sexta-feira, 6 de março de 2020

Coletores no Antigo Campo de Batalha - Capítulo 3 - Volume IV - Hakushaku to Yousei Light Novel


Nota de apresentaçãoE, então, chegamos ao terceiro capítulo do livro 4. Vale lembrar que este livro não foi abordado no anime, e muito menos no mangá (que só saiu nos Estados Unidos, Coreia, China e, óbvio, Japão).  
Aqui, as coisas começam a ficar mais tensas, com Lydia e Edgar trabalhando juntos e Oscar zanzando para lá e para cá. Será que ele é quem estamos pensando? 
Bora para história.   

Ela ouviu o mar ao longe, o som de um choro triste que se misturava com os gritos das gaivotas. Lydia pensou que quem gritava eram as focas. Ela se perguntou se elas desceriam até o litoral sul. Ou se não eram realmente focas e sim fadas.  

Sua mãe lhe contou muito sobre as fadas-focas. Por isso, mesmo que Lydia nunca tivesse visto uma delas, eram criaturas que lhe traziam uma certa nostalgia. A terra natal de sua mãe pertencia a um grupo de ilhas distantes localizadas ao norte da Escócia. Para sua mãe, que nasceu em uma ilha montanhosa e enevoada, cercada pelo oceano, cheia de barreiras solitárias flutuantes de gelo, selkies pareciam ser uma espécie próxima às fadas que viviam naqueles mares.  

Diziam que eram fadas gentis e atenciosas, que podiam sentir as mesmas emoções que os humanos. Uma vez que tirava o casaco e passava por um humano, mudava para parecer uma jovem honesta e emocionada ou gentil e educada, e se adaptava facilmente ao mundo humano. Foi o que sua disse a ela, porém selkies ainda são fadas do mar. Por fim, todas vestiam seus casacos de foca e retornavam ao mar.  

Os humanos temem que um selkie se torne seu amigo e retorne ao mar. Eles gostariam que ficassem ao seu lado para sempre e escondessem seus casacos de pele. Ou haveria quem tentasse usá-los por serem tão submissos. Selkies não se oporiam ao humano e faria o que mandasse, mesmo assim, para as criaturas do mar, isso era algo bem triste. É por essa razão que Lydia queria fazer tudo que tivesse ao seu alcance pelos selkies, que estavam sendo mantidos em um cativeiro. Ela queria se apressar e encontrar seus casacos que deveriam estar escondidos nessa propriedade.  

Pela manhã, Lydia saiu furtivamente do quarto para poder olhar em volta da casa. Parecia que ela era capaz de voltar a si mesma no raiar do dia até o pôr do Sol. Sua memória estava em branco desde o anoitecer da noite anterior e, de acordo com Suzy, o fantasma de Teresa saia à noite.  

O que significa que ela precisa fazer algo sobre Teresa ou não voltaria para casa, mesmo que tenha conseguido escapar daqui. Se a espiritualista estava envolvida em fazer isso com Lydia e como eram as fadas de mar, ela se perguntava se deveria ir e encontrar com ela.  

Enquanto andava pela casa grande, saiu para um grande jardim. Ao mesmo tempo que seguia o caminho das pedras, chegou onde podia ver um caramanchão que sustentava uma treliça de glicínias que subia e viu que havia alguém parado ali.  

Pensou em ter ouvido a voz de uma mulher e passou a esperar que fosse a senhora Collins, porém Lydia parou de andar e congelou. Ela, gentilmente, se virou para as sombras das árvores e se escondeu. 

 Er... Ermine 

Era uma bela mulher que usava um vestido preto. O ar sobre ela era diferente, pois sempre usava roupas masculinas, mas não se importava como você a olhasse, era exatamente igual à Ermine. Seu cabelo era castanho-escuro, cortado logo acima dos ombros. O lado firme do rosto e os lábios misteriosamente vermelhos-rosados eram todos os mesmos traços de Ermine que Lydia conseguia se lembrar. 

Pensou que tinha se afogado no mar dos merrows, mas, então, se perguntou se teria sobrevivido. “Mesmo assim, por que ela estava aqui?” Enquanto pensava nisso, a idosa que estava ao seu lado a chamou de “Seraphita”. Esse não era o nome da espiritualista? Ermine é a espiritualista?  

― Seraphita, você me odeia? 

A espiritualista olhou tristemente para a idosa.  

― Eu sei que você deseja morrer. Mas, por favor, não pense dessa maneira. Não pense do lado errado.  

 Nana, quer eu queira ou não, tenho certeza que vou morrer.  

 Não, nem mesmo esse homem pode dominar os desejos de nossos corações.  

Não tinha ideia do que elas estavam falando e não sabia se deveria sair e conversar com elas, mas alguém agarrou o braço de Lydia.  

 É melhor você não sair agora. Por aqui.  

A mão do homem que a puxava para guiá-la parecia tão natural que ela obedientemente o seguiu. Quando ela olhou para o seu rosto, Lydia ficou ainda mais surpresa.  “Edgar?”. Porém, o Conde Ashenbert que veio ontem não era ele. Lydia pensou que estava sendo levada a acreditar em faz de conta ainda mais.  

Eles se afastaram do caramanchão, ele a levou a um pequeno caminho cercado por flores amarelas para que se escondessem e, finalmente, pararam para se virar e encarar Lydia.  Sem dúvida, esse homem com seus cabelos dourados e brilhantes, aqueles olhos malva-acinzentados com os quais sorria, era Edgar. No entanto, ele falou com Lydia chamando-a de “Teresa”. 

 Queria vê-la sob a luz do Sol. Sei que seremos apresentados pela senhora Collins hoje à noite, porém, lembro-me de como passamos um tempo juntos ontem à noite, por isso, não pude esperar mais. 

Oh, meu Deus! Ele estava tentando seduzir Teresa? 


 A luz do Sol brilha como estivesse a abençoando por ter renascido. Você está linda hoje também, Teresa. 

Descobrir que ele dizia tão facilmente esse tipo de coisa que sempre falava à Lydia para qualquer outra garota, a fazia enlouquecer de raiva.  

 Seu homem frívolo! 

Mesmo depois dela estapeado sua mão com toda força, Edgar não parecia nem um pouco preocupado e continuava falando como se estivesse acostumado. 

 Você está falando de mim? Por quê? 

Ele pode estar acostumado a ser culpado pelas mulheres. Deveria estar confiante de que poderia persuadi-la e a compraria de volta. Isso a deixou ainda mais furiosa.  

 Não acredito que você poderia realmente tentar seduzir um fantasma! Bom Deus, você é como um animal selvagem... Como ousa engatar um noivado, não quero ser chamada de noiva de um homem vergonhoso assim! Prefiro viver na terra das fadas do que casar como alguém como você! 

Antes disso, ela tentara pensar em um plano para anular o noivado enquanto Kelpie estivesse longe. Ela tinha esquecido completamente disso, já que agora não era o momento, mas se Edgar estava aqui, Lydia pensou que era um bom momento, enquanto tomava fôlego para gritar com ele um pouco mais. 

 Ouça com atenção, Edgar. Como não preciso me preocupar com o fato do Kelpie nos ouvir, vou dizer isso direito: apresse-se e diga que esse noivado não era real! 

 Ahãn?  Lydia? 

Ele não pôde deixar de ficar confuso. Com um sorriso vencedor, Lydia colocou os punhos na cintura e o encarou. 

 Parece que lady Teresa só pode me possuir durante a noite. Portanto, é inútil o quanto você tentar seduzi-la. Quando amanhecer, vou fingir ser Teresa e dizer que à senhora Collins que você é o tipo de homem mais desprezível que existe, entendeu? 

Ela tentava brigar com ele e, no entanto, Edgar relaxou a expressão como se estivesse aliviado. Lydia perdeu o fôlego com o olhar triste e doloroso que ele mostrava e, de repente, foi abraçada por ele de modo gentil.  

 Estou tão aliviado... Pensei que não a veria novamente. Não sabia o que fazer. 

Você é realmente bom em apresentar algo inteligente para dizer”. Mesmo enquanto pensava nisso, Lydia sentiu-se incomodada com a sensação de querer chorar. Lydia pensou que ninguém perceberia que fora levada de Londres e estaria em um lugar como este.  Percebeu que estava decepcionada quando o conde Ashenbert que apareceu não era Edgar.  

O Sol de verão que ela espiou além do seu ombro parecia tão brilhante e, em seguida, como uma mancha de luz, de repente veio em sua memória uma voz amável, “prometo protegê-la, portanto, não há com que se preocupar”.  

Ele lhe disse algo parecido ontem. Ele não tentou enviar suas palavras para Lydia, encarando seus olhos que só tinham consciência de Teresa? “Ah, mas isso também pode ser um de seus métodos”. Era um fato que ele estava tentando seduzir Teresa, que possuía Lydia. A razão pela qual ele veio até aqui foi porque estava atrás da espiritualista e, talvez, poderia encontrar Lydia.  

Lydia, de alguma forma, conseguiu afastá-lo e se virou para partir.  

 Oh, espere, Lydia. Você estava tão apaixonada quando a visitei em seu quarto ontem à noite, não precisa ser tão fria repentinamente.  

Hein?”, pensou Lydia, que parou de caminhar. “Aquela não era eu. Mas, ...”.  

 Você não quer saber como estávamos? 

 O que... O que você fez? 

Quando ela se voltou, ele lhe mostrou um sorriso sugestivo.  

― Bem, estamos noivos e assumirei a responsabilidade pela noite passada, logo, não há com que se preocupar.  

 Você fez algo que é preciso assumir responsabilidade? 

Lydia corou e quase desmaiou, mas Edgar riu e disse que era uma piada, mesmo assim, confirmou que não se podia confiar em nada do que ele dizia. 

 A empregada estava de olho em mim o tempo todo, então, como eu poderia fazer algum movimento? Acabamos de ter uma conversa agradável.  

 Suzy? 

― Ela é uma boa garota, séria e se importa para quem trabalha. Mesmo que fosse por causa da senhora Collins, pude perceber que ela se sentia horrível pelo que aconteceu com você, sem contar que tentava ser desesperadamente heroica em querer te proteger.  

Assim que conseguiu se acalmar, Lydia assentiu.  

 Ela foi a única pessoa que disse que me ajudaria a tentar ir para casa em segurança. Mas, me avisou que a espiritualista era perigosa, por isso, eu tinha que ser cautelosa e era melhor fingir ser Teresa por um tempo. Ah, sim, eu vi a espiritualista pela primeira vez, e me pareceu com a Ermine 

 Ah, sim, eu também fiquei surpreso. Foi a primeira vez que a vi sob a luz, mesmo assim me pareceu exatamente como ela.  

A voz dele soou estranhamente rígida e nervosa. Para Edgar, Ermine era alguém como Raven, um membro de família querido para ele. Mesmo ter sido traído por ela, ele ainda deveria estar desejando que estivesse viva.  

 Logo, ela sobreviveu e... 

 Ainda não podemos tomar essa decisão. A menos que tenhamos provas de que realmente é ela... De qualquer forma, há um homem que está usando essa espiritualista. Ele é um dos homens do Príncipe e seu nome é Ulisses. Aparentemente, o plano de Ulisses era trazer de volta a filha da senhora Collins e me envolver nisso.  

Um homem. Aquela pessoa chamada Ulisses foi definitivamente quem sequestrou Lydia. E ele também pode ser quem está ordenando Ermine a fazer o que diz. Mesmo que a espírita fosse realmente a verdadeira Ermine, não era uma situação em que Edgar pudesse agir de modo extremamente otimista.   

 ... Então, é isso que está acontecendo. 

Parecia que a razão pela qual ele foi mencionado nos jornais de fofocas depois de participar do ritual espiritual não era para um propósito esportivo como ter os olhos na espiritualista.  

 ? Mas, há outra pessoa aqui que afirma ser o Conde Ashenbert 

 Pode ser um método deles tentar me provocar para que possam me atrair, mas ainda não sei como esse homem está relacionado a Ulisses, que está por trás de tudo isso. De qualquer maneira, desde que viemos até aqui, parece que só resta enfrentar o criado do Príncipe. É por isso que seria melhor você sair daqui e se esconder em algum lugar seguro.  

Aparentava que era uma situação mais problemática do que Lydia imaginara.  

 Vou pensar em uma maneira de você escapar. Faremos algo sobre Teresa mais tarde.  
 Mesmo se ela estivesse possuída por uma fantasma, desde que pudesse escapar daqui, não haveria perigo. E se fosse Edgar, Lydia sabia que ele seria capaz de deixá-la escapar com segurança. Mas... 

 Porém, não posso escapar sozinha. É possível que há fadas em um cativeiro que são forçadas a trabalhar aqui. Acho que talvez o homem que você chama de Ulisses tenha tirado a liberdade delas. Talvez um desses selkies tenha descoberto a existência de uma fairy doctor que trabalha para o conde. Ela queria pedir minha ajuda, e então me guiou até a senhora Collins e me chamou para o hotel. Mas, esse selkie foi morto... Acredito que o home que trabalhava para o Príncipe transferiu a filha fantasma para me controlar, para que não pudesse soltar os selkies, mas quero ajudá-los, não importa como.  

Edgar aparentava estar pensando nisso enquanto franzia as sobrancelhas.  

 É perigoso... O que eu realmente quero dizer, mas você é uma fairy doctor, e como tem orgulho do seu trabalho, aposto que seria inútil tentar pará-la.  

Ele pensou mais um pouco e abriu a boca. 

 Lydia, precisamos nos unir e jogar nossas cartas corretamente.  

Lydia acenou com a cabeça enquanto se levantava de maneira nervosa.  

 Para isso, é importante que agimos como amantes. 

 Verdade?  

Ela inclinou a cabeça como procurasse uma lógica, mas Edgar foi mais fundo.  

 Teresa está gostando inocentemente de como voltou à vida. Ela tem toda a intenção de escolher e se casar com um dos quatro convidados que a dona da casa havia arranjado para ela. Agora, Lydia, não há garantia de que um homem sem vergonha não entre no seu quarto durante a noite, quando você não tem controle, e seria um problema se ele te forçasse, não é? 

 Mas, um homem normal e respeitável não seria um cavalheiro? Ao contrário de você. - disse Lydia, enquanto pensava nisso honestamente.  

 Oras, vamos lá! Como isso fosse possível. Além disso, parece que a senhorita Teresa gosta de ser abordada por homens e, por isso, quase nunca os afasta. Não se importava com o quanto chegava perto dela. Eu era capaz de segurar sua mão o tempo todo e puxar seu ombro para mais perto, e estava à mercê até que a empregada, finalmente, se intrometeu.  

 O-o que você quer dizer à sua mercê? 

 Está certo em ter homens além de mim fazendo isso com você? 

Ela quase explodiu, mesmo assim, entrou em pânico quando ele lhe disso isso e agora que estava completamente frenética não sabia o que fazer. Pensou que não podia descobrir uma coisa dessa, e questionou em se perguntar o porquê, no canto de sua mente, preferir Edgar de outro, apenas balançava a cabeça para os lados violentamente.  

 Não vou permitir que ninguém coloque as mãos em você. Terei Teresa com os olhos apenas em mim. É por isso que você também precisa olhar para ele apenas durante o dia. Entendeu? 

Se ela pensasse muito sobre isso, não saberia como isso estava relacionado à luta contra o subordinado do Príncipe, porém, naquele momento, Lydia acenou com a cabeça por um momento para Edgar, analisando que era uma manobra terrivelmente inteligente. Seu ardor em concordar por ele fez com que a cogitar a anular o noivado desaparecesse completamente.  

**** 

Aquela noite foi diferente do que Lydia passou anteriormente. Quando o Sol nasceu, e ela ficou sonolenta, pôde sentir o mesmo sentimento no mesmo momento em que Teresa acordava, mas ela se comprometeu a não adormecer e foi capaz de ficar acordada.  

No entanto, mesmo que sua consciência estivesse desperta, era a mesma situação em que era possuída por Teresa e Lydia só podia assistir nervosamente em grande suspense.  Ela começava a se arrepender de que poderia ter sido reconfortante se estivesse dormindo no assento do jantar com os convidados que a senhora Collins reunira.  

O vestido que Teresa escolheu era um extravagante rosa-avermelhado, que Lydia não achava que poderia servir para ela, também não gostou do perfume que usava e ficou nervosa por sentir que não pertencia a esse lugar assim que se sentou para jantar.  

Por outro lado, Teresa e a senhora Collins estavam de muito bom humor. Lydia pensou em como era ridículo pensar casar-se seriamente com uma garota fantasma que ressuscitou, mesmo assim parecia que os homens reunidos ali estavam levando a sério. Foi absolutamente cômico notar que todos estavam ardentes em tentar conquistar os afetos da filha Teresa. Mas, parecia que Teresa e senhora Collins estavam ambas satisfeitas quanto mais eram elogiadas e lisonjeadas.  

O enorme dote que veio junto com a filha da família rica devia ser necessário para reconstruir as finanças familiares daqueles homens que quase estavam desmoronando, mas se assim fosse, então, a presença do Conde Ashenbert, que não poderia estar com problemas financeiros, não era apreciada pelo resto da companhia.  

Lydia concentrou sua atenção no jovem loiro que se denominava como conde. Ele deve ter bebido um pouco a mais, pois parecia estar cheio de brilho e alegria, porém parecia frívolo, e não saberia dizer se ele agia como um mulherengo ou não, mesmo assim, Lydia pensou que parecia fraco de cabeça. Entretanto, o sorriso da senhora Collins visava principalmente o impostor 

No entanto, em relação à Teresa, estava distraída com Edgar, que era chamado de visconde. Em compensação, Edgar não prestava nenhuma atenção nela. “Ei, o que você está fazendo conversando com o jovem Oscar sentado ao seu lado? Você, geralmente, não olharia de relance para os homens”.  

Além disso, mesmo quando Teresa tentou iniciar uma conversa com ele, apenas respondeu sem entusiasmo. Lydia inclinou a cabeça em confusão, onde suas linhas de bajulação eram até demais.  

Para começar, Lydia ficaria perturbada se Teresa ficasse muito amiga de outro homem. Até Edgar havia dito a si mesmo que não deixaria isso acontecer. E, no entanto, parecia que Teresa ficou furiosa com a atitude de Edgar, e começou a se interessar abertamente pelos outros três homens.  
Oh, agora, veja, ela fez uma promessa de sair de barco amanhã. O que significa que tenho que sair com esse impostor? Perceba o que você fez, Edgar. Você sempre fazendo o oposto que diz. Sabia que não podia confiar em você! 

Passou então o tempo, e quando o jantar finalmente terminou, Lydia estava completamente exausta. Enquanto Lydia estava cansada, Teresa tinha energia mais que suficiente.  

 Não consigo entender aquele visconde! Ele veio e entrou no meu quarto ontem, agiu como se estivesse interessado em mim e, ainda hoje à noite, agiu como estivesse me ignorando completamente. Oh, Suzy, o que acha? 

 Oh, não saberia... Realmente, não posso entender o que os malfeitores pensam... 

Teresa, que tinha voltado ao quarto, andava de um lado para outro em indignação. Sua empregada, Suzy, esperava que ela a ajudasse a se trocar, enquanto respondia em pé, perturbada.  

― Talvez eu deva começar um relacionamento com o Conde Ashenbert, conforme a minha mãe disse.  

Você deve estar brincando”, sussurrou Lydia.  

 Mas, milady, o visconde Middleworth é realmente um cavalheiro que brinda os olhos. A maneira como ele se comporta é como um nobre mais do que qualquer outra pessoa, pelo que penso.  

 Oh, nossa, você talvez tenha sentimentos por ele.  

― Hein? Oh, não, eu não. Mas, a senhorita Seraphita fez perguntas sobre ele. Pensei que mesmo que fosse uma mulher bela como ela, estaria interessada em um homem bonito... 

Se ela estivesse interessada em Edgar, talvez fosse ErmineSeraphite estava...? Teresa, de repente, parou de andar e aparentava ter perdido a calma. Como Seraphita era espiritualista, ela não devia ter percebido que era uma jovem mulher. Mesmo assim, deve ter notado depois que lembrou o quanto ela era muito bonita e sedutora.  

― Suzy, onde fica o quarto do visconde? 

― Como? 

― Vou expulsar um homem que me ignora e tenta seduzir outra mulher.  

Mas, Suzy não disse nada sobre Edgar seduzir a espiritualista. “Se Edgar for expulso, o que devo fazer?” Lydia estaria com problemas, porém, Teresa não tinha ideia disso e acelerou o passo para sair da sala. Entretanto, quando ela abriu a porta, parou de repente. Porque Edgar estava parado do lado de fora da porta. 

― Teresa, onde você está indo? 

― Ela estava indo ao seu encontro, lord visconde... 

Quando Suzy estava prestes a terminar o que dizia, Teresa pisou no pé, empinou o nariz para cima e respondeu: 

― Tenho liberdade para fazer o que quiser. Qual seria o assunto? 

― Pensei que você poderia dar um pouco de seu tempo para minha pessoa, novamente, esta noite.  

― Pensei que você tivesse perdido seu interesse por mim. Porque, pouco antes, você nem deu atenção.  

― Era isso que você estava pensando? 

Ele demonstrou uma expressão de surpresa, como se isso fosse inesperado.  

― Bem, você está certa, não consegui ver o seu rosto. Era evidente que a senhora Collins favorece o conde, e você estava conversando com ele como estivesse se divertindo, então, me senti subserviente.  

Não havia como Edgar se sentir subserviente.  

― Porém, pensei que talvez estivesse testando a minha seriedade. Vim aqui, hoje à noite, porque acreditei que você estaria me esperando de novo... 

― Não saberia dizer se um homem estaria falando sério, mesmo se eu o testasse... 

Teresa ainda parecia um pouco zangada e virou o rosto quando disse isso, mas até Lydia poderia dizer que seu coração batia forte.  

― Você está me dizendo que eu deveria voltar para o meu quarto? Se eu continuasse me sentindo tão à vontade assim, poderia procurar outra pessoa em seu lugar.  

Teresa fez um olhar de pânico. Parecia que ela estava com raiva, provavelmente, porque a espiritualista Seraphira veio à sua mente.  

― A quem você se refere? Então, você não se importa, mesmo que não fosse eu... 

Não havia como Teresa ter notado que havia caído na armadilha montada por Edgar no momento em que demonstrou seus ciúmes. Claro, Lydia também não tinha percebido. Edgar entrou ágil no cômodo e fechou a porta atrás dele. Suzy foi fechada do lado de fora, deixando os dois sozinhos. Edgar segurou a porta com as costas e para não abrir e puxou Teresa para ele. 

A puxou com tal força que não permitiu que ela dissesse nada, Lydia entrou em pânico e tentou, desesperadamente, mover o corpo. Então, seu braço esquerdo respondeu levemente. Assim, ela conseguiu impedir que seus corpos se tocassem. Edgar não deixou que isso o impedisse e apertou Teresa com força, sem o corpo de Lydia. Lydia não conseguiu se mover, o que a deixou ainda mais assustada. “Ah, não! Isso é ruim”, pensou ela, mas não havia nada que pudesse fazer.  

Todas os sinais de flerte de Edgar eram bastante suaves, por isso, ele parecia não se importar se ela o rejeitava e lhe dava uma abertura para escapar. Mesmo assim, no momento em que ele tomou medidas vigorosas, era como se estivesse os olhos fixos em sua presa. Ele não tinha intenção de deixá-la escapar.  

Lydia ainda não sabia o que significava para Edgar quando conquistava o coração de uma mulher, mas teve a vaga sensação de que essa situação era um passo à frente. 

― ...Oh, por favor, pare, visconde... 

Mesmo dizendo isso, Teresa não aparentava querer escapar.  

― Por quê? Você é a única pessoa que aparece em meus olhos.  

Com suas doces palavras, o coração de Teresa bateu rapidamente. Ou era de Lydia? Ela começava a não perceber a diferença. Agora mal ela mal mantinha a força da mão esquerda na tentativa de lutar contra ele, mas Teresa estava praticamente mole.  

― Olhe para este lado.  

Ainda mantendo um de seus braços segurando-a, ele usou o outro para trazer seu rosto para cima. Ela se deparou com olhos ardentes e apaixonados que a fizeram se sentir tonta. Ela queria reclamar o porquê de todas as coisas, de estar usando um vestido que tinha a sua frente tão reveladora.  

― Você sabia, não é? Desde a primeira vez em que olhei para você, fiquei completamente cativado por seus olhos confusos.  

Ele falava dos olhos de Lydia. Mas, então, naquele momento, quando Lydia teve a sensação de que ele falava sobre ela, a força de suas pernas também começou a ceder.  

Dos cabelos às pontas dos pés, o que aparecia aos olhos de Edgar era o corpo de Lydia. Não sabia em qual deles estava voltando a sua atenção. “Oh, seu idiota!” Seja qual fosse Lydia ou Teresa, não havia quase nenhuma diferença entre elas para Edgar. Depois que ela chegou a essa conclusão, mal conseguia manter a luta. E, no entanto, seus dedos não se contiveram e acariciaram sua bochecha. Um arrepio percorreu seu corpo.  

Como se ele estivesse gostando da reação dela, os dedos dele correram a sua bochecha ao logo do pescoço e traçaram a nuca. Só por ele tirar o calço da renda belga, ela se encheu de uma sensação embaraçosa como revelar a nudez de todo o seu corpo e, mesmo assim, Teresa não se mexeu.  

Seus dedos foram mais longe para tracejar o ombro dela e vagaram ao redor da cavidade de sua clavícula. “O que você pensa que está fazendo? Oh, meu Deus, seu pervertido! Não vou perdoá-lo se você fizer algo mais do que isso! 

Lydia era a única que estava decidida e preocupada. Embora, tivesse perdido a calma, ela não notou que sua mão esquerda, que podia se mover, continuava imóvel enquanto movia seus dedos em um botão.  

― Quero continuar e fazer você minha.  

― Eu disse para parar... 

― Você tem noção de que alguém como eu fará? 

Oh, o isso está ficando cada vez pior. Edgar, seu imbecil, o que planeja fazer comigo?!” Porém, por mais que Lydia estivesse gritando por dentro, Teresa já estava desmaiada e encantada pelo olhar de Edgar. Parecia que Teresa havia sido jogada no feitiço de Edgar.  

Ah, eu saiba que ele era um homem inacreditável e mau”. Ele propositalmente a ignorou na mesa de jantar, a irritou e isso a deixou com sua mente fixada nele. E quando ela justamente ficou assim, ele se apresentou e, em seguida, completamente entregue à sua mão, sem contar que despertou o sentimento de ciúmes, usou isso em seu proveito e fez seu ataque. E, desse modo, foi capaz de conquistar facilmente seus afetos. Muito provavelmente, Teresa só tinha olhos para Edgar agora.  

― Quero você. 

Os lábios dele atraíram os lábios dela, quase tocando-os, e depois roçaram o lóbulo de sua orelha. Lydia ficou completamente congelada e sussurrou: “Pai, me perdoe”. Se Teresa não o recuasse, tudo iria sair como Edgar queria. Seu coração batia rapidamente e ela quase chegou às lágrimas. Ela preferia desmaiar agora. No entanto ele suavemente a soltou.  

― Oh, mas eu sei muito bem. Que se eu pensasse em você, não me renderia às minhas emoções acaloradas.  

De repente, Lydia perdeu toda a força, mesmo assim, Teresa se mexeu um pouco, como não estivesse satisfeita.  

― Ah, claro... Já que você é um cavalheiro.  

Por fim, Suzy conseguiu abrir a porta só um pouco, que havia sido fechada pelas costas de Edgar, e espiou nervosamente para se certificar de que tudo estava bem.  

― Milady? 

― Não há nada para se preocupar, Suzy.  

Ela disse enquanto estava encostada nele, como ainda estivesse em um sonho.  

― Teresa, você passaria o tempo comigo amanhã? 

― Claro que sim! 

― É uma promessa.  

Teresa finalmente ergueu o rosto, sorriu alegremente ao mesmo em que suas bochechas coravam de rosa e pegava um lenço de seda.  

― Um sinal de nossa promessa. 

― Há vários bordados feitos nele.  

― Eu quem os costurei. Queria algo doce mesmo o lenço todo ser branco.  

Ela se lembra de pontos de um trevo de quatro folhas e uma joaninha que foram costurados antes do jantar. Em tão pouco tempo, saiu de modo surpreendente.  

― Você tem muita habilidade. 

Assim que foi elogiada, ela sorriu de modo festivo. “Que garota inocente”, pensou Lydia. Ela acreditava em todas as palavras de Edgar e flutuava no doce pensamento de ser uma amante feliz. Lydia ficou com um pouco de inveja. Se ela conseguisse acreditar em Edgar do fundo do coração, e pudesse sentir sentimentos por ele, Lydia também poderia estar em completa felicidade. Enquanto pensava sobre isso e baixava a guarda, Teresa colocou a bochecha contra o peito de Edgar novamente. Pelo fato do que aconteceu foi demais para Lydia, não foi capaz de perceber rapidamente seu constrangimento e, ao mesmo tempo em que sua mente se mantinha ativa, começava a sentir seu calor, houve uma comoção terrível e um grito arrepiante.  

Lydia e Teresa ficaram surpresas e congelaram, enquanto que Edgar mudou seu foco para o barulho.  

― O-o que foi isso? 

― ...Vou dar uma olhada.  

Quando Edgar saiu para corredor, um homem saiu das sombras. No entanto, a figura de uma pessoa se moveu mais rápido. Era Raven. Ele imediatamente agarrou o homem. Ele o torceu e o abaixou, segurando-o no lugar.  

― Não! Pare! 

Edgar foi até Raven para olhar o homem que gemia e encolhia os ombros.
  
― Ora, ora, se não é o Conde Ashenbert. Pensei que você fosse um agressor que havia entrado na casa.  

O jovem de cabelos loiros, que talvez pudesse ser descrito de boa aparência, era de fato um impostor.  

― Está errado... Lord visconde, temos problemas maiores... Estava procurando por você.  

― Qual seria o assunto? 

― Eu vi um fantasma.  

― Um fantasma? 

― ...Ei, você, me solte! 

― Raven, já é suficiente.  

Depois que Edgar disse isso, ele finalmente livrou o impostor.  

― Não é tarde demais para alguém que veio pedir a mão de miss Teresa em casamento fosse assustado por um fantasma? 

― É uma história diferente... É um fantasma que ataca as pessoas! 

Ele não prestou atenção à gravata com babados e se inclinou em direção a Edgar. 

― Então, você foi atacado? Ele era bonito? 

― É um assassinato! 

― O que significa que agora você é um fantasma? 

― Não! Não, eu! Sir Stanley, sim! O quarto dele está coberto de sangue.  

― Sangue...? - ofegou Teresa e, com medo, segurou Edgar.  

Por que você sempre tenta tocá-lo em todas as chances que tem?”  

Parecia que o conde impostor havia acabado de perceber que Teresa estava ali e, depois que ele a olhou, fez uma cara de difícil, mas deve ter decidido que havia assuntos mais importantes e, rapidamente, explicou o que viu. 

― É o quarto ao lado do meu. Ouvi um barulho muito alto e fui chamá-lo a atenção para ficar quieto e, aí, vi o quarto coberto de sangue.  

― Entendi.  

― Não é um “entendi”. Isso é um homicídio.  

― Mesmo que fosse, como você disse, o autor, eu poderia me tornar a segunda vítima depois de ir até o cômodo com você.  

― Ãhn? Por que eu deveria? 

― Claro, para que tenha a senhorita Teresa só para você. Os outros pretendentes não são um obstáculo? 

― Eu nunca faria uma coisa dessas! 

Edgar observou atentamente o homem que poderia estar trabalhando para o Príncipe.  

― Então, por que você procurou por mim? 

― ...Eu apenas tive um pressentimento que você parecia confiável.  

Ele coçou a cabeça como se estivesse perplexo com seu comportamento. Se sua conduta tola e ignorante fazia parte de seu plano, era difícil dizer se ele era inteligente ou simplesmente tolo.  

― Enfim, eu vi um fantasma no quarto dele. Era uma sombra branca que flutuou e desapareceu. Este lugar é uma mansão fantasma, com certeza! 

― É difícil dizer se era apenas uma sombra. É noite e está escuro, logo, poderia ser sua imaginação.  

― Você está dizendo que um ser humano assassino pintaria uma sala inteira com sangue? Isso não é normal.  

― Existem humanos que também não são normais. 
Edgar pensou profundamente e de forma silenciosa por um momento, e logo após disse: 

― Bem, é melhor eu checar.  

Era difícil acreditar no tipo de curiosidade que Teresa tinha, pois disse que iria com eles, Lydia não queria ver poças de sangue, mas não estava em posição para recusar. É claro que Raven também apareceu e, no final, Suzy se juntou a eles também, pois todos seguiam o líder dos impostores.  

Não havia candeeiro a gás equipado na propriedade remota, que ficava longe da cidade, e a vela que Raven carregava era única coisa que iluminava o corredor atrás deles. Para os olhos que estavam acostumados a viver em Londres estava escuro demais para ver qualquer coisa.  

Os sons das ondas e do vento se misturaram e alcançaram seus ouvidos, o que deu ao local uma impressão estranha. No final do longo corredor, eles, finalmente, chegaram a uma porta que foi deixada aberta. Parecia que o conde impostor a deixou assim depois que ficou aterrorizado. Aquele era aparentemente o quarto de sir Stanley quando o impostor parou diante dele.  

― Vou na frente.  

Raven agiu rápido, parou na frente de Edgar e entrou no cômodo. Edgar entrou logo atrás dele, deixando Teresa espiar lentamente pela porta. O candelabro que Raven trouxe era a única luz no quarto, mas não demorou muito para ver que a mesa e as cadeiras estavam todas arremessadas por toda a sala. E foi possível ver, mesmo sob a luz fraca, que o sangue estava respingado e ensopava toda a toalha e a cortina próxima à mesa, bem como as paredes e janelas.  

Lydia ficou enjoada, Teresa e Suzy se afastaram da porta. Raven inspecionou o armário e debaixo da cama, mas apenas relatou com uma voz calma: 

― Não há corpo.  

― Bem, visconde, o que acha? 

Se ele não estivesse fingindo, parecia que o conde impostor finalmente se acalmou.  

― Não sei. Não podemos afirmar se esse sangue pertence a sir Stanley. Mais do que isso, somos apenas convidados. Acredito que seja melhor denunciar o fato à dona da casa.  

― Porém, a dona é a senhora Collins. Detesto dizer isso, mas ela não é o tipo de mulher que poderia lidar com essa situação.  

Edgar também assentiu.  

― Havia mais um membro da família Collins. 

― Você quer dizer o sobrinho? Ele ainda é uma criança. 

― Ele não é tão jovem para ser rotulado como uma criança. Afinal, ele é um homem.  

Raven assentiu ao olhar Edgar e saiu da sala, o que significava que ele deve ter ido chamar o sobrinho da senhora Collins. Lydia ficou nervosa quando o conde impostor andou pelo cômodo e se aproximou de Edgar. Ele poderia estar trabalhando para o Príncipe, e se algo acontecesse, Raven estava longe. Entretanto, ele estava apenas olhando timidamente por cima do ombro de Edgar uma poça de sangue.  

Em vez do impostor, Edgar voltou os olhos para mirar na janela. O oceano negro, que podia ser visto refletindo a luz da Lua, parecia estar criando padrões estranhos em suas ondas e Lydia achou isso esquisito também. Mesmo assim, sua atenção foi imediatamente desviada pelo rápido retorno de Raven 

― Oh, meu Deus! Isso é terrível! 

Oscar, o sobrinho da senhora Collins, ofegou quando deu alguns passos para trás da porta, por onde acabara de passar.  

― Oscar, é melhor procurar se há alguém que possa ter entrado nesta casa. Para estar seguro, você também deve procurar o paradeiro de sir Stanley, esteja vivo ou morto. 

― Sim. Você está certo, vou começar a fazer isso. Mas... 


Ele inclinou a cabeça como tivesse uma pergunta sobre algo.  

― Visconde, tudo bem eu confiar em você? Não há provas de que quem fez isso seja um de vocês, convidados.  

― Se você me dissesse isso, naturalmente, eu desconfiaria de você, ou da senhora Collins, ou da espiritualista, que não vi o seu rosto.  

O jovem apenas soltou um “hmmm”. 

― Para começar, pensei que era ridículo e estúpido esse assunto de reviver Teresa e arranjar-lhe um casamento. Vou mandar um mensageiro para cidade amanhã e chamar a polícia. Se alguém achar que estará com problemas por isso, acredito que é melhor sair rapidamente. Para aqueles que não, certifiquem-se de trancar as suas portas e janelas para se proteger. Mesmo que algo mais aconteça, não estou assumindo a responsabilidade... 

― Você é mais calmo do que imaginava.  

Oscar encarou Edgar.  

― Retornarei o comentário, lord visconde. Por enquanto, sou substituto do senhor da família Collins.  

―... Era um fantasma, como eu pensava... 

Quem choramingou foi o falso conde.  

― Você lembra que este é um local famoso por ser um antigo campo de batalha. Ainda há ódio pelos soldados que morreram e permaneceram aqui.  

― Campo de batalha? Oh, a Batalha de Hastings, você quis dizer. A história era que este é o primeiro lugar na Inglaterra que estava coberto de sangue quando foi quase invadido pelos normandos 

― Essa é a história antiga, mas se fosse sobre fantasmas, seria melhor pedirmos um conselho à espiritualista.  

― Ela já foi para a cama há muito tempo. Parece que ela sempre dorme cedo. Se um dos fantasmas a quem ela controla é autor, pode ser inútil mesmo com as portas trancadas.  

Quando Oscar se virou para sair, Teresa começou a tremer e se agitar. Parecia que ela estava ouvindo a conversa deles sem um objetivo, mesmo assim, sua reação foi repentina. Lydia também foi envolvida por um mau pressentimento. Por alguma razão desconhecida, também estava cheia de medo, o sangue fugiu da sua face e ficou tonta. Ela se agachou. 

― Oh, milady, qual é o problema? 

Suzy soltou um grito, o que foi notado por Edgar que se aproximou dela, segurando o seu ombro.  

― Teresa, você está bem? 

― Sim... Sinto-me um pouco indisposta.  

― Esse não é o tipo de coisa que uma jovem deveria testemunhar. É melhor você voltar para o seu quarto.  

Ela obedientemente se inclinou em direção a Edgar, que a firmou. “Como disse, ela não perde a oportunidade de agarrá-lo”. 

Lydia usou a mão esquerda para criar um espaço entre os dois, mas quando sentiu a mão quente de Edgar em seu ombro, lembrou-se da situação anterior e seu corpo começou a se esquentar, no momento em que se recordou como seus limites foram ultrapassados. Juntando ao seu mal-estar, ela sentiu-se tonta. Nesse ritmo, ela não saberia que tipo de atitude ela dever ter quando fosse encontrar Edgar amanhã. 

― Você permitiu que Teresa fosse levada por ele. Você está bem com isso? 

A voz de Oscar pôde ser ouvida enquanto ele falava com o falso conde atrás deles.  

Após Edgar ter acompanhado Teresa de volta ao quarto, ele retornou para seu cômodo e inspecionava o lenço que lhe foi dado.  

― Há algo errado, lord Edgar.  

Raven, que acabara de voltar de suas rondas vistoriando a casa, foi até Edgar que se encontrava sentado, pensando seriamente.  

― Seria comum bordar seu nome em um lenço, não é? 

― Oh, sim, eu suponho.  

― Não importa como eu olhe, as iniciais que ela costurou na lateral do lenço se assemelham a um M, não um T.  

― Ela afirma não ter memória de si mesma. Talvez, ela não pretendesse costurar suas iniciais. 
― Sim, talvez sim. Mas, no entanto, mesmo que ela não se lembrasse de si mesma quando estava viva e fosse o fantasma de Teresa, haveria uma parte de sua personalidade que continuaria igual, certo? Como seu temperamento, seus gostos... Porém, parecia que ela queria bordar em um lenço branco e liso esse desenho, talvez esse seja seu verdadeiro caráter... 

O fantasma dentro de Lydia pode não ser Teresa. Era inimaginável para Teresa, que morrera aos cinco anos de idade, conseguir bordar e até realizar um trabalho tão perfeito. Se a inicial dela era realmente M, então... 

Ele tinha a sensação de que algo importante estava escondido por trás disso, mas não conseguia lembrar o que era. Edgar desistiu e virou-se para encarar Raven. 

― A carta de Paul chegou? 

― Sim. - respondeu Raven, que tirou uma carta do bolso interno de seu casaco. 

Foi o que ele foi buscar nos correios da cidade antes do pôr do Sol. Era um relatório sobre os resultados da investigação que ele havia solicitado, porém eles não tinham descoberto nada e continuariam a pesquisa sobre a identidade do homem que se apresentava como Conde Ashenbert. Até os dois baronetes estavam usando nomes falsos. Ele não sabia se eram possivelmente os homens de Ulisses ou se eram apenas vigaristas atrás da fortuna da família.  

Houve outro relatório que chamou a sua atenção. Seguindo o caminho do credor anterior, eles descobriram que o homem chamado Ulisses, que se dizia trabalhar para o Príncipe, estava no navio, Vênus, que havia chegado a Londres há um mês. E, na mesma lista de passageiros, o nome de Oscar Collins apareceu.  

O irmão mais novo de sir Collins estava operando um negócio na América. Oscar era seu filho. O motivo de sua viagem à Inglaterra foi estudar no exterior a partir do outono.  

― Raven, você acha que isso seja uma coincidência? 

― Portanto, existe a possibilidade de Oscar e Ulisses já terem se encontrado a bordo do navio. Logo, talvez Ulisses tenha decidido usar Oscar a partir de então.  

― De fato, sinto que ele realmente embarcou no mesmo navio, com Oscar em mente. Muito provavelmente para se aproximar da família Collins.  

― Portanto, fazia parte dos planos do Príncipe envolver a família Collins nisso.  

― Bem possível. Ele passou por alguns problemas em seus preparativos, e parece que me encurralar não seja o único objetivo que eles têm em mente.  

Edgar voltou os olhos para a nota que estava rabiscada rapidamente no canto do relatório.  

― Há a possibilidade que eles também receberam informações sobre isso. Parece que eles não foram capazes de incluir tudo isso na carta. Raven, você irá à cidade novamente amanhã? Deve haver alguém da “Scarlett Moon” que esteja a caminho.  

― Sim. - ele assentiu.  

Oscar Collins. Ele era apenas um garoto de dezesseis anos. Perguntou-se se o rapaz estava sendo usado sem saber nada sobre o plano de Ulisses.   

Ele disse que não confiava na espiritualista que havia revivido Teresa, mas talvez fosse Ulisses quem o estava fazendo dizer isso. Queria acreditar que Oscar não teria uma razão que o levasse enganar a senhora Collins, que era sua tia, mas se houvesse a possibilidade de ele estar sendo levado a mudar para o desejo daquele homem, logo, Edgar tinha que ser cuidadoso. No entanto, poderia ser Ulisses.  

Com tanta informação, era difícil decidir quem. Enquanto Edgar pensava nisso, ele segurou o relatório sobre o fogo da lâmpada para queimá-la.  

Nota da tradutora Sinceramente? Adoro esse trecho: 
“Lydia, de alguma forma, conseguiu afastá-lo e se virou para partir.  
― Oh, espere, Lydia. Você estava tão apaixonada quando a visitei em seu quarto ontem à noite, não precisa ser tão fria repentinamente.  
Hein?”, pensou Lydia, que parou de caminhar. “Aquela não era eu. Mas, ...”.  
― Você não quer saber como estávamos? 
― O que... O que você fez? 
Quando ela se voltou, ele lhe mostrou um sorriso sugestivo.  
― Bem, estamos noivos e assumirei a responsabilidade pela noite passada, logo, não há com que se preocupar”. 
O Edgar é como eu, mesmo nas piores situações, ele não perde a piada! Hahahaha 
Finalmente, os dois se encontram. E as coisas pioram com esse “assassinato”. Pela frieza de Oscar, quem você suspeita que seja? Para mim (spoiler), sem dúvida, é Ulisses. Tanto até se você se lembra do episódio 11 do anime, no momento, em que Ulisses e Edgar se enfrentam, ele se confunde e o lembra como um senhor de meia idade. Ulisses tem o poder de trocar de corpo como bem entender.  
O próximo capítulo, as coisas começam a clarear. E já estou trabalhando nele. Portanto, espere fortes emoções!  
Beijos e até mais!