sábado, 16 de setembro de 2023

A fluorita do Conde Cavaleiro Azul - Capítulo 5 - Volume VI - Hakushaku to Yousei Light Novel

 Nota de apresentação 


Saudações! Faz tempo, né? Mas, tenho várias novidades. 

Em primeiro lugar, o light novel foi licenciado para o inglês! Já está na venda no Amazon e, em setembro, já chega o terceiro livro! \o/ 

O primeiro foi lançado em fevereiro, mas só fiquei sabendo, agora, no final de julho. Sim, meu povo! É para glorificar a igreja em pé! Aeeeeeeeeeeee 

Mas, como todo gosto tem um desgosto. Para quem acompanhava pela Nayla (em inglês) e o pessoal do Daydreams, a coisa vai ficar um pouco mais complicada. 

Isso porque a Nayla, em respeito à autora Mizue Tani, removeu os dois primeiros livros da plataforma. E irá retirar o terceiro, agora, em setembro. Acho válido, já que o pessoal que tem acesso aos volumes inglês, podem pagar e assim, os direitos irão para a autora. Já o pessoal do Daydreams, infelizmente, as notícias não são nada animadoras. O site saiu do ar desde o final do ano retrasado, isso porque o site foi indiciado por violação de direitos autorais.  

Mesmo assim, o grupo que mantinha o site no ar migrou para Discord. Então, quem tem acesso aplicativo, vale tentar. O problema é que a busca é intrucada e nem sempre sai com sucesso. Enfim... 

Agora, aqui, entre nós: “Você irá tirar do ar, Ju?” É óbvio que não! Primeiro que não temos nem o mangá em português, o que dirá o light novel. Então, vou mantê-los, nas devidas proporções, sempre dando todos os créditos à autora e não ganho absolutamente (e nem cobro) nada para isso.  

Enfim, as outras novidades ficam para o fim do capítulo! Boa leitura! 


No passado, por exemplo, nos tempos em que o Senhor da terra tinha todos os direitos sobre ela e os seus moradores, não hesitaria em usar a força para reprimir uma rebelião.  

No início, o Senhor da terra era como um rei de um pequeno país e tinha seu próprio exército. Agora que as coisas chegaram a esse ponto, nesta Inglaterra, onde as guerras civis internas há muito cessaram, ele se perguntou quantos nobres mantinham um exército privado. De qualquer maneira, Edgar não possuía algo conveniente assim. 


No entanto, por sorte ou não, Edgar conhecia uma maneira mais poderosa de lutar do que os nobres do passado. Ele aprendeu cavalheirismo, mas também estava familiarizado com métodos que não eram nada justos. O ponto era que você só tinha que vencer.   


Dentro de sua capa, ele trazia a espada de Merrow, amarrada à cintura, e isso o fazia parecer um nobre da Idade Média, mas o que ele carregava no ombro era um fuzil de pirata. O que combinava em nada com suas roupas perfeitamente coordenadas, desde a cartola até a ponta dos sapatos, de modo que se assemelhava que ele estava voltando de um baile noturno.  


Meu Deus, esse traje era absurdo. Ninguém jamais poderia dizer que era ele.  


E, no entanto, por enquanto, ele não era o líder de uma gangue como no passado, mas visto do ponto de vista de um nobre lutando. Usando a força dos piratas, ele os fez praticamente atacar a casa dos aldeões que estavam sendo hostis a ele enquanto dormiam, não os poupou um momento para revidar e subjugá-los, e estava prestes a cercar o último remanescente, dez ou mais homens que estavam todos entrincheirados na residência do prefeito.  


No final, entre os aldeões, era apenas uma parte deles que participava do benefício de unir forças ao falso senhor e tomar as fluoritas. Os aldeões que não eram assim, foram acumulando desconfiança em relação ao prefeito e outros e houve alguns que forneceram informações a Edgar, e assim ele conseguiu subjugar a rebelião de seu oponente com eficiência.  


Já na fase de reconhecimento, ele sabia os nomes daqueles que iriam lutar até o fim. Entretanto, o prefeito e os outros que estavam na barricada do prédio não davam sinais de redenção. Não seria difícil invadir, mas a possibilidade de que eles escolhessem contra-atacar em desespero.  


Edgar ainda estava olhando as condições do lado de fora do prédio porque o grupo aparentemente trouxe pólvora que usara para desenterrar as fluoritas. O céu começava a clarear. Em algum momento, o dia iria raiar. 


Lord Edgar, encontramos as fluoritas que foram desenterradas nas terras devastadas da fazenda. Acontece que é uma quantia e tanto.  


Raven veio até ele e sussurrou em seu ouvido.   


― Então, acredito que eles poderiam funcionar como evidência. E as freyas? 


― Não estavam com eles. No entanto, de acordo com o relato de um morador, recentemente, foi testemunhado que um do tamanho de um punho fechado havia sido extraído. Aparentemente, já se passaram centenas de anos para algo assim, e toda a vila estava em êxtase.  


Aquela preciosa freya pode ter sido escondida pelo prefeito. Ou talvez, já está nas mãos do falso conde.  


― Para o inferno que a veia de mineração se esgotou. Vou fazê-los aprender exatamente o que acontece quando você rouba algo de mim.  


Edgar julgou que os piratas estavam começando a ficar entediados e decidiu começar a fazer suas ameaças. Liderando os piratas, ele se aproximou do prédio que pertencia ao prefeito. Ele parou bem na frente.  


― Você pode me ouvir? Devolveram-me as fluoritas. Embora, seja uma quantia muito menor nos últimos anos. Ouvi dizer que a quantia que você vendeu foi armazenada como moedas de ouro sob o assoalho. Não adianta mais tentar escondê-las. Por que você não se rende e sai? 


Claro, não houve resposta.  


― Bom, está tudo bem. Já que parece ser uma perda de tempo se continuarmos a resistir, vou me despedir. Oh, sim, quero que saibam que suas más ações foram descobertas e todos vocês cometeram um suicídio coletivo, ou vocês se desentenderam e mataram uns aos outros.  


Ele pensou ter visto uma vaga comoção surgir entre as sombras além do vidro da janela, que estava com as cortinas fechadas. Edgar acenou com a mão para os piratas que seguravam tochas acesas.  


― Vá em frente e jogue isso dentro.  


― Está tudo bem? 


― Já amanheceu. Eles não deveriam mais precisar de luzes.  


Esse não era o problema, era o que o homem queria dizer, e de sua mão, Raven tirou a tocha.  


― Diz-se que as fluoritas liberam uma luz bonita em comparação com uma chama. Você não quer ver de que cor brilham as fluoritas que só podem ser encontradas aqui em todo o mundo? 


Ele estreitou os olhos e deu um sorriso, e isso deve ter feito parecer que ele estava disposto a queimar seriamente uma casa e pessoas apenas para poder ter certeza de ver o brilho das fluoritas. Mesmo enquanto Edgar falava, Raven sem emoção estava prestes a jogar uma das tochas. Nesse momento, vários aldeões saíram pela porta da frente.  


Es-espere só um momento! Vamos nos render! 


― Estávamos todos apenas fazendo o que o prefeito nos disse. Não sabíamos que aquele senhor era um impostor... 


― Estava recebendo uma parte do lucro, mas me disseram que se fôssemos pegos seríamos condenados e então nossa única opção era resistir até o fim, e então, eu fiz uma barricada aqui... 


― Mas, ... Conde não quero morrer! Por favor, me poupe... 


― E o prefeito? - perguntou Edgar, calmo e firme.  


― Ele saiu e escapou sozinho. Parece que havia uma passagem secreta e, antes que percebêssemos, ele desapareceu.  


Ao ouvir isso, todos os piratas entraram correndo no prédio. Quebrando o vidro e arrombando a porta, houve vozes raivosas que correram para arrastar o prefeito. Edgar observou enquanto alguns deles pareciam ter encontrado algo parecido com pólvora e vieram carregando isso para fora rapidamente e entraram na casa do prefeito.  


O resto dos homens que não tinham nenhum sinal de força para lutar aparentemente se reuniram em um ponto pelos piratas.  


― Ei, sir John ... quero dizer... Edgar.  


Edgar virou-se para Pino. Como se fosse cansativo para ele, o jovem corpulento franziu as sobrancelhas.  


― O que você irá fazer com eles? 


― Vou ouvir o que eles têm a dizer sobre a propriedade. 


― Afinal, não há sinal do prefeito.  


― Vou mandar encontrar aquela passagem secreta.  


O que era suspeito era o porão subterrâneo. Para Edgar, que estava prestes a descer a escada construída nos fundos da cozinha, Pino voltou a falar.  


― Oh, sim. Lota levou sua noiva para algum lugar.  


Edgar parou de repente. 


― Lydia? Para onde? 


― Não sei, elas estavam dizendo que encontraram alguma pista sobre Betty. 


― Só as duas? 


― Embora, eu quisesse ir com elas, Lota me disse para ficar de olho aqui. - disse ele, emburrado.  


Ele tinha um grande corpo como um urso, com rosto barbado, mas parte dele dependia do Lota como um menino.  


― Você não mudou nada.  


Pino franziu a testa como se estivesse incomodado por ser tratado como um tolo.  


― Mesmo assim, você estava sempre marcando logo atrás de Lota. Ouvi dizer que o capitão e seus homens queriam torná-lo seu herdeiro, não é? Eu até ouvi como ele falava que como você acreditava e confiava cegamente em Lota, e isso era sua fraqueza.  


Isso deve ter feito o sangue subir à cabeça, pois Pino estendeu o braço para tentar agarrar a gola da camisa de Edgar, mas acabou sendo afastado por Raven. Dando um passo para trás, ele resmungou ainda mais irritado.  


― ... Você pode ver como Lota é muito mais adequada para ser a capitã. Ela pode ser uma mulher, mas tem mais coragem do que qualquer homem e não perderia uma luta. Também todos confiam nela.  


― Mesmo que fosse assim, acredito que o capitão não planejou fazer de Lota o novo capitão. Bem, enquanto você confiar nela, isso significa apenas que nem ela será capaz de viver como quer.  


― Como ela quer? Não diga como Lota pensa que não quer ser mais pirata. Você não sabe de nada.  


― Mesmo que eu seja um estranho, posso dizer que você ainda não é um adulto. Mesmo sobre Betty... Bem, quem se importa, não é necessário dizer isso agora.  


Para Edgar que estava prestes a descer as escadas novamente, Pino abriu a boca como se estivesse jogando sua raiva nele.  


― Oh, sim, também havia um homem desconhecido com Lydia.  


Vendo que Edgar não pensou e parou, ele sorriu.  


― Então, ele não é um de seus camaradas? Pelo menos, ele parece bastante próximo de Lydia. Já que não hesitou e foi direto para o quarto dela.  


Quando Edgar se virou, estava com punhos fechados.  


― Ele tinha cabelos pretos ondulados e um corpo alto? 


― Isso. Ele era o rostinho bonito que não perderia para você.  


― Não é nem perto um rival para mim.  


― Hum..., oh, realmente. Bem, há muitas mulheres, então, mesmo se tivesse levado Lydia embora, seria fácil simplesmente sair procurando alguém para fingir ser sua amante, certo? 


Ele não conseguia entender por que não esmagou o punho cerrado no rosto de Pino. Não, isso não é verdade. Lydia não é assim. Naquele momento, ele sentiu essa objeção em si mesmo, então percebeu que não estava em posição de discutir com Pino a respeito de Betty. Porém, Betty e ele eram bem parecidos. Com Lydia, ele estava mais sério do que nunca. Ela era preciosa e ele estava pensando que queria se casar com ela... 


Lord Edgar, é uma porta escondida.  


A voz de Ermine, naquele momento, era uma tábua de salvação para Edgar. Desviou os olhos de Pino e correu para as profundezas do porão subterrâneo.  


***** 

 

Kelpie, você tem que voltar! Devo voltar para resgatar Lota e Nico! 


Ainda agarrada à crina de Kelpie, Lydia protestou, mas ele não se virou.  


― Seremos encontrados pela Wyrm 


Mais ou menos na hora em que sons estrondosos, que estremeciam por toda a caverna, finalmente, se acalmaram, Kelpie, que estava correndo para nenhum destino específico, parou, mas, neste ponto, eles não conseguiam descobrir onde estavam.  


― Agora, veja, estamos perdidos no nosso caminho.  


Descendo das costas de Kelpie, Lydia semicerrou os olhos para inspecionar os arredores escuros. Eles haviam saído das marés do oceano. O que significa que eles entraram no território do Wyrm. Talvez porque fosse o reino das fadas, mesmo não havendo luzes artificiais e estando dentro de uma caverna, ela conseguia ver os arredores vagamente.  


― Está tudo bem, se eu for na direção onde sinto água, sairemos para o mar.  


Kelpie, que se transformou em sua forma jovem, apontou para aquela direção.  


― Espere. - disse Lydia e parou o passo.  


― Se formos na direção oposta ao mar, isso significa que estamos no ninho do Wyrm

 

― Você não está planejando ir até a entrada do ninho, está? 


― Porque os changelings, com certeza, estarão lá. Betty também. Eu tenho que ajudá-los.  


― O que você vai fazer com Lota e Nico? 


― Até Lota veio até aqui só para ver Betty. Ela com certeza pensará o mesmo. 


Quando ela começou a se afastar, Kelpie caminhou e parou bem em seu caminho para detê-la.  


―  Você não pode chegar perto do Wyrm. É muito perigoso.  


― Eu não estou pedindo a você para ir junto.  


― Você nunca se deparou com isso antes, é por essa razão, vá com calma.  


De repente, houve um estrondo vindo do chão. Kelpie agarrou Lydia e se escondeu atrás de uma depressão. Nesse momento, algo enorme e longo, coberto por escamas pretas, passou bem em frente a eles.  


― O que... O que é isso? 


― Deve ter sido a cauda do Wyrm 


― Cauda? Você está dizendo que foi só a cauda? 


― É por isso que estou dizendo que o Wyrm é enorme.  


― Mais importante, já se foi. Você pode me largar? 


Na depressão apertada, Lydia não foi capaz de se mover desde que seu corpo estava contra Kelpie, que a tinha em seus braços como se a estivesse carregando.  


― Sim.  


― ... Ei, onde você pensa que está tocando?! 


― Hum? Só estou tentando colocar você de pé.  


― Não toque nos meus seios! 


― Por que isso não é permitido? Você não reclama quando está em qualquer outro lugar.  


Lydia levantou-se enquanto ainda estava sendo pega em seus braços, e assim que ela se virou, deu um soco no nariz de Kelpie, para finalmente ser solta.  


― É o senso comum dos humanos! 


― Senso comum? Isso é impossível. Quando estou nadando ao redor do lago em Londres à meia-noite, cada um dos humanos nos arbustos aqui e ali estão sempre fazendo... Ei, espere! 


― Oh, não comece a falar sobre essas coisas indecentes. - quis dizer Lydia envergonhada enquanto correu para se afastar.  


― Lydia, esse não é o jeito. Você ainda pretende ir ao ninho do Wyrm? Mesmo se você for atacada, você sabe que não será páreo.  


― Se for apenas recuperar o changeling, então, existe uma maneira sem ter que ir contra o Wyrm 


Se fosse negociar com uma fada e recuperar o bebê, seria simples. No entanto, esses tipos de casos eram raros. Mesmo as fadas não deixariam qualquer coisa em pusessem as mãos ir tão facilmente.  


A única opção restante era quebrar a rosa selvagem que estava no ninho da fada e destruir a magia que prendia o bebê humano à fada. Rosas especiais eram a fonte do que mantinha intactos os ninhos de fadas. Se alguém o quebrar, isso tornaria a magia que foi preenchida ali ineficaz.  


― Ei, Kelpie, onde estaria a rosa de Wyrm? 


― Você está planejando estraçalhar a rosa? 


― Mas, essa é a única opção que tenho.  


― Toda a magia que foi armazenada será carregada para aquele que quebrar a rosa. Alguém como você, que não tem vínculo com o mundo humano, realmente escapa disso? 


Ela não sabia. Mas, mais do que isso, havia algo com que Lydia deveria se preocupar. Se ela quebrasse a rosa, tudo o que existia neste reino teria sua verdadeira natureza revelada. Aqueles que foram colocados sob o efeito da magia voltariam ao normal.  


O bebê humano deve ser devolvido às mãos de sua mãe e a magia que fazia o bebê dos dobbies parecer humano, seria desfeita, e voltaria às suas mãos. E seria o mesmo, se Lydia fosse uma changeling 


Se originalmente fosse filha de uma fada, então, a magia lançada sobre ela para fazê-la humana, quebraria. Ela esqueceria que era humana e havia sido criada como Lydia Carlton, aquele nome e todas as coisa que aconteceram até agora.  


― E além disso, a rosa selvagem que está no ninho da fada, você se refere como algo comum, mas realmente é algo importante. É natural que o Wyrm o proteja de modo zeloso. Isso em si é importante. Ei, Lydia, você está me ouvindo? 


― ... Kelpie, como eu apareço aos seus olhos? Uma fada que foi transformada em changeling? Ou um humano normal? 


Lydia perguntou a ele em tom sério, mas Kelpie apenas respondeu de modo descuidado.  


― Hum? Não sei. Quem se importa? Isso realmente não importa.  


― Isto é importante. Se eu fosse um changeling, quando quebrar a rosa, vou esquecer absolutamente tudo.  


― Você não precisa se preocupar com algo assim. Mesmo que você se esqueça de todo mundo humano, cuidarei de você. Não importa que tipo de fada você se torne, você é você. Mesmo que seu exterior mude um pouco, não há nada para se decepcionar.  


Não foi isso que eu quis dizer”.  


― Espere, você não está preocupada em não poder se casar com aquele conde, está? 


― O quê? Claro que não! Só estou... Só estou preocupada com o meu pai.  


― Já que você vai se esquecer, então, não seria um incômodo para você.  


Então, é assim que vai ser”. Quando ela pensou sobre isso, para Lydia, poderia não ser uma experiência tão atormentadora.  


Embora seu pai ficasse triste, desde o momento em que ela decidiu se tornar uma fairy doctor, ele deveria ter se preparado para o que quer que não soubesse que pudesse acontecer. Ele certamente aceitaria a decisão de Lydia. 


E Edgar... 


Havia muitas garotas pelas quais ele tinha um pouco de interesse ao seu redor. Até Ermine está ao seu lado, então, ele, com certeza, esqueceria Lydia em pouco tempo. E, Lydia iria esquecê-lo, não seria doloroso. Mas, se ela se lembrasse? Sentiria dor? 


A grande mão de Kelpie balançou a cabeça de Lydia como fosse um berço e a acariciou.  


― Não faça essa cara. Acho que encontrar a rosa selvagem é um feito muito maior do que tentar derrotar o Wyrm. Por isso, é melhor ir embora. Se seu oponente for um Wyrm, é natural que não haja nada que um fairy doctor possa fazer. Não há necessidade de se fixar em ajudar os humanos e ir até o fim para se colocar em risco.  


Mas, ela não iria desistir sem fazer nada.  


― Se eu fosse esquecer, você me diria que tipo de humano eu era? O que quer que você saiba, ficará bem.  


― Então, você vai.  


Kelpie murmurou como se estivesse amargamente surpreso e sussurrou “Eu vou te contar” e deu um tapinha um tanto violento na cabeça de Lydia.  


― Ei, você se importaria de não brincar dessa forma? 


De repente, houve outra voz. Kelpie manteve a mão agarrada à cabeça de Lydia e, como estivesse tomando cuidado, puxou-a para si. Quem espiou na direção deles das sombras da caverna foi uma jovem que aparentava ter a mesma idade de Lydia.  


― Esse é o caminho do dragão. Se há algo no caminho, então, gritaram comigo.  


― Oh, me desculpe. Perdemos a direção.  


A garota inspecionou Lydia e Kelpie com olhos duvidosos.  


― Nossa, por que todas as fadas têm que ser tão boas em se transformar em humanos tão bem? Gostaria que todos vocês não fizessem algo tão enganoso. 


― Mas, eu sou humana.  


Por enquanto, era nisso que ela acreditava.  


― Não há como um humano vir a um lugar como este. Até eu finalmente aprendi isso. A princípio, fiquei emocionada ao encontrar pessoas repetidas vezes e esperava que pudesse ser salva, mas cada um deles eram apenas fadas passageiras. Você já vai embora? 


― Ei, espere aí, você é... talvez seja Betty? 


Lydia empurrou Kelpie para o lado e caminho em direção à garota.  


― Como você sabe o meu nome? 


O mesmo cabelo cor de café de Lota. Ela era uma garota de olhos grandes com um charme travesso. Ela estava cortejando Edgar, mas Lydia tentou apagar aquele sentimento confuso que borbulhou em sua consciência e respirou fundo.  





― Hum, eu sou Lydia. Vim com Lota resgatar você. 


― Lota? Você está mentindo, Lota nunca viria aqui.  


― É verdade. Você é sua querida amiga, e ela está muito preocupada com você.  


― Nós não somos amigas. Traí Lota.  


Cuspindo isso, ela abaixou a cabeça como se estivesse com vergonha. Ela se perguntou o que havia acontecido entre as duas. Lota não havia mencionado nada que parecesse relacionado a isso. Lydia estava prestes a abrir a boca para perguntar sobre aquela situação, mas como se estivesse selando aquela chance, Betty falou fortemente.  


― De qualquer maneira, você pode ir embora. Se você disser que é humana, será morta se o dragão a encontrar.  


― Mas, até mesmo Lota está em algum lugar nesta caverna de calcários. Nos separamos.  


A garota levantou a cabeça como se estivesse preocupada.  


― Oh, não! O que você vai fazer se o dragão a encontrar? Apresse-se, encontre-a e tire-a daqui! 


― Então, você precisa me ajudar. Você não sabe muito sobre o ninho do Wyrm? 


E, assim, Lydia pegou a mão da garota.  


― E mais uma coisa, quando sairmos daqui, você virá conosco.  


Kelpie cutucou as costas de Lydia como se estivesse tentando dizer a ela para parar, mas Lydia sorriu para Betty como se tivesse a confiança de que era capaz de resgatá-la.  


*** 


A passagem que havia na casa do prefeito estava conectada a uma pequena sala subterrânea que parecia ter sido escavada em uma parede rochosa. Edgar e seus comparsas entraram com tochas nas mãos e seus olhos foram capturados pela visão de um brilho roxo-avermelhado que refletia a luz do fogo e enchia todo o espaço ao seu redor.  


Havia inúmeras esculturas grandes e pequenas em relevo e peças de arte feitas de fluorita. Na casa do senhorio, existiam outras tantas, no entanto, todas tinham a característica de elegância e vigorosa dinâmica em suas belas curvas. Deve ser o estilo que se passa de mestre para aprendiz na oficina desta aldeia.  


As fluoritas não são joias caras, mas esta vila floresceu pela taxa limitada de fluxo, deve ter sido porque eles poderiam agregar valor a elas como peças de arte. No entanto, ele ouviu que essa tradição chegou ao fim por volta do início deste século, quando a quantidade de fluoritas extraíveis diminuiu drasticamente.  


Edgar caminhou até um dos relevos e semicerrou os olhos para inspecionar a placa no canto.  

Scarlett Moon? 


Ele pensou que seria um sinal, mas era o que dizia. Scarlett Moon era a organização secreta que fez uma aliança com Edgar para lutar contra o Príncipe.  


O Conde Cavaleiro Azul que apareceu há trezentos anos, amante e filho ilegítimo de Julius Ashenbert, estava envolvido em uma guilda familiar de arte decorativa e fundou a organização. Entretanto, quando seus descendentes foram assassinados pelo Príncipe, que temia o retorno do Conde Cavaleiro Azul, os artistas remanescentes prometeram vingança e se uniram para formar uma organização chamada Scarlett Moon 


“Scarlett Moon” significava Flendolyn em galês. Esse foi o primeiro Conde de Ibrazel, o nome da criança do Conde Cavaleiro Azul, que tinha sangue de fadas fluindo em suas veias. O filho ilegítimo de Julius Ashenbert também tinha o nome do meio de Flendolyn e ele ouviu dizer que os descendentes dessa criança também receberam esse nome.  


Em outras palavras, a Lua Escarlate indicava a linhagem colateral de descendentes que estavam ligados ao filho ilegítimo do Conde Cavaleiro Azul.  


― Portanto, havia descendentes do Conde Cavaleiro Azul que habitavam esta vila como artesões.  


― Há outro selo da Scarlett Moon como este. Os anos em que foram feitos são sobretudo do início deste século. - disse Ermine, que os inspecionava um por um. 


Edgar pensou muito.  


― Então, isso significa que naquela época, os descendentes da família Ashenbert estavam aqui.  


Lord Edgar, por favor, veja isso.  


O objeto que Raven apanhou era uma caixa de correio decorada com fluoritas. Parecia que era obra da mesma pessoa, como tinha arranhões e manchas pretas diferentemente das outras, parecia ter sido um item pessoal.  


Havia uma carta deixada dentro dela. Assemelhava a uma carta enviada que elogiava as suas obras. Por um momento, os olhos de Edgar pararam em uma assinatura. Estava assinado “Cremona”. Era o Grão-duque do ducado Cremona.  


A carta do Grão-duque era para elogiar as obras, e não havia nenhum lugar na escrita que se destacasse particularmente, mas Edgar sabia sobre a fluorita que continha o selo do ducado de Cremona. Era uma freya rara que só poderia ser escavada aqui.  


O anel com selo gravado que Betty tinha pode ter sido uma das obras desse artesão. Ele compartilhou o sangue do Conde Cavaleiro Azul. Por outro lado, a princesa de Cremona foi sequestrada pelo homem que se autodenominava Conde Cavaleiro Azul. 


Ele se perguntou se este caso foi iniciado por causa deste artesão e do anel de selo Freya. Para verificar o nome do artesão, Edgar inspecionou o destinatário da carta.  


Ulisses Barrow... 


― Ulisses? 


― Ele foi o salvador desta aldeia.  


O prefeito apareceu por trás da porta em que estava escondido atrás deles. Ele carregava uma arma de caça. Raven se mexeu como se estivesse procurando uma abertura para atacar, mas Edgar o fez esperar com um olhar.  


― Para ser exato, sir Barrow era um dos dois irmãos. O irmão mais velho era artesão e quem salvou foi o irmão mais novo com o mesmo nome que veio para cá anos depois.  


― O que você quer dizer com salvador? 


― Embora esta aldeia estivesse repleta de fluoritas, só conseguimos desenterrar uma quantidade limitada a cada ano. Mesmo que tentássemos desenterrar mais, as fadas as escondiam. Enquanto isso acontecia, apenas ele era capaz de se comunicar com as fadas e dizia-se que era capaz de obter a quantidade que faltava de fluorita.  


O prefeito parecia que queria falar sobre isso. Muito provavelmente, para fazer sua afirmação de que ele estava certo.  


― No começo, o Conde Cavaleiro Azul não decidia a quantidade de fluorita necessária para esta vila e fazia uma troca com as fadas? E, no entanto, o que você quer dizer com falta de fluoritas? 


― Como você pode dizer que a quantia determinada pelo conde no passado será suficiente em qualquer época? Nossa aldeia, na época, mal se sustentava. Estávamos todos em apuros.  


― Não consigo pensar que a quantidade de fluoritas não foi o suficiente. No começo, se você cavasse demais, o veio de mineração com certeza seria drenado, então, os aldeões também concordaram com a quantidade mínima? O que era necessário mais do que isso tinha que ser cuidado por vocês mesmos.  


Como se não quisesse ouvir isso, o prefeito continuou sua própria reivindicação.  


Sir Barrow fez isso para que pudéssemos desenterrar livremente as fluoritas que as fadas estavam colocando em nosso caminho. Selecionávamos as pedras que tinha um vermelho mais forte e, se mentíssemos que eram freyas, conseguíamos vendê-las por um preço mais alto. Colocar trabalho na aquisição de habilidades artísticas para fazer esculturas é ridículo. Se os quebrarmos e conseguirmos até mesmo um pequeno fragmento vermelho, podemos obter um lucro muito maior do que transformá-lo em obra de arte.  


― Desde então, esta vila tem enganado seu senhorio e continuado a fraudar e vender falsificações.  


― O conde nunca aparecerá. Até mesmo o mordomo, senhor Tompkins, que administra a fortuna da família Ashenbert, sabe que nenhuma freya pode ser desenterrada e, portanto, se não reportarmos a ele, não suspeitará. No passado, era normal que as freyas falsas circulassem no mercado, então, sir Barrow teve um cuidado especial em garantir que fossem vendidas para que não fosse descoberto que eram parentes de nossa aldeia.  


― E ele saiu por aí agindo como se fosse o senhorio daqui.  


― Ele carrega o sangue da família Ashenbert. Que problema poderia haver? 


― Se ele é descendente do filho ilegítimo, então, ele não pode herdar o título.  


― Mais do que o título, esta vila precisava do incrível poder que estava no sangue da família Ashenbert 


― ... E o irmão mais velho que era artesão? Ele certamente se oporia a seu irmão mais novo.  

Ao olhar para o número de esculturas que tinham amor derramado sobre elas, ele não podia acreditar que o irmão mais velho permitiria o método de seu irmão mais novo de quebrá-las em pedaços.  


O prefeito apenas deu um pequeno sorriso, mesmo assim, vendo como a tradição da arte desta vila havia desaparecido repentinamente, era fácil imaginar o que havia acontecido.  


Muito provavelmente, ele deve ter sido morto pelas mãos de seu irmão mais novo.  


Sir Barrow visitava periodicamente a aldeia e fazia com que as fadas não pudessem chegar perto dos campos de mineração. O segundo Barrow, que foi levado depois dele, era o mesmo e possuía poderes mágicos. Se fizéssemos o que sir Barrow disse, tudo correria bem... Tudo estava indo bem, até ontem.  


― Uma das crianças desta aldeia foi roubada e você ordenou que o pai a entregasse e apenas dividisse os lucros com apenas uma parte da aldeia? Você é um tirano e tanto.  


― Para obter freyas, não poderia ser evitado que o bebê fosse sacrificado. Sir Barrow visitou esta terra há dois anos dizendo que seria capaz de despertar o dragão Wyrm, que poderia criar uma verdadeira freya. Graças a ele, poderemos extrair a fluorita flamejante.  


Despertar um dragão? Ele disse dragão? 


O prefeito torceu os lábios para o confuso Edgar.  


Lord Conde, se você afirma ser o verdadeiro Conde Cavaleiro Azul, então, você só precisa derrotar o dragão nesta terra. Assim como conde havia feito no passado.  


Parecia que ele queria dizer que era impossível.  


― Os aldeões no passado desistiram das freyas para fazer com que o mal causado pelos changelings desaparecesse. Eles imploraram ao conde para derrotar o dragão. No entanto, o nosso novo senhor fez o oposto disso. Por possuir tanto poder, ele tinha o direito de ser o senhor desta terra. Já que ninguém além de Ulisses Barrow herdou o poder do conde.  


Ele se perguntou se era o Ulisses que ele conhecia que veio a esta aldeia há dois anos. O braço direito do Príncipe e quem estava atrás da vida de Edgar. Parecia que não haver erro de que Ulisses era descendente do filho ilegítimo do Conde Cavaleiro Azul.  


O descendente da linhagem colateral de Julius Ashenbert deveria ter sido morto pelo Príncipe, que os via como um perigo. No entanto, muito provavelmente, por Ulisses passar para o lado do Príncipe, ele conseguiu sobreviver.  


O Príncipe não apenas colocou as mãos naquele que possuía o poder do Conde Cavaleiro Azul, como também matou todos os outros descendentes. A fim de tomar o seu poder. O que significava que foi o Príncipe quem queria que freya percorresse todo o caminho até mesmo para despertar o dragão.  


― Onde está a freya? Mesmo assim, não deveria ter caído nas mãos de Ulisses.  


― Essa é uma pedra da imortalidade, apenas aqueles que carregam o sangue do Conde Cavaleiro Azul podem lidar com isso. Com você, assim como a espada Merrow, seria apenas uma pedra inútil. 


Enquanto apontava a ponta de seu rifle de caça para eles, o prefeito deu um passo para trás lentamente. Havia mais uma porta no fundo da sala. Quando ele abriu aquela porta, ele de repente se virou e saiu correndo.  


Imediatamente, Raven foi atrás dele. Edgar continuou. Não havia dúvida de que o prefeito tinha a freya com ele. A razão pela qual ele estava demorando aqui quando deveria ter fugido, deve ter sido para levar a freya com ele. Provavelmente, estava escondida em uma sala secreta atrás do guarda-roupas.  


No final do túnel subterrâneo, abria-se para uma caverna natural de calcário. A água do mar adentrou e formou uma baía que tinha um pequeno barco que flutuava nela. O prefeito pulou e eles o viram remando para longe, mas quando Edgar e Raven conseguiram chegar ao lado da baía, o barco já estava muito longe para alcançá-lo.  


Justo quando eles temeram que ele pudesse escapar nesse ritmo, algo passou bem na frente deles. Ou melhor, algo enorme veio saltando e tomou conta do espaço aéreo diante deles. 

 

Aquela coisa parecia estar sufocando e se debateu com todo o corpo. Ele bateu contra a parede e o teto da caverna de calcário. Edgar e Raven não pensaram em reagir e imediatamente caíram no chão, mas ele pôde ver com o canto do olho como o prefeito e o pequeno barco foram atingidos e saíram voando e depois afundaram no mar.  


E, então, aquela coisa abriu a boca e cuspiu uma espécie de bola cinza. E como, de repente, recuperou a calma, rapidamente, foi se esgueirando.  


― ... O que foi isso, agora? 


― Um dragão, talvez.  


Respondeu Raven, como se fosse um fato. “Um dragão, hein?”. Ao se levantar, Edgar sentiu vontade de rir alto. Depois de se tornar o Conde Cavaleiro Azul, embora houvesse fadas com a forma de gatos e cavalos ao seu redor, não deveria haver nenhuma razão para ele se surpreender com a existência de um dragão.  


― Parecia uma cobra ou lagarto gigante.  


― Oh, caramba, pensei que iria morrer.  


A voz podia ser ouvida do pedaço de sujeira de cor cinza que foi cuspido pelo dragão. Ele, que estava agarrado ao chão, se jogou e penteou freneticamente seu pelo molhado que estava coberto com a saliva do dragão.  


― Nico? O que aconteceu com você? Você não estava com Lydia? 


― O quê? Conde? 


Quando ele viu e percebeu Edgar, Nico, de repente, se levantou e gritou com raiva.  


― Ao invés de ficar assistindo, você deveria matar aquela coisa por mim. É isso mesmo, você deve se apressar e fazê-lo. Se essa coisa for deixada viva, nada de bom para ninguém vai acontecer. Com a Espada Merrow, você poderá dividi-la em duas, assim como o Conde Cavaleiro Azul no passado. Já que é um monstro quase devorou o meu belo eu! 


― Então, você está dizendo que eu tenho que derrotar isso? 


Nico deu uma bela olhada em Edgar, que estava cambaleando e totalmente perplexo, e ele finalmente entendeu e enterrou a cabeça nas patas.  


Ohh, sim, sim, certo, você é o Conde Cavaleiro Azul apenas no nome! Não há como você derrotá-lo! 


Quando ele disse isso tão claramente, era verdade, mas ainda assim o irritou.  


― Ah, droga! Como ousa me fazer passar por algo assim? Como devo me vingar? 


― Mais importante, onde está Lydia? 


― Não sei. Assim que nos aproximamos do ninho, de repente, o Wyrm apareceu e todos se separaram. Eu fui apanhado, mas usei todas as minhas forças para não ser engolido, então cocei sua língua o máximo que pude.  


― Então, Lydia ainda está no ninho do dragão? 


― Sim, talvez. Pelo menos ela deveria estar com aquele kelpie 


Com Kelpie. Não era uma situação que criasse um estado de espírito agradável para Edgar. No entanto, por enquanto, parece que era a melhor opção Kelpie estar com ela.  


― Entretanto, ouvi dizer que Lydia foi investigar sobre Betty. Por que diabos ela foi e entrou em um lugar perigoso como o ninho de um dragão? 


― Porque é lá que Betty está. Aquele que a sequestrou, aparentemente, a ofereceu como a noiva para o Wyrm 


― Uma noiva para aquele lagarto gigante? 


― Oh, certo, só porque ela se perdeu no ninho do Wyrm, por aquela personalidade de Lydia, você não sabe o que ela fará para recuperar Betty e o bebê roubado.  


Nico parecia finalmente conseguir acalmar sua raiva, pois estava começando a ficar preocupado com o bem de Lydia. Recuperar Betty daquele dragão quando os humanos apareceriam como pequenas formigas que poderiam pisar sem perceber parecia impossível. No entanto, se o que ela estava lidando eram fadas, então, Lydia, que se considerava uma fairy doctor, poderia fazer algo imprudente.  


― Sobre aquele dragão, Lydia sabia disso desde o início? 


― Sim, imediatamente quando chegamos, já que o dobbie estava falando sobre isso. 

 

― Então, por que ela foi embora sem me dizer nada... 


Ao dizer isso, Edgar entendeu por que ela estava mantendo silêncio sobre a existência do dragão. Mesmo que Edgar tenha conseguido desvendar os delitos do prefeito, foi porque não seria capaz de enfrentar um dragão.  


Enquanto segurava a espada em seu cinto, Edgar mordeu o lábio.  


― Nico, me guie até o ninho do Wyrm 


― Hein? Você planeja ir? 


― Não posso deixar Lydia sozinha.  


E eu não podia deixá-la com Kelpie e nem consigo mesma”. 


― Mas, você não serve para nada... 


Edgar se irritou mais uma vez e apontou a Espada Merrow direto para Nico.  


― Não importa o que aconteça, eu sou o Conde Cavaleiro Azul. 


― Seu oponente não é humano, você sabe. Seus blefes não irão funcionar.  


― Sempre o cavaleiro é quem deve derrotar o dragão para salvar a princesa. Acontece que sou descendente de um cavaleiro.  


― Isso é sério? 


Eu vou fazer isso”, pensou Edgar consigo mesmo, para que levante seu ânimo para luta. “Mesmo que Ulisses fosse da linha do Conde Cavaleiro Azul, e tivesse o poder de controlar as fadas, o conde que obteve a Espada Merrow fui eu”. 


Muito provavelmente, em algum lugar dentro de si, Edgar tinha a sensação de que não seria capaz de se tornar o verdadeiro Conde Cavaleiro Azul naquele estado.  


O Colégio de Armas do país registrou oficialmente Edgar como o Conde de Ibrazel. Embora o poder invisível que conectou o mundo humano e das fadas e manteve a família Ashenbert até hoje tenha dado a espada a Edgar, pode estar o testando, pois o mantinha na mira.  


Era preciso o vínculo de sangue da família Ashenbert? Porque não devia ser apenas isso, não era por esse fato que as sereias haviam confia a espada a ele. Se fosse assim, mesmo lutando com o dragão, não era algo que ele pudesse se afastar desde o início.  


― Hum... Conde, antes disso, posso me lavar? 


― Não temos tempo para isso.  


Nico, cuja a gravata estava perfurada pela ponta da lâmina, soltou um suspiro de resignação. 

 

*** 

 

― A rosa do Wyrm? Não sei sobre isso. Nunca vi nenhuma grama ou árvore crescendo dentro desta caverna de calcário.  


Betty guiava Lydia para o local que ela disse ser sua casa. Era uma residência de pedra que ficava no meio de uma caverna. Essa visão estranha fez Lydia notar que este era o território recebeu o feitiço de Wyrm 


― Eu disse que não poderia viver sem uma casa humana. E, então, na manhã seguinte, isso estava aqui. Mas, tem a forma de uma casa, tudo dentro dela é feito de pedra. Uma cama de pedra e uma cadeira de pedra. Bem, já que o Wyrm não quer entrar em um lugar tão apertado como este, isso deve ser um profundo alívio para mim.  


Ela fez Kelpie procurar Lota e Nico. Dando uma mão para Betty, as duas abriram a pesada porta de pedra e entraram, e como ela disse, era uma sala cheia de pedra.  


― Uh, Betty, sobre a comida, você come apenas os alimentos que estavam sendo trazidos para você dos dobbies lá fora? 


― Sim. É porque a comida do Wyrm é apenas pedras. Achei que ia morrer de fome.  


O que significa que Betty ainda não colocou comida de fada na boca. Se Lydia pudesse tirá-la, seria capaz de levar a garota para o mundo humano.  


― Está tudo bem, Betty. Você será capaz de escapar daqui. Kelpie vai encontrar Lota e trazê-la para cá e, então, partiremos imediatamente.  


Betty ainda tinha um olhar de desconfiança, como se não pudesse acreditar nisso, e sentou-se na cadeira de pedra.  


― Considero que tudo isso que aconteceu comigo como um castigo. Porque eu contei uma grande mentira. Aquele anel com selo gravado, eu... Isso mesmo, a fluorita cor de fogo, aquele conde está atrás dela.  


Conde? 


― Um garoto que se autodenominava o Conde Cavaleiro Azul. Ele parecia ser mais jovem do que eu, mas era estranhamente maduro.  


― Ele tem cabelos loiros bem claros? 


Betty assentiu. “É Ulisses”, pensou Lydia.  


Há dois anos, quando Betty alegou ter sido trazida para cá, Ulisses deve ter chegado a esta aldeia por ordem do Príncipe, antes de Edgar receber o título de Conde e se reivindicar como o Conde Cavaleiro Azul.  


O envolvimento entre o Príncipe e o Conde Cavaleiro Azul ainda era um mistério para ela. Mesmo que fosse uma coincidência que Edgar, cujo o Príncipe tentou fazê-lo um fantoche, tivesse se tornado o Conde Cavaleiro Azul. Ela se perguntou se isso seria libertador para Edgar ou não. Ou talvez isso o fizesse afundar ainda mais na luta contra o Príncipe, como fosse seu destino.  


Ela não queria que fosse assim. Lydia havia dado sua ajuda para que Edgar tornasse o Conde, pois acreditava que esse era o método que o salvaria.  


Tenho que me recompor. Sou a única que pode parar o que Ulisses está fazendo”. 

 

― Esse garoto é um mágico. Ele havia despertado o Wyrm do sono usando uma fluorita cor de fogo. Ele disse que se o Wyrm acordasse, o mesmo tipo de fluorita que está encrustado no anel poderia ser desenterrado.  


― Entendo. Então, seu anel era o que ele estava à procura. Mesmo que você tenha partido da América e deixado seus amigos íntimos para conhecer seu avô, o Grão-Duque de Cremona. 


― Não sou eu. Não sou a verdadeira princesa de Cremona. Sou apenas a filha de um pirata. Porque eu roubei aquele anel.  


― Isso não é verdade, Betty, porque foi algo que dei a você.  


Lota estava parada na entrada aberta de pedra.  


― Sempre pensei que você estava vivendo uma vida pacífica com Grão-Duque. E, ainda assim, por causa daquela fluorita vermelha, não sabia que você tinha sido trazida para um lugar como este... 


Lota entrou na casa de pedra lentamente, e parecia estar sozinha. Ela deve ter se perguntado sobre a caverna e veio a este lugar.  


Oh, Deus! Por onde Kelpie estava procurando? 


Mais do que isso, o que Lota quis dizer que deu o anel à Betty? Lydia se manteve calada enquanto observava as duas com a repentina e inesperada história.  


― Eu roubei. Não, no começo, pensei em pegá-lo emprestado, mas fiz isso sozinha e exibia a todos ao meu redor. E, então, John me disse que era o brasão de uma família real e em questão de tempo, apareceu alguém que se dizia um mensageiro do Grão-Duque e disse que estava à procura da neta que tinha o anel. A essa altura, tinha acabado de terminar meu terrível relacionamento com ele e estava me sentindo horrível. Papai tinha acabado de falecer e pensei que não importava se perdesse tudo se pudesse me tornar uma princesa, então, traí até você, e disse que era o meu anel.  


― Você dizia que odiava piratas, então, pensei que você queria se tornar uma princesa. Preferia o estilo de pirataria, e é por isso que pensei em dar o anel para você. Mas, depois fui informada por aquele homem, John. Você pensou que Pino e eu estávamos juntos? 


Betty fez uma cara de pânico e desviou os olhos voltando-os para baixo.  


―  Isso é um mal-entendido tão estúpido! Nós dois somos praticamente irmãos. Não, mais que irmãos. Pino queria se apressar e se tornar um homem maduro e forte, e quando perguntava para ele o porquê, ele ficava quieto, mas seus olhos sempre te seguiam.  


― ... Não, você está mentindo. Pino sempre te elogiava, Lota.  


― Foi o tipo de elogio como quem eu nocauteei, ou ganhei uma luta, certo? Não há nenhum cara que elogiaria uma garota que ele gosta desse jeito.  


Betty ficou completamente silenciosa, como se estivesse totalmente confusa.  


― Pensei que fosse algo assim. Você continuou se enganando de propósito e foi atrás de caras magros que eram exatamente o oposto de Pino, e Pino ficava deprimido o tempo todo. Vocês são muito contraditórios.  


Betty havia dito que perdeu o interesse pelo Edgar por causa de Ermine, mas os dois não conseguiam expressar seus sentimentos para quem realmente amavam, logo, os dois eram parecidos e queria alguém como um substituto.  


Mesmo agora, Edgar desejava uma substituta e flertava com todas as garotas. Entretanto, ninguém, nem mesmo Lydia, seria capaz de substituir a pessoa com ele realmente se importava.  


― Ei, Betty, naquela época, você tomou a chance com John para superar Pino. Se aquele homem, que não conseguiu flertar com a garota que realmente ama, o que dirá fazê-la a número um. Mais ou menos nesse momento, apareceu um homem que dizia estar procurando a princesa, e se fosse revelado a quem realmente pertencia o anel, você pensou que Pino e eu iriam nos separar, não é? Como você não queria que Pino sofresse, você disse que o anel era seu.   


― Você tem um coração tão mole, Lota.  


― Não estou errada, sei o que você pensaria. Você é tão egoísta e jogaria os outros por aí, mas nunca trairia seus amigos.  


Betty cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar. Lota passou os braços em volta dela como fosse para confortá-la. Lydia sentiu suas lágrimas brotarem em seus olhos, e pensou “Agora, realmente tenho que resgatar Betty do Wyrm, não importa o que aconteça”.  


Nesse momento, o chão tremeu terrivelmente. Parecia que toda a caverna de calcário estava tremendo e, gradualmente, algo se aproximava.  


― É o Wyrm. - sussurrou Betty com medo.  


O ambiente de fora da construção se assemelhava ao lugar com alfinetes e agulhas.  


― Está me chamando. Tenho que ir.  


― Para o Wyrm? 


― Porque tenho relaxado na limpeza. Parece que ele está chateado.  


Lota agarrou o braço de Betty para impedi-la de se levantar.  


― Está tudo bem. Só vai gritar comigo. Ameaça que irá me devorar se eu desobedecer, mas nunca passei nada doloroso.  


― Não, não há mais necessidade de você obedecer ao Wyrm 


E, então, Lota empurrou Betty na direção de Lydia.  


― Lydia, estou deixando-a com você. 


― Ei, mas, Lota... 


Não houve tempo para detê-la, Lota saiu pela porta. Só, então, ela soltou um grito alto.  


― Ei, Wyrm! A partir de hoje, sua noiva será eu. Já que Betty foi embora! 


Lydia e Betty prenderam a respiração dentro do prédio.  


― O que Lota pretende fazer... 


― Espere! Se você sair agora, pode irritar o Wyrm. Precisamos observar o que vai acontecer.  


Quando Lydia impediu Betty de sair, ela lentamente se acalmou para dar uma olhada lá fora. Em direção ao topo da pedra, havia um par de olhos vermelhos que mirava para baixo. Aqueles olhos misteriosos encaravam Lota.  


[― Você vai ser? Não pense que pode fazer o que quiser. Só tomo nobres donzelas como esposa.] 


― Sei disso. Mesmo nos contos de fadas, é sempre uma princesa que o dragão mata. Mas, a verdadeira princesa sou eu. Betty era apenas uma substituta para mim.  


As íris do dragão que pareciam estar divididas no centro do seu olho, se abriram em surpresa para Lota.  


[― A verdadeira princesa?] 


― Você não notou? Para uma nobre donzela, aquela garota não era grosseira, indiferente e irresponsável? 


Betty estufou as bochechas como se estivesse um pouco ofendida.  


[― Na verdade, ela não aprendia rápido e logo ficava de mau humor. Estava pensando na esposa intratável que ela era.] 


― Eu posso fazer tarefas domésticas muito melhor do que Lota. - sussurrou Betty. 


Se Betty conseguir escapar daqui, parece que Lota não se importa em ser deixada para trás, como a verdadeira noiva do Wyrm. No entanto, Lydia não queria deixar Lota nesse lugar. 

 

Mas, ainda assim, ela pensou que esta situação era melhor do que a anterior. Ao fazer a troca de Lota com Betty, o changeling, que uma vez foi trocada pela boneca de madeira, se tornou Lota. Betty seria libertada das amarras da magia do Wyrm 


Como Betty esteve aqui por muito tempo, aquele tempo sozinha foi uma influência mágica suficiente, então, não seria fácil levá-la para fora, mesmo assim, ainda havia uma chance de tirá-la sem que ela estivesse ligada ao Wyrm 


Por outro lado, ela não seria capaz de tirar Lota, que se tornou a changeling, porém, ao rasgar a rosa do Wyrm, ela seria expulsa daqui, já que não estava ajustada ao lugar.  


No final, Lydia teve que dar o passo perigoso de se aproximar do Wyrm, mas se isso salvasse a todos, inclusive o bebê roubado, significava que valeria a pena ela enfrentar esse perigo.  


Lota ainda continuava explicando para o Wyrm 


― Sua noiva não era a Grão-duquesa de Cremona? Estou dizendo que sou ela. Então, isso significa que você terá que esquecer Betty. 


Houve um minuto de silêncio, e depois o Wyrm disse: 


[― Tudo bem. Venha.] 


Os dois olhos enormes piscaram duas, três vezes e se afastaram da rachadura da parede. Ao mesmo tempo, o Wyrm balançou seu corpo novamente, e o barulho do chão começou novamente.  


Lota rapidamente voltou a cabeça para a casa de pedra e acenou para Lydia como certificasse que fossem embora e caminhou em direção ao estrondo do Wyrm 


― Ei, ela vai embora.  


―Sim, mas por enquanto, vamos seguir com plano dela.  


― Você pretende abandonar Lota? Eu nunca, não vou! 


― Eu sei, não vou abandoná-la. Mas, primeiro preciso tirar você daqui. Já que não posso tirá-la as duas ao mesmo tempo.  


― Você está dizendo que deveria confiar em você? Mais do que isso, quem é você em primeiro lugar? Amiga de Lota? Não, isso é impossível, não importa como eu olhe para você, você é uma garota de uma família decente.  


― Hum... Eu sou... 


― Lydia é uma fairy doctor. Como ela é especialista em fadas, veio até aqui para resgatá-la, entendeu? 


Kelpie tinha aparecido.  


― Bem, não encontrei Lota, mas, achei este.  


Enquanto Kelpie dizia isso de modo cansado, se encostou no batente da porta. Atrás dele, Pino entrou na casa.  


― Pino, como diabos, você parou aqui... 


― Para falar a verdade, mandei um dos meus homens seguir Lota e você. Como ele disse que vocês entraram em uma fenda nas rochas em um pequeno barco, e já que terminou tudo por lá, fiquei preocupado e vim eu mesmo. Embora, eu tenha me perdido quando estava dentro do buraco.  


Então, o caso do prefeito foi resolvido. E Edgar? Lydia quase perguntou, mas lutou contra a vontade. Pois, isso iria parecer que ela estava preocupada com ele. Quando Pino virou o pescoço para Betty, ele caminhou lentamente em sua direção.  


― Queria ver você. Tenho estado tão preocupado.  


Betty baixou a cabeça e permaneceu em silêncio.  


― Vamos voltar para a América. Podemos ver o túmulo do velho capitão e posso dar-lhe um atestado de casamento.  


― Casamento? Quem? 


― Você e eu.  


― Hein? Tornar-se a esposa de um pirata é algo que eu... 


― Você não quer ser a esposa de um pirata? 


― ... Não é como se eu não quisesse ser.  


― Então, está decidido.  


Pino sorriu da melhor maneira que pôde sem jeito.  


― Decidiu, então, é isso? Não ouvi a parte mais importante.  


― Que parte importante? 


― Claro, como você se sente! 


― Ei, Lydia, não há tempo para algo para assim? 


Kelpie se intrometeu e Lydia caiu em si enquanto observava de modo sério como a proposta repentina aconteceu.  


― Você está certo. Vocês dois podem discutir isso cautelosamente mais tarde. Pino, então, vou pedir para você cuidar de Betty. Se vocês dois procurarem a saída, com certeza, encontrarão. Ei, Betty, já que a magia do Wyrm não funciona em Pino, você deve encará-lo como sua tábua de salvação e segui-lo. Pino, você deve ter um forte desejo em sua cabeça em ter Betty de volta. Você não deve se perder ou soltar as mãos um do outro. Se o seu desejo vencer a magia, seus desejos serão atendidos. Essa é a regra no reino das fadas.  


Betty olhou fixamente para Lydia e assentiu. 


― Lota, ela vai sair também, não vai? 


― Claro. Certifique-se de segurar a mão dela em seu coração. Isso se tornará a força para trazê-la de volta.  


Ao ouvir Kelpie lançar a questão se esse tipo de proposta era o que ela queria, Lydia observou os dois saírem enquanto seguravam as mãos um do outro.  

 

  

Nota da tradutora 

Antes de terminar, gostaria de avisar que vou montar um grupo do fandom no Telegram. Por lá, você vai saber quando sairão os novos capítulos, curiosidades, anunciar sua fanfic do fandom e muito mais.  

Vou noticiar por aqui e em nosso grupo no Facebook.  

Ainda pretendo fazer um grupo no Discord e uma página no Instagram. Mas, tudo vai depender de como posso conciliá-los com meus trabalhos. Assim como o Julius, de Todo Mundo Odeia o Chris, trabalho em dois lugares (mercado de trabalho precarizado dá nisso).  

Em breve, venho com o capítulo 6 e aí vamos ver o Edgar dando de príncipe encantado (revira os olhos hahaha) querendo salvar a mocinha, nesse caso é a Lydia.  

Até mais! 

 
 

 
 
 

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