sábado, 4 de maio de 2019

A flecha da arqueira libertada - Capítulo 5 - Volume III - Hakushaku to Yousei Light Novel


Nota de apresentação: Finalmente!!! Chegamos ao capítulo 5 do livro 3! Bora que é melhor do que anime! Vai por mim!! 

No fundo do grande lago do parque, o cavalo negro aquático despertou. Ainda era a hora em que a névoa matutina estava baixa. Quase não havia a presença das pessoas no parque. Ele subiu à superfície ainda em forma de cavalo-d'água e, como estivesse penteando sua juba graciosa, fez ondulações suaves enquanto nadava gentilmente.  

As aves aquáticas quando perceberam sua presença voaram para o céu, todas de uma vez.  

― Estou com fome. -  murmurou 

Não queria comer os esquilos que brigavam entre os arbustos por ali. No entanto, os grandes animais em Londres eram os humanos e os cavalos. Perguntou-se se não haveria problema em comer um cavalo, mas, na maioria dos casos, um humano estaria o montando, logo, seria difícil atacar um.  

 Acho que poderia pegar um porco na baía... 

Quando ele subiu para a terra, ouviu a voz de alguém conversando. Kelpie ficou surpreso com a caminhada matinal do humano no parque enquanto escondia sua presença entre as árvores e a grama. Os humanos, que não podiam vê-lo, caminhavam em sua direção sem qualquer cautela e o pararam no caminho onde as pequenas vielas se encontravam.  

Era a oportunidade perfeita para uma caçada, mas desde que escolheu não comer, decidiu se apressar e deixar aquela área. O que o fez parar foi porque estava familiarizado com uma das figuras. Era aquele pintor que o atrapalhou quando quis dar o anel da Lua à Lydia. Na mão direita, o anel ainda estava preso a um dos dedos.  

 Matar? O conde? 

Ele ouviu o pintor dizer isso. “Os humanos nunca mudamHunf!” Mas, para Kelpie, que pensava assim, um ser humano ser morto por outro não significava nada para ele, porém se o conde de quem falavam era o mesmo que aquele maldito jovem humano, não tinha como não ficar curioso. O outro homem fechou o punho, apenas deixando o indicador levantado como estivesse apontando.  

 O que você está dizendo? Esse homem é o Conde Cavaleiro Azul. Não é ele quem é o chefe de nossa organização “Scarlet Moon”? Não era o propósito de entrar na casa do Conde para revelar nossa associação e ele nos aceitar? 

 Aquele homem é impostor. Ele não é o Conde Cavaleiro Azul que esperávamos.  

― Mas, ele tinha a espada preciosa. Eu me certifiquei, verifiquei e era real. A pintura de trezentos anos, que nossa associação tem examinado cuidadosamente, da imagem da espada do Conde Cavaleiro Azul é a única prova que temos. Não há erro, sua espada é exatamente igual à pintura.  

  Eu sei. No momento presente, os únicos que podem confirmar se é a verdadeira espada do Conde Cavaleiro Azul são a Família Real, o Colégio das Armas e nós. É por isso que, quando ouvi o seu relatório, o Senhor tomou sua decisão. Esse homem é impostor e é imperdoável que tenha roubado a espada também.  

 Como você pode ter certeza de que ele é realmente um impostor? Ninguém viu o descendente do Conde Cavaleiro Azul, que esteve ausente por trezentos anos? 

 Mas, Paul, você viu aquele jovem asiático que trabalha na casa do Conde. Aquele rapaz foi treinado como assassino para ser o escravo do Príncipe. Foi nos contado sobre isso, no entanto, a sua memória está confusa, ele se lembra daquele rosto. Não foi só ele, um número de nossos homens que resgatamos depois que escaparam da organização do Príncipe alegou que sabiam do asiático.  

 Príncipe...? 

 Sim, para ter certeza, Mike se disfarçou de instrutor de dança. Ele saiu dos limites e agora está neste estado. Porém, agora temos certeza de que ele não é um empregado comum. Eu ouvi que o escravo que era mantido particularmente pelo Príncipe era um belo rapaz loiro e, contudo, você pode vê-los, os dois cães do Príncipe que foram enviados da América ordenados para roubar a espada do Conde Cavaleiro Azul.  

Kelpie não entendeu muito bem, mas enquanto escutava a história deles, conseguiu a parte em que Edgar não era relacionado ao sangue do Conde Cavaleiro Azul. Inclinou a cabeça em confusão porque isso significava que ele era um impostor. Ele acreditou que desde que o homem que tivesse a espada tivesse a magia das fadas seria o suficiente para dizer que era o legítimo. Além disso, existem dois tipos de seres humanos, aqueles que podiam interagir com as fadas e aqueles que não podiam 

Mesmo assim, o pintor ficou surpreso com outra coisa além do fato de que o Conde era um impostor.  

 O quê? O Conde está trabalhando a mando do Príncipe? Por que você não me disse antes? 

 Você não consegue esconder seus pensamentos em suas expressões. Você foi capaz de passar com sucesso em sua missão sem que suspeitassem de você, acreditando que você o aceitava como o real Conde Cavaleiro Azul, não é? Graças à sua falta de malícia em relação ao Conde, previmos que seria capaz de obter sua confiança e enviar a carta de ameaça para deixá-los confusos.  

 Você disse aquele homem chamado Príncipe, líder da organização, que mandou matar meu pai... 

 É por isso que precisávamos de você para fazer o trabalho como membro da Scarlet Moon. 

 Você está me dizendo que tenho que matar alguém? 

 Ele é o capanga do demônio. Não pense nele como humano. Você já sabe muito sobre o homem chamado Príncipe, que usará qualquer meio para conseguir o que quer. Não sei se ele quer se tornar o rei da sociedade mais subversiva ou está atrás de algo mais inimaginável. Mas, devemos parar com isso por todos os meios.  

O homem continuou com sua convicção acalorada.  

 Escute, Paul, quando isso terminar, teremos que viver no exterior até que as coisas se acalmem. Você não disse que queria se instruir na Itália? Temos um dinheiro separado para isso.  

O pintor parecia completamente confuso e assentiu de maneira indiferente.  

 Você tem adorado esse impostor como conde. Aquele homem deve ter tomado algumas medidas de precaução quando você disse que queria ver a espada. Entretanto, ele deve ter percebido que não havia nada de suspeito em suas ações.  

 Mas, se eles investigarem sobre as minhas origens e encontrarem algo questionável... 

 Eles nunca suspeitariam de nada. Usamos todo o poder da organização para apagar seu passado e transformá-lo em filho do senhor Foreman. Por mais que eles investigarem sobre você, não há nada para ligá-lo ao seu pai que foi morto pelo Príncipe. A menos que ele conhecesse você do passado.  

Aquele homem deu um tapa certeiro no ombro de Paul como fosse endireitá-lo.  

 O Príncipe matou cada um dos que ficaram em seu caminho. Não tem como seu jovem capanga saber algo sobre O’Neill, que foi um daqueles homens mortos há oito anos.  

 Mas... 

 Ainda há alguma coisa? 

 Acredito que posso ter irritado o conde. Não tive chance de falar com ele desde então, logo, não sei como ele se sente sobre isso. Mas, sim, geralmente, é um homem de coração aberto e indulgente. No entanto, não pude ajudar desde que o conde assediou uma garota de classe diferente.  

― Paul... Aquele homem já é um famoso mulherengo em Londres. A razão pela qual ele ser bastante aberto sobre as coisas é porque só tem interesse em mulheres. O que você está pensando em tentar roubar sua mulher?! Não faz muito tempo desde que foi proibido, mas ele é do tipo de pessoa que faz duelos por causa de mulheres.  

 Não, hum, não era como estivesse tentando roubar... Eu nunca poderia ser capaz de participar de um duelo.  

 Você é um idiota! Por que um nobre teria um duelo com um plebeu? Ele simplesmente atiraria em você no local.  

O homem aparentemente ficou chocado com o pintor que comentou que ele não seria morto naquele momento e deixou a cabeça cair entre as mãos. No entanto, ele deve ter pensado em algo quando levantou a cabeça.  

 Eu sei, se não prosseguirmos com isso, então, seria mais difícil ele te considerar um espião. Sim, então, vá em frente e peça desculpas para que vocês estejam bem. Ele vai abaixar a guarda com você. Mire quando estiverem sozinhos.  

O homem apanhou uma pequena caixa de comprimidos dentro de seu casaco. E colocou-a na mão do pintor, ainda hesitante, e se afastou. O pintor, que foi deixado sozinho, olhou para aquele objeto na mão por um tempo. Então, ele finalmente moveu seu braço letárgico para colocá-la no seu bolso, entretanto, talvez estivesse tremendo, ele soltou o recipiente de remédios.  

 Ah! 

Ele engasgou quando seus olhos se arrastaram em direção do lago. De repente, o pintor se virou e tentou fugir daquele local. Ele ensaiou para jogar fora o frasco de comprimidos, e assim agarrado aquela essa sorte e fugir do seu dever.  

Ei, você não ia matar o conde? E as coisas finalmente começam a ficar interessantes”, pensou Kelpie, enquanto pegava o porta-comprimidos na água e aparecia na frente do pintor. 

 Você largou isso.  

Ele o encarou com os olhos aterrorizados, talvez porque um cavalo-aquático tivesse aparecido em sua frente ou por ter aparecido com a caixa de remédios e enfrentasse seu dever mais uma vez. 

 Faça o certo.  

Uma vez que Kelpie o mirou com os olhos cheios de magia, o ódio por Edgar como o assassino de seu pai borbulhou dentro do pintor. O pintor timidamente retirou a frasqueira das mãos de Kelpie e se afastou com arrastando os pés, mas segurou com força o porta-comprimidos para nunca mais soltá-lo. 

Agora”, pensou Kelpie, “ter o pintor como matador do conde é uma boa coisa”, mas estava preocupado com o efeito sobre Lydia que estava perto dos dois. Seria um problema se Lydia estivesse envolvida nisso por algum engano. Conhecendo-a, e se houvesse algum tumulto entre o conde e o pintor, tinha certeza que ela ficaria sozinha.  

 Tsc! Essa não é hora de procurar algo para comer. Oh, inferno, os humanos não passam de um punhado de coisas. - resmungou Kelpie, deixando de lado o seu próprio ato em encorajar o pintor.  

***** 

Com o relatório de investigação do pintor chamado O’Neill em mãos, Edgar fechou as pálpebras firmemente. De manhã cedo, este relatório de investigação foi entregue pelo detetive que foi contratado por ele. De acordo com o documento, existe um pintor Patrick O’Neill, que se especializou em pintar em casas senhoriais nobres com todo um cenário. As pinturas que ele produziu foram naturalmente criadas nas mansões daqueles que o contrataram e, portanto, não havia como elas serem vendidas ao público.  

Por causa da temporada, muitos nobres, residentes no interior, vinham para Londres, e o conheciam. Ele teve um filho. O nome do filho era de fato Paul e sua idade combinava. Só depois da morte de O’Neill, ele se tornou um completo desconhecido, inclusive o seu paradeiro e o que fazia.  

Era um caso comum, quando ninguém conhecia a localização de um rapaz entre dezesseis e dezessete anos, que por sua própria vez tropeçava em uma grande cidade. A morte de O’Neill foi causada por envenenamento por gás em sua residência em BathSomers, onde ele morava na época. Foi declarado acidente, mas seu filho, que havia sobrevivido, aparentemente alegava que era um assassinato.  

 Assassinato...?    

Pelo menos, depois da morte de seu pai, Paul viveu como filho de Foreman, um pintor diferente. Esse tipo de disfarce foi bastante inteligente. Era difícil de pensar que Paul o raciocinasse sozinho, o que torna fácil acreditar que havia o trabalho de algum tipo de organização nos bastidores. Poderia ser a “Scarlet Moon”?  

O’Neill retratou a família da casa de Edgar. Sua família e o próprio Edgar. Seu retrato foi destruído junto com a casa em fogo, mas talvez ele tenha retido um ou dois esboços ou pedaço de treino em algum lugar.  

Seria problemático se o Príncipe tivesse alguém que visse Edgar e reconhecesse a família do Duque. Ou talvez, enquanto O’Neill esteve na casa da família do Duque, poderia ter descoberto algo que atrapalhou o Príncipe, e fez com que ele fosse rastreado e morto.  E isso quer dizer que a “Scarlet Moon” secretamente escondeu Paul que sobreviveu... 

Não poderia dizer que Paul ainda era o mesmo do passado. No entanto, Edgar colocou o relatório entre seus livros como se quisesse escondê-lo, porque nesse momento, Raven entrou em seu escritório.  

 Raven, você acredita que me pareça com o Príncipe? - perguntou Edgar, enquanto observava seu servo lhe servir chá.  

 O que você está dizendo, lord? 

― Não sobre a minha aparência. Ele tentou me moldar em alguém como ele mesmo. A educação pela qual fui forçado, o conhecimento, a doutrina e minha escolha de gestos e palavras, até mesmo como pensava e sentia era corrigido. Sinto-me como sou agora é semelhante ao Príncipe do que era como no passado... Sei como dominar e controlar as pessoas. Posso me tornar tão implacável quanto preciso. Meu coração não doía. Antes que percebesse, tornei-me em um hipócrita, sem vergonha e inescrupuloso e posso tolerar isso se tudo não for do meu jeito. Quero despedaçar qualquer um que mexer comigo. Além disso, sou um namorador.  

 Não, você não é ele. Aquele homem só desejava mulheres e não tinha nenhum dom em namorá-las. - respondeu Raven com uma expressão séria.  

 Então, você poderia me corrigir nessa parte. Obrigado. 

Enquanto raciocinava, Raven abriu a boca para falar.  

 Você não é nada como ele. Se fosse, por que haveria outros tantos que confiaram em você e vieram para lutar? 

Ele se sentiu honestamente feliz com essas palavras, no entanto, Edgar ainda achava que eram parecidos. A partir de agora, enquanto vivesse, permaneceriam iguais. Se lutasse como ele tinha em mente, isso significaria que teria que cortar seu antigo eu. Por exemplo, como teria que apagar Paul, que o conhecia de seus momentos felizes e pacíficos, com suas próprias mãos.  

 Lord Edgar, por isso que estou preocupado. Você é muito gentil com aqueles que sente ter compreendido até mesmo que seja um pouco.  

Poderia confrontar com Paul? Mesmo que fosse um espião da gangue de Robin Hood, ele poderia estar preocupado que Edgar não fosse capaz de prosseguir com a sua decisão.  

 Raven, você amadureceu.  

Ele chegou até aqui com a intenção de proteger esse jovem, que era tratado como uma máquina de matar. No entanto, na verdade, Edgar sentiu que foi salvo de verdade por sua presença durante todo esse tempo. Enquanto ele tivesse alguém para proteger, ainda não poderia se tornar como o Príncipe. Mesmo que fosse ferir aqueles que veio respeitar e entender... 

*****
 O que está acontecendo? - gritou Lydia quando finalmente colocou o top 

Por acaso, quando acordou pela manhã, Kelpie estava ocupando um lugar em seu quarto. Reclamou que havia uma mulher dormindo no quarto. E o expulsou, mas depois que ela vestiu, se arrumou, e desceu para tomar o café da manhã, ele ainda estava lá.  

Seu pai deve ter ouvido de Nico que esse jovem de figura alta e de grande atitude de fato era uma fada ao sentar-se diante dele com um olhar perplexo, enquanto observava a fada jogando ovos, um a um, ainda crus, em sua boca. Naturalmente, Nico não gostava de estar com um Kelpie tão bárbaro, por isso, ele não deveria ter tido nenhuma intenção de ter uma refeição com ela à mesa. Como se estivesse bravo com Lydia, ele bufou pelo nariz e saiu do cômodo 

Desde então, Kelpie sempre esteve perto o suficiente para que Lydia o visse. Quando ela tomou a carruagem até a casa do conde, ele estava bem ao lado dela. Nesse ritmo, até o momento que Lydia fosse para casa, ele pretendia ficar em seu escritório. Não aparentava que tinha algum assunto em particular com ela, estava apenas de pé ou sentado ali, e por isso, Lydia finalmente começava a ficar irritada. 

 Não se incomode.  

Kelpie apenas respondia isso. Quando chegaram à casa do conde, e o cocheiro abriu a porta, Edgar entrou na carruagem enquanto empurrava Lydia de volta, enquanto ela se preparava para sair.  

 Bom dia, Lydia.  

Ela não o via desde o incidente e vinha-o evitando por três dias, logo, ficou surpresa com a aparição dele.  

 B-bom dia... Espere, mas o que você quer? 

Lydia olhava de soslaio, obviamente longe dele, porém Edgar não parecia se incomodar em todo.

 Vamos conversar. Sir Kain, esta carruagem é para dois. Você se importaria de ir a algum lugar? 

 Por que tenho que sair? 

 Esta carruagem pertence à minha casa. Assim como o cocheiro e o cavalo também. 

 Hunf! - Kelpie bufou pelo nariz.  

 Tudo bem, então. Já que você está em uma situação lastimável.  

O que você quer dizer?”, ela queria pergunta, mas Kelpie desapareceu em um piscar de olhos. “Porém, isso significa que estou sozinha com Edgar neste lugar apertado?” Assim que notou isso, Lydia ficou com medo novamente.  

 Espere um momento, estou saindo! 

 Lydia, prometo que não vou tocar um dedo em você, então, por favor, fique aqui. 

Talvez pelo fato que ele disso isso em um tom sério e urgente ou, melhor, porque não era para seduzi-la, por enquanto, Lydia não tinha escolha a não ser sentar no assento da carruagem.  

Ele disse ao motorista para circular pela área, então, finalmente, como ficou finalmente aliviado, comentou vagarosamente “que bom tempo está hoje”. 

 Está completamente nublado. 

 Isto é o melhor que se consegue em Londres. 

 Bem, sim.  

 Você ainda chateada pelo que aconteceu? 

Lydia não tinha certeza se estava chateada ou não. Se ela pensava muito sobre isso, parecia algo que ela não deveria ter se incomodado tanto assim. Só porque foi beijada em seu pulso, Edgar, provavelmente, tinha tomado as mãos para beijar de todas as damas e suas filhas próximas. Era uma forma de saudação de nobres. Ele poderia ter apenas brincado fazendo isso com Lydia. Geralmente, era feito nas costas das mãos, no entanto, não havia muita diferença.  

Mesmo que ela pensasse que, no momento, o ar era lascivo, a forma que ele agia, o modo que olhou para ela, tudo era completamente estranho para Lydia, estava com tanto medo que queria sair dali correndo. Mas isso foi porque ela não teve experiência com outras pessoas, especialmente, vindo do seu lado infantil e o nervosismo, pois não sabia muito sobre homens, isso não era culpa exclusivamente de Edgar.  

Ainda que pensasse dessa forma, ela não queria acabar perdoando-o e voltar a ser sua marionete. 

 Não importa se estou com raiva ou não. Além disso, você, provavelmente, queria brincar apenas.  

 O que posso fazer para me perdoar? 

― Se você apenas deixar o tempo correr, talvez, eu simplesmente esqueça em algum momento? 

 Quanto tempo? Seria meu último arrependimento se deixasse essa situação intranquila entre nós.  

 Último arrependimento? 

 Meu erro. Preocupação.  

Ela pensou “que erro estranho”, no entanto, não deixou que a incomodasse.  

 Não quero que você esqueça, ao menos, me perdoe. Não quero esquecer. Posso ter causado a você uma experiência desagradável, mesmo assim, nunca a senti tão perto como naquela ocasião... 

Edgar, agora, não tentou tocá-la, como prometera, mas Lydia novamente teve a sensação que fora acariciada. Porém, como ele gostou daquilo, era difícil perdoá-lo. Não só naquele momento, mas parecia que também permitiria que ele se aproximasse dela a partir de agora.  

Pela confusão, Lydia abaixou a cabeça, e olhando ela assim, ele deve ter desistido de fazê-la dizer que o perdoava e mudou de assunto.  

 Você foi cortejada por Paul? 

Mesmo assim, ele escolheu um assunto ainda mais peculiar.  

 Ele te resgatou como um cavaleiro em uma armadura, seria natural que ele tivesse dito alguma coisa para obter afeição.  

Isso é natural para alguém como você”. 

 Você está enganado. Paul não salvou a mim, mas a você. Ele queria que você permanecesse como alguém respeita.  

 Ele disse isso? 

 Ele fez isso. 

 ...Ele certamente um tolo genuíno. Foi apenas a oportunidade para que você ficasse encantada com ato dele, e ainda assim, diz algo como espirrar água fria em você.  

Pode ter sido verdade que ela se sentiu um pouco desapontada, mas não era grande coisa.  

 A razão pela qual você está com medo do amor, pode ser que, naturalmente, cavalheiros parecem mostrar interesse em você, no entanto, inocentemente, acabam rejeitam a intenção.  

  É preferível dizer a eles que não tem interesse antes que construa sentimentos por eles. É muito mais preferível do que alguém como você, que mexe com os sentimentos das pessoas.  

Pareceu-lhe que Edgar franziu a testa, como se parecesse ferido com os dizeres. Mas, ela ainda achava que fazia parte da encenação.  

― Você está certa. Paul não é um homem que enganaria os outros. Mas, ele pode esconder alguma coisa. Algo muito importante para mim.  

Ele falou em um tom sério, talvez pelo fato que havia algo que poderia afetar a amizade que sentia por ele.  

 Quero perguntar a ele. Quero conversar e, se pudermos, quero chegar a um entendimento. Mas, se isso transformar em uma briga. Lydia, se nós dois começarmos a brigar com socos, de que lado você estaria? 

 Briga? No entanto, pensando nisso, só posso imaginar a cena em que vocês estão literalmente socando um a outro.  

 Entendo. Nesse caso, você gostaria de ficar do lado de Paul. No entanto, se você seguir o lado racional, e se eu perdesse, mudaria para o meu lado. Então, não seria tão ruim ser espancado.  
Ela não entendeu o significado do que ele dizia. Mesmo assim, ela podia sentir que aquilo não seria agradável e bonito.  

...Ei, não vá lutar. Ele valoriza a promessa que fez com você no passado. Disse que foi graças a você que se tornou pintor e, quando ficasse famoso, queria que você visse suas pinturas mais do que qualquer pessoa. Paul acredita que o jovem filho do duque morreu, mas colocou a imagem do rapazinho em você. Por mais que você tente brigar com ele, não acredito que ele conseguiria bater em você.  

Descia pelo alto de sua cabeça uma mecha de seu cabelo dourado que escorregava pelo nariz. De sua face lindamente esculpida, ela não conseguia imaginar o que ele sentia ou pensava. Ele realmente tinha intenção de brigar com Paul? Mas, por qual razão? 

Ele levantou a cabeça mais vez e pediu ao condutor parar a carruagem. 

 Lydia, obrigado por compartilhar seu tempo comigo.  

 Você vai a algum lugar? 

 A alguns quarteirões.  

Por alguma pequena razão, Lydia estava pensando em dizer alguma coisa ou ouvir e aceitar claramente o que ele tinha a dizer.  

 Hum, Edgar, quer que esteja ao seu lado ou não, você não vai perder. Você tem a habilidade de fazer a sorte virar para o seu lado. Mesmo com Paul, se você desejar, serão capazes de se entenderem.  

Ele tinha saído da carruagem, mas, se virou para sorrir para ela.  

 Você é tão gentil. É por isso que construo expectativas que você realmente tem sentimentos por mim.  

Durante o tempo em que Lydia não sabia o que responder, suas bochechas ficaram vermelhas, a porta foi fechada e a carruagem começou a andar novamente. A visão de Edgar, que colocou a sua cartola, desapareceu instantaneamente na multidão de pessoas.  

***** 

Paul voltou à pensão na rua Fleet, suspirou fundo ao mesmo tempo em que segurava a caixa de remédios que lhe foi entregue por um dos homens da organização que participava. Ele não conhecia o plano que organização armou para Edgar todo esse tempo, tinha uma forte crença de que ele era o verdadeiro Conde Cavaleiro Azul.  

Edgar tinha gostado das pinturas de Paul e possuía as características encantadoras de um espírito nobre ímpar e um lado realista e prático.  

Paul queria criar uma pintura na qual o jovem conde ficaria satisfeito e ao fazê-la teria uma sensação de ter cumprida a promessa feita com o falecido jovem filho da família do Duque. Porém, se ele, que se autointitulava Edgar Ashenbert, era alguém próximo do líder da organização que assassinou o seu pai, então, o seu dever era o mais importante. Ele não tinha tempo em ser sentimental.  

 Sir Foreman, você tem visita.  

Aquela que anunciou era a empregada de meia-idade que administrava e gerenciava a pensão onde ele estava hospedado. Ele entrou pela porta que ela havia aberto, Paul ficou congelado e quase deixou cair o frasco de medicamento. 

 M-My lord... 

 Qual é o problema? Você tem o olhar trágico de alguém que enfrenta o fim do mundo.  

 Oh, não, não é nada. Mais do que isso, obrigado por vir a um lugar tão sujo e miserável como este... 

 Tinha interesse como era o estúdio de um pintor.  

Ele percebeu que seria rude continuar sentado e apressou-se a se levantar.  

 É apenas um cômodo normal. Embora, esteja coberto de manchas de tinta ali e aqui.  

Paul pensou que deveria oferecer-lhe uma cadeira, porém todas estavam cobertas de óleo e tinta, o que o preocupava em sujar o caro e fino casaco do conde. Ele também deveria não ter nenhuma intenção de se sentar em uma cadeira suja, enquanto caminhava até a janela e olhou para fora.  

 Você está se mudando? 

 Eh...  

Os olhos do conde se fixaram nos baús empilhados no canto da sala. Ele não poderia responder que estava preparando para uma fuga ao exterior.  

 Não, ah, um conhecido me pediu se pudesse deixá-los no meu quarto por algum tempo.  

Era uma desculpa desesperada e triste, pior ainda por outras malas que foram deixadas de fora com roupas jogadas sob elas.   

 Entendo. A razão pelo que me traz aqui foi porque tenho algo que queria te perguntar.  

Ele foi encarado com um leve sorriso e olhos afiados, o que fez Paul ficar tenso mais uma vez. O frasco de remédio que estava em sua mão parecia que iria escorregar de sua mão molhada de suor.  

 O que pode ser isso? 

 O anel de pedra de Lua, por que você está mentindo que ainda não tinha saído? 

Seus olhos chicotearam até a mão direita e viu que realmente não havia anel em seu dedo. Ele tinha mudado para a mão esquerda de vez ou outra, toda vez que iria usar o pincel. Tinha certeza e prestou a atenção para que não fosse notado, mas como era o seu próprio quarto, tinha esquecido completamente sobre isso. 

 Você foi capaz de tirá-lo a algum tempo, não é? Mas, se você dissesse que saiu, logo, não haveria desculpa para você ficar em minha casa. Pensei que você tinha se calado porque não queria perder a oportunidade de ser amigo de Lydia. Mesmo que você a protegeu de mim, a deixou voltar para casa sem fazer nada. Isso é estranho. Não haveria homem nenhum que não perderia essa oportunidade de ouro. Ou deve ser um algum covarde antissocial ou tem um objetivo para continuar usando o anel.  

Deixando de lado se seria normal ou não aproveitar a oportunidade, foi exatamente como Edgar disse. Já que Paul era um antissocial, e acima disso tinha um objetivo diferente.  

 Você teve a necessidade de permanecer em casa por mais tempo? 

Quando ele descobriu? 

― ... Porque Lydia tinha proposto que seria mais seguro se eu ficasse na casa do conde, e você me ofereceu um trabalho para pintar. O anel saiu mais rápido do que eu esperava, e se perdesse a razão de ficar em sua casa, fiquei preocupado que você cancelasse a oferta da pintura.  

Essa parte era verdadeira. Paul tinha o dever de informa sobre Edgar a seus companheiros, mas estava convencido que ele era o conde verdadeiro, e por isso pensou em seu trabalho de pintor acima de tudo.  

 Estou surpreso em ver que você é bom em inventar uma desculpa rápida. Pensei que você fosse um homem que não conseguia mentir.  

 Isso não é uma mentira.  

 Seu nome não é Foreman, mas O’Neill. Vai dizer que isso não é uma mentira também? 

Como?” Paul ficou chocado e sua mente se desanimou. O seu companheiro dissera que, mesmo se Foreman fosse investigado, não chegaria em O’Neill. ‘A não ser que ele te conheça no passado’. 

A governanta bateu na porta. Parece que ela veio para servir o chá. Em reflexo, Paul foi abrir a porta e disse que faria isso e pegou a bandeja.  

 O’Neill também foi um pintor. Ele foi morto há oito anos. Pelo menos, você acreditava isso, e por ter pensado assim, deve ter percebido que sua vida estava em perigo na época.  

Como se estivesse empurrando-o contra a parede, Edgar continuou. A mente de Paul foi gradualmente se fortalecendo e ficava cada vez mais fria. Este lindo jovem também fazia parte do grupo que matou seu pai. Ele tinha que fazer isso.  

 Do que você está falando? Sempre fui Foreman. Meu pai se aposentou e ainda está vivo.  

Tomou cuidado para que sua voz não saísse abalada e, cuidadosamente, tirou a tampa da caixa de remédios estava na sua mão durante todo esse tempo. Um pó branco granulado caiu na xícara de chá. De soslaio, se certificou de que Edgar não estivesse olhando para ele. Se tivesse pensado nisso seriamente, não haveria um modo de colocar os lábios em uma bebida que foi servida a ele no quarto do homem que sentia desconfiado. No entanto, Paulo continuou e não conseguia pensar em tal detalhe.  

 De onde surgiu esse nome O’Neill? 

Ele dispôs a xícara de chá ao lado de Edgar.  

 Eu o conheci. Era um pintor. A casa senhorial que foi construída ao lado do lago era o lírio branco. Sempre me perguntei sobre que parte era um lírio branco, mas, finalmente entendi quando via sua pintura. Foram os elegantes lírios brancos que floresciam perto da beira do lago.  

Era como se Paul pudesse ter a visão daquela cena, a obra que seu pai havia pintado bem diante de seus olhos. Era a mansão da família do Duque de Sylvainford. O lago de um sonho cercado pela rica paisagem e florestas místicas. As pessoas nobres que ali moravam era todas amigáveis e bonitas... 

Ele se sentiu tonto. Por que ele, o capanga do Príncipe, saberia sobre tal coisa? Se ele conhecesse Paul no passado... Não, isso seria impossível.  

― Sua pintura tem a mesma delicadeza sensível de O’Neill. Você realmente estava destinado a se tornar um pintor.  

Os impressionantes olhos cor de malva-acinzentados, o cabelo louro-dourado que brilhava como Sol, o nariz perfeitamente reto e os lábios que sorriam suavemente, poderia haver outro ser humano que pudesse ser abençoado com um visual que pudesse hipnotizar qualquer um em um instante? 

Edgar pegou a xícara de chá. Ele parecia inconsciente e inocente como uma criança. Pareceu que ele não veio para confrontar os sentimentos de desconfiança de Paul em relação a ele, mas sim dizer algo importante e valioso. E, assim, ele teve a sensação de que estava sendo testado. 

Se Edgar tivesse percebido que Paul havia investigado o que o cercava e circulava furtivamente pela casa do Conde, e ainda sim existia a amizade entre eles, poderia ter vindo confirmar isso? É por isso, que ele estava realmente cauteloso em beber o chá? Amizade anterior? 

 ...Se eu não fosse recomendado nesse caminho por alguém, não sei se teria chegado tão longe. 

 Por que você queria ser poeta? 

Oh, então, era ele”. Havia apenas uma pessoa com quem se abriu sobre seu sonho em fazer poemas. Não havia mais o que duvidar, logo, Paul não pensou, deu um tapa na xícara que estava na mão de Edgar. A xícara se despedaçou e o chá se espalhou pelo chão.  

O chá quente seguramente tinha espirrado nas mãos de Paul e igualmente de Edgar, mas os dois não se incomodaram com isso. Quando a governanta entrou correndo, surpresa com o som de coisas quebrando, eles não se importaram, e então, ela reparou que visitante era visivelmente um nobre e caminhou até ele com o olhar preocupado.  Paul permaneceu em pé e mal conseguiu colocar a mão no peito.  

 Paul, você realmente não mudou.  

 ... Por favor, perdoe-me, my lord... não,... 

Quando ele estava prestes a dizer “sua graça”, a governanta se aproximou de Edgar a uma distância absurdamente próxima. Ela segurava uma faca na mão. Edgar viu e tentou se afastar, mas a ponta fina afundou em sua cintura. No mesmo instante em que recuou rapidamente, Edgar se sentiu agachado no chão. Havia veneno na faca. Paul percebeu isso de imediato, mesmo assim, a governanta agarrou o seu braço enquanto ele tentava se aproximar dele. 

 Depressa, saia daqui! Diga aos seus companheiros e peça-lhes que limpem este corpo.  

Ele ainda não é um corpo”. 

 Você é uma ... Scarlett Moon? 

 Isso mesmo, sou um membro do grupo. Foi o momento perfeito para este homem vir aqui. Agora, por que você iria revelar que colocou veneno em sua bebida? Se você não o matasse, ele mataria você.  

Ela estava errada. Edgar não tinha intenção de matar Paul. 

 Me dê o antídoto. Ele não é um dos capangas do Príncipe! 

 O que você está dizendo? Ei, você pensa em virar as costas para nós? 

Quando ela o olhou com olhos desconfiados, a governanta se virou e se apressou a sair correndo. Parecia que ela sairia e avisaria os outros membros do grupo.  



Sem pensar, Paul agarrou o ombro dela. Para usar os primeiros estágios simples de autodefesa, ou na visão de outra pessoal, a violência contra uma mulher, que Paul usou pela primeira vez, era um ato desavergonhado, mas não havia outra opção. Depois que ele a deixou inconsciente, procurou, mas ela não carregava nada que parecesse um antídoto. Deveria chamar um médico? 

Se ele fizesse isso, colocaria em questão a existência da organização. Seu pai era um membro. A “Scarlet Moon” havia protegido Paul todo esse tempo, o que o fez se comprometer a se tornar um membro para lutar contra os responsáveis pela morte de seu pai. Ele não sabia o que fazer e caiu no chão.  

***** 

Antes que ela percebesse, o número de pessoas em seu escritório de trabalho, ou melhor, o número de fadas parecia ter aumentando, e isso fez com que Lydia sentisse sua dor de cabeça ampliar. 

Primeiro de tudo, não houve engano que aquela figura grande, Kelpie e sua postura alta e arrogante eram a razão que fazia o cômodo parecia estar lotado e pequeno. Por outro lado, Nico andava pela sala sem nenhum motivo aparente. Ele estava incomodado com o seu pelo macio em seu peito em um grau máximo. E finalmente, Marygold e Sweet batiam suas asas e voavam pela sala, sem contar que a multidão de hobgoblins que residiam nesta grande casa.  

Tudo bem, agora ficou estranho”, pensou Lydia e parou de escrever.  

 Nico, há algo especial? 

 É como eu sentisse um formigamento por todo o corpo.  

 Parece que o ar está tremulando.  

 A mágica surgiu como correntes selvagens. - disseram Marygold e Sweetpea em um tom nervoso.  

 Não é a espada Merrow nesta casa? Parece que está uivando. - interrompeu Kelpie. 

 A espada? Por quê? 

 Como saberia disso? 

 Então, por que todos estão nesta sala? 

 Estar perto de uma fairy doctor é melhor do que nada.  

Acredito que seja o melhor meio”. Mas, eu não sabia que a espada poderia uivar”. Assim que pensou sobre isso, Lydia acreditou que seria melhor notificar o mordomo e se levantou.  

Naquele momento, Raven entrou.  

― Senhorita Carlton, ouviu algo ou sabe por onde lord Edgar foi? 

Ele disse em uma voz nivelada, mesmo assim, o tom soou como ele não tivesse a calma que era de seu costume.  

 Tive uma pequena conversa com ele na carruagem, mas ele saiu sozinho para algum lugar. Não sei para onde ele foi.  

O estado inquieto de  Raven pode estar relacionado com o uivo da espada. Ele tinha algo como uma carta que desmoronou em seu punho.  

 ... E Foreman? 

Depois que ele disse isso, se virou como estivesse prestes a sair. Ela sentiu que não era natural ele não mencionar “mister” para o nome de Paul.  

 Mister Foreman não veio hoje.  

Quem disse isso era o mordomo, Tompkins 

― Ele disse que voltaria à sua residência. Alegou que precisava deixar o ar entrar ou a tinta que tinha no estoque se moldar. Raven, qual é o problema? Há algum empecilho? 

 Bem, se esse homem não veio homem hoje, então, não é necessário que fique vigiando por mais tempo. 

Lydia olhou para Kelpie, que disse isso.  

 O que isso significa? 

 Seria um problema se você estivesse envolvida.  

 Envolvida? Em quê? 

 Não importa mais. Oh, bom, então, ele não está aqui. Logo, não preciso estar nessa casa barulhenta. Eu vou embora.  

 Espere, Kelpie! Explique corretamente! 

Lydia ficou na sua frente e bloqueou o caminho.  

 Se você não contar, vou cortar todos os laços com você! 

 Cortar os laços? Você acredita que isso me manteria longe? 

 Se você quer ficar por perto, faça-o! Mas, nunca mais vou abrir a boca para falar com você! Por mais que você fale comigo ou fique por perto, nunca responderei! 

Ele ficou em silêncio, como estivesse pensando nisso. Então, ele penteou sua franja como estivesse frustrado 

 Acabei de ouvir algo. Como aquele pintor foi instruído a matar o conde por um de seus companheiros.  

 O QUÊ? Por que Paul iria matar Edgar? 

 Porque ele é um impostor. 

 Havia a possibilidade de que Foreman fosse membro de uma organização, na qual o instrutor de dança também é membro e me atacou. Nós ficamos desconfiados e investigamos, e era de fato... - sussurrou Raven em um tom arrependido.  

 Sir Tompkins, vou para a pensão onde Foreman está hospedado.  

Dito isso, Raven correu para fora do cômodo. O mordomo deve ter decidido que não poderia simplesmente ficar de pé e também saiu da sala.  

 Kelpie, por que você não me disse nada? Você sabia que a vida de Edgar poderia estar em perigo... 

 Não tem nada a ver comigo. Além disso, com esse homem fora de cena, você poderá se mudar para Escócia. Sem contar que aquele pintor, que parecia tão patético, estava com muito medo de cometer assassinato, é por isso que coloquei um feitiço nele para que tivesse a confiança de fazê-lo.  

Ao ouvir isso, Lydia perdeu a paciência.  

 Estou cortando laços com você. Apresse-se e vá embora! 

 Ei, Lydia! 

Como se não quisesse ouvir nenhuma desculpa, Lydia saiu correndo da sala. Só, então, ela ouviu uma comoção vindo do corredor de entrada. Escutou a voz de Raven gritando e chamando o nome de Edgar. O som de vozes preocupadas e em pânico dos criados moviam-se às ordens de Tompkins, que também podia ser ouvido.  

Lydia chegou ao fundo dos degraus das escadas e viu Edgar, que era carregado por Tompkins com os olhos completamente fechados, foi quando sentiu suas pernas congelarem a ponto de achar que iria cair. O cocheiro de uma carruagem disse que um jovem pediu a ele que levasse o homem para a propriedade do Conde Ashenbert em Mayfair, pois ele estava em um estado seriamente perigoso. 

O perfil do jovem combinava com Paul. Era um mistério porque ele, que supostamente tentara matar Edgar, acabaria mandando-o para sua casa.  

O médico permaneceu no quarto de Edgar por um longo período de tempo. No entanto, quando ele foi embora, ao anoitecer, o interior da casa ficou assustadoramente quieto e silencioso.  

Parecia que a espada Merrow ainda uivava como estivesse gemendo sobre o perigo que se abateu em relação a seu mestre, mas os humanos não podiam ouvi-la. Naquele momento, Lydia finalmente foi capaz de ouvir a condição de Edgar através de Raven, mesmo assim só foi dito por ele se manter inconsciente.  

 Sintomas de paralisia apareceram, então, acredito que eles usaram algum tipo de veneno para nervos.  

 Nervos? 

 É semelhante a veneno de cobra.  

Ele não era médico, mas provavelmente conhecia bastante sobre venenos, talvez por fazer parte do seu treinamento como um monstro assassino.  

 Não há um antídoto? 

 Não há. Pode ser muito bem a combinação de vários tipos.  

Lydia engoliu as palavras “Oh, não!”.  

Raven aparentava o seu eu habitual, calmo e composto, mas era o mais próximo de uma família para Edgar, de modo que devia ser o que mais sentia dor. Lydia, Tompkins e todos que trabalhavam na residência do Conde só conheciam Edgar por volta de três meses. É por isso que, mesmo que quisesse animar Raven, não encontra nenhuma palavra em sua mente. Mais do que isso, Lydia estava cheia de sentimentos de descrença.  

 Tive um mau pressentimento. - ele murmurou.  

 Mesmo quando lord Edgar claramente sabia que Foreman era um espião da “Scarlet Moon”, não me permitiu causar nenhum dano a ele.  

 Scarlet Moon? 

― É o nome de uma organização que está lutando contra o Príncipe. Parece que eles estão apenas fazendo um trabalho de caridade, mas afirmou que lord Edgar era o capanga do Príncipe e um impostor posando de Conde Cavaleiro Azul. Ameaçaram que eles iriam lhe tirar a vida, a menos que entregasse a Espada.  

Lydia não sabia nada disso. Não podia ter ajudado, já que não havia necessidade de revelar à Lydia, pois não tinha nada a ver com fadas. Ela só foi contratada como fairy doctor e não fazia parte da irmandade.  

Ainda assim, ela ainda se sentia excluída do grupo. Entretanto, ela se considerava um pouco mais próxima de alguém que a contratou. Mesmo que ela pensasse que o que Edgar dizia era cheio de mentiras, havia uma parte dela que ficava feliz quando ele mostrava sinais de amizade.  

Ele não só pedia o trabalho dela como fairy doctor, pois ela não era um membro inserido do grupo deles, permanecendo fora de sua batalha, mas sentiu que era capaz de apoiar o lado dele que estava sozinho. Mais do que qualquer coisa, ela queria que ele lhe contasse. Porque Lydia poderia ter feito algo.  

Naquele momento, na carruagem, ela não teria dito coisas que pendiam mais para o lado de Paul e poderia ter sido capaz de pensar nos sentimentos de Edgar.  

 Desde que ele não me deixou saber, lord Edgar deve ter percebido que as coisas acabariam assim que fosse ver Foreman.  

 Você está me dizendo que ele iria abandonar você? Não há absolutamente nenhuma maneira que ele pensasse dessa forma.  

 Foreman é a única pessoa que conhecia lord Edgar no passado.  

Isso poderia ter sido porque ele não foi capaz de protegê-lo. Se Paul fosse embora, Edgar poderia ter sentido que ele esquecesse quem e que tipo de pessoa era. Estava de luto sobre como ele mudou. É por isso que ele poderia ter se apegado a Paul, que o conhecia antes de mudar.  

  Raven... é minha culpa também. Havia dito a Edgar que, se quisesse, poderia chegar a um entendimento com Paul. Pensando agora, Edgar pode ter ficado confuso, como se ele devesse vê-lo como seu inimigo e deixá-lo ir ou não... Porque ele não parecia o mesmo. Se eu não dissesse nada sobre a minha posição, ele poderia não ter baixado a guarda quando fosse vê-lo... 

Lydia cobriu o rosto com as mãos.  

 Não é sua culpa. Lord Edgar sempre tomou suas decisões sozinho.  

Sim, ele estava certo. Edgar disse que queria se reconciliar com Lydia e disse que era o seu “último arrependimento”. Ele já devia ter tomado a decisão. Porém, pode haver uma pessoa que não se confunda em sua decisão? Mesmo quando eles fazem com determinação e corações, feitas para durar? 

O modo de pensar excessivamente pacífico de Lydia suavizava a dura tensão de Edgar, que continuava a lutar. Ele poderia voltar a sua atenção à Lydia, mas ela poderia ter aguçado seu olfato pressentindo qualquer tipo de perigo.  

 Miss Carlton, você gostaria de ver lord Edgar? 

 ... Eu não vou interferir em seu descanso? 

  Acredito que ele gostaria de ver você. 

Era como se estivesse oferecendo uma chance à Lydia dizer o último adeus a ele. Ela foi conduzida ao quarto e caminhou até o lado de travesseiro, nisso a governanta que estava cuidando dele foi educada e saiu do quarto. A cor do rosto de Edgar era pálida e branca, sua respiração era quase imperceptível a menos que você chegasse perto dele.  

Lydia pegou a sua mão suavemente. Ela estava fria e quando se lembrava de como não era assim, teve vontade chorar. No mínimo, ela queria aquecê-la e cobri-la com as palmas das mãos. Não desejava deixar de falar com ele novamente. Ela ainda não havia reconciliado a amizade entre ambos. Já que Lydia não disse que o havia perdoado.  

Não era como ela estivesse tão brava com ele. Visto que Edgar parecia incomum em suas ações, estava apenas sendo ousada e achava que seria ótimo se ele estivesse em um bom estado por mais algum tempo. Considerando que ela sempre esteve por perto, pensou que isso era justo o suficiente.  

Ela não sabia o quão sério ele era pelo fato que a considerou seu “último arrependimento” por esse engano estúpido que se manteria entre ele e Lydia, mas se as coisas continuassem nesse ritmo, então, era algo que terminaria como um remorso insuportável para Lydia.  

Kelpie. Se não fixasse a cabeça em certas coisas, Paul teria pensado e pararia de tentar matar Edgar. Essa parte também fez com que Lydia se sentisse responsável como fairy doctor 

 Resista! Você não é uma pessoa que se entrega fácil assim.  

Se fosse algo usual, ele estaria abrindo a boca para dizer uma brincadeira para flertar com ela. “Tenho que fazer alguma coisa”. Transbordando uma forte emoção, Lydia se levantou. Ela estava pensando em uma maneira de salvá-lo. Havia um modo que poderia ser possível.  

Inesperadamente, ela não teve nenhuma hesitação., uma vez que decidiu ser esse o único caminho. Ela correu para sair do quarto.  

Nota da tradutora:  Vamos falar a verdade? É um dos capítulos mais bacanas do livro!  
A minha parte preferida é a conversa entre Lydia e Edgar na carruagem. Sei, que há muitos fãs que torcem pelo Kelpie. Mesmo assim, que química a dupla Lydia e Edgar tem, não? 
Prepare-se para o próximo capítulo! É muito, muito bom!  
Beijos e até mais 🙂