, restaria apenas matá-la, assim não se rebelaria.  

E, por isso, Lydia foi levada para a propriedade da senhora Collins, localizada em uma cidade perto de Hastings e, no momento, na condição que a fantasma de filha Teresa possuía seu corpo. Pelo menos, ontem à noite, ela agia como a jovem senhorita Teresa, que acabou de ser despertada, porém, Lydia não se lembrava nada disso.  

Mas, a filha Teresa, na verdade, não sabia como realmente era e apenas seguiu a história, quando lhe disseram que já estava morta e foi revivida.  

― É por isso que, por um tempo, você consiga fingir que você seja a jovem senhorita Teresa. Uma vez que a espiritualista, miss Seraphita, saia daqui, você não correrá mais perigo. Então, por favor, se você pudesse até ... essas pessoas parecem não ter nada contra matar pessoas... são pessoas horrorosas.  

Ela se perguntou se era Seraphita quem mantinha os selkies no cativeiro. Mas, senhorita? Lydia pensou que quem a chamou incompetente foi um homem. De qualquer modo, havia alguém próximo que tinha o poder e a capacidade de um fairy doctor. 

Porém, por que essa pessoa fazia isso com os selkies? O que Lydia tinha certeza era que deveria ficar aqui por um tempo. Isso significaria que ideia de Suzy não era ruim. Se ela fosse capaz de fingir ser Teresa, poderia andar livremente. Logo, seria capaz de investigar sobre os espiritualistas e os selkies. A propriedade que a selkie disse devia estar por aqui. Ao pensar nisso, Lydia conseguiu reunir coragem e determinação de que precisava.  

Ela foi solicitada por uma fada. Precisava fazer isso, mesmo que fosse sozinha, para que uma caloura como ela se tornasse uma fairy doctor de fato. Porque um verdadeiro fairy doctor estava pronto quando era capaz de ajudá-los.  

― Tudo bem, Suzy. Então, posso ter você ao meu lado, pelo menos? 

― Sim, claro. Foi-me dito pela minha senhora para cuidar de tudo o que era necessário para sua filha e acredito que poderei auxiliá-la para que o espiritualista não fique desconfiada.  

― Obrigada. 

― E mais uma coisa, senhorita Carlton, não confie nos outros servos desta propriedade. Alguns deles conversaram secretamente com o espiritualista. Milady deixou a administração desta propriedade nas mãos de outra pessoa, logo, não sei em que tipo de pessoas entraram aqui.  

Lydia lembrou-se da selkie do sexo feminino disse a ela que seus colegas selkies estavam sendo colocados para trabalhar como criados em estados diferentes. No entanto, entre os servos, poderia haver pessoas ligadas à espiritualista, e Lydia assentiu enquanto decidia que precisava tomar precauções, pois não era capaz de decifrar de que lado cada servo está. 

Como disseram que o fantasma de Teresa não se lembrava de nada sobre si mesma, não havendo problemas se Lydia não soubesse nada sobre a família Collins. Bem diante dos olhos de Lydia, a senhora Collins a olhava com um sorriso largo e feliz.  

― Teresa, aqui está a sua torta de creme favorita. Coma o quanto quiser.  

Houve muitas vezes em que a senhora Collins estava mentalmente instável, ora dormindo, ora parecendo aturdida, provavelmente devido aos medicamentos. Naquele dia, Lydia só pôde encontrar a senhora Collins para tomar chá à tarde.  

― Sim, obrigada, mãe.  

E aí, os olhos da senhora Collins se encheram de lágrimas.  

― Não posso acreditar que estou aqui tomando chá com você crescida... Sonhei com isso por tanto tempo. 

Ela apanhou as mãos de Lydia de forma que as agarrou como se estivesse tentando ter certeza de que isso era real.  

― Acreditava que você realmente não estivesse morta. Sempre pensei que você estivesse crescendo com bons cuidados em algum lugar com outra pessoa de forma que vocês fossem realmente mãe e filha.  

O coração de Lydia doeu quando percebeu que fazia algo falso.  

― Gostaria de saber se a cor de seu cabelo veio de sua avó. Sua cor estava mais próxima de um castanho-claro quando você era criança e, no entanto, mudou para uma cor castanho-avermelhado. Até a cor de seus olhos eram verdes-dourados?  

Parecia que ela já havia esquecido a espiritualista. E, mesmo assim, por algum motivo estranho, Lydia não foi colocada em um sentimento desagradável. Pois, ela foi capaz de sentir sentimentos amorosos como mãe, que viveu todo esse tempo pensando em sua filha.  

Para Lydia, que perdeu a mãe em tenra idade, a reação da mulher a faz pensar que era assim que a sua mãe era. Para aqueles que conheciam a mãe de Lydia, todos revelaram e diziam que ela não se parecia em nada com a mãe, que tinha o sangue puro do povo do norte e ostentava cabelos loiros platinados e pele branca, era uma mulher magnificamente bonita.  

A senhora Collins, que era obesa e dava uma impressão amigável, não era nada parecida com a mãe que conseguia se lembrar. Porém, Lydia sentiu que elas compartilhavam o mesmo tipo. Um comportamento gentil e tranquila. Isso fez que você sentisse relaxado por estar ao lado deles.  

― Teresa, você cresceu e se tornou uma filha tão bonita.  

Uma vez que ela foi abraçada e apertada com força, seu coração se afrouxou com o pensamento de que ela poderia se permitir bajular a bondade da senhora. Ela não era mais criança, porém, isso poderia significar que havia uma parte dela que ansiava por sua mãe.  

Se sua mãe estivesse bem na frente de Lydia, que já era uma moça, a abraçaria e lhe diria que cresceu tão bem? Assim como a senhora Collins, que perdeu a filha, ansiava sinceramente por conhecer a filha que se tornara adulta, a mãe de Lydia talvez sentisse tristeza por não ter outra opção de partir e deixar sua jovem Lydia. 

 Não vou te deixar mais sozinha. Vou garantir que você seja a filha mais feliz do mundo. 

 Mãe. 

Lydia pensou na mãe enquanto tinha a cabeça acariciada como uma criança. 

 Oh, eu não deveria estar chorando. 

― Oh, eu sei. Teresa, há um camafeu que quero que você tenha. Estava pensando em dar a você quando estivesse em idade para se casar. Espere só um pouco. 

Quando ela chegasse à determinada idade, poderia se casar. Itens passados por mães e avós eram laços por mães e filhas, que não desaparecem mesmo que a filha se case. Lydia pensou no pingente de água-marinha, mas quando percebeu, sentiu-se dolorida ao notar que havia sumido.  Ela pode ter deixado cair ou poderia ter sido roubado. Sentiu-se como tivesse perdido a mãe mais uma vez e isso a machucou.  





― Você é a Teresa? 

Ela lutou contra as lágrimas que se formavam em seus olhos e levantou a cabeça para ver que havia um jovem de quinze ou dezesseis anos parado na porta. 

― E você é? 

― Oscar, seu primo. Minha escola começa no outono e, por isso, viajei com a minha tia no lugar do meu tio, que não pôde deixar Manchester por causa do trabalho.  

Seu cabelo louro comum, cortado uniformemente na altura do pescoço, ondulava com seus movimentos. No momento em que ele se sentou próximo à mesa, sorriu como um menininho brincalhão. 

― Nunca imaginei que seria capaz de conhecer Teresa. Ainda não acredito que um fantasma possa ser revivido.  

Sua altura era igual à de um adulto, mas seus traços faciais pareciam os de um garoto. Ele parecia amigável e ágil para se abrir para os outros. Mas, uma vez que abriu a boca, ele era um rapaz que falava de modo para afastar as pessoas.  

― Você acredita que não sou Teresa? 

― O que você acredita? 

―... Não me lembro de nada. 

― Existe a possibilidade de você apenas estar agindo para colocar as mãos na fortuna da família. Você diz que não se lembra de nada, mesmo assim lembra-se das maneiras de tomar chá.  

O coração dela disparou. Ela entrou pânico, por ter agido como fosse algo normal. Esse homem alegou que não acreditava em fantasmas, também não acreditava no espiritualista, mas ficou obcecada na parte como ele agia como se a estivesse testando. Não tinha certeza se ficaria ao seu lado se ela abrisse por ter sido sequestrada. Seria como se descobrissem que ela não era Teresa, eles a encarariam uma vigarista comum. Durante o tempo que a cautela a venceu e a fez ficar  quieta, Oscar disse “bem” e se levantou. 

 Ei, você tem um namorado? 

 Como? 

 É bom se tornar filha dessa família, mas se você fizer isso, terá que se casar com um homem diferente. 

Ele sorriu para ela e saiu. Lydia se lembrou de um artigo sobre uma mulher rica e casada que havia chamado de volta a filha como fantasma e procurava um parceiro para ela. “Poderia ser sobre a senhora Collins?”, se perguntou. Se assim fosse “Edgar...”. 

Se esse artigo fosse verdade, poderia haver a possibilidade de ele vir como um dos candidatos? Logo ela pensou que ele poderia ajudá-la, mas Edgar estava interessado na filha fantasma, e isso a preocupou sendo que ele poderia estar ao lado da espiritualista. Ela se questionou até que ponto acreditava em Edgar. 

Mesmo que não cresse nos avanços cheios de flerte em relação a ela, acreditava que ele não era o tipo de pessoa que a abandonaria quando estivesse em uma situação perigosa. Mas isso foi porque ele usou as habilidades de Lydia como fairy doctor. Ela se perguntou se a garota chamada Lydia tinha algum valor para ser resgatada por ele. 

No entanto, sua esperança sobre Edgar foi destruída em questão de tempo. Porque o homem que se chamava Conde Ashenbert e chegou na propriedade à noite não era Edgar. Lydia estava olhando da janela do quarto de Teresa para varanda de entrada e encolheu os ombros em decepção quando o jovem desconhecido saiu da carruagem. “Eu deveria saber do que está escrito nos tabloides são todas mentiras”.  

Ele deve ter usado o famoso nome de Conde Ashenbert porque lhe permitia um acesso mais tranquilo às pessoas ricas da classe média que ele não conhecia. Lydia achou que era tão idiota de sua parte pensar seriamente se seria seguro pedir de modo honesto ajuda quando Edgar chegasse e depois deitou-se na cama. Nuvens se espelharam para cobrir o céu e ocultaram a fraca luz do Sol que se inclinava para o oeste. Quando o céu ficou cinza e começou a se espalhar pelo céu, oceano e pela propriedade, Lydia foi subitamente atingida por uma forte sonolência.  

*****


Hastings, uma cidade localizada na costa sul da Inglaterra, era conhecida como um popular resort oceânico. Dar um mergulho no mar, algo popularizado pelo fato de ser bom para a saúde, já havia se estabelecido como um dos entretenimentos do povo da Inglaterra e, durante o verão, todas as cidades nas margens do sul que tinha belas praias de areia branca transbordando de turistas.  

A senhora Collins mantinha sua propriedade em um lugar tranquilo, localizado a vários quilômetros da cidade mais próxima que tinha esse tipo de praia. Essa propriedade foi construída em um lugar onde só era possível entrar atravessando uma estrada longa estreita que se estendia para o oceano e situada em um pedaço de terra semelhante a uma ilha que ficava no final da estrada. Esse local parecido com uma ilha só era conectado ao continente por apenas uma estrada, mas, aparentemente, essa desaparecia sob as ondas que subiam na maré alta, de modo que podia ser praticamente chamada de ilha separada.  

Se um dos subordinados do Príncipe estivesse planejando algo, encenando-o em uma propriedade isolada e privada como essa, logo, como saber que tipo de perigo estava esperando aqueles que adentravam a um de seus terrenos. Mesmo assim, Edgar estava acompanhado de Raven e seguia para aquele lugar. Porque, Lydia estava supostamente lá.  

O casal da família Collins construíra aquela propriedade em algum momento na época em que a filha nasceu. Contudo, os dois não a visitavam desde que a mesma faleceu. Pois a filha deles, que tinha apenas cinco anos, havia morrido no oceano perto daquela propriedade. A única coisa encontrada nas praias lavadas pelas ondas foi o seu sapatinho. Como seu corpo ainda podia estar em algum lugar escuro, nas profundezas do oceano, o marido e a esposa Collins ainda não conseguiam decidir sobre a venda da propriedade.  

Essa foi a informação que o “Scarlet Moon” pesquisou sobre o marido e a esposa da família Collins. Edgar estava organizando as informações armazenadas na cabeça, sentado na carruagem, uma vez que o levou pela estrada por pouco mais de uma hora partindo da estação de Hastings 

Nico disse a ele que Lydia havia desaparecido e, depois de usar todos os servos da casa para encontrá-la, achou um cocheiro que havia apanhado Lydia e uma mulher agachada em um beco. 
Ele descobriu que a mulher que Lydia ajudou era a senhora Collins, no hotel para onde foram levadas. Elas já haviam saído do hotel, e ele deduziu que a senhora Collins partira para Hastings junto com a espiritualista, o que fez Edgar sentir-se frustrado por ser derrotado pelo inimigo. 

Não havia engano que Lydia fora levada por eles. Porém, ele não podia permitir-se continuar a perder. Movido pela sua determinação silenciosasaltou no trem que partiu logo pela manhã. Quando olhou pela carruagem, viu que o mar azul estava tão claro que refletia a luz do Sol que nem parecia a Inglaterra. Para além desse mar, estava a França. Do passado, havia muitas pessoas, coisas e guerras que atravessaram o Canal da Mancha e chegaram à Inglaterra. Na verdade, Hastings ficou famosa por ter sido um campo de batalha antigamente. À sua frente, subindo a estrada que continuava a partir da beira-mar, podia visualizar a ilha isolada que subia abruptamente de uma planície plana. A longa estrada que a ligava ao continente, que desapareceu com a maré alta, destacava a cabeça estreita das águas pacíficas do oceano.  

Era uma forma estranha e peculiar de ilha, e havia um prédio de cor de tijolo que se localizava ao lado leste. Quando toda a forma da paisagem solitária apareceu, o céu, que estava limpo e sem nuvens, ficou nublado e parecia que uma chuva estava a caminho.  

― Muito obrigada por vir de tão longe, Visconde Middleworth 

A senhora Collins, que cumprimentou Edgar quando chegou, parecia completamente diferente de como apareceu no ritual e agora sorria com uma felicidade radiante.  

― Vim com tanta pressa. Espero que isso não tenha a incomodado.  

― Claro que não. Aliás, my lord visconde, há outro hóspede que chegou um pouco antes de você.  

― Oh, Deus! Quem chegou antes de mim? 

 Lord Conde Ashenbert 

― Ahhh, já que ele é chamado como mulherengo.  

Raven, que estava logo atrás dele, abaixou a cabeça como se lutasse para não rir.  

― É apenas um boato bobo. - defendeu, suavemente, a senhora Collins. 

Edgar notou que o falso conde conseguiu a sua simpatia. Bem, com certeza, ele conseguiria. Caso uma mãe quisesse tratar a filha com a dignidade de um nobre, logo, um colega famoso e bem conhecido na sociedade era muito melhor do que alguém que era pobre ou tinha valor apenas no nome.  

― Uh, ainda há tempo até o jantar. Devo acompanhá-lo ao seu quarto? Ou gostaria de ...  

A voz dela desapareceu pois ela esperava que Edgar pudesse mostrar sua consideração pelo viajante anterior.  

― Se pudesse, gostaria de cumprimentar o conde.  

Após que ele disse isso, a senhora Collins relaxou a expressão de alívio. 

― Sim. Ele deve estar no salão, por favor, siga-me.  

Aparentemente, ela não queria desagradá-lo. É claro que Edgar não planejava demonstrar consideração pelo impostor. Ele planejava investigar o homem que reivindicou seu nome trabalhava para o Príncipe. Ele precisava detectar qual era a intenção deles e a situação de Lydia.  

Lydia”, ele se perguntou se ela estaria em algum lugar nesta propriedade. Tentou pensar em uma maneira de tentar encontrá-la e tirá-la com segurança. Enquanto, refletia, chegou ao salão. Do lado de fora das janelas, o céu estava quase escuro e as pancadas de chuva começaram a cair, mesmo assim, naquela sala mais brilhante que o ritual, Edgar finalmente conseguiu encarar o homem que era seu impostor. 

― É um prazer conhecê-lo. Ah, não, nos encontramos no ritual outro dia, mas não tive a oportunidade de cumprimentá-lo naquele momento.   

Edgar demonstrou um sorriso agradável e estendeu a mão ao homem que retribuiu de maneira generosa que permitiu verificar que ele era capaz de agir como um nobre adequado.  

― Sim, nesse tipo de situação, seria mais educado não trocar palavras. 

― A propósito, my lord, parece que somos rivais disputando a mesma lady, mesmo assim, gostaria 
de perguntar se você tem intenção de se casar com lady Teresa. 

― Teria que dizer depois de conhecê-la. No entanto, visconde, os outros dois candidatos parecem muito mais velhos aos olhos de lady Teresa. Logo, no sentido prático, aparentemente é uma competição entre você e eu. 

Edgar respondeu com um sorriso inocente.  

 Por favor, vá devagar comigo. Mais importante, lord Ashenbert, está certo que irá jogar fora todas as suas incontáveis amigas e se casar? 

O homem deu um sorriso com uma pitada de rancor. Ele queria aparecer como alguém que soasse teatral.  

 As mulheres são todas iguais. Sempre penso que já cortejei todas. Por isso, quero conhecer um fantasma. Pensei que seria bastante interessante. 
Era estranho. Dizia-se que Edgar era um homem frívolo, que amava mulheres, mas nunca teve esse tipo de comportamento ou opinião anteriormente.  

― Oh, é mesmo? Isso é algo inesperado. Imaginei que, já que cada uma delas fosse tão diferente, você acabou se apaixonando por todas. Como você estaria disponível em flertar com elas quando não é agradável para você? 

Esse homem que não conseguiu criar uma resposta inteligente poderia trabalhar realmente com o Príncipe? Edgar achou que esse homem não era adequado para o trabalho se estavam tentando provocá-lo, sabendo que o verdadeiro se encontrava bem à sua frente. Ele poderia ser apenas um vigarista atrás do dinheiro da família? Ou isso também fazia parte de seu plano? 

 My lord, me perdoe.  

Nesse momento, Raven entrou silenciosamente na sala e chamou Edgar. “Isso foi algo bem rápido, me perguntou se ele já era capaz de cuidar disso”. Edgar pediu licença ao falso conde e saiu da sala com Raven 

Para Raven, cujas emoções não surgiam de modo claro em sua face, parecia ter uma expressão mais rígida do que habitual o que dava a entender que havia más notícias.  

 Encontrei a senhorita Carlton.  

 Ela está bem? 

Raven pensou antes de responder e, por fim, disse: 

 Eu não sei.  

 Como assim? 

 Não consegui notar. Foi por isso que pensei que lord Edgar seria o melhor para perceber.  

A grande sala que se ligava ao pátio foi transformada em uma galeria. Havia uma série de obras de arte compradas do Oriente, alinhadas no espaço exótico. O ar provocava o som das gotas de chuva, que começavam a cair do lado de fora das portas de vidro, parecia uma tempestade em um dos países do sul.  

Quando avistou Raven de pele avelã em perto de uma das plantas decorativas com folhas enormes espalhadas, fez com que se sentisse como estivesse perdida em uma passagem para um dos países tropicais do sul. O que Raven olhava era a escultura de uma deusa nua, iluminada pelas luzes das lâmpadas, e ele notou que havia alguém parado atrás dela.  

Parecia que a pessoa estava tentando se esconder, mas a saia do vestido sobressaia pelos lados. Raven sussurrou em seu ouvido: 

― Aparentemente, se for capaz de encontrá-la e pegá-la, você ganha.  

 Um jogo de esconde-esconde? 

Quando Edgar verificou e se aproximou da pessoa, a figura do vestido se virou para correr como quisesse escapar de Edgar. 

 Você não pode me pegar tão facilmente, mister Crow.  

Ela riu da brincadeira quando estava prestes a sair correndo, mas Raven ficou em sua frente. Ela se jogou contra ele e olhou surpresa. 

 Oras, que coisa! O mister Crow está aqui? 

E, então, ela olhou para Edgar.  

 Isso não é justo. Você teve um de seus amigos para ajudá-lo e me enganou.  

― Senhorita, ele não é um Crow, mas sim um Raven.* 

 Ah, sim, você está certo. E, portanto, quem é você? 

O rosto que virou para encará-lo foi iluminado pela luz da lâmpada. Ela tinha cabelos esvoaçantes cor de caramelo, com misteriosos olhos verde-dourados e um sorriso vivaz e espirituoso. Era Lydia. Seu corpo e rosto eram sem dúvida de Lydia. Ela não parecia magoada e aparentava com a saúde completa, mas havia realmente um problema.  

 Eu sou o Visconde Middleworth 

Por enquanto, Edgar se apresentou por esse nome.  

 Você é um dos convidados especiais de quem a mamãe falou. 

 ...O que significa que você é a jovem filha da senhora Collins? 

 Sim, meu nome é Teresa. É um prazer te conhecer.  

A garota, que tinha a aparência de Lydia, levantou as laterais da saia com os dedos e fez uma estranha reverência, com um sorriso satisfeito, como se ela fizesse isso naturalmente.  Teresa. Ela era a filha morta que reviveu através de um feitiço de ressurreição. Ele a inspecionou duramente e bem, a ponto de poder ser considerado como rude, mas ela não parecia incomodada pelo olhar frio de um homem para ela. Ela veio até Edgar e o encarou como se também estivesse curiosa sobre ele.  

 My lord visconde, voltei à vida.  

Ela estava ciente dessa parte de si mesma.  

 É o que parece. A última vez que te conheci no outro dia, ainda era um fantasma. 

― Oh, que coisa, então, nos conhecemos antes? Sinto muito, não me lembro de nada enquanto eu era um fantasma ou antes de morrer. 

Raven perguntou a ele, em segredo, se ela estava possuída por um fantasma. Parece que esse foi o único estado crível dessa situação. Edgar assentiu.  

 Senhorita Teresa, como é a sensação de voltar à vida? 

 É maravilhoso. Não acredito que fui filha de uma família rica como essa. Possuo muitos vestidos e joias. Além disso, vou me tornar esposa de um nobre.  

 Então, você adora vestidos, vestidos e nobres? 

 Sim, muito mesmo.  

Ela era uma jovem muito fácil de ler. Talvez porque ela fosse um fantasma ou por sua personalidade original era assim. Colocando isso de lado, ele se perguntou se não havia como falar com Lydia. Enquanto, tentava pensar em uma maneira, havia uma voz que chamava por Teresa.  

 Parece que eles estão me procurando. Tenho que ir.  

Edgar bloqueou o seu caminho para mantê-la ali.  

 Gostaria de conversar com você só mais um pouco.  

 Porém, para falar a verdade, minha mãe me disse que ainda não devo encontrar nenhum dos convidados. Ela vai berrar comigo.  

 Vamos continuar nos escondendo.  

Ele tomou a liberdade de puxar seu braço para que os dois pudessem se agachar atrás do descanso juntos. Teresa deve ter pensado que isso era emocionante enquanto ria baixinho.  

 Calma, alguém está vindo. 

A pessoa que seguia seus passos era uma jovem empregada cujo o rosto estava coberto de sardas. Ela chamava freneticamente por Teresa, mas ela estava escondida enquanto lutava contra o riso.  

Raven foi até a empregada e, quando ele mentiu para ela que não havia ali, os dois saíram furtivamente da galeria.  

 Você é bastante assertivo.  

 Se eu pudesse ser afirmativo, gostaria de matá-la.  

 Oh, que coisa, mas você não pode fazer isso ainda. Porque deve haver outros convidados além de você. Minha mãe escolheu quatro homens como candidatos como meu pretendente e só um será escolhido.   

Isso era verdade, Edgar e o falso conde foram convidados para esse fim. O que significa que haverá quatro homens que tentarão cortejar Lydia. Isso seria um problema. Lydia era sua noiva. Mesmo que ela não pretendesse, Edgar, que estava em situação boa e prazerosa em dizer que era o seu noivo, não ousaria suportar que outros homens se aproximassem dela.  

O único que deveria refletir naqueles olhos verde-dourados era apenas ele. Caso um dos outros três do grupo interferir, ele, rapidamente, tomaria uma forte decisão de que seriam colocados no inferno.  

Mesmo que fosse contra a vontade de Lydia, ela seria forçada a se familiarizar com homens que não conhecia enquanto estivesse possuída por Teresa. Sua alma deveria estar pedindo ajuda.  

Edgar puxou a jovem até ele. Ela parecia envergonhada, mesmo assim o encarou com olhos suplicantes. Ele não gostava desse tipo de garota. Se eles tivessem um relacionamento, certamente, poderiam se tornar amantes intensos e apaixonados. No entanto, o coração de Edgar doía com a identidade de uma personalidade obviamente diferente de Lydia.  

Não havia a Lydia que ficaria brava ou perturbada ou até mesmo que acabaria chorando quando ele se aproximava dela. Não era a Lydia que sabia que Edgar era um homem bon-vivant e que a vigiaria ao seu redor e, no entanto, ficaria seriamente preocupada com ele. Ele queria vê-la com seu coração mole, pois ficaria mais preocupada do que pensar com desprezo quando soubesse que ele havia duelado por uma viúva.  

 Você pode falar? Estou aqui para resgatá-la. 

Quando ele sussurrou isso, ela pendeu a cabeça em confusão.  

 Minha fada, prometo que vou protegê-la para que você não precise mais se preocupar.  

Poderia ter sido um raio da iluminação que piscou contra a janela da galera e refletiu intensamente em seus olhos. Mesmo assim, Edgar sentiu como se tivesse encontrado sua Lydia e beijou a sua mão dela que segurava com tanta força.  

***** 

Os quatro homens escolhidos no ritual do outro dia estavam reunidos na noite seguinte. A senhora Collins disse que sua filha Teresa seria apresentada a eles no jantar. Mas, não havia razão para ele esperar pacientemente desde então.  Se a mão preferisse o conde falso, ele precisaria ser cuidadoso.  

 Por enquanto os que estão reunidos atualmente nesta propriedade são a senhora Collins, o sobrinho, a senhorita Carlton que se passa pela senhorita Teresa, a impostora, a espiritualista, a idosa, que é sua assistente. A jovem criada da senhora Collins parece ser uma empregada íntima que ela trouxe de Manchester, mas os outros empregados parecem ser contratados apenas durante o período em que a madame estiver morando aqui, logo, não está claro quem coordena cada um deles.  

Após ter terminado o jantar, Edgar voltou para seu quarto particular e ouvia o relatório de Raven 

 Os que chegarão amanhã são lord Sir Stanley e lord Sir Clark, os dois homens têm um par de baronete.  

 Se o mentor Ulisses estiver aqui, então, certamente será um deles. O homem que se chama Conde Ashenbert também é suspeito, mas pode haver a possibilidade de que ele seja um dos dois homens que chegará amanhã e esteja escondido com um dos servos.  

Do seu lado, há muito tempo conseguira atrair Edgar para a toca da armadilha. Mesmo que ele estivesse antecipando que Edgar chegasse sabendo que era uma armadilha do inimigo e não pretendendo permanecer calmo e quieto, certamente, ele faria seu próximo passo.  

 Pergunto-me que tipo de movimento Ulisses fará em seguida, my lord 

 ... O Príncipe controla os movimentos de sua organização como o maestro de uma orquestra. Para alcançar o final perfeito, todos os instrumentos precisam ser definidos e organizados para que todas as notas não percam uma batida ou melodia. Assim, Ulisses se move apenas de acordo com que ele deve fazer. O problema é como a minha parte é calculada e decidida para essa pontuação perfeita.  

 Não seria capaz de adivinhar.  

 Muito provavelmente, eles teriam uma abordagem para lidar com cada um dos movimentos padronizados e pensados.  

 ...Então, você está dizendo que o fato de ter ido para aquele ritual era o que esperavam? 

 Naquela hora, pretendia fazer um movimento diante deles para estremecê-los, mas agora pensando nisso, não houve nenhum tipo de resultado.  

― Você acha que também estava no cálculo do plano, senhorita Carlton como a filha Teresa? 

 É isso mesmo. Se isso era única coisa que era coincidência... 

De acordo com o quanto ele havia percebido os movimentos de seus inimigos, não havia sinais de que estavam atacando Lydia especialmente. Ele podia imaginar que era uma coincidência para ela ajudar a senhora Collins.  

Mesmo que precisassem de uma jovem para recuperar o espírito de Teresa, não havia razão para ser Lydia. Porque a isca necessária para atrair Edgar por todo esse caminho era o impostor e a espiritualista que se parecia exatamente como Ermine. De qualquer forma, se estivesse fora completamente da intenção deles trazer Lydia para tudo isso, então, eles seriam forçados a fazer alterações nos seus planos.  

Para Edgar, era a uma esperança que não havia perdido. “É Lydia. Ela é o único ponto imprevisível para o inimigo. Foi por isso que consegui obter a espada do Conde Cavaleiro Azul, graças a ela. E ganhei o título de conde”. Sim, ela conseguiu fazer mudança nos eventos para uma direção completamente diferente que nem Edgar foi capaz de prever. O que ele não esperava era que, apenas com seu coração extremamente gentil, o orgulho e a responsabilidade como fairy doctor, agisse de maneiras que normalmente não eram pensadas.  

 Ela é minha fada da boa sorte. Se eu conseguir recuperá-la, você não acha que tudo ficaria favorável para nós? Sim, a primeira coisa que devemos fazer é pensar sobre isso.  

 Pelo menos, é um plano que os inimigos poderiam esperar. 

 Raven, você está sendo sarcástico? 

 Por favor, perdoe-me, que parte do que eu disse que pareceu sarcástico? 

Ele perguntou em um tom de sinceras desculpas, o que fez Edgar achar engraçado e riu alto. Depois que ele riu, pôde sentir-se mais relaxado. Parecia uma bobagem para ele desviar o foco do ataque aos seus inimigos, logo depois que conseguiu se infiltrar em seus ninhos. Porém, este caso começou com a arte da ressurreição. O que o Príncipe enviou se assemelhava ser alguém que tinha a capacidade de usar poderes mágicos. Portanto, havia a possibilidade de que a chave para isso fosse algo como alguém como Lydia do que inteligência e forças práticas.  

 Pensando nisso, cadê o Nico? Ele disse para deixar a janela aberta, mas não podemos com tanta chuva.  

 Está tudo bem. Se for preciso esperar para sempre, ficarei encharcado.  

No momento em que ele se virou de onde vinha a voz, viu que havia um gato de pelos grisalhos sentado em cima do sofá, coberto com muitas almofadas.  

 Então, você conseguiu entrar.  

 Uma residência como essa com um ou dois criados que gostam de gatos. Depois de miar de maneira fofa e se esfregar neles, não me hesitaram em me deixar entrar. Mesmo assim, secretamente joguei fora a tigela de leite que serviram para mim.  

Após dizer isso, ele bebeu um gole de uísque em um copo, que havia conseguido de algum lugar.  

― Fui ver como Lydia estava, mas ela me reconhece. Ela me perseguiu e tentou me acariciar. Disse que um cavalheiro como eu não quer ser tratado como um gato. 

Não importava como você o olhasse, ele se parecia com um gato, logo, não havia nada realmente que pudesse ser feito sobre esse fato.  

 A deixe.  

 O que você vai fazer? 

 Por enquanto, vou prestar meus respeitos a ela. 


Nota da tradutora Antes de tudo, vale dar um toque sobre a tradução neste trecho: 

*― Senhorita, ele não é um Crow, mas sim um Raven 

Aqui, ambas as palavras em inglês significam corvo. Mas, para diferenciar do substantivo próprio (o nome do Raven ) do comum (no caso, crow = corvo), deixei o nome em inglês 😉 

Voltando à história... 

Confesso que fiquei com dó da senhora Collins sendo ludibriada por esse pessoal da pior espécie.  

Finalmente, a história começa a mostrar as suas pinceladas mais sinistras e obscuras. Aposto e ganho que você fique desesperado(a) quando se perde de alguém, mesmo em tempos de celular. Agora, imagine em pleno século XIX, no qual os únicos pontos que você pode contar são sua perspicácia, feeling e conhecer o suficiente a pessoa de quem perdeu contato. Mas, convenhamos... se não fosse Nico, Edgar iria ficar dormindo no ponto! Tenha dó, né, conde? 

Espero que o próximo capítulo te entrego o quanto antes, ok?  

Beijos, obrigada por ler e prestigiar!