domingo, 7 de novembro de 2021

O labirinto do goblin - Capítulo 6 - Volume V - Hakushaku to Yousei Light Novel

 Nota de apresentação 

Bom, eu sei que dei um bom sumiço e devo explicações para quem acompanha as traduções. No último dia 10 de agosto, meu pai faleceu, e fiquei tão arrasada e com tantos compromissos para cumprir que não tive um pingo de vontade de continuar.  

Porém, o tempo passa (e é o melhor dos remédios) e percebi que seria um sacrilégio abandonar algo que gosto tanto, como esse light novel. Pois bem, aí está o antepenúltimo capítulo.  


 

― Ei, pai! 


Foi completamente inesperado para um jovem de cabelos negros e ondulados aparecer no laboratório da universidade onde o professor Carlton passava a noite para preparar os rascunhos de seu seminário.  


O jovem saltou para a sala pela janela e sentou-se em cima de sua mesa e Carlton estava ciente de que essa atitude desastrosa e esse homem alto e figurado era uma fada conhecida de Lydia, porém como ele nunca tinha falado com Carlton, isso o deixou um pouco surpreso.  

Além disso, de repente ele chamou Carlton de “pai”. O seu primeiro pensamento foi que “eu não sou seu pai”, pois ele tinha uma vaga sensação de que este era o tipo de fada que estava tentando tomar Lydia como sua noiva.  


― Onde está Lydia, pai? 


Carlton ergueu os óculos redondos e recolheu os documentos espalhados.  


― É meia-noite. É hora em que ela deve estar dormindo em casa.  


― Ela não está lá. Por onde ela anda? 


― Se tem a ver com a senhorita, então, ela está com conde.  


Havia outra voz de uma direção diferente. Carlton observou o jovem caminhar até os armários e ver como o cristal de turmalina colocado ali balançava estranhamente.  


― Você, o que está fazendo aqui? 


O jovem puxou algo com os dedos e o cristal de turmalina também saiu flutuando no ar.  


― O pai da jovem certamente tem pedras magníficas em sua posse. Este é um lugar é relaxante para fada como eu que vem de uma mina de ferro.  


Carlton descobriu que havia uma fada invisível apenas por ouvir sua voz enquanto descansava a bochecha na palma da mão.  


― Você acha que são pedras boas? 


― Ora, olhe para esta pedra de granito detalhada.  


― Isso mesmo. Parece que você e eu compartilhamos o mesmo interesse. Os alunos hoje em dia são tão dedicados a categorizar que parecem que não apresentam admiração pela beleza da pedra.  


― Oh, que coisa, isso não vai dar certo. Em outras palavras, uma pedra é uma parte do mistério da terra. As gemas não são a única coisa maravilhosa nesta terra.  


Carlton fez um forte aceno de cabeça.  


― Quem se importa com isso? Mais importante, você disse que Lydia está com o conde, onde é isso? 


O jovem sacudiu violentamente a fada que segurou pendurada pelos dedos.  


― Oh, por favor, não. Pare! Eles estão em um lugar chamado harém.  


― Um há-harém? 


Carlton finalmente notou que era uma questão de emergência e rapidamente se levantou 


― O que você quer dizer exatamente com isso? - perguntou à fada.  


― O lord Edgar preparou um quarto maravilhoso para a jovem. Se os dois passassem um tempo sozinhos, posso garantir que o amor um pelo outro se aprofundaria.  


― Espere um segundo, o conde preparou um quarto para que pudesse usá-lo para passar um tempo com Lydia? 


E, além disso, era meia-noite agora. Não estar em casa a esta hora da noite e estar com o conde era algo imperdoável em primeiro lugar.  


― Agora que penso sobre isso, finalmente, entendi o que é um harém. É um lugar onde um homem tranca sua própria mulher. Para que ninguém mais a leve.  


― Ah, é mesmo, então, enquanto a jovem senhorita estiver lá, isso significa que não há ninguém que possa separar aqueles dois. Bem, realmente bom.  


― Ei, onde fica o harém? 


― Está em um prédio chamado Madam Eve-Palace. Uh... O endereço é... 


― Apresse-se e me guia até lá! 


O jovem criou um turbilhão de vento que varreu todos os papéis da sala e desapareceu. Aparentemente a pequena fada que só podia ouvir sua voz também havia desaparecido.  


Carlton ficou sozinho e completamente embasbacado. Após um tempo, ele disparou pelo corredor e correu para a sala em que seu aprendiz estava, que armazenava todas as obras de referência e arquivos de material informativo.  


― Langley, onde fica o lugar chamado Madam Eve-Palace? 


― Professor, se há algo que você gostaria de pesquisar, por favor, liste-os em prioridade. Ainda não terminei a lista de hoje.  


― Esta é a principal prioridade.  


― Madam Eve-Palace, isso? 


― Uh, parece um tipo de harém, mas harém não é como um serralho de um país polígamo? Ouvi dizer que em um país polígamo como aquele, assim que os reis ou senhores feudais encontravam uma jovem que chamasse sua atenção, eles a capturariam e levariam para seus haréns para torná-las suas esposas.  


― Ah, isso. A verdade do edifício onde a classe alta frequentemente visita e desfruta como um palácio harém envolto em mistério.  


― Você sabe disso? 


― É o prédio luxuoso que fica em Charing Cross, não é? Mas, não aparenta que nenhuma prostituta de alta classe entra e saia, mesmo assim, o lugar pede vestidos e acessórios femininos e todo tipo de artefato que uma mulher precisa. Eu ouvi que poderia haver uma princesa se algum lugar ou uma mulher trancada lá por algum motivo específico. Assim, os clientes daquele Madam Eve-Palace se consideram sultões e têm sua segunda ou terceira esposa em seu harém particular, escondidas da sociedade. Embora, seja apenas um boato.  

Carlton cambaleou cansado para longe da mesa.  


― Existe algo naquele lugar? 


―... Não, nada.  


Lydia está naquele lugar se encontrando secretamente com o conde? Um lugar onde as mulheres são trancadas secretamente? Mesmo pensando que isso fosse impossível, Carlton não tinha sua parcela de confiança de que o conde era um ser humano normal e decente.  


No entanto, para Lydia, ele era uma figura importante, pois precisava de suas habilidades como fairy doctor e, para começar, Carlton estava bem ciente de que, como aquele jovem não era o conde, precisava ainda mais da ajuda de Lydia.  


 Carlton também sentiu que a razão de sua filha ainda estar ao seu lado e viver no mundo humano era tudo graças ao trabalho daquele conde. Contudo, se ele pretendia tratar a filha como amante, a história era diferente. Se a sociedade descobrisse que ela estava brincando e foi prejudicada como uma mulher casável, ele não poderia imaginar quanta dor Lydia sofreria.  


A família Carlton não era de classe alta, mas em sua cidade natal, eles eram uma linha familiar bem conhecida dos velhos tempos e hoje não têm a sensação de se depreciar contra os nobres. Ele não tinha planos de ficar em silêncio depois de ter o futuro arruinado de sua filha devidamente crescida.  


Mas, ele se perguntou como Lydia se sentia a respeito. No momento em que ele começou a pensar sobre isso, sua mente de repente desenhou uma nuvem nebulosa sobre sua raiva em direção ao conde. Ele pode ter criado Lydia com muita liberdade, mesmo assim, no fundo, ela era uma garota gentil e de bom coração.  


Ela pode parecer um pouco não convencional em comparação com a tendência feminina atual como a mulher ideal para ser ingênua e submissa, mas até mesmo sua mãe era um tipo parecido de mulher.  


E por causa disso, ele estava ciente de que mesmo quando ela atingia a idade de casar, todos os jovens mantinham distância dela. Porém, a opinião de Carlton era que ela não precisava se socializar com um homem que não entendia e apreciava o valor de vida de Lydia.  


Por outro lado, se ela se apaixonasse seriamente, ele pensava que ela não pediria ajuda ou conselho a ninguém e cuidaria das coisas sozinha. Em outras palavras, o que preocupava Carlton era o caso de Lydia se adiantar e se tornar amante do conde.  


Quando começou a se lembrar de certas coisas, expressou sinais de desagrado com os boatos entre Lydia e o conde e assumiu uma atitude de desaprovar o fato dela amar alguém ou se casar. Claro, isso era por causa de seus sentimentos egoístas de solidão como pai, entretanto, se ela pensava que ele a desaprovaria, isso poderia simplesmente tê-la impedido de dizer o que estava acontecendo.  


No entanto, pensou Carlton e balançou a cabeça para os lados violentamente. Lydia ainda era menor. Ela ainda tinha muitas partes infantis, mesmo que fosse capaz de cuidar de si mesma. Era inexperiente nos costumes da sociedade humana e para o conde mulherengo, era um alvo fácil de enganar.  


Não importava quais eram os sentimentos de Lydia, aquele conde podia não ser o tipo de homem típico, mas não era estúpido. Deveria saber que esse tipo de ato não seria descartado como apenas um capricho passageiro.  


Não importava o que ele pensasse sobre isso, não era uma questão simples de deixar passar. Quando tomou essa decisão, Carlton voltou ao laboratório, vestiu o casaco e saiu correndo pela porta.  


***

 

O Pesadelo agitou-se. Lydia descansava e acabou dormindo e, sem o seu conhecimento, foi puxada para as garras do pesadelo. Foi um pesadelo, o qual ela não conseguia escapar do labirinto feito pelos goblins. Vagava sem rumo pelos buracos escuros e túneis.  


No momento em que percebeu uma presença atrás dela, era Ulisses. Ele pressionou uma faca contra a garganta de Lydia e a ordenou que entregasse o diamante negro.  


― Você não pode ficar com o diamante. - disse Edgar, que estava parado perto deles.  


― Então, para você tudo bem se essa garota morrer? 


Naquele momento, Lydia teve a sensação de que seu corpo foi cortado e sua mente foi lançada em tontura. Ela pensou que estava morta, mas era como apenas um acontecimento em um sonho. Mesmo que estivesse morta, sua mente continuava a trabalhar.  


― Sinto muito, Lydia 


O que isto quer dizer? Você vai apenas pedir desculpas rapidamente e me sacrificar? 


Mesmo assim, Lydia sempre se preocupou que esse tipo de coisa poderia acontecer. O mais importante para Edgar era sua vingança contra o Príncipe, e se era para vingar seus amigos que foram mortos, então, ele tinha certeza de abandonar Lydia.  


Se eu ficar ao seu lado, isso vai acontecer. Ele diz que tem sentimentos por mim e quer que eu case com ele, entretanto, isso é tudo mentira. Oh, eu odeio isso. Odeio esse sonho”. 


Lydia sussurrou “ajude-me” e então sentiu o brilho do anel da pedra da Lua lutar contra o poder do Pesadelo. O cenário mudou à sua volta. Edgar estava diante de Ulisses e estava prestes a tomar uma decisão diferente. 


Ele disse: 


― Eu não quero o diamante, portanto, salve Lydia.  


Ulisses, então, respondeu: 


― Em troca, farei com que você morra.  


Assim como foi ordenado, Edgar apontou a pistola para sua cabeça. 


― Eu sinto muito, Lydia.  


― Não! 


Fada guardiã da Moonstone, você não iria me tirar do Pesadelo? 

Não é apenas um pesadelo? Não quero isso”. 


[Se não quer nada disso, precisa se afastar dele]. 


― Lydia.  


Sim, você pode estar certa”. Não havia nenhuma razão em absoluto para Lydia ter que estar ao lado de Edgar. 


Estava de alguma forma envolvida nessa situação e foi dada como sua noiva, mas não era como se ela o odiasse e quisesse ajudá-lo. Mesmo assim havia um limite para estar ao seu lado apenas por sentimentos de simpatia.  

 

Ele a destacava periodicamente, pois sabia que ela não era capaz de concordar em tudo que Edgar fazia. E, no entanto, Edgar disse a ela que era certo repreendê-lo por seu senso de retidão sobre coisas com as quais não conseguia concordar. Ele precisava desse sentido e, então, queria que ela estivesse ao seu lado.  


Mas isso era impossível. Se ela ficasse ao lado de Edgar sem entendê-lo completamente, isso só aumentaria sua desconfiança dele. Eventualmente, ela se tornaria sua vítima. Ou ele pode acabar se destruindo.  


Se aquele pesadelo tornasse realidade, seria melhor que eles se separassem. 

 

― Lydia, você está com dor? 


Lydia sentiu a mão de alguém tocar a sua bochecha e abriu os olhos. Ela podia sentir como se finalmente tivesse escapado daquele pesadelo, mas não foi capaz de perceber que Edgar se encontrava bem na sua frente a princípio. É por isso que ela inconscientemente estendeu a mão. Ela colocou os braços ao redor dele para ter certeza de sua presença.  


― Está tudo bem. Você apenas estava sonhando. - ele respondeu.  


Ao sentir os dedos dele pentearam seu cabelo, ela começou a se acalmar. E aí, percebeu o que estava fazendo.  


― E-eu... Desculpe, estava me sentindo um pouco tonta.  


Ela tentou se afastar dele, mas seu corpo não respondeu como queria.  


― Você pode ficar um pouco tonta por mais um tempo. - ele sugestionou.  


Eu preciso ficar longe dele”. Ela se lembrou das palavras que sentiu em seu sonho.  


Lydia não queria ser vítima de Edgar e não queria fazer dele uma vítima. Mas, por alguma razão, houve um momento em que ela sentiu que não queria sair do lado dele.  


― Ei, você, não toque em Lydia.  


Deveria ser apenas os dois, mas veio outra voz. Quando eles viraram as cabeças, viram um cavalo negro saltar do espelho perto deles.  


― Ke-Kelpie? 


― Este lugar, com certeza, é horrível. Está cheio de buracos feitos por goblins. De qualquer forma, Lydia, vamos sair daqui imediatamente.  


Kelpie se transformou em sua forma humana rapidamente, empurrou Edgar para o lado e puxou o braço de Lydia.  


― E-espere um minuto. Se vamos sair, então, Edgar... 


― Ele não pode ir. Só posso levar uma pessoa e se eu separar você do conde, ele disse que não encostaria um dedo na fairy doctor. Então, levo só você.  


― Ele? Você está se referindo a Ulisses? 


Edgar se levantou com uma cara o quanto tudo aquilo era incômodo, mas não tentou impedir Kelpie, que estava levantando Lydia para carregá-la.  


― Como eu saberia o nome dele? É ele quem está controlando os goblins. Foi ele quem roubou o diamante branco de mim.  


― Pare com isso, Kelpie. Coloque-me no chão! 


― Não seja estúpida.  


― Edgar, diga alguma coisa! 


― Ei, conde. Vou avisá-lo apenas pelo bem. Aquele Ulisses disse que iria matá-lo e, então, pulou no buraco do goblin. Você deve ter cuidado para não esbarrar nele.  


Kelpie atirou Lydia arrogantemente por cima do ombro e saltou para o espelho. Sem permitir Edgar tivesse tempo para detê-los, a visão ao seu redor ficou completamente escura.  


Ou talvez ele não tivesse nenhuma intenção de me impedir? Ele estava pensando que só atrapalharia se pegasse um resfriado e cambaleasse? 


Kelpie continuou galopando na escuridão. Lydia sentiu o vento soprar por ela e percebeu que agora estava montada em sua forma de cavalo e se agarrava ao seu pescoço. Ela sentiu os cabelos macios de sua crina roçarem em sua bochecha. Vestia o casaco de Edgar e ainda carregava o diamante negro. Ela se encontrava no reino fechado entre o mundo humano e outro universo. Kelpie continuou galopando pelo labirinto dos goblins 


Estar no cenário do plano de Ulisses, cercada por goblins, Lydia pensou que não havia outro lugar mais seguro do que cavalgar nas costas de Kelpie, mesmo assim, sua mente se direcionou para o pensamento de que talvez Edgar também tivesse tido essa ideia.  


Se Ulisses disse que não faria mal à fairy doctor depois que se afastasse de Edgar, isso significava que ele estava sendo cauteloso com a magia de Kelpie e criado uma distância entre eles.  


Já que ele sabia que um cavalo-d’água é uma fada perigosa, ele não seria capaz de colocar as mãos nela tão facilmente. E o diamante negro no colar que Lydia estava usando também seria protegido.  


Então, isso significa que aquele Edgar queria realmente proteger o diamante negro? Ou suas palavras de ontem sobre como eu era mais importante do que o diamante podem ser realmente o que ele quis dizer? 


Se o beijo que ela teve de má vontade fosse na verdade uma mentira, então, isso era muito triste. “Isso é injusto, Edgar. Você precisa de mim? Ou não? Eu não sei a resposta. Mas, eu não posso me separar dele agora”. 


Lydia pensou fortemente nisso. No meio da escuridão, havia uma luz brilhando fracamente na Pedra da Lua. O anel de Glendolyn irradiava luz.  


“  Você é a nova fada guardiã do novo conde, não é?” - perguntou a pedra.  


“  Não. Não vou me casar com Edgar”.  


Mas, eu sou sua fairy doctor. Se ele nem mesmo precisa disso, então, necessito que ele me digar ou não saberia o que fazer”. 


Lydia soltou a mão de Kelpie. 


― Ei, Lydia? - gritou Kelpie 


Seu corpo caiu. Na profunda piscina de escuridão, ela continuou caindo e caindo, enquanto era protegida pela luz fraca da Pedra da Lua.  

 

***** 

 

Edgar, que agora se encontrava sozinho, caminhou até o buraco na parede cavado supostamente pelos globins. Não adiantava ficar no mesmo lugar. Ele pegou uma vela com uma das mãos e decidiu entrar no buraco.  


Ele imaginou que seria apertado, mas havia espaço suficiente para ele se levantar e andar facilmente. Parecia que se adaptava à altura de quem estava nele.  


Ele descobriu que a passagem da caverna, cujas paredes eram cercadas por pedras, se estendia para bem longe. E quando ele se virou, não havia nenhum sinal do buraco no quarto do Madam Eve-Palace que deveria estar atrás dele, apenas uma parede rochosa bloqueava a visão de Edgar.  


Agora entendi”. Ele estava convencido de que uma vez que alguém deixasse o local anterior, não seria capaz de retornar àquele lugar. O que significava que ele só tinha a opção de seguir em frente. Edgar voltou para a passagem escura e prosseguiu. Não importava quanto tempo passasse, o túnel continuava sendo o único caminho. A certa altura, ele fez uma marca com uma faca na parede do seu lado direito. Depois que ele manteve o caminho, aquela marca surgiu na parede do seu lado esquerdo.  


― Esse lugar é a faixa de Moebius? 


Talvez tenha sido um erro deixar Lydia ir”, ele pensou, mas não havia nada que pudesse fazer para mudar isso agora.  


Bem quando ele estava pensando no que faria a seguir, uma luz bruxuleante veio à sua frente. 


Alguém está aí. Será Ulisses? 


― Lord Edgar! 


Ao ouvir a voz familiar, Edgar se permitiu relaxar.  


― Raven, você está bem.  


Raven veio correndo até ele e se ajoelhou na frente de Edgar.  


― Sinto muitíssimo. Porque estava longe do seu lado de forma indevida, não pude voltar.  


― Ah, isso você está certo. Foi bem problemático sem você.  


― Aconteceu alguma coisa? 


Raven perguntou enquanto sua expressão séria rapidamente voltou em seu rosto. Ele moveu o olhar para analisar se Edgar estava machucado em algum lugar.  


― Bem, estava sozinho com Lydia. E, além disso, ela estava vestindo uma peça fina de roupa e sentia-se fraca por conta da febre. Bom, foi um período que foi terrível tentando me conter.  


― Uhm-uhm 


― Mas, devo dizer, as mulheres que apresentam febre são três vezes mais sedutoras do que o normal. Suas bochechas estavam rosadas e ela olhou para mim com olhos úmidos que só conseguia pensar que estava me convidando. Felizmente, me lembrei de como fui arranhado ontem e, então, fui capaz de me segurar.  


Edgar se agachou para encarar nos olhos de Raven, que parecia confuso, mesmo com o rosto fechado em um estado inexpressivo.  


― Você viu? 


― ... E o que você quer dizer com isso? 


― O umbigo de Lydia.  


― ... 


Vendo que Raven desviou os seus olhos do contato visual, ele deve ter dado uma boa olhada.  


― Esqueça.  


Mesmo quando ele deu um sorriso fraco, certificou-se de que havia uma forte sugestão de significado em seu pedido.  


― Sim.  


Raven baixou a cabeça.  


― Oh, quero dizer, sério. Eu estava me perguntando sobre o que vocês dois estavam falando tão seriamente! 


Atrás de Raven, havia um gato usando uma gravata e estava de pé sobre as patas traseiras.  


― Ora, isso é sério. Nico, se fosse Raven, bem, eu o perdoaria, mas se fosse outro homem, teria que arrancar seus olhos.  


― Mais importante, onde está Lydia? - perguntou a fada felina.  


― Kelpie a tirou daqui. Parece que Ulisses também está neste labirinto de goblins. E aparentemente os goblins foram atrás do duque Barkston, portanto, o motivo pelo qual Ulysses fez os goblins usarem o Madam-Eve Palace e transformá-lo em um labirinto foi para que ele pudesse capturar o duque. Embora, ainda não saiba que nós também entramos.  


― Se fosse o duque, eu o encurralei em uma sala cheia de retratos e o amarrei, mesmo assim parece que aquela sala também se tornou parte deste labirinto. E assim que saí, não consegui voltar. - explicou Raven 


E a partir daí, Nico encontrou Raven, que vagava dentro do labirinto e o guiou pelas passagens. Edgar não sabia porque Nico estava aqui, porém, por ser uma fada, ele conseguia descobrir o caminho a seguir. 

 

― Nico, qual é o caminho para a saída? 


― Parece que não há nenhuma saída em particular. E, eu não tenho a força animal como Kelpie para abrir um buraco.  


― Portanto, parece que a nossa única opção é entrar em contato com Ulisses.  


Ao dizer isso, Edgar se levantou.  


― Ao que tudo indica o diamante branco caiu nas mãos de Ulisses. E se for assim, precisamos pensar o que fazer a partir de agora... Por enquanto, quero ter uma conversa com o duque. 


― Você vai usá-lo, my lord? 


― Bem, vamos ver... Raven, você vai confiar em mim, não importa o que aconteça? 


O jovem o olhou com curiosidade, mas não hesitou em responder “sim”. 


― Vamos nos apressar para pegar o duque. Nico, você vai nos guiar.  


― Aaaahhh, mas não quero estar no mesmo lugar que esteja Ulisses. Há uma chance de que ele venha para onde o conde está, certo? 


― Mas, mesmo você não seria capaz de sair daqui a menos que Ulisses abrisse uma saída, não? 


Nico colocou as mãos nos quadris e estreitou os olhos com descontentamento, mas girou para encarar a outra direção e começou a andar enquanto balançava a cauda.  

 

***** 

 

O local o qual Lydia caiu foi onde os goblins se reuniram em um círculo no meio de um banquete. A sala pequena e suja não aparentava fazer parte do Madam-Eve Palace. O que significava que os goblins podiam ter cavado um túnel que se conectava a algum outro reino.  


Ela olhou ao redor para verificar um deles pegando uma garrafa de destilado tão grande e alta quanto a sua altura e bebeu goela abaixo como se fosse uma fonte. Então, rapidamente, começou a fazer um barulho alto como fosse um sapo.  


Eles estavam completamente bêbados e só notaram Lydia que desabou sobre eles, bem quando se levantou silenciosamente e tentava se esconder com cuidado. Ela viu quando todos se viraram e seus rostos distorcidos encararam em sua direção.  


[― Quem é você?] 


[― Como você entrou aqui?] 


― Eu... Eu sou uma fairy doctor. Ouçam todos, é melhor vocês não se aproximarem de mim.  

Pelo seu traje ser diferente de suas roupas habituais, ela não tinha seu estoque usual e oculto de espinheiros, que tinha o poder de afastar as fadas. Mas, ainda assim, as pequenas fadas de espírito maligno devem ter ficado surpresas por ela dizer que era um fairy doctor, pois todas rapidamente se afastaram dela.  


[― É a joia negra.] 


Mas, um deles sussurrou algo inesperado. Lydia reparou a que se referia e ergueu a mão para esconder o colar.  


[― Não é aquele que o mestre está procurando?] 


[― Isso é verdade?] 


[― Oi, então, o que devemos fazer?] 


Lydia caminhou até a sombra da lareira para esconder seu corpo e rapidamente retirou o colar, deixando-o cair em um dos bolsos do casaco que estava vestindo. Porém, mesmo que ela escondesse, não seria capaz de enganá-los. Como ela seria capaz de superar os goblins? 


― ... Por favor, ajude-me... 


Só então ela ouviu a voz fraca de alguém pedindo ajuda no canto da sala. Ela desviou os olhos naquela direção e se esforçou para ver o que havia naquele canto escuro. Notou, então, um garotinho cercado de goblins e encolhido de medo.  


Ele era tão magro e sem carne, mesmo assim estava familiarizada com seu rosto branco como giz. Era aquele garotinho falador que conheceu na biblioteca da mansão do conde.  


Ele a encarou com os olhos suplicantes e tentou rastejar para fora do lugar em que estava, mas a força do seu corpo se extinguiu e acabou caindo no chão. Lydia chutou os goblins e correu para seu lado.  


― Ei, você! Jimmy? Controle-se! 


Ela se lembrou de Edgar dizendo algo sobre um menino capturado por Ulisses. Lydia decidiu que precisava salvá-lo e tentou carregá-lo nos braços, porém, os goblins explodiram em caos de repente.  


[― Ei, pare com isso.] 


[―Você não pode fazer o que quiser.] 


― O que você está fazendo?! 


Um deles cutucou a perna de Lydia com uma pequena pá.  


― Essa joia... - murmurou o menino.  


― Essas criaturas disseram que eu era um refém para que pudessem me trocar com o diamante. - explicou ele. 


[― Isso mesmo.] 


[― O mestre disse isso.] 


[― Se você entregar essa joia, nós lhe daremos aquele menino.] 


Oh, não! O que devo fazer”, pensou Lydia.  


Ela estava pegando emprestado de Edgar, não podia ir e entregá-lo ao inimigo sem sua consulta. Mesmo assim, ela queria ajudar Jimmy.  


― ... Oh, eu sei.  


Lydia teve uma boa ideia e se levantou para poder olhar para os goblins ao seu redor.  


― Então, você vai entregá-lo a mim se eu te der isso. 


Ela abriu a palma da mão e mostrou aos goblins a pedra negra e brilhante.  


[― Isso mesmo!] - gritaram todos.  


Ela fez questão de que todos concordassem e Lydia jogou a pedra para outro lado. Todos os goblins entraram em pânico e correram em sua direção. Naquele momento, Lydia puxou o menino para a direita. 


― Agora, se apresse. Precisamos correr agora.  


Ela de alguma foram conseguiu estabilizá-lo, puxou sua mão e saiu correndo pela porta. Não parecia haver nenhum som dos goblins vindo atrás deles, mas Lydia queria ficar o mais longe deles o mais rápido possível.  


― O diamante... Você é louca de entregar o diamante quando ele pertence ao conde.  


Jimmy mancava atrás dela enquanto rosnava de raiva.  


E foi você quem disse que era refém do diamante”. Lydia ficou silenciosamente surpresa por ele ainda manter a postura de escárnio com ela.  


― Aquilo foi apenas um pedaço de carvão. Os goblins não vão perceber isso por um tempo.  


― ... Carvão? 


 Perto da área em que Jimmy estava deitado, havia um balde cheio de carvão. Lydia pegou furtivamente um pedaço de carvão do mesmo tamanho do diamante na palma da mão e o usou com os goblins 


Eles concordaram em trocar Jimmy pelo que Lydia lhes havia mostrado.  


― Então, você os enganou.  


― Enganei-os... era para te salvar.  


Em questão de tempo, eles entraram em uma passagem mal iluminada. Havia edifícios pairando sobre eles em ambos os lados. Era um caminho que passava por uma área pobre da cidade, com tijolos velhos e em ruínas, vidros estilhaçados, janelas com venezianas quebradas e caixilhos alinhados desigualmente nas paredes dos prédios. Porém, este lugar também era outra parte presa nos túneis dos goblins, por isso, não era como se eles tivessem conseguido escapar do labirinto.  


Lydia começou a se perder a direção e quando ela parou de correr, Jimmy afastou a mão que o conduzia.  


― Onde está o conde? ... Ele deveria ter vindo me resgatar. 


― Sim, ele está aqui. Todos nós nos separamos para procurar por você.


Entretanto, ele apenas a olhou com desconfiança. 


― Você roubou o diamante negro do conde? 


― Ãhn? O que você está dizendo? 


De repente, ele segurou algo apontando para fora de seu punho fechado e ela notou que era um pedaço de vidro com uma extremidade afiada e perigosa.  


― Você o ganhou de presente do conde ou roubou dele? 


― O-o que você está falando? 


― Desde o início, suspeitei que você pudesse ser uma espiã. Você é exatamente como aquele que vê fadas. Aquele homem me pegou e me traficou.  


― Espero um momento. Ulisses e eu não temos... 


― Entregue o diamante verdadeiro. É inútil fingir que veio me salvar e tirar vantagem de mim.  


― Você está errado. Acredite em mim. Eu... 


― Você finge que é uma humana, mas realmente é uma fada, não é? Você trabalha para ele, não é? 


― Você está en... 


― Você não pode me enganar! 


Com pedaço de vidro na mão, ele saltou em sua direção. Lydia não sabia o que fazer. Nesse momento, o movimento de Jimmy parou de repente. Ermine segurou o braço de garoto e puxou-o para longe de Lydia.  


― Pare o que está fazendo. Ela é realmente aliada de lord Edgar.  


Jimmy notou Ermine e, surpreso, diminuiu sua força. No entanto, ele ainda não era capaz de se permitir confiar em Lydia tão facilmente.  


― Você está mentindo, está sendo enganada por ela! 


Ele balançou a cabeça em desordem e, subitamente, saiu correndo em outra direção. Ermine tentou ir atrás dele, mas assim que a visão dele desapareceu na esquina da ponte, ela parou de rastreá-lo e se afastou para voltar por onde veio. Deve ter decidido que se fosse atrás de Jimmy, ela se separaria de Lydia.  


― Senhorita Lydia, você está bem? 


― Sim. Mas, Ermine, como você entrou neste lugar? 


― Não tenho muita certeza. Entrei em um prédio em que Jimmy estava trancado, mas, então, o espaço ao meu redor subitamente girou e se torceu – um modo de falar e parecia que as estradas e edifícios acima haviam se torcido dentro deste reino.  


― Deve ser porque os goblins cavaram esses túneis. O espaço em que você estava deve ter sido puxado para o labirinto. Acredito que Edgar e Raven também estão aqui em algum lugar, assim como o duque Barkston e Ulisses.  





Ermine acenou com a cabeça solenemente.  


― Vários membros da Scarlett Moon também estavam à procura de Jimmy, portanto, aposto que eles foram puxados para cá e também estão perdidos.  


― Esse menino, espero que possa se encontrar com eles.  


― Por enquanto, vamos juntas continuar andando. Tenho certeza de que lord Edgar precisará de você.  


Posso apostar que seja ao contrário”. 


Com Jimmy sendo tão insolente com ela, acabou perdendo toda a sua confiança. Questionou-se se seus olhos verde-dourados e o fato de que podia ver fadas realmente davam uma impressão tão assustadora.  


Não, não, mais importante do que isso, permaneci aqui porque sou uma fairy doctor”. Lydia disse isso para si mesma em sua mente e continuou a atravessar o túnel com Ermine 


Enquanto caminhavam, as decorações em suas roupas começaram a fazer um som farfalhante de tilintar e isso a incomodou. Perguntou a si mesma o que Ermine estava pensando quando a viu vestindo os trajes da boneca de cera.  


Eu me pergunto se ela acha que vim investigar se Edgar estava tendo um caso. Além disso, estou usando o casaco dele”.  


― Uh, Ermine, sobre as roupas que estou vestindo, não é como se eu estivesse usando isso porque era meu desejo.  


― Sim, posso imaginar que ocorreu algum tipo de problema. Mas, você teve sorte que lord Edgar foi capaz de lhe emprestar seu casaco.  


― Hum? Por quê? 


― Já que seria uma boa oportunidade, ele pensaria que poderia muito bem apreciar a vista.  

Lydia notou que Ermine era, na verdade, o tipo de pessoa que não tinha problemas para dizer coisas tão constrangedoras.  


― ...Isso não significa que esta não era uma vista tão agradável? 


― Ele não deve ter tido confiança de terminar de admirar. 


Oh, meu Deus! 


Lydia acreditou que precisava mudar de assunto. Como elas continuaram a observar através das passagens complicadas do túnel, aumentou o número de vias que terminavam em becos sem saída.  


― Sabe, eu sinto que o labirinto dos goblins está começando a ficar menor.  


― Se isso for verdade, me pergunto o que isso significa.  


― Parece que eles estão tentando reunir todos perto do centro.  


Se todos que entraram no labirinto se reunissem no centro, se questionou o que Ulisses estava planejando fazer com eles. Enquanto Lydia pensava, um buraco se abriu de repente sob os seus pés. Ermine, imediatamente, percebeu e agarrou a mão de Lydia, mas o chão sob os seus pés também cedeu e as duas caíram.  


A distância em que caíram foi curta. Não foi um impacto tão forte como normalmente seria na realidade, já que as duas foram capazes de estender as mãos para pousar suavemente no solo. Mesmo assim, quando Lydia tentou se levantar, sentiu o frio penetrante da ponta de lâmina contra sua bochecha e congelou.  


― Bem-vindas, jovens senhoras! 


Um jovem rapaz de cabelos louros esmaecidos com um sorriso no rosto entrou em sua visão. 

 

― Ulisses...! 


Ermine tentou assumir uma postura de ataque, mas Ulisses envolveu Lydia com o braço e puxou-a para perto dele, o que fez Ermine parar.  


― Não se mova. Você não quer que a mulher do conde se transforme em um cadáver, quer? Oh, ou ... Você ficaria feliz se ela estivesse morta? 


Uma multidão de goblins apareceu e circulou ao redor deles. Eles estavam todos gritando e berravam enquanto chutavam e pisavam nos pés de Lydia.  Eles estavam latindo furiosamente para ela como o diamante que ela lhes deu era falso. No entanto, para sua sorte, parecia que Ulisses ainda não sabia que Lydia tinha o verdadeiro diamante negro.  


― Se é um refém que você quer, então me leve. Deixe-a ir. - implorou Ermine 


― Não tente falar como se fosse uma santa. Eu não me importaria se eu a matasse, você sabe. Se eu matar essa garota e você alegar que tentou salvá-la, mas foi impossível, e aí você vai chorar para ela, tenho certeza de que o conde a perdoaria.  


― Que bobagem estúpida. - respondeu calmamente Ermine e isso fez o sorridente Ulisses calar-se 


― Eu entendo. Não importa quantas de suas amantes morram, dificilmente, seria possível ele colocar as mãos na velha esposa do Príncipe.  


Mesmo que ele zombasse dela dessa forma, a expressão em seu rosto não mudou. Lydia tinha ouvido falar que todos eles eram escravos. No entanto, ver como Ermine estava sobrecarregada com um tipo diferente de dor de Edgar e Raven, e isso a deixou esmagada agonia e sufocação. 


― Ande na minha frente. Você quer ver o conde, não é? Fairy doctor, se você está andando por aqui vestindo o casaco daquele homem, então, posso supor que ele entrou neste labirinto também, não foi? Eu vou te levar até ele.   


Ulisses ordenou Ermine, pois ainda tinha a faca na mão apontada para Lydia. Ermine olhou de modo preocupado para Lydia, aparentemente sem saber o que fazer. Se ela concordou com a ordem de Ulisses, ela devia estar apreensiva se Lydia poderia passar por uma experiência terrível.  


― Ermine, estou bem.  


Lydia não podia continuar dependendo de Ermine. Ela estava bem ciente de que Ulisses poderia estar aqui. Lydia não foi capaz de entender sua dor, mas não era como se ela tivesse permanecido com a intenção de se tornar um incômodo para eles. Depois que Lydia concordou com um tom firme, Ermine acenou com a cabeça e começou a andar na direção para qual Ulisses apontou.  


Nota da tradutora 


Nota da tradutora:  

Eu sei, eu sei, esse capítulo é o que chamamos de intercurso. É feito como ponte para preparar o confronto entre os personagens. Agora, vamos combinar... Esse Jimmy é purgante! Menino chato! Mas, você ainda se prepare que essa praga vai aprontar, oh sei vai! 

Sobre o próximo capítulo? Ah, finalmente o bicho pega! Portanto, pretendo que a gente se encontre o quanto antes!   

Beijos e até lá!