domingo, 9 de maio de 2021

A lenda da Família Real - Capítulo 3 - Volume V - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de apresentação:  


Olá! Quero seguir nesse ritmo com as traduções e vou tentar manter assim no máximo. Vamos à história? Espero que goste! 


No momento em que a Lua surgia no céu e a superfície da água refletia o seu reflexo, aquela luz brilhante, que era como pequenos cristais cintilantes, era tão forte que até iluminava a superfície sob a água.  


Kelpie se encontrava nas profundezas do lago e pensou que as sombras de incontáveis partículas de luz pareciam estar flutuando na água.  


As noites de luar em Londres eram a melhor coisa desse lugar. Kelpie apareceu acima da superfície da água que estava coberta com as folhas das árvores que caíram e criavam pequenas sombras para olhar silenciosamente a Lua.  


[― Ei, é assim?] 


[― Não, por aqui. ] 


[― Para que lado?] 


As vozes vinham dos arbustos gramados da margem rochosa do lago. Os arbustos farfalharam e tremeram. “Droga, há um grupo barulhento esta noite”. Kelpie resmungou de irritação. Goblins feios e fedorentos podem parecer em qualquer lugar que você vá, mas foi a primeira vez que ele os viu em um lugar como este.  


As pequenas fadas de coração maligno eram morenas e tinham o rosto achatado. Havia uma espécie que usava trapos velhos ou ficava completamente nua, e não havia nada de bom quando eles apareciam em bando.  


Kelpie pertencia também à Corte Unseelie, porém, embora pudesse se transformar em uma forma digna de um cavalo magnífico, esses goblins eram como vermes rastejantes.  


Mesmo que eles apresentassem características semelhantes, Kelpie não sentiria repulsa pelos hobgoblins ou brownies, mas ficava irritado com os goblins por simplesmente existirem.  

Olhou para eles enquanto planejava pisá-los e esmagá-los se chegassem perto do seu território. 


[― Apressem-se e o encontrem. Nós seremos repreendidos pelo Mestre.] 


O que eles estão procurando? 


Quando ele pensou nisso, ouviu um barulho de algo caindo na água. Parecia que tinha sido no fundo do lago. Descobriram que era uma pequena criança humana, que estava com falta de ar na superfície.  


[―Lá está ele.] 


[― Depressa, para o lago.] 


Ele não queria que nenhum goblin imundo entrasse no seu lago. E, então, Kelpie criou uma onda crescente ao seu redor e empurrou a criança que estava se afogando de volta para a margem. 


Ele observou os goblins baterem e chutarem a criança resistente e puxá-la para cima do lago, mas chegou a pensar que poderia ter sido melhor para o bem da criança ser devorado por ele do que ser capturado por seres como eles.  


Mas, agora, não quero nenhuma carne com marcas de dedo de um goblin”. 


― Ajude-me... 


Um pequeno pacote embrulhado caiu das roupas do menino que chorava. Logo se desfez e algo brilhante rolou, caiu e afundou no lago.  


Perseguindo, Kelpie o pegou.  


― Isso não é um diamante? 


Quando voltou à superfície, viu que havia um homem se aproximando do garoto que ainda chorava, implorando por sua vida na margem da água. O homem, que ainda aparentava ser jovem o suficiente para ser chamado de menino, tinha um sorriso estranhamente amargo e cruel no rosto.  


Então, ele é o mestre dos goblins”. Kelpie continuou observando.  


― Rapaz, diga-me quem lhe disse para fazer isso? 


Parecia que ele perguntava com um tom gentil, mas havia algo ameaçador em sua voz.  


― O que... Você está querendo dizer? 


―Se você se bancar de inocente será punido. Não foi este homem que lhe entregou o pacote e disse para deixá-lo em algum lugar? 


Depois que o jovem disse isso, ele jogou algo para o garoto. Parecia que foi a cabeça de algum humano. O menino congelou de terror, incapaz de soltar um grito.  


― Ele é amigo do duque Barkston. O que significa que é o duque que estava se esgueirando sob o meu nariz e tentando esconder o diamante? 


― Di-diamante? Mas, eles disseram que era apenas uma bola de vidro.  


Como se ele não pudesse crer, o homem soltou um suspiro.  


― Que pena, só porque por acaso você era o garoto de recados do duque, você foi aproveitado. Qualquer criança acreditaria facilmente que um diamante é uma bola de vidro, e assim não encontraria perigo de ser roubado. E ainda por cima, eles tiveram a coragem de pensar que você seria capaz de escapar com o diamante sem que eu notasse.  


Depois, ele ordenou que os goblins revistassem o menino.  


[― Não tem nada com ele, mestre.] 


―Onde você escondeu o diamante? Ou você já entregou para alguém? Se não quer morrer, diga-me o que sabe.  


O mestre dos goblins chutou o menino sem piedade. O garoto se encolheu de dor e murmurou algo baixinho.  


― Hmmm, então, você foi avisado para ir à estação Charing Cross? Você acha que alguém viria aí? 


O jovem loiro encolheu os ombros um pouco e se virou. 

 

― Eles estão se precavendo agora, portanto, ninguém vai aparecer.  


Quem se aproximou do jovem e respondeu foi uma criatura coberta de pelo preto.  


― Um cão negro. - engasgou Kelpie. E logo em seguida, o cão imediatamente se transformou na forma de um menino magricelo.  


Não haviam muitas fadas que assumiam a forma de um cachorro. Mesmo que eles pudessem ser vistos como o mesmo cão-fada, cada um deles tinha características diferentes, muitos deles sendo de natureza maligna, na maioria dos casos, temidos pelos humanos.  


Este humano não só tinha goblins trabalhando para ele, mas também um cachorro negro sob seu controle.  


― Há uma possibilidade de que o duque esteja escondido em algum local nesta vizinhança. Acho que posso pedir aos goblins o procurem.  


―O que devo fazer, senhor. - perguntou o cão negro.  


― Bem, vamos ver. Seria divertido brincar um pouco mais com o conde.  


Conde?” Essa palavra chamou a atenção de Kelpie, mas deixou passar, já que havia mais de um conde na cidade.  


― Esse garoto de recados tem a aparência, idade e altura semelhantes a você. Ei, Jimmy, que tal eu queimar o seu rosto e usar seu cadáver como você mandá-lo de volta para eles? 


― Isso não seria uma má ideia. Mas, caso você fizesse isso, não teria mais trabalho para fazer.  


―Se você chamar muita atenção para si mesmo, talvez seja notado por aquela garotinha. Se fosse agora, eles ainda seriam capazes de acreditar que você é esse menino em sua trupe. 


O cão negro na forma de um garoto sorriu com rosto pálido e fantasmagórico.  


― Sem problemas. Bem, admito que pensei que estava acabado quando de repente a conheci. Porém, ela era apenas uma garota facilmente distraída, e nem percebeu tal detalhe uma vez que eu a irritei.  


― Então, é melhor você continuar agindo como Jimmy e fingir ser humano por um pouco mais de tempo. Peça ajuda a um dos homens que trabalham para o conde. Ele, certamente, será cauteloso com você, mesmo assim isso criaria um desentendimento entre ele o seu grupo. Tenho certeza de que ele está fazendo com que eles procurem o paradeiro do duque Barkston. Por isso, se eu for, expandir o labirinto e arrastar todos para dentro, poderei me livrar de todos de uma vez.  


― Entendido, senhor. Por favor, deixe-me usar aquele garoto de recados.  


Quando o homem acenou com a cabeça, o cão preto deu uma ordem aos goblins e mandou que carregassem o menino. Então, o homem desviou os olhos para o lago. Ele caminhou até o banco de água, provavelmente, porque pensou que ele poderia ter uma chance que o diamante tivesse caído em algum lugar perto daquele local. 


― Ei, procurem dentro da água. - ele ordenou aos goblins restantes.  


Que irritante”, pensou Kelpie e se ergueu para pairar sobre a superfície em sua forma de cavalo.  


― Dê um passo dentro do meu território e eu irei esmagar aqueles seus goblins e arrancar sua cabeça.  


― Kelpie, um cavalo aquático... - sussurrou o jovem assustado.  


Todos os goblins gritaram alto e correram na direção oposta.  


― Por que, por que um kelpie estaria em um lugar como este? 


― Onde fico é escolha minha. Apresse-se e saia.  


Quando ele olhou para o jovem com seus olhos de pérolas negras, o homem pareceu ser cauteloso, mas não se afastou rapidamente.  


― Aquele garoto deixou cair uma pedra aqui um pouco mais cedo? 


― Como todos vocês ousam me perturbar quando eu estava gostando de olhar para a Lua. 


― É uma pedra sem sentido para um kelpie. Se você conseguir encontrá-la para mim, preparei mulheres de aparência apetitosa para você todas as noites.  


Era uma oferta tentadora, mas se Lydia descobrisse, cortaria os laços com ele, portanto, lutou contra o desejo.  


― Cale-se. Nunca mais se aproxime do meu território.  


Kelpie fez um grande e violento respingo e desapareceu sob a água. Era verdade: um diamante não tinha apelo para um kelpie e era o mesmo que um seixo no fundo do lago para ele. No entanto, para a maioria dos humanos, isso era algo pelo qual eles tinham um gosto particular.  


Ele ergueu o diamante transparente para desenhar na luz da Lua cintilante, brilhando através das bolhas na água, ajudando a criar um arco-íris de cores diferentes. Era do mesmo tamanho do diamante negro. Se fosse isso, Lydia poderia gostar.  


Ele se lembrou dela dizendo algo como se quisesse um diamante.  


Quando percebeu isso, Kelpie, de repente, começou a sentir que este diamante tinha mais valor do que uma das pedras no fundo do lago.  


*** 


O lugar em que Lydia se esgueirou foi o escritório do mordomo Tompkins. Era dever do mordomo administrar os ganhos das propriedades e economias da família Ashenbert. Ela teve a ideia de que pode haver algum tipo de registro de quem Edgar poderia ter vendido ou dado o diamante.  


Se ele estava entrando e saindo de um harém, deveria haver algum tipo de pista do endereço dessa empresa.  


Usando o tempo em que Tompkins estava fora do prédio, Lydia vasculhou a sala, mas no momento em que percebeu a pilha da papelada que não dava sinais de estar organizada cobria a mesa, ela desistiu.  


― Algum problema, senhorita Carlton? 


Lydia se virou em fúria para enfrentar aquela voz. Raven estava parado ali.  


― Senhor Tompkins voltará à tarde, você precisa de algum pedido urgente? 


― Eh, não, hum... Oh, sim, há uma papelada que pedi a ele para me ajudar. É uma petição escrita de uma das propriedades do conde. Disseram que precisavam da permissão do conde para abrir caminho para as fadas.  


Embora estivesse em pânico, Lydia conseguiu inventar algo relacionado ao trabalho como desculpa.  


― Quando você pediu isso a ele? 


― Acredito que foi há mais ou menos três dias.  


Raven foi até a mesa e tirou uma folha de papel da pilha.  


― Aqui está.  


Tinha a data de hoje e já tinha a assinatura de Edgar. 

 

― ...Obrigada, uh, é incrível como você foi capaz de encontrá-lo nessa bagunça.  


― Não é uma bagunça. Esta é a perfeita condição para o senhor Tompkins 


― Oh, oh, então, é. Bem, eu poderia entender se fosse ele quem o encontrasse, mas é surpreendente que você soubesse sua localização.  


― Isso porque estou aprendendo a trabalhar como mordomo.  


― O quê? Você vai ser um mordomo? 


― Se for algo que seja útil a lord Edgar, aprenderei qualquer coisa.  


Quando ela pensou sobre isso, Raven foi ensinado a matar qualquer um que estivesse perto o suficiente ao seu alcance no início. Lydia conhecia apenas o Raven que compreendia o comportamento e condutas adequadas como criado de Edgar, porém essa parte deve ter sido o que ele aprendeu depois que conheceu Edgar.  


Ele pode ter começado a querer aprender mais por causa de Edgar, que se tornou conde, porque no futuro, quando a guerra deles contra o Príncipe terminar, suas habilidades de luta perderam sentido.  


Lydia sentia que, se ele buscava algo novo e ficasse feliz com isso, talvez estivesse um passo à frente de Edgar para se livrar do Príncipe.  


― Entendi. Espero que você tenha sucesso.  


A expressão de Raven não mudou, como de costume, porém, ela pensou que o viu sorrir apenas um pouco.  


― Precisa de mais alguma coisa? 


Raven abriu a porta, e deve ter segurado naturalmente aberta para ela, mesmo assim, ela não deu nenhum sinal de ir embora, por isso ele fez essa pergunta. Seria estranho para ela ficar no cômodo de senhor Tompkins. Mas, havia algo que Lydia queria saber.  


Ah, não! O que devo fazer?”, ela entrou em pânico. Ainda hesitante, ela perguntou de qualquer maneira.  


― Uh, Raven, onde fica o harém dele? 


Raven ficou sem saber responder. Mesmo que ela não pudesse ver a mudança em sua expressão, Lydia foi capaz de afirmar que ele ficou inseguro, por causa do seu silêncio total.  


Agora que ela podia se lembrar, Raven tinha a firme convicção de que Lydia era noiva de Edgar. Ele deve considerá-la como a próxima pessoa mais importante de seu mestre. “O que significa que ele não seria capaz de me ignorar? 


Isso pode ser maldade da minha parte”, ela pensou, mas Lydia continuou assim mesmo.  


― Não há um negócio que Edgar vai com frequência? 


Ele acha rude fazer uma pergunta de volta para descobrir qual era a intenção da noiva de seu mestre ao questionar isso? 


― É o Madam Eve-Palace em Charing Cross.  


Assim que ele respondeu, ele não queria que ela perguntasse mais nada, pois rapidamente desapareceu, como se estivesse fugindo dela.  

 

E, então, depois de uma hora, Lydia estava em frente ao Madam Eve-Palace. Era um edifício que quase parecia a mansão de um nobre, com um maravilhoso e grandioso portão guardando a frente.  


Talvez porque fosse durante o dia, mas não havia sinais de pessoas entrando ou saindo do prédio.  


Lydia pulou a cerca e deu a volta para parte de trás do prédio e procurou a porta dos fundos. 

 

― Mocinha, você não vai entrar pela porta da frente? - perguntou o coblynau que ela trouxe consigo.  


Ela não podia permitir que o diamante continuasse amaldiçoando. Edgar não deu sinais que estava preocupado com isso, mas se fosse deixado do lado, coisas terríveis aconteceriam. Por essa razão, Lydia trouxe o coblynau para que esta fada pudesse acalmar o poder do diamante amaldiçoado.  


De alguma forma,  pensava em conhecer a princesa do harém e fazer algo com ela. Também estava em uma posição perigosa, por isso, se Lydia pudesse falar com ela, tinha certeza que as duas poderiam chegar a um entendimento. “Entretanto, me pergunto se ela é muito bonita”.  


Então, por que ela sentia sua motivação murchar quando pensava em algo assim? 


― Lugares como este não darão uma recepção calorosa se você aparecer de repente na porta da frente. - disse Nico, agindo como uma fada mais velha.  


No entanto, era verdade o que Nico disse. É por isso que Lydia pegou o uniforme emprestado de uma empregada que trabalhava na mansão Ashenbert 


As roupas de empregada deviam ser semelhantes em qualquer lugar. Ela não tinha certeza de como era exatamente um harém ou o quer que fosse, mas decerto era um lugar em que contratava vários trabalhadores, por essa razão, ela imaginou que se fingisse ser uma empregada poderia entrar sorrateiramente.  


― Mas não consigo entende por que a jovem, que vai ser a esposa do conde, precisaria entrar pela porta dos fundos como uma criada.  


― Mais importante, qual é a razão para você ter que vir a um lugar como este? - questionou Nico.  


― Você poderia ficar quieto por um tempo? E, coblynau, você absolutamente não pode, em hipótese nenhuma, revelar à mulher do harém que sou noiva do conde.  


― Por quê? 


― Porque sim.  


De qualquer forma, se fosse o coblynau, ele deveria ser capaz de rever o diamante para seu estágio inofensivo. Já que ela tinha a fada perfeita para o trabalho, Lydia sentiu que precisava fazer algo sobre essa situação como fairy doctor 


Por trás do canto da parede do prédio, ela espiou ao redor para verificar a porta dos fundos enquanto vestia rapidamente o avental e o bonnet branco.  


Nesse momento, uma empregada saiu pela porta dos fundos e Lydia a observou virar a esquina em direção à rua, logo correu para a porta dos fundos aberta e entrou no prédio. 

 

O seu interior estava quieto. Passou periodicamente por ela uma outra empregada, mas estava com pressa, então, ninguém acabou prestando atenção nela.  


― Mocinha, sinto a energia de uma joia. É este caminho.  


coblynau foi na frente e liderou o caminho. Ele era uma fada habilidosa em descobrir onde os minerais eram enterrados.  


Depois que eles passaram por uma porta no final de um corredor, o ambiente do interior mudou repentinamente. Era um corredor com um lustre magnífico e brilhante pendurado no teto e as estátuas alinhadas contra a parede, com tetos altos e longas escadarias curvas que se conectavam ao andar de cima.  


Os mosaicos coloridos que cobriam todo o piso adicionavam uma sensação irregular ao designer simétrico, fazendo com que os visitantes se sentissem repentinamente atirados em um sonho.  


Não era apenas luxuoso, mas muito artificial e as decorações confundiam os sentidos dos visitantes.  


― Que mau gosto.  


Nico, que estava invisível desde que eles entraram no prédio, de repente apareceu do nada para expressar sua opinião. E a partir daí, ele torceu o nariz e começou a cambalear em outra direção.  


― Espere, Nico, onde você está indo? - perguntou Lydia.  


― Sinto um cheiro delicioso vindo deste lado.  


― Oh, meu Deus! Você sempre sai por conta própria em momentos como este.  


― Mocinha, por aqui.  


Lydia soltou Nico e seguiu o coblynau até os fundos do prédio. Eles passaram por inúmeras portas e, eventualmente, a fada parou na frente de uma determinada porta. 


― Está aqui? 


Lydia abriu a porta e com suavidade. O interior da sala era brilhantemente decorado com prata e ouro. Não parecia haver ninguém no local, mesmo assim, ela entrou.  


No entanto, Lydia percebeu a sombra de alguém atrás de uma cortina fina do outro lado do cômodo, o que a fez entrar em pânico e quase sair correndo. Porém, surpreendentemente, a pessoa não mostrou nenhuma resposta ou sinal de que iria apontar o erro de Lydia ao entrar na sala. Ela se lembrou de como os nobres da classe alta não prestavam atenção na entrada e saída dos servos, então esperou para ver o que a pessoa faria.  


Ela foi capaz de dizer que era uma mulher além da cortina fina sentada no braço de um sofá e parecia que olhava para o pássaro dourado que estava colocado dentro da gaiola pendurada perto dela.  


Ela é loira...?” Aquela característica da mulher que foi a primeira coisa que Lydia ficou intrigada. Lydia ouviu rumores de que a mulher fosse uma princesa pagã, logo, imaginou que tivesse cabelos negros ou escuros. Ela não foi capaz de ver os detalhes do seu rosto.  


Fingindo limpar a estátua de leão de prata, Lydia lentamente tentou se aproximar dela. Nesse momento, o coblynau andou direto para a cortina. Ela não teve um minuto para detê-lo. Ele não era capaz de ser visto por pessoas normais, mas ainda assim, a pequena fada ousadamente rastejou sob a cortina para o outro lado.  


Para culminar, a fada subiu no ombro da mulher e soltou em voz alta.  


― Jovem senhorita, é o diamante amaldiçoado. Eu o encontrei. Está bem aqui! 


Lydia viu que a fada estava tentando o colar da mulher e correu o mais rápido que pôde.  


― Pare com isso, coblynau! Isso é rude! 


― Não há nada de rude nisso. Você deveria dar um tapa na cabeça de uma amante como esta, que colocaria de lado a futura esposa da família e age como se ela fosse uma nobre... 


Lydia pegou o coblynau e cobriu sua boca.  


― E-eu sinto muitíssimo... Havia uma fada que ama travessuras simplesmente... Uh, eu não sou alguém suspeito... 


Nesse ponto, Lydia finalmente percebeu que a mulher à sua frente não tinha se movido um centímetro.  


― O quê? Uma boneca? 


Ela era uma boneca de cera feita com detalhes extremamente finos que ninguém seria capaz de distinguir de um humano, a menos que você prestasse atenção em como ela não estava piscando.  


― A mulher em seu harém era uma boneca? ... O que isso significa? 


Era uma linda boneca. De cabelos dourados e olhos azuis, vestia um traje oriental, como um dos vestuários das ilustrações dos cavaleiros árabes, e nas camadas de roupa que se sobrepunham, havia contas de ouro e joias semeadas nela, que formavam a boneca. Toda roupa cintilava e brilhava à luz da lâmpada.  


― Se uma amante recebe este tipo de tratamento, como este vestido e este quarto, logo, milady perderia sua posição. Precisamos que lord Edgar coloque um fim nisso.  


Em vez de ouvir o murmúrio do coblynau, Lydia pensava muito sobre outra coisa. Se o dono do diamante amaldiçoado fosse uma boneca, logo, como ele disse, seu poder não teria efeito sobre ela. Mas, a razão pela qual o poder da maldição ainda permanecia em Edgar era porque o dono da boneca era Edgar.  


Apesar disso, era difícil acreditar que ele preparou essa boneca para afastar a maldição do diamante. “E se essa fosse sua imagem da mulher perfeita? 


Lydia olhou para a boneca. Até o brilho liberado pelo grande diamante destemido parecia derrotado contra a sua maravilhosa graça e elegância. Quando Lydia viu o diamante pela primeira vez, se perguntou se poderia haver alguém com quem essa joia combinasse, porém não existia nada de estranho nesse emparelhamento, como se a pedra fosse dela em primeiro lugar. Até o diamante parecia satisfeito.  


Eu sabia. O motivo pelo qual Edgar continua a se intrometer comigo é porque sou apenas um de seus caprichos”.  


A beleza da boneca era muito convincente, e ela até chegou a pensar como altruísmo que a existência inofensiva da boneca para outros pareciam poder salvar a solidão de Edgar. Porque, mesmo se ele abraçasse esta boneca, ela não tentaria fugir como Lydia faria.  


― No entanto, senhorita, este diamante é o Pesadelo.  


― Como você sabe disso? 


― Contaram sobre ele a meu avô. Há muito tempo, o Conde Cavaleiro Azul foi convidado pelo Rei para consertar um diamante. Se alguém deixar de zelar joias como essa, ela acumulará poderes malignos e sombrios e poderá facilmente armazenar uma maldição poderosa. Lembro-me de haver outro par, um grande diamante branco chamado Devaneio.  


O que significava que este diamante pode pertencer à família real.  


― Independentemente disso, você é capaz de reparar este diamante? 


― Vou precisar chamar e reunir um grande número de meus amigos. Mesmo durante a época do meu avô, ouvi que todo o meu clã teve que trabalhar nisso no Castelo Real.  


Pelo que ela se recordava, os coblynaus viviam nas províncias de Gales. Se ele fosse chamar sua espécie, logo, isso era algo que levaria algum tempo. Mas, ela não podia se permitir de ignorar este diamante amaldiçoado.  


― Você poderia contar aos seus amigos sobre isso? 


― Enquanto isso, miladyBow deve ser capaz de conter a maldição. Eu recomendo que você fique o mais perto do conde que puder.  


― O quê? Esta pedra da Lua pode fazer isso? 


Mas, por ser de Edgar, não é como se ela pudesse estar ao lado dele o tempo todo.  


Neste momento, Lydia ouviu o som de vozes se aproximando. Houve o som da maçaneta girando. Alguém estava entrando. Lydia entrou em pânico e tentou se esconder, mas seu avental ficou preso em uma das esculturas e suas mãos pousaram em um grande espelho pendurado na parede.  


O espelho se moveu. Ao mesmo tempo, ela caiu em uma pequena sala escondida atrás do espelho giratório, a porta da grande sala se abriu. O espelho devia ser uma porta giratória, pois voltou ao lugar. O vidro que deveria ser um espelho refletor era apenas uma janela transparente e permitia que ela observasse o que estava acontecendo do outro lado da parede.  


Parecia que esta era uma sala secreta e escondida. Ela só podia imaginar que era feita para que pessoas pudesse escutar o que era discutido na grande sala. Ela prendeu a respiração e olhou para dentro da sala além do vidro, e viu que quem tinha entrado era Edgar e Raven

 

― O duque desapareceu? - gritou Edgar.  


― Sim. Descobrimos que Ulisses o está procurando.  


― Então, ele falhou... 


― Acredito que sim. Ele deve ter falhado em mover o Devaneio, por isso, ele precisava se esconder de Ulisses.  


Aparentemente, eles estavam falando sobre o outro diamante que costumava estar com a família real com aquele diamante negro.  


E, Ulisses? Então, ele também está atrás daquele diamante”. 


― O Devaneio caiu nas mãos de Ulisses.  


― Nós não temos certeza.  


Edgar fechou os olhos e mergulhou em pensamentos profundos.  


― Ainda temos o diamante negro em nossas mãos.  


O que diabos Edgar está tramando agora? 


― Precisamos descobrir o paradeiro do duque antes de Ulisses. Ulisses não deveria saber sobre o harém do duque aqui. E que o duque está obcecado por uma mulher em particular.  


― Você está dizendo que o duque acabará por se mostrar aqui.  


― Ele virá aqui e implorará à Jean para salvá-lo. Mantenha os olhos abertos nesta área.  


Edgar olhou para além da cortina impressa em chita. Parecia que esse era o nome da boneca de cera.  


Raven fez uma reverência e saiu da sala, e Edgar sentou-se em uma cadeira preta de ébano apoiando o queixo na mão e parecia estar pensando em algo.  


― Jovem senhorita, acho que você deveria ir em frente e descarregar sua raiva nele. Já que o fez conhecer sua amante.  


Agora não parecia ser esse o caso.  


― Você precisa deixar claro o seu relacionamento com ele antes do casamento ou haverá mais problemas pela frente.  


― Fique quieto. Ele vai nos encontrar.  


Edgar olhou na direção deles assim que percebeu. Ela não teve nem tempo para reagir, quando ele imediatamente abriu a porta do espelho. Ela tentou correr para o fundo da pequena sala, mas ele rapidamente agarrou o seu braço.  


― O que você estava fazendo? 


Como ela estava vestida como uma empregada doméstica e estava num lugar como aquele, ele certamente pensaria que ela tinha ciúmes da princesa do harém. Lydia tentou escapar enquanto escondia seu rosto.  


Mesmo assim, quanto mais ela lutava, mais notava que era um erro esperar que ele desistisse. Normalmente, Edgar estaria apenas brincando, mas agora, tinha acabado de pegar uma mulher que poderia ser a espiã de seu inimigo. Quando ela tentou afastar o braço dele, ele o torceu com tanta força que parecia que seus ossos iam se partir. Ele a conteve por trás e agarrou o seu queixo com a outra mão.  


Lydia nunca sentiu seu corpo tão frágil e fraco como naquele momento. Se ele apertasse um pouco mais, ela sentiu que ele poderia quebrar seu pescoço e braço.  


Ela soltou um grito de dor imensa. 


― Não! Solte-me! Isso dói!! 


Ele deve ter reconhecido a voz dela e rapidamente a soltou, surpreso, e Lydia desabou para se sentar no chão.  


― Lydia? Por que você... 


Lágrimas caíram de seus olhos de dor e miséria.  


― Eu sinto muito. Não pensei que fosse você. ... Você está bem? 


― Eu não estou bem. É horrível de sua parte infligir tal violência às mulheres! 


Lydia aprendeu por experiência própria que, mesmo que fosse uma mulher, isso não importava para ele, contato que fosse seu inimigo e isso a apavorou.  


Para começar, ela já estava confusa pelas coisas que não saíram como imaginou, como este edifício e a boneca, que deveriam ser um harém e o diamante da Família Real.  


Para piorar, ela sentiu uma dor imensa provocada por Edgar e isso a fez sentir cheia de desconfiança em relação a ele. No momento, Edgar era gentil com Lydia e a tratava como sua noiva, mas ela se lembrava como ele a abordou originalmente para manipulá-la e tirar vantagem dela.  


Lydia teve pena da vida de Edgar, incluindo a parte sem coração que ele precisava ter para sobreviver, mas também sabia que ele não era uma pessoa naturalmente cruel, e era por isso que ela queria ajudá-lo como uma fairy doctor 


Mas, na verdade, ela não sabia a verdade sobre Edgar.  


― Você consegue? 


Ele ofereceu a mão para ajudá-la, mas Lydia se levantou sozinha.  


― Para começar, qual é o significado dessa boneca? Você sabia que há um boato de que você fez um harém e mantém uma princesa pagã nele? Então, essa boneca é sua amante? 


― Não, você está errada, Lydia. 


― Ela é linda e não diz uma reclamação, e aquele diamante fica maravilhoso nela, por isso, essa situação é perfeita. Oh, sim, por que não? Do ponto de vista da sociedade, você teria gostos estranhos, mas se fosse uma boneca, ela não ficaria com raiva, não importa quantas outras amantes você tenha, e ninguém se machucaria, portanto, é perfeito para um flerte como vocês.  


A dor em seu braço começava a passar e, ainda assim, por algum motivo, ela não conseguia parar de chorar. Lydia tentou esconder isso enxugando os olhos.  


― É um absurdo me chamar de sua noival. Não sou uma boneca! Se você fizesse algo assim, eu ficaria magoada... 


Hum? Por que estou me sentindo magoada? 


Ele tinha uma linda boneca morando em um quarto maravilhoso e a tratava como a sua amante... E usando roupas simples de empregada e estar na frente dele enquanto estava uma boneca tão bem vestida a deixava ainda mais infeliz.  


Para completar, este canalha usou violência contra mim. É por isso. E por essa razão que me sinto magoada? 


― ... Não foi isso que eu quis dizer, eu só vim para ter certeza de quem era sua amante. Sim está certo. Vim porque só queria fazer algo a respeito daquele diamante amaldiçoado! 


― Lydia, acalma-se e vamos conversar.  


― Estou perfeitamente calma. Além disso, o que você realmente pensa de mim? Parece que Ulisses está se movendo, mas você não me deixa saber o que está acontecendo. Então, você está dizendo que não precisa da ajuda de uma fairy doctor? É por que não sou confiável? Eu gostaria, se você não me obrigasse a ficar ao seu lado! 


Ela se virou de costas para ele e saiu correndo. Edgar não a impediu e isso a deixou ainda mais furiosa. Ela deveria ter ficado com ele ou entregado a Edgar o anel para protegê-lo da maldição do diamante, mas ela havia perdido completamente a calma, portanto, não podia se importar com isso.  


― Ei, Lydia, este prédio é tão estranho. Está cheio de bonecas. - disse Nico, que apareceu ao lado de Lydia quando entrou correndo pelo corredor.  


― Os homens em Londres brincam com bonecas? Em uma sala ali no fundo, havia um adulto que estava tentando seduzir uma boneca e outro que preparava chá e doces, embora a coisa não pudesse comê-los. Mesmo assim, fui em frente e comi tudo enquanto estava invisível.  


O dono daquela boneca, com certeza, ficaria surpreso.  


― O que significa que o conde também está brincando com bonecas? Que asqueroso.  


No momento em que, ela, finalmente, foi capaz de se acalmar e recordar a conversa que teve com Raven, começou a aparentar que era uma situação diferente daquela.  


O nome da boneca era Jean? Mas, parecia que Edgar tinha a boneca preparada para atrair um homem que os dois estavam chamando de duque.  


Quem é Jean?” A boneca era apenas uma imitação de uma pessoa viva e real? 


― E neste local, posso ouvir as vozes dos goblins no subsolo, cavando um túnel. Eu me pergunto se é apenas uma passagem para eles. Este prédio está em uma localização tão ruim. Ei, Lydia, você está chorando? 


Ou talvez, a verdadeira amante de Edgar, que se parecia exatamente com aquela boneca, estava escondida em outro lugar?  


Ficou ainda mais irritada por ele tentar flertar com ela. Aquela desculpa baixa de homem deveria apenas a ver com profundos problemas com a maldição do diamante.  


― E-eu não estou chorando de jeito nenhum. Tropecei, cai e isso doeu muito! 




Ela disse isso com pressa, tirou o avental, o bonnet e saiu correndo do prédio pela porta dos fundos.  

 

― My lord, quando seu caso for descoberto, você não deve ir e fazer algo precipitado como inventar uma desculpa.  


A fada invisível tirou uma pena do véu da boneca e tentou se mostrar enquanto balançava-a para frente e para trás na frente de Edgar.  


― ... Uh. Vocês estavam... 


― Coblynau. 


― Ah, sim. 


Como ele não esperava que Lydia se disfarçasse de empregada e se esgueirasse para lá, Edgar passava por um pequeno choque e foi deixado de pé na porta.  


― A melhor coisa a se fazer é continuar se desculpando.  


― Você deu esse tipo de conselho a um dos Condes Cavaleiro Azul no passado? 


― Sim, de fato. Simplesmente não consigo entender por que diabos os homens humanos iriam ter um caso quando sabem que tipo de tempestade terão que passar no momento em que suas esposas descobrem.  


Portanto, a árvore genealógica dos Ashenbert tinha maridos dominadores.  


― Tenho que te perguntar uma coisa: Lydia veio aqui porque estava preocupada com o maldito diamante? Ou para descobrir a verdade por trás do meu suposto caso? 


Se não fosse tarde demais, ele pensou que poderia ter uma chance.  


― Ela veio por causa do diamante amaldiçoado. Mas, é impossível para uma lady não se preocupar com a infidelidade do noivo. Bem, ouvi dizer que existem esses tipos de compromissos frios dentro da sociedade.  


Esse era o problema.  


Os sentimentos positivos que Lydia sentia por Edgar estavam sob a categoria de pena e intromissão gentil, e a raiz era sua personalidade de coração mole, por isso, ele se perguntou se os seus sentimentos haviam mudado ou se transformado em algo diferente.  


Ele tinha a sensação de que talvez os sentimentos dela não tivessem mudado. E parecia que Edgar acabou fazendo Lydia chorar, machucando-a. Acreditou que seria fácil oficializar o noivado. Quando ele passava seu tempo com ela diariamente sentia que não estava sendo odiado, por essa razão, achou que seria capaz de sobreviver de alguma forma. Mesmo em relação à boneca, se ele apenas explicasse o motivo, ela poderia chegar a um entendimento. E, no entanto, Edgar a deixou fugir porque também perdeu a compostura calma.  


Pois, ele ainda podia sentir o som do osso se retorcendo no braço esguio de Lydia perto de quebrar e isso o fez se odiar.  

 

― Senhorita Carlton, qual é a razão de você estar com isso? 


A duquesa lady Masefield tinha notado a bandagem grossa enrolada no dedo anular esquerdo de Lydia e fez uma careta preocupada.  


― Oh, isso? Fui desajeitada. Não é nada sério.  


Já que o anel não podia sair, escondê-lo era seu último recurso. Ao fazer isso, ela seria capaz de continuar sem causar suspeitas.  


― Oh, meu Deus. Seu osso não está quebrado, está? É o seu dedo anular, então, se ele engrossar, você não poderá usar a sua aliança de casamento.  


― Estou completamente bem. E não tenho planos de me casar de qualquer maneira. - respondeu Lydia apressada.  


Ela havia sido convidada junto com seu pai para a mansão da duquesa hoje. O ex-professor do seu pai, que ele respeitava, era primo do duque e, aparentemente, estava fazendo uma visita a Londres vindo de Cambridge, logo, estavam dando uma pequena festa do chá, e Lydia tinha vindo direto da casa dos Ashenbert para lá, mas parecia que seu pai havia chegado antes dela.  


― Estou tão feliz que a senhorita Carlton pôde comparecer hoje. Quando são todos estudiosos, você sabe, a conversa imediatamente muda para um tópico técnico, certo? Isso é muito chato para mim.  


Talvez, por esse motivo, Lydia foi a primeira guiada à sala de estar da duquesa e viu como parecia estar esperando ansiosamente por Lydia enquanto fechava o livro que estava lendo.  


A duquesa acompanhou Lydia enquanto caminhavam ao salão. Durante a caminhada, a duquesa deu um sorriso agradável como se ela tivesse acabado de lembrar de algo.  


― Então, você ainda não tem nenhuma intenção de se casar. Haha, é uma catástrofe para mim ser a única a saber que lord Ashenbert está passando por um momento tão difícil.  


― Uhm... Sua Graça... 


― Não se preocupe, não direi uma palavra sobre isso a ninguém. Mas, você me deixaria fazer apenas uma pergunta? 


A senhora sussurrou para ela: 


― Com que parte dele você fica infeliz?  


Era como se ela estivesse gostando de ter uma conversa secreta com ela.  


― Prefiro alguém que pode amar de modo sério e valorizar apenas uma pessoa.  


― Sim, bem, isso é um grande desafio para o conde.  


― Mesmo do ponto de vista de Sua Graça, não acredita que é um tipo de piada Edgar me propor em casamento? 


― Não creio que ele iria me pedir o favor de acompanhá-la como uma piada.  


Bem, isso é verdade.  


― Mas, ainda assim, por mim, gostaria de saber o que fazer para que ele desistisse da ideia de se casar comigo.  


― Se é isso que você quer, então, não é nada difícil. Você não acha que ele desistiria se você amasse outra pessoa? 


Algo assim funcionaria?”, pensou Lydia. 


― Se eu me apaixonar por alguém, temo que ele vá causar problemas para essa pessoa. Tenho certeza de que ele tentaria afastar o homem puxando alguns cordões nas minhas costas ou usando pegadinhas e assédio.  


― Oh, ele nunca faria isso. - riu a senhora.  


Isso porque ela não conhece sua verdadeira natureza”. 


Mesmo que ele fosse de nascimento nobre, não era um menino rico inocente. Se preciso fosse, ele usaria qualquer tipo de medida vil e desprezível para conseguir o que queria. Mas, pelo fato que ele tinha aquela fragilidade perigosa, Lydia estava ciente de que ela não era capaz de rejeitá-lo estritamente, e desviou os olhos. Houve momentos em que ela sentiu pena dele e sabia que não havia um grande problema em sua personalidade.  


Ou havia algo errado com sua personalidade? Deixando isso do lado, ela não podia permitir-se criar sentimentos românticos por ele.  

 

No salão, havia três homens no meio de uma conversa animada, sentados ao redor de uma mesa. Lydia cumprimentou o duque Masefield e a respeitada professora de seu pai que se sentou ao lado dele.  


― A pequena filha de Carlton? Ora, o quanto você cresceu.  


― Já se passou muito tempo desde a última vez que a vi, professora Browning. - cumprimentou Lydia.  


― O quanto grande não é a maneira como você deveria cumprimentar uma jovem. Você deveria ter notado o quanto bonita ela se tornou.  


No momento em que o duque rechonchudo fez essa correção, o professor de rosto redondo deu uma gargalhada.  


― De fato. Estou satisfeito por ela não ter se parecido com Carlton.  


― Eu concordo. - disse o pai.  


Como Lydia realmente não se parecia com nenhum de seus pais, ela cresceu sendo chamada de changeling, por isso, tinha inveja de crianças que se pareciam com seus pais.  


― Mas, o professor Carlton e a senhorita Carlton compartilham uma semelhança. - acrescentou a duquesa.  


― Isso é verdade, Sua Graça? 


― Como devo dizer, o ar que carregam consigo mesmos. - disse a duquesa com um sorriso suave.  


― Eu me pergunto se isso é agradável para uma jovem. Minha filha odeia com se tornou parecida comigo.  


― Oh, não, estou muito feliz.  


Quando Lydia disse isso com uma cara séria, por algum estranho motivo, todos desataram a rir.  


― A propósito, pessoal, de que tipo de assunto vocês estavam falando? - perguntou a duquesa.  


― Claro, sobre pedras, Sua Graça.  


― Que tópico difícil.  


― Então, temos uma história sobre uma joia que até as mulheres podem gostar? 


― Que tipo de joia? 


― Uma vez que temos dois mineralogistas aqui, devem ser capazes de responder a qualquer tipo de pergunta.  


Lydia foi questionada pela duquesa de que tipo de joias ela gostava, ela disse a primeira coisa que estava em sua mente.  


― Uh, que tal diamantes? 


Não era esta a oportunidade perfeita para descobrir mais sobre os diamantes da Família Real? 


― Eu sabia. As mulheres estão interessadas apenas em diamantes.  


― Se você quer ter certeza se o diamante que seu namorado enviou a você é real, logo, eu poderia avaliá-lo para você. Já que isso pode ser uma coisa difícil de pedir ao seu pai.  


No momento em que a professora Browning fez uma piada como essa, Lydia notou que seu pai a olhava nervosamente, e por isso, entrou em pânico.  


― Oh, não, não é isso. Eu só queria saber mais sobre o diamante que dizem pertencer à Família Real, o “Pesadelo” e o “Devaneio”. 


Todos trocaram olhares.  


― Lydia, onde você ouviu sobre isso? 


― Uh, apenas algo que surgiu com algumas fadas.  


― Você deve estar se referindo aos lendários diamantes em forma de grandes peras. Acho que ouvi dizer que aquele que os possuía se tornaria o maior Rei ou algo assim... - disse o duque, quebrando o silêncio.  


Carlton acenou com a cabeça.  


― Não se sabe exatamente há quanto tempo a Família Real os possuía, mesmo assim, originalmente, eram propriedade de diferentes senhores feudais e acabaram ficando sob os cuidados da família real. Quando Jaime IV da família Stuart subiu ao trono como Jaime I, o Rei da Inglaterra, ouvi dizer que eles mandaram cortar os dois diamantes na mesma forma. Acredito que eles queriam que fossem lembranças de quando ele ascendeu ao trono de dois países.  


― Então, pai, foi o rei quem fez a lenda que cercava os diamantes naquela época? 


― Apenas por existirem, os diamantes têm a tendência de criarem lendas sobre si mesmos, jovem senhorita. Se fosse a rainha das joias, e um grande diamante de alta qualidade e raro, apenas os governantes supremos teriam permissão para colocar as mãos neles. E, assim, o sucesso e o fracasso de seus proprietários seriam determinados pela magia do diamante, esse boato se manteve e permaneceu como uma lenda.  


― Mas, os dois diamantes não estão com a Família Real agora, estão? 


Porque um deles é usado pela boneca do harém de Edgar, e Raven está investigando se Ulisses está com o outro.  


― Ouvi dizer que foi perdido durante o caos da era da Revolução.  


― Há uma teoria famosa de que Jaime II o levou consigo quando fugiu para a França.  


― Porém, há alguns anos, não havia notícia de que um dos diamantes foi descoberto novamente e virou artigo nos jornais. Disseram que foi encontrado escondido nos tribunais de uma gangue de ladrões que foi preso em Roma.  


― Aquele era o diamante branco, Devaneio. E, no entanto, foi roubado mais uma vez.  


― O quê? Isso é verdade? 


― Foi debatido que a dignidade de Sua Alteza Real, a Rainha, foi prejudicada, e suspeitasse se realmente era a pessoa certa. Fofocas e imprensa nos jornais.  


― Sim, só por causa daquele diamante, ouvi dizer que um certo duque de uma família nobre era suspeito.  


Parecia que os dois estudiosos não estavam cientes sobre isso, enquanto olharam curiosamente para a duquesa.  


― Era suspeito como o quê? 


― Antecipando que o rei exilado um dia retornaria, havia rumores de que ele levou a joia consigo para, eventualmente, usar como prova a fim de ascender de volta ao trono.  


― O que significa que aquele tem ambos diamantes afirma ser descendente do Rei exilado, uma guerra pode estourar entre a atual Família Real. 


― Mesmo assim, não deve haver mais nenhum descendente vivo direto de Jaime II. 


― É apenas um boato. - lembrou a duquesa.  


― Você quer dizer que se acreditava que o duque estava envolvido no complô da rebelião e o roubou? 


Ao ouvir “duque”, Lydia, de repente, teve um mau pressentimento dentro de si.  


― Ouvi dizer que o nobre encarregado de trazer de volta o diamante foi o duque Sylvainford porque ele estava em Roma naquela época.  


Oh, não!”, pensou Lydia, engolindo em seco. Saber sobre o verdadeiro nascimento de Edgar ainda era uma lembrança fresca na mente de Lydia: que Edgar perdeu seu nome e família, era o único filho do duque Sylvainford, antes que sua família inteira fosse morta pelo Príncipe e seus homens, e a sociedade acreditava que ele também tivesse falecido.  


― Entretanto, parece que o diamante foi roubado do duque durante sua viagem de volta, e ele foi forçado a assumir a responsabilidade.  


― No entanto, não é a responsabilidade do diamante roubado e a suspeita de que ele era o ladrão um assunto completamente diferente? 


― Sim, claro. Só que, por ter desaparecido sem deixar vestígios, suspeitou-se que fosse obra de alguém de dentro. Na realidade, o duque não foi considerado responsável e um boato irresponsável acabou de ser criado. Mas, não muito tempo depois disso, a mansão da família do duque pegou fogo, e o duque e seus familiares morreram. Mesmo que tenha sido apenas um acidente, havia muitos rumores entre os nobres de que era uma rebelião ou uma conspiração, mesmo assim, foi um final doloroso.  


Lydia apertou as mãos no seu colo formando uma bola e respirou fundo. Edgar estava procurando o diamante que havia desaparecido naquela época. Provavelmente, por causa do Príncipe.  


Se o Príncipe tivesse ido atrás do Devaneio, Edgar deve ter adivinhado que Príncipe iria procurar o Pesadelo, logo poderia estar dando a ele um desafio. Para capturar o culpado que colocou seu pai em uma armadilha e recuperar o diamante branco.  


Se sim, então, qual é o propósito daquela linda boneca? 

 

 

  

Nota da tradutora:  


A partir daqui que vamos ver como o Jimmy se transforma no “capacho” de Ulisses. E vamos falar a verdade? Molequinho insuportável. Apesar que fiquei com dó dele.  

Gosto bastante da passagem que Lydia disfarça e vai para a sala de trabalho do Tompkins e o Raven pegando-a no pulo. Não sei se o nosso querido garoto-fada é ingênuo ou tem mais malícia que aparenta.  

E vamos de treta, barulho e confusão entre Lydia e Edgar. Pois é! E qual é dessa boneca?  

A cena em que acontece a reunião na casa da duquesa é ponto de partida do que vem por aí! Por isso, esteja preparado(a).  

Beijos e até lá!