sábado, 31 de julho de 2021

A bela princesa do harém - Capítulo 5 - Volume V - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de apresentação 

Olá! Como tem passado?  Atrasou um pouquinho, mas aí está! Um capítulo revelador e intenso. E aqui sabemos um pouco mais sobre o passado do Edgar. Enjoy! 

 

Enquanto respirava o aroma fino da bergamota junto com o vapor que subia, Nico se sentia em casa ao mesmo tempo em que penteava os bigodes. Ele pousou suavemente a xícara de chá, que era tão benfeita que se assemelhava à casca fina de um ovo, no pires.  


Ele estendeu o braço em direção à sua fatia de bolo de amêndoa. Até que ele achou que estava bem seco e não era de seu gosto, mas não demorou muito para engolir, e depois deu uma olhada ao redor da sala que estava cheia de bonecas.  


Cercado de bonecas com os olhos de vidro coloridos e abertos, estava um homem desconhecido que se encontrava completamente encantado e fumando seu cachimbo.  


Todos os humanos que visitavam esta mansão de bonecas não eram normais. Mas, no entanto, não era como se isso causasse qualquer dano a outros humanos e mesmo que Nico estivesse sentado abertamente e bebendo chá, ninguém parecia se incomodar com isso, ele tinha feito visitas frequentes após o chá.  


 Você está mentalmente doente. - murmurou. 


― Você está se referindo a mim?  


Isso era raro, ele realmente respondeu. 


― Estou perfeitamente bem.  O vizinho está muito mais enfermo. Porque ele estava conversando com uma mulher em um retrato.  


― Hmmmm.... Então, você não conversa com elas como ele.  


― Mesmo se você falar com bonecas, não é como se elas falassem de volta.  


Bem, sim, claro. 


― Eles não percebem, mesmo se você olhar para eles, não me veem. É por isso que sou capaz de vê-los se vestir secretamente e ouvi-los sussurrar entre si tão baixinho como as bordas de vidro se tocando.  


Este homem é muito pior.  


― E, no entanto, aquele homem acredita que a mulher do retrato está apaixonada por ele. Ele vive dizendo que quando os dois diamantes estiverem juntos, ela vai voltar ou tudo vai cair em suas mãos e coisas como esse sonho.  


― Diamante? 


― Aparentemente, é o diamante da prosperidade. E tem um branco e um negro.  


― Hum-hum. 


Eu me pergunto se ele está se referindo ao que Edgar guardou nesta casa de boneca. Parece que aquele conde está tentando iniciar outro plano suspeito, e Lydia se preocupou com o diamante”. Nico esperava que nada de problemático acontecesse.  


A única razão pela qual vinda de Nico aqui era o chá, onde passava todo o tempo. Por via das dúvidas, ele vagava pelos arredores para poder ficar de olho em Edgar e no diamante, e no momento, não havia nenhum sinal de alguém visitava o quarto com a boneca e o diamante.  

Mas, um homem de outra sala sabia da existência do diamante e desejava obtê-lo.  


― O homem ao lado vem todos os dias? 


― Não o vi ultimamente. Oh, droga, é tão barulhento. Eles estão fazendo construção em algum lugar? 


Nico afinou o ouvido. Portanto, este homem também podia ouvir o som dos goblins cavando seu buraco. Como ele imaginava que, provavelmente, era porque este homem tomava drogas suspeitas, mas até mesmo Nico estava incomodado pelo som constante de cavar buracos.  


Porém, hoje o som se aproximava. No momento em que ele pensou nisso, um buraco de repente apareceu no chão. Um goblin enfiou a cabeça para fora. Depois, moveu a cabeça para inspecionar a sala e murmurou que não era esta 


― Ei, o que vocês estão fazendo? 


Quando Nico o chamou, o goblin se virou para encará-lo, torceu ainda mais seu rosto feio e soltou um bufo pelo nariz.  


[― Ora, é só um gato. Não tem nada a ver com gente como você.] 


Isso me ridicularizou”, pensou Nico irritado.  


Ele não era um gato e não era o tipo de fada estúpida como um goblin. Ou ele não pretendia ser.  


Após calcular quando o goblin enfiou a cabeça de volta no buraco, Nico, rapidamente, se tornou invisível e pulou no buraco.  

*** 

 

Ela sentiu a cabeça latejar e um calafrio percorreu seu corpo, provavelmente, porque estava molhada da chuva.  


Naquela noite, Lydia foi para cama cedo e no momento que quase adormecia, sonhava em estar em sua casa na Escócia. A velha casa que ficava na esquina da cidade era cercada por um grande jardim.  


O jardim estava cheio de gramíneas e árvores que as fadas adoravam. Logo, ele se tornou o ponto de encontro e passagem para fadas e, constantemente, a fonte de profunda agitação.  

Da janela do segundo andar, você podia ver um grupo de fadas que se erguia circularmente sobre a terra em uma parte do vasto campo de charnecas.  


As fadas tendiam a vir dali e passar algum tempo se divertindo em um de seus locais favoritos e, eventualmente, voltar para lá.  


Lydia sentou-se à janela, avistou a colina e murmurou para si mesma:  


― Agora estou em casa. 


Enquanto ela estava atordoada, não voltaria mais para aquela Londres e rememorava, estranhamente, como aqueles poucos meses foram um sonho dentro de um sonho.  


Ela, que não tinha quase nenhuma experiência em estar com o sexo oposto, foi flertada e pedida em casamento. Se perguntou o que teria acontecido se ela permanecesse em Londres.  


Pergunto-me... se eu teria me casado. Com aquele Edgar? Que ridículo. Mais cedo ou mais tarde, iria acabar assim”. 


Está tudo bem”, Lydia se animou novamente. “Não foi como se tivesse meu coração partido ou algo assim. Foi bom que isso tenha acontecido antes de me apaixonar por ele”.  

Não havia nenhuma chance de me apaixonar por ele. Ele é um homem que não escolhe com quem flertar”.  


Sem nenhuma razão, Lydia traçou os lábios com os dedos e pensou que foi o maior erro de sua vida. Ele perguntou a ela o motivo pela qual não conseguia entendê-lo. Até mesmo para dizer que deixaria Kelpie ficar com o diamante. Isso era certamente uma mentira. Apenas sua especialidade de não fazer o que ele diz.  


E, ainda assim, por que devo ser a única a se sentir mal e culpada? 


― Jovem senhorita, você está chorando? 


Era a voz do coblynau. Ela não podia vê-lo.  


― O quê? Nunca estaria chorando.  


― Bow está me dizendo isso. Que o coração da jovem senhorita está ferido e ela está triste. 

 

Lydia rapidamente levantou a mão e percebeu que ainda estava com o anel de selenita. Ela se perguntou se esqueceu de pedir a ele para tirá-lo e voltou para casa com ele.  


Ela não tinha nada a ver com Edgar agora.  


― Coblynau, você poderia tirar isso. Ele já concordou em anular nosso noivado.  


― Oh, não. Ele ainda não aceitou, jovem senhorita. Você está apenas fugindo para um sonho seu.  


― Mas, eu não quero algo assim. Não tenho intenção de me casar.  


― Sim, sim, posso entender seus sentimentos. O conde está sendo muito infiel. No entanto, jovem senhorita, você não deve perder para as outras mulheres. Porque você é a noiva dele por direito.  


Quem se importa? Não me incomode”. 


Ela pode ter machucado Edgar. Mesmo assim, até Lydia ficou ferida. Se era apenas um casamento para manter sua fairy doctor ao seu lado e, ainda assim, ele tratava Lydia como a substituta de alguém e queria que ela o confortasse, resumindo, era simplesmente horrível.  


Já tinha escutado mentiras suficientes como se ele realmente tivesse sentimentos sérios por ela. Não era como se estivesse machucado, portanto, não finja que está condoído.  


― Por favor, não chore, jovem senhorita. Este velho fará algo a respeito. Sim, de fato, para que o conde valorize apenas a jovem senhorita. Por favor, deixe tudo comigo.  


Sua cabeça latejava. Seu sonho terminou, e Lydia estava meio acordada quando ouviu a voz do coblynau. Entretanto, ela caiu em um sono profundo mais uma vez.  


E no momento em que ela acordou, percebeu tudo ao seu redor brilhava e cintilava.  


Ah, é por causa do lustre”. 


Um lustre coberto por cristais transparentes refletia as chamas iluminadas a gás e irradiava luminosidade.  


Lustre? De forma alguma poderia haver tal luz pendurada em meu quarto... 


A trilha de pensamento de Lydia terminou ali, quando saltou de sua posição de descanso.  Ela se encontrava deitada em um sofá comprido e fino. Uma cortina transparentemente fina bloqueava a visão ao seu redor, mas do outro lado, que ela podia ver vagamente através do pano, poderia dizer que estava em uma sala espaçosa cheia de peças de mobília maravilhosas.  


Lydia teve a sensação de que já tinha visto este lugar antes e estava prestes a se levantar, mas o pedaço de pano que a envolvia atrapalhou e ela não foi capaz de se mover livremente.  


― O-o que é isso? 


Quando ergueu o braço, ela ouviu um som tilintando, como metal batendo um no outro. As peças douradas de decoração, que foram tecidas em sua manga e véu, batiam umas contra as outras.  


Era uma roupa como a princesa de um cavaleiro árabe. E ainda por cima, esta sala... Era o harém de Edgar. Por alguma estranha razão, Lydia estava no lugar da boneca loira que deveria estar sentada aqui e ainda estava usando o seu traje exótico.  


Era um vestido de seda decorado com miçangas e bordados. Havia ouro e joias fortemente semeadas no tecido dos braços, pernas e no cabelo. Mesmo assim, sua roupa era extremamente fina e leve.  


Lydia levantou a cortina e se olhou no grande espelho próximo como se ela fosse um estranho animal estrangeiro, e então percebeu que usava o colar de diamante negro.  


― Qual é o significado disso? 


― Então, você acordou, jovem senhorita.  


A fada barbada saltou para o suporte decorativo e soprou seu cachimbo de uma maneira satisfeita.  


― Coblynau, o que é que você fez? 


― Tomei a liberdade e chutei a boneca concubina. Quem se encaixa neste quarto é milady que é noiva de my lord, e você não disse que queria o diamante também? 


Isso foi algo que ela disse apenas para os raios das coisas. No entanto, apenas dizer algo de cabeça para uma fada não funciona de jeito nenhum. É por isso que Kelpie também tentava apresentar o diamante para Lydia.  


Ela ficou irritada com seu erro e tentou tirar o véu, mas ele foi fixado em sua cabeça com grampos de cabelo e uma tiara.  


― Agora o conde certamente se apaixonará por você, milady. Bem, para que isso aconteça, devo dizer que milady precisa entender o gosto do conde. Pois, parece que ele gosta de situações como esta.  


Ela ficou pasma.  


― Oh, sim. E aquelas que ajudaram a vesti-la são mulheres do meu clã, então, por favor, descanse. Como vou demorar um pouco para voltar ao País de Gales, reuni todos os meus parentes que estão em Londres. Uma vez que existem tantas pedras preciosas raras por aqui, muitos dos meus parentes trabalham aqui, longe de casa.  


― Hum-hum... então... 


― Em relação ao diamante negro, meu clã e eu o remendamos por enquanto para que o poder de sua maldição não possa ser libertado. Ele precisa de algum tempo para retornar ao seu estado original, portanto, por enquanto, está apenas uma correção temporária. Por isso, milady, por favor, não trate isso com violência. Pois a proteção mágica de Bow tem seus limites.  


― Então, já vou indo. - disse o coblynau e levantou-se, mas Lydia apressou-se em detê-lo.  


― Espere, você está planejando em me deixar aqui? 


― O conde chegará em breve. Os incômodos devem desaparecer rapidamente para que não interrompa a conversa.  


― O quê? 


E, assim, ele desapareceu sem deixar vestígios.  


Edgar está vindo? O que devo fazer? 


A primeira coisa que ela pensou foi que precisava sair dali, mas não podia com seu traje atual. Não tinha como ela gostar do traje estrangeiro esvoaçante, que foi projetado para pudesse sentir diretamente qualquer brisa ou vento contra a sua pele nua. Entretanto, o que ela menos gostou foi em especial na região ao redor de seu umbigo, onde ficava uma fina camada de tecido, quase transparente para cobri-la.  


Mas não era como se houvesse muda de roupa em algum lugar, por isso, ela se esforçou para pensar em como poderia ir para casa. Só então, a porta da entrada principal se abriu lentamente.  


O quê? Ele já está aqui? 


Lydia não sabia o que fazer, mas rapidamente deixou a cortina fina fluir de volta para baixo, retornou correndo para se sentar no sofá e prendeu a respiração.  


Não era como se ela quisesse ser uma boneca, porém, no final, ela não teve escolha a não ser assumir o papel. No entanto, quem entrou na sala não era Edgar. Embora ela estivesse olhando através de uma fina cortina, a figura e as características faciais do homem obviamente não combinavam com as de Edgar.  


Mesmo que Lydia não conhecesse o homem, ela decidiu que era melhor não ser descoberta. Ele não iria acreditar em sua afirmação de ter sido trazida aqui por uma fada e não queria o rótulo de lunática que se esgueirou para fingir ser uma princesa de harém.  


Acima de tudo, seria problemático se ele contasse a Edgar que havia uma mulher com ciúmes de uma boneca. Ela desejou que ele se apressasse e fosse embora, o homem entrou silenciosamente na sala como se não quisesse ser descoberto e deu passos silenciosos em direção à Lydia.  


― Jean-Mary... 


O homem murmurou o nome da boneca.  


― Finalmente, conheci você... Por favor, não diga que eu estou atrasado. Não me esqueci de você nem por um dia.  


Ela não conseguia ver o rosto dele com clareza. Só podia imaginar que ele era um cavalheiro de meia-idade com bigode. Entretanto, parecia que este homem conhecia o modelo feminino da boneca.  


― Apaixonei-me por você no primeiro dia que coloquei os olhos em você. Embora estivéssemos noivos para nos casar por decisão de nossos pais, esperava ansiosamente pelo dia em que você chegaria como minha noiva. E, ainda assim, aquele homem, aquele homem que disse que se apaixonou por você estragou tudo.  


Lydia estava certa em pensar que Jean-Mary era alguém que realmente existia enquanto ouvia e prendia a respiração.  


Mas, quem é o homem de quem ele está falando? Edgar? E quando tudo isso aconteceu? 


― Foi tudo culpa daquele homem por usar o poder político de sua posição para roubar você de mim. Eu só queria que você percebesse meus sentimentos. Que somos as melhores metades do outro, separadas por Deus... Nosso casamento já estava decidido antes mesmo de nascermos. Você pode não estar ciente disso, mas era a parte mais importante. Se você tivesse se casado comigo, essa tragédia nunca teria ocorrido.  


O que ele quis dizer com tragédia? 


― Você está brava, Jean-Mary? Que eu havia desgraçado seu marido, o duque de Sylvanford?

 

O quê? Esse é o nome da família de Edgar... 


― Oh, eu sei. Você já deve ter percebido. Sobre o caso do duque ser acusado pelo roubo do diamante branco da família real... Quem o escondeu foi eu mesmo, já que era o subordinado que o acompanhava.  


O quê? O quê? 


― Esse diamante não pertence à Casa de Hanover. O Príncipe é a única pessoa digna para reivindicá-lo como seu... Oh, mas vamos parar com essa conversa. Sinceramente, estou começando a me perguntar se devo continuar servindo ao Príncipe, mesmo quando ele fez você de vítima.  


Espere um segundo!”, Lydia tentou organizar freneticamente as informações no seu cérebro. “Então, a Jean-Mary que se casou com o duque de Sylvainford era - em outras palavras - mãe de Edgar? 


E o verdadeiro culpado por trás do roubo do diamante branco, do qual a família do duque foi considerada responsável, era esta pessoa; o que significava que esse homem era o duque de Barkston de quem Edgar falava? 


Então, Edgar estava tentando colocar essa pessoa em uma armadilha, colocando o diamante negro Pesadelo na boneca parecida com sua mãe”. 


― Se o duque Sylvainford morresse, você voltaria para o meu lado. Isso é que eu honestamente acreditava. Não imaginei que você também fosse morrer quando me tornei cúmplice na armadilha da família do duque.  


Que estúpido de minha parte. A mulher que era especial para ele não era a sua amante”. 


 Lydia estava tomada por uma sensação de exaustão e irritação.  


Por que diabos estava tão preocupada? 


― Por favor, perdoe-me, Jean-Mary. Achei que, se fosse o seu desejo, ficaria feliz em lhe dar o diamante branco de presente... Não precisa ser o Príncipe, você deve ter o mesmo direito de reivindicar o diamante. Você e eu. Se nós dois conseguíssemos obter o lendário poder do diamante... 


Então, ele subitamente levantou a cortina e caminhou em direção à Lydia. Ela estava despreparada e ficou completamente congelada no sofá porque não havia para onde correr. 

 

 ― Quem é você? 


Até o homem percebeu que ela não era uma boneca. Esse homem era quem estava com Ulisses no Hyde Park.  


― Você, por que está aqui no lugar de Jean-Mary? - enquanto o homem falava seus olhos pararam no colar do diamante negro.  


― Esse diamante pertence a nós.  


O duque estendeu a mão para Lydia. Assim que ela tentou escapar, ele a agarrou pelo ombro e a empurrou para o sofá. A mão dele envolveu o pescoço dela.  


― Jean-Mary me chamou aqui depois que obteve isso. Para que nós dois nos tornássemos donos do diamante.  


Essa foi a trama de Edgar. Ele aproveitou da fraqueza no coração do duque Barkston e mostrou ao homem um doce sonho de sua amada mulher.  


Mesmo sabendo que era apenas uma boneca, o duque sentia à vontade e dava a voz de Jean-Mary neste harém repleto de bonecas. Neste lugar, que ele poderia se abandonar em seu sonho e continuamente tentava liberar seu Devaneio para ele conseguisse escondê-la do Príncipe. 


Ao mesmo tempo em que Lydia tentava resistir, ela sentiu o aperto em seu pescoço mais forte e isso estava deixando sua mente entorpecida. Edgar foi capaz de manipular as pessoas na maneira como falava. Ele se aproveitaria de sua fraqueza e as convidaria à autodestruição.  


Ele era uma pessoa que poderia fazer tal ato. É por essa razão que Lydia percebeu como se ela também fosse facilmente obrigada a fazer o que ele queria. Tudo o que ele diz faz parecer que tudo era calculado e planejado.  


E, naquele instante, Lydia sentiria um momento nada calculista e aquela falha de Edgar a capturaria. Era uma mentira quando ele disse que se quisesse que ela fosse levada, logo, o deixaria ficar com o diamante?  


Era um diamante no qual ele precisava colocar as mãos de qualquer maneira para proteger a honra de sua família. Ele estava constantemente executando o plano de colocar o duque Barkston em uma armadilha. Era muito mais importante do que gente como Lydia.  


Você deve estar louco, Edgar, para inventar uma mentira que poderia ser descoberta tão facilmente”. 


― Ajude... 


Mas, Lydia estava sempre se perguntando como uma idiota sobre se esse era seu comportamento rebelde não calculado.  


― Ajude-me, Edgar... 


Sim, sou tão estúpida! Estou sendo morta por causa da armadilha que ele armou... 


De repente, seu corpo foi solto, Lydia tentou desesperadamente respirar. Quando ela finalmente abriu os olhos, foi justamente no momento em que Edgar tinha o braço firmemente em volta do pescoço do duque e o puxou para longe.  


Pouco antes de o homem ficar inconsciente, ele o jogou para longe com força. O duque caiu no chão enquanto seu corpo rasgava a cortina. Edgar foi mais longe, bateu com pé nele e falou com uma voz assustadoramente fria.  


― Jean-Mary disse para você trazer o Devaneio para ela. Ela diz que não precisa de um cara fracassado como você. 


― ... Você é conde Ashenbert... Por que você está aqui? 


― Este é meu cômodo. Aquela boneca de cera e aquele diamante negro são meus também. 

O duque ficou surpreso.  


― Duque, por acaso também precisei daquele Devaneio. Como eu previa, você traiu o Príncipe. No entanto, não posso te usar se você falhou.  


Edgar o agarrou pela gola da camisa e o encarou.  


― Por causa disso, você não foi procurado por Ulisses? Seria uma questão de tempo até que ele encontre e te apague.  


― O Príncipe está de olho em você também, Conde Cavaleiro Azul... Ulisses estava rindo sobre como você está indo contra o Príncipe mesmo não tendo poderes, embora tenha herdado esse nome.  


― É uma pena que não poderei mostrar a minha vitória a alguém como você, que morrerá momentaneamente.  


Um sorriso frio e cruel foi mostrado por Edgar quando ele jogou o duque Barkston no chão e, então, ele se virou para Lydia. Ela enfim conseguiu recuperar o fôlego e se sentou no chão, tremendo.  


Seus olhos se encontraram com os de Edgar, e ela ficou muito envergonhada reagindo confusa. Mais do que alívio de ser salva, estava preocupada com a roupa inacreditável que vestia.  


― Não é o que você pensa. O coblynau me colocou nisso sem minha permissão. Ele disse que precisava me ajustar aos seus gostos, e não perder para uma patroa... De qualquer forma, não sei como isso aconteceu, foi só quando acordei, eu estava aqui! 


― A outra vez você era uma empregada, e desta vez, uma princesa árabe. É bom ficar tão agradavelmente surpreso.  


Não há nada de bom nisso”. 


― Se você fosse Sherezade, me pergunto se me contaria contos de fadas todas as noites. Se fosse eu, não levaria mil noites, mas apenas uma para ficar louco por você.  


Ele se ajoelhou e fixou nos olhos de Lydia. Ela ficou chocada com a forma como ele usaria qualquer oportunidade e diria coisas de flerte para ela.  


― Oh, mas estou feliz que você esteja segura. Fiquei preocupado achando que poderia ter perdido completamente sua confiança por causa do que aconteceu durante o dia, mas você gritou meu nome pedindo ajuda. Isso significa que posso pensar que você ainda não me odeia.  


― O-o que te chamei? 


― Sim, agora mesmo. Bem quando eu estava prestes a entrar aqui.  


Ele devia estar mentindo. Ela poderia estar pensando em Edgar. Ele sorriu ao ver Lydia ficar ainda mais vermelha. Lydia desviou os olhos dele e percebeu que o duque que deveria ter sofrido um colapso estava tentando se levantar. Ela viu que ele colocou a mão dentro do casaco para tirar uma pistola. 


― Edgar! 


Ao mesmo tempo que Lydia gritou, tiros foram disparados. No entanto, a pistola do duque caiu rolando no chão. Ao mesmo tempo, ele próprio foi empurrado para trás com uma força poderosa e caiu girando enquanto derrubava uma mesa de uma perna só.  


Quem pegou a pistola no chão foi um jovem de pele morena.  


― Raven, você não deve matá-lo ainda.  


― Sim. - ele respondeu ao mesmo tempo que agarrava a gravata do duque e o puxava para se levantar.  


― Duque, há algo que ainda quero lhe perguntar. 


Edgar acariciou os cabelos de Lydia como se fosse acalmá-la ao se virar para enfrentar o duque.  


― Colocar as mãos no Devaneio não foi a única razão pela qual o Príncipe colocou seu alvo na família do duque Sylvainford, foi? 


Duque Barkston riu com uma bufada enquanto seu rosto se contorcia de dor.  


― Você nem sabe de algo assim, e ainda pretende ir contra o Príncipe? 


― Se você sabe, então, farei com que fale.  


Edgar sacou uma pistola e pressionou contra a garganta do duque.  


― Estou fadado a ser morto por Ulisses de qualquer modo. É inútil me ameaçar. 


― Você acredita? Mesmo que o homem saiba que um dia vai morrer, não vai querer morrer imediatamente.  


Edgar, que calmamente colocou sua força no gatilho, encontrou os olhos do duque que demonstram que ver sua morte trágica. O gatilho de pistola se ergueu. Os olhos do duque se contorceram em pânico. Mas, ele permaneceu imóvel enquanto mordia os lábios.  


Ele deve ter pensado que Edgar realmente puxaria o gatilho, Lydia pensava o mesmo, e assim, prendeu a respiração enquanto observava os dois se encarando e Edgar puxando o gatilho sem alterar em nada a sua expressão. 


Lydia engoliu silenciosamente, mas nenhuma bala saiu. Edgar resmungou na frente do duque congelado.  


― Droga, esqueci de colocar as balas.  


Depois de dizer isso, ele tirou uma bala de ferro do bolso e carregou-a, e descuidadamente puxou o gatilho duas vezes para testá-la.  


Aquelas rodadas ainda eram vazias, mas o homem soltou um grito silencioso e encolheu as costas. Raven o empurrou impiedosamente.  


― Agora, duque, não é tempo de deixar sair o que sabe? 


― Espere um momento... A razão pela qual a família do duque acabar assim não foi minha culpa. Tudo aconteceu por causa do filho que nasceu naquela família.  


Ela seria capaz de dizer que Edgar respirou fundo.  


― O que esse filho fez? - questionou Edgar.  


― O Príncipe percebeu que o filho do duque e Jean-Mary era o mais próximo de seu herdeiro ideal. Muito mais ideal do que filho teria nascido se ela tivesse se casado comigo.  


― O que você quer dizer? 


― Jean-Mary carregava o sangue do Príncipe Bonnie Charlie.  


― Bonnie... O velho príncipe da família Stuart? 


― Eu também tenho o sangue da família Stuart correndo em minhas veias. Nosso casamento foi decidido de modo que o sangue real, que se desvanecia continuamente, se tornasse mais forte. É por isso que foi um esquema. Um esquema executado meticulosamente por causa do Príncipe.  


Lydia não tinha ideia do que ele queria dizer. Edgar ficou em silêncio como se estivesse pensando profundamente em algo, mas demonstrava estar sofrendo mais do que nunca.  


― Foi a responsabilidade do filho do duque Sylvainford perder tudo. Foi culpa dele ter roubado Jean-Mary de mim. Se aquele homem tivesse conseguido outra mulher para sua esposa, algo assim nunca teria acontecido. Era melhor para Jean-Mary não ter dado à luz a um filho. Seria melhor se aquele filho não nascesse.  


O duque continuou falando sem notar que aquele filho de quem falava estava bem diante de seus olhos.  


― Conde Ashenbert, se você quer aniquilar o Príncipe, você deve matar aquele filho. Esse pode ser o caminho mais rápido para seu objetivo.  


― Pare de dizer essas coisas estúpidas, o culpado é o Príncipe! Você acabou de ser rejeitado pela sua noiva! Uma criança não seria responsável por nada! 


Lydia não aguentou mais e o interrompeu. Como se quisesse dizer que está tudo bem, Edgar lançou um olhar para Lydia.    

 

― Duque, Jean-Mary tinha esquecido completamente de você que era seu noivo. Ao mesmo tempo em que ela duvidava de nada sobre o casamento com você que seus pais haviam concordado sem hesitar. Na verdade, ela estava mais animada com a ideia de ser chamada de Sua Graça. Ela era inocente, ingênua e satisfeita desde que fosse tratada como uma princesa. Ela era a típica filha de um nobre.  


O duque franziu a testa como se estivesse ofendido.  


― Não abra a boca como você soubesse.  


― O tempo em que ela se lembrava de você foi da época em que a família do duque Sylvainford era suspeita por causa do diamante. Na época em que você mandou uma carta reconfortante. Mas, pode ter sido a intuição de uma mulher, aparentava que ela notou seus motivos e intenções subjacentes.  


― O quê? Por que você sabe disso? 


― Acontece que eu ouvi quando ela estava pedindo o conselho de um amigo.  


O duque se levantou para encarar Edgar como se tivesse percebido algo.  


― Não, você não é... 


― Duque, eu não vou perdoar aqueles que oferecem sua ajuda ao Príncipe. Se for para aniquilá-lo, vou matar Ulisses, você e o filho da família do duque.  


Ela pensou que ele iria atirar e matar o duque.  


― Pare! 


Lydia não pensou no perigo e correu para ele. A pistola foi apontada para seu inimigo que destruiu sua família, mas se ele fosse atirar em seu inimigo, ela temia que Edgar apontasse a pistola para si mesmo.  


Foi quando ela pulou em seu braço para tentar impedi-lo. O prédio estremeceu com o som estrondoso de uma explosão.  


― O quê...? 


Ela foi capturada pelos braços de Edgar e, no segundo em que os dois se jogaram no chão, uma estátua de prata desabou no solo bem ao lado deles. O duque se aproveitou da oportunidade para escapar e Raven foi atrás dele. Do grande buraco que se abriu na parede, surgiu uma pequena fada de rosto feio e coberto de sujeira.  


― É um goblin. - comentou Lydia.  


[ ― Ele escapou.] 


[― É ele. ] 


[― Vá atrás dele. ] 


Eles saíram arrastando os pés do buraco e começaram a cavar outra parede para ir atrás do duque Barkston e todos desapareceram na sala ao lado.  


 Goblin? As fadas que Ulisses está usando? - perguntou Edgar enquanto ajudava Lydia a se levantar e olhava para o buraco na parede.  


― Aquele choque agora também foi obra dos goblins? 


― Edgar, você não deve chegar perto deles. Além da entrada do buraco é território dos goblins, não é do reino humano.  


― Você está certa, o espaço além desta parede deve se abrir em um corredor e, ainda assim, se mantém até se tornar uma caverna.  


― Suponho que estão perseguindo o duque por ordem de Ulisses. Ele deve ter descoberto que ele estava escondido nesta loja.  


― O que significa que há a possibilidade de que Ulisses venha para cá.  


Ele deu as costas para Lydia e ficou pensando em silêncio, parecia cansado do confronto que acabara de acontecer. Ele disse que se mataria se fosse preciso para destruir o Príncipe. 


Ulisses havia dito que recebera ordens de matar Edgar, mas entendeu que seria inútil agora, mesmo assim poderia haver uma chance de que pensasse que poderia capturar Edgar vivo, se fosse possível.  


Se o filho de Jean-Mary era a chave e como ela não estava mais viva, Edgar era o único que carregava seu sangue. Não havia erro de que Edgar estava considerando a própria morte como meio de vingança.  


― Edgar, por favor, não se culpe. Você não deve se sentir culpado.  


― Obrigado, Lydia. Estava preocupado de que você não se importasse mais comigo, por isso, estou feliz.  


Mesmo que ele respondeu isso, não se virou para ela. 


― Não é como se eu estivesse chocado com que o duque disse. Tive a leve sensação de que era a causa de tudo que ocorrera antes.  


― Você foi apenas o alvo. Você não é a causa.  


― O que meu pai me disse, em um momento de fúria, é que não deveria ter nascido. Ele tentou sacar uma arma de caça e minha mãe tentou me proteger. Não me lembro do que aconteceu depois disso. Quando acordei, meu pai e minha mãe estavam ambos no chão, e esvaiam sangue. E ocorreu um incêndio que tomou toda a casa.  


― Você não precisa se lembrar.  


Lydia colocou a mão nas costas dele como se estivesse se inclinando em sua direção. 


― Você acabou de ser arrastado para isso.  


― ... Posso te abraçar? 


Ela queria dizer que sim, mas estava um pouco assustada. Se ela permitisse, sentia que não seria capaz de se conter. Enquanto se encontrava indecisa, Edgar falou novamente.  


― Então, me abrace. 


De modo lento e cuidadoso, Lydia estendeu os braços ao redor dele. Enquanto ela o abraçava por trás, mal conseguia segurar seu casaco, ele poderia ter ficado um pouco insatisfeito. Ele pousou a mão sobre a dela e disse: 


― Obrigado.  


Isso deixou Lydia aliviada e pressionou a cabeça contra as costas dele levemente.  


― Lydia, você está com febre? 


― O que realmente? 


Não que ela tivesse pensado nisso, ela percebeu que estava com febre alta. Ela tinha ido para seu quarto para descansar cedo e quando acordou, estava aqui, logo havia se esquecido inteiramente de sua condição porque estava sobrecarregada. Quando se deu por si, começou a se sentir tonta. Edgar se virou, pressionou a palma da mão em sua testa e franziu a sua testa.


  



― Vamos para casa. Eu te levo.  


Ele tirou o casaco e o usou para cobrir os ombros de Lydia.  


― Acho que vai ser difícil. 

 

― O que você quer dizer? 


Ele inclinou a cabeça para o lado com curiosidade enquanto abria a porta de entrada principal, mas o caminho estava bloqueado com pedras abertas e expostas.  


― Eu não disse que os goblins cavaram buracos e abriram caminho? Este é o caminho deles e o reino das fadas e dos goblins se confundem. 


Ele parecia confuso enquanto colocava a mão na parede e penteava os cabelos com os dedos. 


― O que podemos fazer para sair? 


― Teremos que esperar até que os goblins apareçam novamente. Apenas as fadas podem ver o caminho das fadas. Eles têm certeza de conhecer seus caminhos, então, farei uma barganha de alguma forma.  


― Somos apenas nós dois aqui, então. 


Lydia ouviu “os dois” e recuou alguns passos com cautela.  


― Eu não vou fazer nada. Mas, mesmo se eu fosse o único que disse isso, você não poderia acreditar em mim, mas direi isso apenas para deixar claro. Pode ficar tranquila, então, vá em frente e descanse no sofá.  


Ao dizer isso, Edgar deu uma olhada ao redor da sala e começou a procurar algo dentro dos armários.  


― Nunca imaginei que ficaria preso no meio de Londres. E, parece que não há nada decente para comer nesta sala.  


Era uma casa de boneca, então não havia o que se esperar. Lydia fez o que ele sugeriu, sentindo um arrepio frio e puxou a frente do casaco que ela pegou emprestado para mais perto.  


― Está com frio? Esse casaco é muito fino. Pensando bem, deveria é estar muito grato.  


Ela correu para esconder a área do estômago com o casaco.  


― Se eu soubesse que você iria usar isso, deveria fazer mais pedidos no design 


― Apesar disso, por que você fez uma boneca que se parecesse exatamente como a sua mãe para usar algo assim? 


Se ela pensou sobre isso, era algo que aparentava ser bastante estranho.  


― Se eu não fizesse uma roupa ultrajante, a boneca se pareceria ainda mais com a minha mãe, aí sim, seria perturbador.  


Acho que essa seria uma reação normal. Ele pegou uma série de bebidas alcoólicas em garrafas que foram colocadas na sala como acessórios de interior e algumas frutas que também eram usadas como decoração, e caminhou até Lydia, que estava sentada no sofá.  

Ele se sentou no tapete e abriu a garrafa de conhaque e derramou em um copo.  


― Você vai se esquentar um pouco.  


― Obrigada.  


Mesmo enquanto pegava o copo, ela evitou tocar os dedos dele. Edgar mostrou um pequeno sorriso amargo.  


― Você me abraçou, mas não se permite me tocar, não é? 


― Isso é porque... 


― Por que eu beijei você sem sua permissão? 


Lydia sentiu que sua temperatura corporal elevou dramaticamente e, em seguida, ela se recompôs.  


― Se o duque Barkston for capturado pelos goblins, ele pode ser morto por Ulisses. E você ainda nem tirou dele todas as informações que queríamos.  


Ela mudou de assunto propositalmente porque queria evitar o tópico sobre o beijo que ocorreu entre os dois.  


― Fui capaz de entender a essência de tudo. E a razão pela qual aquele homem se chama Príncipe.  


Só de ouvir essa história, Lydia não foi capaz de entender tudo. Mas, quando ela imaginou que Edgar não tinha nenhuma intenção de revelar as informações sobre o que ele tinha descoberto a respeito do Príncipe, ela não foi capaz de perguntar a ele.  


― Você não quer ouvir nada que tenha a ver comigo? 


― Está tudo bem para alguém como eu descobrir?

 

― Aprendi que nada de bom quando eu mantenho as coisas em segredo da minha noiva.  


Por que deveria acabar assim?”, pensou Lydia ao mesmo tempo em que olhava para o que estava vestindo.  


― Eu disse que não sou sua noiva.  


Ela se opôs apenas por segurança. Edgar não deixou que isso o incomodasse e continuou.  


― Em 1688, James II foi exilado da Inglaterra e fugiu para a França. Você sabia que depois disso seus descendentes tentaram seriamente que dois contadores reivindicassem sua sucessão ao trono e procuraram invadir a Inglaterra? 


― Sim.  


Ao responder, Lydia estava se lembrando de como ouviu o nome do rei outro dia. Seu pai contou a relação dos dois diamantes que eram a raiz do problema. Eles eram os diamantes da família real, mas ela foi informada de como foram perdidos durante a revolução e o exílio de Jaime II.  


― Bonnie Prince Charlie era o neto de Jaime II e liderou uma invasão à Inglaterra para recuperar o trono, porém, perdeu.  


Ela se lembrou de ouvir que Jean-Mary carregava o sangue daquele homem.  


― Provavelmente, o Príncipe e seus descendentes também... De qualquer maneira, acredito que ele pode ser intimamente relacionado à Jean-Mary pelo sangue. Ele estava atrás do diamante da Família Real, não porque fosse uma joia lendária, mas era mais como seu dono, e o herdeiro de Bonnie Charlie, tentava reivindicar como o Príncipe de Gales.  


― Príncipe de Gales... 


― Os herdeiros homens da família Stuart deveriam ter morrido, mesmo assim se você cair na linha feminina, você descobrirá que ela estaria conectada a uma série de famílias reais e nobres na Europa. Ouvi dizer que existem grupos que afirmam que esses são os legítimos Reis da Inglaterra e da Escócia. Entretanto, o Príncipe afirma que ele mesmo é o Príncipe, logo, ele deve estar em uma organização diferente daquela.  


― Você acredita que ele está planejando voltar para a Inglaterra? 


― Mesmo que esteja, não acho que seria da mesma forma que o velho Bonnie Prince. Se o duque Barkston e Jean-Mary tivessem se casado, as duas famílias reais se misturariam novamente. Esse homem disse que isso foi tramado por causa do Príncipe. Indo contra o plano deles, Jean-Mary casou-se com o duque Sylvainford, mas a trama não parou por aí.  


― Então, sua família possuía o sangue real.  


― Isso mesmo. E vários deles. Provavelmente, essa era a parte ideal para o Príncipe. Porque o filho de Jean-Mary e do duque, provavelmente, nasceria com um sangue muito mais forte da família real.  


― Essa foi a razão pela qual você foi alvo? Mas, qual era a intenção deles em sequestrar você? 


― Creio que era para me tornar o próximo Príncipe.  


Ela achou estranho o termo “me tornar”. 


― Ele não fez do próprio filho seu herdeiro? Mesmo que ele não tivesse um filho, ele não achava que seria mais difícil em transformá-lo em seu herdeiro, depois que te sequestrou? E o fez odiá-lo ainda mais.  


― Estive pensando que ele não planejava me tornar seu herdeiro sob o significado normal. Eles tinham a forte crença de que eram capazes de controlar a vontade dos outros como quisessem. Se permanecesse nessa organização por muito tempo, acredito que eles previam que eu perderia a cabeça e seriam capazes de moldar em uma nova pessoa, que tivesse a mesma maneira de pensar e sentir que o Príncipe.  


Lydia ficou surpresa. “O que Edgar testemunhou naquele lugar? Ele deve ter passado por experiências cem vezes mais torturantes na organização do Príncipe do que a tragédia que ocorreu na casa do seu pai”.  


Mas, mesmo que ela pensasse isso, ela não seria capaz de imaginar o que era. “Mesmo que alguém como eu o segurasse, na verdade, isso não seria um consolo para Edgar? 


― Essa organização era, originalmente, como você diria, direcionada a se dedicar a práticas mágicas e feitiços. Mesmo se algum herdeiro do rei exilado viesse reivindicando seu direito ao trono, agora, seria impossível obter a sua sucessão. E, no entanto, o Príncipe tem reunido o sangue da família real mais uma vez e está tentando torná-los em seus fantoches. Seus métodos são tão estranhos como se ele estivesse se forçando que se transforme em realidade.  


Estava fora dos limites de sua imaginação. Lydia foi ficando cada vez mais confusa. Era uma história muito bizarra e tentar entendê-la fez com sua cabeça ardesse em febre.  


Ela engoliu a boca cheia de álcool e olho fixamente para Edgar. Ele segurou uma pera e magistralmente descascou-a com uma faca.  


― Há uma coisa que me preocupa e é sobre Ulisses. Nunca o encontrei diretamente enquanto estava nas mãos do Príncipe, mas, pela conversa das pessoas ao meu redor, tive a impressão de que ele era um veterano. Como se ele tivesse estado na organização por dezenas de anos... Se ele realmente tem quarenta anos, então, é uma história diferente.  


De forma geral, devia ser estranho para Ulisses, que aparentava ser um adolescente, com pequeno toque com cara de bebê, e poderia estar na casa dos vinte, estar em uma posição de alto poder naquela organização há oito anos, época em que Edgar fora sequestrado.  


― Se o atual Ulisses fosse o segundo sucessor? Então, faria sentido.  


― O que, o segundo? O filho do primeiro Ulisses? 


― Ele poderia ser ou eles poderiam ter remodelado a personalidade de menino que tinha o poder de um fairy doctor. Se fosse assim, descobriria que ele era uma vítima assim como eu. 


Um menino cuja a personalidade foi destruída e se tornou o segundo Ulisses? Por ter a habilidade de contatar fadas, ele poderia ter se tornado uma vítima? Isso não fazia sentido. Mas, Edgar pode ter pensado que ele próprio poderia ter se transformado em o Príncipe desse modo. E ele estava lutando contra um inimigo que fazia coisas inimagináveis como essa.  


Ele estendeu uma fatia de pera que espetou com a faca para Lydia. Ela puxou-a e deu uma mordida e sua doçura suave que fez com as sensações desagradáveis do álcool que forçou em sua garganta desaparecessem. 


― Lydia, você disse no passado que não queria ter um casamento sem amor.  


Com o assunto repentino, Lydia ficou um pouco nervosa novamente. Porém, parecia que ele não tinha nenhuma intenção de tornar isso um assunto sexual.  


― Acredito que você esteja certa sobre isso. Para os nobres, o casamento é normalmente visto como uma maneira de unir duas famílias e desde produzam filhos, de modo geral, o marido e a esposa estão livres para fazer o que quiserem com seus amantes. Mesmo que meu pai tivesse se apaixonado por minha mãe e a roubado do duque, ele só queria possuir algo que desejasse. E, muito provavelmente, os dois eram o típico casal nobre. Porém, se meu pai e minha mãe tivessem fortes laços emocionais um com o outro, e se o casamento deles trouxesse uma tragédia inesperada, mesmo que seu filho estivesse carregando um destino agourento, me pergunto se eles não teriam caído no desespero.  


Ainda sentado no chão, Edgar estava encostado no sofá onde Lydia estava deitada e mantinha a cabeça volta para baixo.  


― O homem que se casar com você será feliz.  


― ... 


― Ele seria muito amado e toda a família viveria feliz. Essa felicidade não pode se tornar minha? 


Não sei”. Na verdade, Lydia ficou intrigada em saber se Edgar gostaria de algo tão simples e normal como isso. Ela se perguntou se ele tinha alguma esperança em seu futuro além do seu foco na vingança contra o Príncipe. 


Tinha um pressentimento de que ele possuía uma parte perigosa, por ter considerado em acabar com a própria vida a fim de terminar com tudo. E ela tinha a sensação de que a razão pela qual ele se intrometer tanto com ela era porque queria um breve sonho acerca de um futuro que estava fora do seu alcance.  


Mas, mesmo que ele estivesse vislumbrando um sonho momentâneo, se fosse o seu sonho, logo, ele estava almejando algo que qualquer pessoa desejaria do fundo do seu coração.  


― Oh, eu realmente quero me casar com você.  


No curto momento em que ela baixou a guarda, uma mecha do seu cabelo estava enrolada em seus dedos.  


Devido ao embotamento da temperatura do seu corpo e os espíritos se espalhando por ele, Lydia permaneceu imóvel enquanto observava seu cabelo fluir pelos vãos de seus longos dedos.  


― Havia uma jovem que morreu protegendo o diamante negro na América. Slade me disse que há algo em mim que controla o coração dos outros, assim como Jimmy partiu sozinho. Como ele diz, eu na América era um governante e o governar. Eu estava sentindo que todos queria que eu fosse assim. Porém, você conhece meu lado que não presta e só fala dessa parte sobre mim. Desde o início viu que era um cara feito de contradições. E, ainda assim, você simpatizou comigo e me deu a sua mão. Assim, quero que você esteja em pé de igualdade. Não a quero apenas para me enfatizar. Se você ficar ao meu lado e me repreender, sinto que não vou acabar com o Príncipe.  


É que você não consegue evitar flertar sempre que abre a boca? Ou é outra coisa? 


― Entretanto, para você, sou um homem cheio de falhas, logo, senti que você me odiaria, então, escolhi ser pretensioso... É por isso que estava me escondendo sobre a situação com o duque Barkston, colocando-o em uma armadilha.  


Ou se eu realmente aceitar casar com você, eu seria capaz de salvá-lo? 

 

***** 

 

O som dos goblins cavando buraco fazia uma vibração tão estrondosa e tremenda por todo o solo. A crina sensível de Kelpie era capaz de sentir qualquer pequena vibração que chegava à água através do solo.  


― O que diabos eles estão fazendo, aquelas pequenas pestes? 


Ele se perguntou se não estava planejando vários túneis e caminhos no subsolo em Londres. O buraco que estavam cavando foi isolado do reino humano e mais perto do reino das fadas, mas se eles continuassem a cavar sem serem cuidadosos, isso afetaria o solo dos humanos. 

 

Kelpie se perguntou se esse era o objetivo real, enquanto olhava para o diamante branco que cintilou ao mesmo que flutuava no fundo da água.  


― O que devo fazer com isso? 


O diamante que o mestre dos goblins procurava também era algo que o Conde Cavaleiro Azul queria. No entanto, aquele conde chutou a barganha que Kelpie ofereceu a ele.  


― Aquele homem... Lydia é mais importante para ele do que isso? 


Isso foi algo inesperado. Porque, ele era um conde que carregava rumores intermináveis de mulheres. Estava imaginando que o conde só queria manter Lydia ao seu lado como alguém para incluir em seu grupo de seguidores.  


Deveria ter sido um noivado temporário em que beneficiou a ele e à Lydia, que desejava permanecer no mundo humano.  


O diamante semelhante a um vidro transparente cortado em forma de gota era tão transparente que aparentava que poderia se dissolver na água enquanto mantinha sua luz de silhueta fraca. Até a diabólica fada Kelpie sentiu como se houvesse uma magia que vazou da joia e quase sentiu uma tortura semelhante a um desmaio.  


Enquanto ele olhava para a joia, sentiu como se alguém o tivesse chamado e, então, ele ergueu a cabeça. Ele tinha a sensação de que era a voz de Lydia. Ele subiu à superfície da água e se transformou em sua forma humana para caminhar até a margem e ouvir com atenção.  


Era a voz de Lydia, exatamente como ele pensava e quando caminhou até o grupo de árvores, avistou alguém parado atrás da sombra de uma árvore. O cabelo castanho-avermelhado da mulher esvoaçava com o vento.  


― Lydia, qual é o problema? 


― Kelpie 


Quando ele a encontrou, Lydia veio correndo até ele e de repente o abraçou.  


― O que é? Você foi intimidada por aquele conde? 


Kelpie sentiu que ela estava tremendo e cuidadosamente a envolveu em seus braços. Ele não estava acostumado a lidar com humanos, além de suas refeições, por isso tinha um cuidado especial com Lydia.  


― Não aguento mais. Quero voltar para casa, na Escócia.  


No entanto, um sentimento terno de cuidado surgiu no centro do corpo de Kelpie que ele nunca experimentou antes. A satisfação que ele sentia quando comeu humanos durava apenas um curto espaço de tempo, mas o aconchego agradável que sentiu quando estava com Lydia não desaparecia, não importa o quanto tempo passasse.  


― Tudo bem, então, vamos para casa. 


― Mas, Edgar não anula nosso noivado. Ele está tentando me forçar a me tornar sua noiva. 

 

― Ele é horrível. - disse Kelpie, esquecendo-se completamente do fato de que também havia forçado a Lydia a se tornar sua noiva.  


― Eu realmente não sou capaz de confiar em Edgar. Percebi que as fadas me entendem muito mais do que os humanos.  


Seus cabelos com cheiro de camomila se aproximaram de seu rosto. Ele sentiu o sangue de fada em seus olhos verde-dourados. Um humano que compartilhava a magia de uma fada, é por isso que ela é uma fairy doctor

 

Podia haver um pouco de magia nos olhos de Lydia. Ele, inesperadamente, sentiu um arrepio emocionado percorrer seu corpo.  


― Lydia, se você está me dizendo isso, irei conversar com o conde. Se ele não concordar em cancelar o noivado, vou arrancar sua cabeça... não, quero dizer, ... vou protegê-la para que ele não chegue perto, para que você possa relaxar.  


― Mesmo? 


Não parecia ruim ser confiável. Quando ele se recordou de como ela era adorável mais do que costume, não prestou atenção ao fato de que ela estava inclinada para perto dele, o que era incomum para alguém como Lydia.  


― Ei, você ainda está com aquele diamante com você? 


― Ah, sim. Você quer? 


Ela fez um pequeno aceno de cabeça.  


― Estava pensando em jogá-lo fora.  


Ele colocou o colar em volta de sua cabeça. Ele achou que realmente não combinava com ela, porém quando viu como Lydia sorriu tão feliz como nunca antes, se sentiu completamente satisfeito.  


No entanto, só então o cenário ao redor mudou. O corpo de Lydia derreteu.  


― O quê...? 


Por um instante, tudo à sua volta ficou completamente branco, como se seus olhos estivessem sendo queimados por uma luz que era insuportavelmente brilhante. No momento em que sua visão voltou de forma gradual, veio a sua visão do parque, havia um garoto parado ao lado de uma árvore, que estava um pouco mais ao longe. Era ele. O mestre dos goblins.   


― Rapaz, o que você fez? 


Ele sorriu e ergueu o colar do diamante.  


― Vou informá-lo qual é o nome deste diamante. Chama-se Devaneio. Todas as gemas e fadas têm seus nomes revelando seu caráter. Acabei de trazer à tona o poder que esta pedra tem.  


― Então, você mostrou uma ilusão.  


― É uma visão que você teve por conta própria. Seu sonho? Ou seu desejo? Eu me perguntei por que um kelpie, um cavalo aquático, estava em Londres, porém, agora compreendo, você está atrás daquela fairy doctor 

]

Kelpie lançou um olhar ameaçador para o rapaz, que era muito mais esguio do que o conde e era capaz de parti-lo em dois com as próprias mãos. Se ele fosse apenas um humano comum, Kelpie pularia e daria uma mordida nele, entretanto, ele era um homem que sabia como usar a magia das fadas. Kelpie não poderia agir de forma imprudente.  


― Jovem, ouvi dizer que você é contra aquele Conde Cavaleiro Azul. 


Assim que o rapaz ouviu aquele nome, seu rosto se contorceu em uma expressão cruel e de sangue frio.  


― Ah, sim, já que é meu dever matar o conde.  


― Hmm... Então, você vai matá-lo. Como? 


― Vou torturá-lo lentamente e acabar com ele.  

Ele não tinha razão para se opor. No entanto, Kelpie estava preocupado com Lydia, que permanecia perto do conde.  


Além disso, esse garoto era muito mais desprezível do que aquele conde arrogante. E Kelpie sentiu isso porque ele podia ver que esse humano tinha o poder de se comunicar com as fadas e as considerava para usá-las como bem quisesse.  


Nota da tradutora 


Eu simplesmente amo esse capítulo! Ele é intenso, cheio de informações, sobretudo sobre o passado do Edgar. É terno, tem uma pegada maliciosa e relativamente sensual (sentiu a tensão sexual do casal principal ou foi só eu?).  

Aqui começamos a entender quem é o Príncipe e como ocorreu o sequestro de Edgar. E vamos falar a verdade,  Mizue Tani nos deixa na ponta da cadeira, sobretudo na parte do empate entre o duque e Edgar.  

E a tensão aumenta no próximo capítulo. Te espero, então! 

Beijos e até lá!