segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O mistério da fortaleza - Capítulo 6 - Volume IV - Hakushaku to Yousei Light Novel

 Nota de apresentação Bom, sei que não tenho lá muito o que me desculpar, mas desde que começou a pandemia tenho trabalhado o dobro e infelizmente encurta o tempo para as traduções. Como apenas sou eu quem faz as traduções, elas demandam mais tempo do que normal, perdoe-me! Mas eis aqui o capítulo 6. Já comecei a traduzir o 7 e pretendo entregá-lo até o final do ano.  

É isso! Boa leitura :) 



 

Oscar era Ulisses. O que significava que o verdadeiro Oscar Collins estava morto, naturalmente. Ulisses alvejou Oscar, que veio da América a fim de visitar seu tio para estudar e se aproximou dele. E, então, tirou as posses e a vida de Oscar, mascarou-se como ele e entrou na Inglaterra.  


E assim, era o mesmo que Ulisses que tomasse poder do seu nome e o usou como pseudônimo do morto, além do mais, não era incomum pessoas morressem em uma viagem marítima que levava semanas e não seria algo inédito para alguém desaparecer caindo do navio.  


Ao fazer isso, Ulisses conseguiu entrar facilmente na casa do senhor e senhora Collins, que conheceria Oscar pela primeira vez. E parecia que a pista de qual razão o Príncipe tinha como alvo a família Collins estava no objeto que o mensageiro do Scarlett Moon confiou a Raven, que o trouxe de volta.  


Era uma folha de cobre do tamanho de uma palma de uma pessoa. O veleiro e o motivo de anjo eram lindos e se podia vê-lo como pitoresco, mas importante para o padrão dentro da imagem. Era um padrão como um redemoinho de círculos sobrepostos, mas tinha a aparência que havia alguma magia por trás.  


― Aparentemente é um encanto para afastar o mal. 


Raven olhou para Edgar, que assentiu e continuou: 


― Essa chapa de cobre foi reproduzida recentemente. O ano original é desconhecido, mas aparentemente foi feito por ordem do Conde Cavaleiro Azul.  


O Conde Cavaleiro Azul, em outras palavras, era o outro nome do Conde de Ibrazel, nome o qual Edgar havia herdado.  


Antes de Edgar receber o título, segundo os registros, o último conde que surgiu na Inglaterra há trezentos ano era um homem, cujo tinha uma amante, uma pintora de nobres. A partir dessa conexão, a Scarlett Moon, que era uma organização de artistas de pinturas decorativas, investigava os primeiros ancestrais da família por ordem de Edgar. Ele estava pesquisando sobre o relacionamento entre a família do Conde Cavaleiro Azul com a qual o Príncipe lutava e a família Collins.  


― Havia necessidade de proteger alguém das forças do mal? 


― Em vez de um indivíduo era algo muito maior... O proprietário desse foi informado pelos ancestrais da pessoa que o objeto original apresentava algum tipo de estrutura. O ancestral da pessoa estava envolvido com essa estrutura e deixou o design dela nesta folha de cobre. 


― O original? 


― Por favor, olhe isso. 


Raven apontou para uma parte da imagem. Era uma crista desenhada na vela do veleiro que atravessava as águas agitadas.  


― Dois leões... William, o Conquistador? 


― William I foi o rei normando que entrou nesta terra, nas margens de Hastings. Ele venceu sua batalha e se tornou o rei da Inglaterra e se converteu como o ancestral da família real que continuou até hoje.  


― O que significa que a estrutura original está em Hastings? 


― É possível.  


Portanto, o alvo do Príncipe não era a família Collins, mas essa terra em que a família Collins construiu sua casa de campo.  


― De qualquer forma, por que o Conde Cavaleiro Azul faria um souvenir para a terra em que o Conquistador chegou? 


― A razão pela qual essa terra é importante, aparentemente, é um local vital que seria necessário para conquistar a Inglaterra, assim como o Conquistador foi capaz de fazer. É por isso que, desde muito tempo, a Scarlett Moon supõe que o Conde Cavaleiro Azul tivesse um encanto para diluir o mal construído nesta terra, para impedir a invasão do mal... 


Recentemente, ele foi capaz de descobrir que o Príncipe foi quem aniquilou todos aqueles que tinham o sangue do Conde Cavaleiro Azul correndo em suas veias. Ele acreditava que o Príncipe estava com medo de que o conde estivesse perto das fadas e pudesse chegar a usar livremente poderes mágicos. De fato, havia uma conexão nisso para fazê-lo enviar um de seus subordinados neste local.  


― Uma invasão para o mal, uh? O que isso aponta? 


Raven também inclinou a cabeça, incapaz de responder.  


― Não posso responder isso, mas em Hastings justamente se encontra uma linha quase reta que liga Londres e Paris. Pode-se pensar que o souvenir era útil como fortaleza para proteger a Inglaterra contra as invasões do mar.  


― Então, você quer dizer que, para que um segundo conquistador não apareça, eles usaram um encanto de modo que os exércitos franceses recuassem? 


Isso era algo difícil de acreditar. No entanto, desde muitas épocas, houve guerras que ocorreram entre a França; por esse motivo, poderia existir casos em que confiariam em encantos além das batalhas reais para vencer.  


A feitiçaria era proibida pela Igreja, mas existiram reis e senhores feudais que, secretamente, guardaram e pesquisaram sobre a arte da feitiçaria. Não tinha certeza de quando poderia ser, mas não era completamente impossível, que o Conde Cavaleiro Azul, que possuía poderes mágicos especiais, praticasse algumas de suas magias para o bem do rei. 


― Então, o que o Príncipe quer fazer com a magia do Conde Cavaleiro Azul? 


― Não sei, my lord. Mas, as informações da Scarlett Moon terminam aqui.  


― ...Ele quer destruí-lo. 


Ermine, que estava deitada em silêncio no sofá, finalmente disse. 


― Ulisses disse que seria destruído.  


― Portanto, ele vai trazer as tropas francesas e invadir esta terra? 


Era uma piada boba e estúpida.  


― De qualquer maneira, isso é um pouco exagerado... - disse Ermine em um sussurro. 


― Mesmo assim, o Príncipe foi bem-sucedido no submundo dos Estados Unidos, então, havia a possibilidade de querer conquistar Londres. Em todo caso, se ele pretende vir para a Inglaterra, precisará atravessar o Canal e pode estar se comparando ao Conquistador por isso.  


Raven assentiu.  


― Se queremos impedir a motivação de Ulisses e o Príncipe, precisamos proteger as magias do Conde Cavaleiro Azul, mas me pergunto de que modo se poderia quebrar algo do tipo? 


― Você sabe onde está localizado o mesmo tipo de artefato? 


Na pergunta de Raven, Edgar apontou para a janela. Eles podiam ver uma colina que se curvava sobre a costa do mar.  


― Há uma rocha que normalmente não pode ser encontrada nas margens do mar nessa área, que pode ser vista em relevo aqui e acolá. Quando Lydia quase caiu daquela encosta, fiquei tão preocupado que não conseguia respirar, pois ela poderia bater a cabeça em uma daquelas pedras, logo, pensei que era uma colina estranha.  


― Então, você quer dizer que a própria colina é... 


― As rochas que foram trazidas por pessoas, escavadas e enterradas lá. Provavelmente, é esse tipo de coisa.  


Quando ele trouxe Lydia em sua mente, sua preocupação e ansiedade por ela aumentaram novamente dentro de si. Durante esse incidente, ele a submetera a algumas provações difíceis.  Ele achava que não era bom envolver Lydia em suas brigas com o Príncipe, mas, por outro lado, Edgar pensava nela como uma força militar confiável.  


Se o Príncipe odeia o poder do Conde Cavaleiro Azul, a capacidade de Lydia de se comunicar com as fadas, certamente, seria um poder valioso. Companheiros como Raven e Ermine, que tinham o mesmo objetivo de lutar, encararam o perigo e a dor no meio do caminho e, por isso mesmo, estavam preparados. Edgar fez questão de prestar a todos os detalhes que podia por suas vidas, mas exigiu que enfrentassem perigos. Por essa razão, ele não pensou muito e forçou Lydia a se expor também.  


Mas, por acaso, ela foi contratada por Edgar. E ela acabou de salvá-lo. Se ele queria que ela ficasse seriamente ao seu lado, mesmo que usasse a opção suja de um noivado, ela não era uma força militar. Ela era uma garota que Edgar precisava proteger inteiramente.  


Ah, certo. Nosso ‘noivado’ não passava de um contrato para que ela ficasse ao meu lado”. De repente, ele percebeu isso e até ficou com nojo de si mesmo. O noivo de Teresa, desejado pela senhora Collins, era alguém que pensaria no bem-estar de sua filha, tanto quanto seus pais ou até mais do que isso.  


O que significava conceder a sua filha para casamento, criada de forma tão preciosa, seria o mesmo que confiar o seu futuro a alguém. Se seus pais tinha uma decisão tão séria, logo, a responsabilidade do noivo era pesada. Casar significava que estavam em posição de assumir tudo o que os pais eram responsáveis.  


Lydia, com seu brilho e generosidade, e seu coração mole que até o surpreenderia, também com sua leve aspereza, tudo isso devia ser protegido. Ele tinha que afastá-la do perigo, não importa o que acontecesse, mas apenas a colocou em uma experiência terrível.  


Mesmo que ele afirmasse ser o seu noivo, ele não deu a ela o que naturalmente deveria,  era evidente que ela não pudesse confiar nele. Provavelmente, ela estava profundamente decepcionada com ele agora.  


― ... Permitir que Lydia fosse levada diante dos meus olhos, eu não me qualifico como homem.  


Ele não negaria que era uma atitude óbvia de um homem que teve sua noiva tomada como refém. Supostamente era o melhor plano. Porém, era real que ele parecesse frio aos olhos de Lydia, e isso porque ele não era confiável no começo. Quando olhou pela janela, Edgar soltou um suspiro.  


― Você acha que, nesse ritmo, ela ficará sem paciência e enojada de mim? 


― Sim, acredito. 


Raven concordou facilmente, e ele era honesto nessa opinião, e por essa razão, ele não estava tentando deprimir Edgar. Mas, no momento, em que lhe disseram isso tão facilmente, algo como um mistério, que o fez querer mudar os sentimentos.  


― Acho que devo definir um plano para que não haja espaço para escapar.  


― Lord Edgar, não seria melhor pensar primeiramente em uma maneira de resgatar a senhorita Carlton? 


― Raven, no que diz no quesito mulheres, se você não pensar no futuro com elas, logo chegará ao fim do caminho. 


― Você me parece no seu habitual, então, isso me deixa aliviada.  


Ela ainda não tinha forças para se sentar, mas com o jeito de falar de Ermine, como costumava se expressar, confortara os sentimentos de Edgar.  


― Agora, desde que ele não seja morto, nos permitirá a mover com mais facilidade.  


Nesse momento, houve uma fraca batida na porta. 


― Visconde... - disse uma voz tremida à beira das lágrimas.  


Raven abriu a porta cautelosamente e, em seguida, o falso conde Palmer entrou no quarto.  


― Em tempo... Quais são os resultados? - perguntou Edgar. 


― Ah, sim... Como você disse, falei a Oscar que faria qualquer coisa se poupar a minha vida. Disseram-me para continuar com Teresa. Ela está no esconderijo subterrâneo. E ele tem a chave dali.  


Para no fim, ele continuar usando Palmer, que veio implorar por sua própria vida, deve ser indício que Ulisses estava agindo por si só para esta missão”, raciocinou Edgar.   


Então, isso levava a crer que todos que estavam em seu controle eram selkies. Mas, Lydia é uma fairy doctor. Os selkies acorrentados secretamente desejavam a ajuda dela. Se não queria que se aproximassem dela, e como não havia mais ninguém, ele usaria Palmer, por enquanto. Se não fosse esse o caso, alguém que simplesmente viesse implorar por sua vida era um obstáculo. Ele o mataria e acabaria logo com isso.  


Edgar saiba que Palmer poderia ser morto e, no entanto, ele o usou para ter uma ideia da situação de Ulisses e Lydia. E ele tinha ideia que essa parte dele era o que parecia calculista para Lydia, que não aceitava, mas mudou sua mente porque estava no meio de uma batalha agora.  


― Você fez bem. Guie-nos até lá. 


― Uh, mas... Você realmente vai me proteger? Já que fiz esse tipo de atitude, se eu for visto por Oscar, logo, serei morto. 


Edgar foi até Palmer e deu o maior sorriso gentil que pôde.  


― De qualquer maneira, você seria o próximo na fila para ser morto. Uma vez que Oscar mostrava que ele queria me matar por último. Além disso, não há vantagens para ele ter você seriamente ao seu lado.  


― ... Entendi. Foi por isso que fiz o que você disse... 


― Isso mesmo. Para se salvar, resta apenas contribuir para a minha vitória. É claro, vou me esforçar para garantir que você saia vivo e possa voltar para casa.  


Palmer diminuiu a tensão em seu rosto.  


― Embora, não possa garantir isso. Raven, vamos lá.  


Palmer voltou rapidamente a fazer uma expressão trágica, mas no momento em que seu ombro foi empurrado, ele finalmente começou a andar.  

 

***** 

― Suzy, isso me parece tão calmo.  


A senhora Collins sentou-se na cama enquanto olhava pela janela. O mar estava agitado e turbulento, como sempre. Elas podiam ouvir o interminável som do vento. E, no entanto, parecia tão quieto.  Poderiam ter sentido o incidente, já que tudo na casa estava lento e silencioso.  


―Sim, você está certa, milady.  


Suzy pousou o remédio usado para acalmar e descansar um pouco o coração doente da senhora, que se encontrava à beira da cama e depois colocou um xale em seus ombros. 


― A coloração de seu rosto a deixava com semblante bom hoje pela manhã.  


― Sinto-me tão revigorada como nunca antes.  


― Pode ser porque o jovem pretendente foi finalmente decidido 


― Sim, deve ser por causa disso.  


Enquanto sorria, a senhora abriu as palmas da mão e olhou para o broche de camafeu. Era o broche que deveria ter sido dado à Teresa. Foi um presente que foi passado de mãe para filha, que estava prestes a casar. No primeiro jantar, Teresa o usava no peito. Suzy ficou desconfiada e se perguntou se ela havia tirado do quarto da filha.  


― Se essa garota estivesse viva... Teria sido amada por alguém e poderia ter sido tão feliz.  


Suzy arregalou os olhos, incrédula.  


― Milady, então, você sabia todo esse tempo? 


― O quê? 


―  Que não era a jovem miss Teresa. 


― Ela é Teresa, não é? 


― Ah, claro... 


Embora Suzy tenha dito isso, teve a sensação de que sua senhora realmente sabia o que estava acontecendo. Ela gentilmente acariciava o camafeu cor-de-rosa como estivesse lembrando de sua filha.  


Suzy se ajoelhou e pegou nas mãos de sua senhora.  


― Entendo muito bem como milady ama sua filha. Ninguém iria querer acreditar que aqueles que a perderam a amavam muito.... Mas, milady, a senhorita Lydia Carlton também tem sua família e um namorado. São pessoas que se importam e a amam profundamente.  


― Lydia...? 


A senhora inclinou a cabeça, mas Suzy a impediu e continuou: 


― Miss Carlton já fez muito pelo bem da senhora. Então, por favor, liberte-a. Antes que seja tarde demais... 


A senhora Collins olhou para Suzy nervosamente, então, acariciou sua bochecha de modo suave. 


― Suzy, sinto muito. Parece que te causei muita preocupação.  


― Oh, não, milady. 


― Eu sei. Você poderia me trazer um pouco de leite morno. 


― Sim, imediatamente.  


Suzy ficou longe do cômodo por um curto período, mas no momento em que voltou com o leite, a senhora Collins havia desaparecido da sala.  


***** 


Sou tão estúpida”. Lydia bateu na porta o mais forte que pôde. Não importa o quanto ela bateu ou chutou, nada havia mudado. Quando ela notou a pele de seus dedos estava raspada e tingida de dor. Ela deixou o corpo cair no chão e sentiu vontade chorar.  


Havia apenas uma vela acesa. Com tempo, ela terminaria de queimar e sala subterrânea ficaria escura como breu, com certeza.  


― Edgar estúpido! O que você faria se eu realmente levasse um tiro? 


Ela começou a pensar que tudo era culpa de Edgar, suas mãos doendo, e que estivesse prestes a ficar escuro e assustador. Se ela raciocinasse com clareza, logo, perceberia que o grande responsável era Ulisses, porém isso não acalmaria Lydia.  


Quando ela foi jogada nesta sala, Ulisses disse a ela: 


― Para aquele homem, esse tipo de coisa acontece com frequência.  


Assim teria acontecido a Edgar na época em que foi caçado pelo Príncipe e travou suas batalhas enquanto morava no submundo da sociedade.  


― E é por isso que você definitivamente não será resgatada.  


Ele disse perdeu vários companheiros.  


― Pois ele acha que é impossível, mas sempre há a opção de desistir. Claro que sim, se você tivesse uma vida inteligente, ninguém iria te perseguir.  


Desistir? Isso significaria que ele abandonaria Lydia.  


Não importa o quanto Lydia foi seduzida por Edgar, ela não era capaz de confiar na sua atitude, e apenas pensava que ele colocava suas esperanças em sua habilidade como uma fairy doctor. Mesmo que se preocupasse com ela e tentasse salvá-la, não significava que ele a pensasse como emocionalmente especial.  


E assim Lydia foi tomada pelo desespero. Se Edgar desistisse dela, Ulisses simplesmente a mataria, que não tinha valor. Ela ouviu um farfalhar em suas costas. Ela estava em um depósito e havia tantas coisas diferentes empilhadas, logo, não podia ver o que estava atrás dela, pois estava muito escuro. Mais uma vez, algo farfalhou e ela, então, ouviu uma voz fraca. Parecia um miado de gato. Poderia ser? 


Quando ela se dirigiu à origem do som, o que se movia era uma caixa de lata de doces. Ela abriu a tampa e viu que havia uma bola de pelo de cor cinza no seu interior.  


― Nico! 


Ela correu para tirá-lo da caixa.  


Quebra de Página 

― Lydia...? É muito tarde para mim. 


― O que aconteceu, Nico?! Controle-se! 


Ela apanhou Nico, que se encontrava completamente abatido. Entrou em pânico e acariciou suas costas e ele, geralmente, não gostava de ser tocado ou manuseado, nesse momento, ficou paralisado. 


― Estou com tanta fome.  





O quê? 


― Desde que fui preso, não comi nada... 


Lydia se sentiu um pouco irritada ao colocar Nico no chão. Ele se sentou no chão e pegou sua cauda com um olhar pesaroso e o acariciou.  


― Oh, perdi o brilho do meu fraque.  


― Você é uma fada, logo, vai ficar bem mesmo se não comer por um tempo. 


― Para manter a refinada cor prateada em meu casaco, preciso se minhas refeições. Ah, certo, Lydia, por que diabos você está aqui? 


― Eu também fui pega! - ela gritou enquanto se sentia envergonhada e miserável, mas, de repente, deixou de ser tomada pelo medo e irritação para se tornar completamente relaxada.  


Na verdade, mesmo que esse gato-fada de cabeça oca estivesse aqui, isso não significava que Lydia seria salva.  


― Então, você foi trancada também... Não teria comida com você? 


Nico mostrou seu desapontamento e desabou novamente.  


― Mais importante, Nico, você encontrou os casacos dos selkies? 


― Achei um quarto suspeito. Foi feito para que as fadas não pudessem entrar nele. O que era o mesmo que é uma sala fabricada para que os selkies desta casa não pudessem entrar, certo? Quando estava por perto, fui encontrado e acabei aqui.  


― Ele está aqui? 


― Isso mesmo, Lydia! O responsável é o sobrinho de lady Collins. Oscar é quem está por trás disso! 


Ele soube imediatamente que eu era uma fada e me trancou nesta caixa de lata.  Nico estufou o peito de orgulho com a sua descoberta.  


― Já sabemos disso.  


― ...Oh, você sabe.  


Decepcionado mais uma vez, ele desabou.  


― Entretanto, há uma grande chance de que os casacos dos selkies estejam naquela sala.  


Assim que ele disse isso, na mente de Lydia, começou a aumentar a sua consciência como uma fairy doctor. Mesmo sendo possuída por Teresa e arrastada para este incidente e estes acontecimentos, Lydia permaneceu porque queria salvar os selkies 


Não era hora de ficar irritada com Edgar e fazer beicinho de decepção. 

 

― O que estou fazendo com medo de ser abandonada... Deveria ser aquela que não deveria desistir.  


Lydia se levantou.  


― Nico, vamos sair daqui. 


― Como? Não consigo mexer um músculo.  


Esse era o problema. No momento ela cruzou os braços e deu uma olhada ao redor.  


― Fairy doctor, você está aí? 


Era uma voz que vinha do outro lado da porta.  


― ...Quem está aí? 


― Por favor, encoste-se na parede.  


O som de uma onda parecia estar se aproximando. No momento em que ela pensou “O quê?”, algum tipo de força feroz bateu contra a porta e a abriu. Com a onda que entrou pela abertura, Lydia ficou surpresa e isso a fez agachar contra a parede. Quando tudo se acalmou, ela ergueu a cabeça, as coisas que se encontravam empilhadas pareciam bagunçadas e comprimidas contra a parede atrás dela. A porta foi destruída e arrastada, mas não havia sinais de água em lugar nenhum, assim como Lydia nem estava molhada.  


― Que rude. - disse Nico, que enfiou a cabeça para fora da fenda entre Lydia e a parede.  


Pensei que você não pudesse mover um músculo”. 


― Por favor, me perdoe. Não havia outra maneira.  


Quem apareceu foi a idosa que se estava com Ermine. 


― Você é uma selkie? 


― Sim. Lamento muitíssimo por não poder fazer nada, enquanto pedia sua ajuda. 


―Tudo bem, mas você e todos os outros tiveram seus casacos escondidos e não podem ir contra Ulisses, não é? 


― Vim aqui enquanto me certificava que ele não notaria. Não tive escolha a não ser transferir a alma dos mortos para você por ordem dele. Só fui capaz de contornar o seu pedido permitindo que você tivesse liberdade durante o dia, mas isso foi tudo que pude fazer.  


Mas, se isso fosse descoberto por Ulisses, ela poderia ser morta para mostrar a outras pessoas que não poderiam ir contra ele. Eles estavam colocando suas vidas em risco e tentando amarrar suas esperanças em Lydia. Ela devia encontrar seus casacos e libertá-los.  


― Se você destruiu a porta e fez tanto barulho, ele saberá imediatamente que foi uma selkie 


― Sim. Mas, precisávamos nos apressar. De qualquer maneira, Ulisses planeja matar todos nós. Antes disso, ele tentará apagar você e o Conde Cavaleiro Azul. É por isso, que agora seria o momento perfeito.  


E, então, a idosa estendeu a mão que tinha algo nela. Era a água-marinha de sua mãe que ela pensou ter perdido.  


― Eu removi de você para Ulisses não o pegasse.  


Aposto que Ulisses ama joias”. 


Enquanto ela pensava nisso, a idosa disse: 


― Ulisses está usando uma pedra preciosa na orelha.  


Lydia não olhou diretamente, logo, não sabia que tipo de joia era, mas acenou com a cabeça para a informação repentina que a idosa lhe deu.  


― Por favor, seja cuidadosa. É o coração de uma selkie 


― Ãhn? 


O símbolo de confiança e lealdade dos selkies. Ela estava apenas falando com Nico que se ele tivesse alguma maneira de se proteger, mesmo que abusasse dos selkies, ele poderia portar um coração de um selkie. Essa era a pedra preciosa que Ulisses tinha na orelha.  


Por ter um “coração”, Ulisses conseguiu se aproximar de uma selkie que estava com guarda abaixada e a capturou. Logo, ele coletou mais selkies, roubou seus casacos e os colocou em submissão. Porém, a raiva dos selkies ainda estava voltada àquele que tinha a pedra preciosa.  


― Então, o que Ulisses vai fazer não apenas colocando todos vocês para trabalhar, mas depois irá matá-los? 


― Realmente não sabemos. Agora, se apresse, você deve sair daqui. Antes que ele te encontre! 


Ao assentir, Lydia se virou para Nico. 


― Onde fica o cômodo do qual você falou? 


― Eu disse que não consigo me mover! 


― Agora mesmo, você estava se movendo muito bem! 


― Deixe-me comer algo primeiro! 


― Esqueça! 


― Por aqui, fairy doctor 


Parecia que a idosa iria guiá-la. Lydia deixou para trás o inútil Nico e correu para sair do subsolo. Ela podia ver os selkies que trabalhavam como servos olhavam para ela das sombras com uma expressão preocupada no rosto.  


Eles fizeram um sinal com a cabeça para a idosa, o que significava que Ulisses não estava por perto, portanto, eles estavam seguros. A idosa subiu rapidamente as escadas. Lydia foi capaz de descobrir imediatamente que os selkies que os guiavam eram os que reuniram seus poderes para tentar arrombar a porta.  


Ela estava com a água-marinha de sua mãe, e certificou-se disso tocando-o com a ponta dos dedos, e ficou nervosa pensando se fosse capaz de proteger os selkies 


Ele era o tipo de pessoa que tinha más intenções e usava o coração dos selkies em seu próprio benefício. E, além disso, provavelmente possuía muito mais conhecimento como fairy doctor e experiência do que Lydia. Mas, ela não podia se permitir fugir.  


― Por aqui.  


No segundo andar, a idosa parou em frente a uma porta de aparência comum que não tinha grandeza ou importância. Lydia agarrou a maçaneta da porta que as fadas, aparentemente, não podiam tocar. E, de forma inesperada, a porta não estava trancada. Ela empurrou suavemente formando uma fresta, mas parecia que não havia ninguém dentro.  


Lydia entrou sozinha. Era um cômodo que não parecia adequado para esconder nenhum casaco de pele. O papel de parede era de um rosa pálido, as cortinas e a toalha da mesa estavam decoradas com babados, havia cavalos de madeira e bonecas perfeitas para abraçar, e incontáveis livros de histórias; olhando para ele, era um quarto de criança.  


Qual é o significado disso? 


Ela seguiu e abriu o armário, mas só havia vários vestidos infantis. Lydia imaginava que os casacos dos selkies, que deveriam ser vários casacos de pele – para uma dúzia ou mais, encontrariam empilhados como uma montanha, mesmo assim, estava confusa sobre onde tal coisa poderia estar possivelmente oculta. Mas, se ela pensasse mais a fundo, mesmo que fossem casacos, eram peles de fadas.  


Uma vez que seus “corações” eram tão pequenos como uma pedra preciosa, logo, eles podiam ter uma forma inesperada.  


― Teresa, qual é o problema? 


Ela ficou surpresa com a voz e se virou. A senhora Collins acabara de entrar com um vaso de flores nas mãos.  


― Senhora... quero dizer... Mãe.  


Ela não prestou atenção em Lydia, que rapidamente se corrigiu e se aproximou para abrir a janela.  


― Este quarto não é nostálgico? Era o quarto que você usava quando era criança. Quando era verão, todos os anos, viemos para cá passar a temporada. Você se lembra? 


Ela falava como estivesse sozinha, a senhora pegou uma boneca de Teresa.  


― Todo esse tempo, estava com medo de entrar neste quarto. Se eu visse um cômodo vazio, acabaria aceitando o fato de que você morreu.  


Teresa foi engolida pelas ondas e levada embora. Este quarto deve ter sido selado naquele dia. A chave devia estar destrancada porque a senhora o abriu e foi buscar flores para decorá-lo. Parecia que ela não o abria há alguns anos. Havia uma grande possibilidade de que Ulisses tivesse escondido as peles nesta sala fechada, antecipado, que nem mesmo a senhora entraria nele. Porém, ela se perguntou onde eles poderiam estar.  


― Oh, está cheio de poeira.  Mas, isso não podia ser evitado, uma vez que já se passaram doze anos. 


Poeira?” Lydia voltou os olhos para a pequena caixa que foi colocada em cima de prateleira. Porque essa era a única coisa que não estava coberta de poeira e, facilmente, chamava a atenção com seu design de esmalte de couro brilhante e patenteado.  


Parecia um kit de maquiagem. Quando ela abriu a tampa, havia uma série de pequenas bolas de vidro do tamanho de uma noz. No momento que ela pegou um parecia úmido e apresentava elasticidade. A esfera tinha a cor pálida do azul-mar e era quente como fosse uma criatura viva. 


Poderia ser este o casaco de pele dos selkies? 


― Oh, a caixa de maquiagem. 


O coração de Lydia disparou e ela manteve a caixa nas mãos enquanto se virava para encarar a senhora. Ela queria ficar com ele de alguma forma, mas se perguntou se a senhora não iria gostar. 

 

― Uh, este é realmente um belo estojo de vaidade.  


― Não é? Você era tão pequena, mas queria isso mais do que os brinquedos. Você o carregava por onde passasse. É por isso que você o trouxe para esta casa também... 


Ela sorriu enquanto deixava seus olhos caírem no chão.  


― Se você não se importasse, gostaria que você o tivesse.  


― O que... 


― Se fosse na sua idade, acredito que seria simplesmente perfeito.  


Com sua mão rechonchuda, ela acariciou a decoração de coral.  


― É incrível. Achei que definitivamente gostaria de morrer se visse este quarto, mas me sinto tão revigorada. Desde que aquela garota me deixou, senti-me como se estivesse vagando na escuridão por um longo tempo, mas agora posso sentir uma luz fraca.  


Ela até parecia saber que o fantasma de Teresa não era realmente sua Teresa. 


― Hum... 


― Eu tinha encomendado um estojo de beleza muito mais maravilhosa para se preparar para o seu casamento, mas você realmente prefere essa, não é? 


Porém, ela voltou ao sonho mais uma vez. A caixinha que continha os casacos dos selkies. A lembrança da senhora de sua filha preciosa. Lydia embalou isso em seus braços fortemente.  


― Minha senhora, aqui está você.  


Era Suzy. Ela deve ter ficado preocupada porque não sabia para onde a dona da casa foi e olhou para elas com alívio.  


― Oh, graças a Deus, a senhorita estava aqui com você. 


Lydia e Suzy se entreolharam e trocaram sorrisos.  


― Mãe, este quarto estão tão empoeirado. Vamos para o jardim. 


Justamente, quando ela chamou a senhora para que pudesse levá-la para fora. 


― Fairy doctor, Ulisses... 


Ela ouviu a voz pressionada da selkie. Ao mesmo tempo em que a porta foi fechada e trancada por fora.  


― Ei, abra essa porta! 


Lydia bateu na porta, mas não houve resposta. Ela podia sentir que a selkie havia sumido também.  


― Senhorita, mas que raios... 


Suzy se aproximou de Lydia. A senhora Collins inclinou a cabeça em confusão, porém não parecia que havia perigo ainda. No entanto, se algo acontecesse enquanto elas estivessem presas, não seria nada bom para seu estado mental.  


― Sim, Suzy, isso é obra de responsável. Esse homem está planejando matar todos aqui.  


― Você descobriu quem é o culpado? 


― É Oscar, mas tenho certeza que ele não é o sobrinho real da senhora Collins.  


Suzy engoliu em seco em surpresa.  


― Não, agora que penso nisso, o jovem lord Oscar tinha acabado de voltar da América no mês passado e foi a primeira vez que alguém o conheceu nesta família.  


De repente, elas sentiram cheiro de queimado. Pela fresta da porta, a fumaça entrou. Quando ela pressionou o ouvido contra a porta de madeira, ouviu o som de madeira queimando e sentiu um calor imenso.  


― É um incêndio! 


Lydia correu até a janela. Mas, da janela, algo foi jogado dentro. Foi uma lata que estilhaçou o vidro e dela se derramou algo tipo de líquido, que instantaneamente pegou fogo e se espalhou por toda a sala. No momento em que Lydia agachou por reflexo, seus olhos viram a cortina envolta em chamas que se espalhavam lentamente sobre ela. Tentou escapar debaixo dela. Porém, seu pé prendeu em alguma coisa. Uma gaiola de pássaros caiu sobre ela. Bateu a cabeça, o que a deixou zonza.  


― Suzy! 


Ela pôde ouvir o grito da senhora Collins. Lydia tentou manter sua consciência acordada. Ela abriu os olhos. A senhora Collins correu até Suzy, que estava ao seu lado e depois de apagar o fogo em sua saia, abraçou a garota e a arrastou em direção à parede onde o fogo ainda não tinha alcançado.  


― Suzy, você não deve morrer! Vou salvá-la! 


Ela despejou a água do vaso em seu vestido. Ela, então, jogou também no topo de sua cabeça e tentou desesperadamente acordá-la. Era o olhar de uma boa mãe que tentava proteger a filha.  


A senhora Collins parecia ter se esquecido completamente de Lydia e Teresa. Para ela, Teresa era uma filha que morreu. Mas, Suzy era alguém que ficou ao seu lado, alguém mais precioso do que sua filha que já estava morta.  


Isso é o que há de melhor”, pensou Lydia. A senhora Collins, com certeza, iria parar de ficar obcecada por Teresa. Porque ela percebeu que tinha ‘filha’ que se importava muito com ela, mesmo que não fossem parentes de sangue. “Mesmo assim, sinto-me um pouco solitária. Isso mesmo, preciso fazer algo para mim. Ninguém irá me salvar”. Quando ela se deu conta, estava segurando o pingente de água-marinha. “Mãe, sim, eu sei. Sou uma fairy doctor, portanto, é meu trabalho ajudar alguém. Mesmo se eu estiver sozinha, só preciso acreditar em mim mesma”. Lydia finalmente se levantou.  


Ela conseguiu evitar a cortina em chamas, mas a janela estava coberta pelo fogo, era impossível chegar perto. E, para piorar, quando ela caiu, a caixinha de beleza voou de sua mão. A tampa foi aberta e seu conteúdo foi derramado pelo chão. Lydia correu para pegar a caixa e juntou as esferas mais claras. “Não é suficiente...”. 


Ela olhou ao seu redor. Além das chamas, havia uma outra que estavam no chão. “Ah, não! Se os casacos forem queimados, os selkies morremUlisses havia dito que faria com que os selkies morressem e, portanto, ele devia ter planejado queimar a casa junto com as pessoas e as peles. Ela testou se poderia pular através das chamas. Mas, o vento que soprava da janela fez com que as chamas subissem rapidamente. 

 

Lydia só conseguiu fechar os olhos e se sentiu abraçada por alguém como se quisesse protegê-la do vento abafado. Nessa posição, ela foi arrastada. Ela ouviu o som de algo no alto desmoronando e depois Lydia se sentiu caindo no chão em algum lugar escuro.  


― Lydia, graças a Deus eu cheguei a tempo. 


Ela não podia ver porque estava muito escuro.  


― ... Edgar? 


― Você aguenta? O fogo vai chegar aqui em breve. Precisamos nos apressar e sair.  


Ele a puxou pelo braço e começou a andar. Quando seus olhos começaram a se acostumar com a luz, já estava um tanto escuro, mas descobriu que se encontrava na passagem que era usada apenas pelos servos.  


Ela não conseguiu chegar perto da janela ou porta do quarto de Teresa, mas havia outra saída.  


― Suzy e senhora Collins estão... 


― Raven deve ter as tirado.  


― E os casacos dos selkies? 


Ela tinha a caixa de penteadeira em seus braços. Ela tinha agarrado alguns deles nas mãos. Mas, ainda havia uma série de casacos que ainda estavam à esquerda naquela sala. Lydia ficou quieta e foi capaz de voltar por onde veio, mas Edgar a impediu. 


― É inútil agora.  


― Não, não quero desistir! 


― Não diga algo tão sem sentido.  


― Mas... Eu sei, o casaco selkie de Ermine pode estar entre eles. Este casaco, aliás se os casacos queimarem, os selkies irão morrer! 


― ... Não há nada que possamos fazer. - ele disse bruscamente, depois de um breve momento como se estivesse indeciso.  


Ela se lembrou de como Ulisses disse que Edgar foi capaz de tomar a decisão de desistir.  


― O que você quer dizer com não há nada que possamos fazer? É por que isso acontece com frequência? Simples assim, você desiste da vida de qualquer pessoa.  


Mesmo que ela falasse sobre ideias e sonhos, ele sabia por experiência própria que havia situações em que não havia nada que pudesse fazer. Lydia entendeu que ele foi pressionado a tomar uma decisão agonizante no passado, por isso, perdeu seus companheiros por essa causa, e o quanto ele sofreu por causa dessa razão.  


E, ainda assim, ela estava dizendo uma acusação tão horrível. Mesmo assim, não conseguia parar. Como ela se sentiu abandonada por Edgar e a solidão que sentiu quando estava prestes a ser engolida pelo fogo a deixou com a mente fechada.  


― Por que você simplesmente não se apressa e desiste de mim. Você não tem que me salvar. Não sou sua para reivindicar. Agiu agora para ficar satisfeito! 


Ele puxou seu ombro. Ela sabia que tinha falado demais. Porém, ele apenas disse de uma maneira calma: 


― Então, eu vou. 


― O quê? 


Edgar voltou por onde eles vieram. Disse apenas à Lydia para continuar a sair e correu pelo estreito corredor.  


Você só pode estar brincando...”. Lydia não entendeu o fluxo dos eventos e apenas ficou parada, atordoada. Daí, ela saiu com pressa para ir atrás de Edgar. Entretanto, quando ela deu apenas alguns passos, sentiu a fumaça vindo em sua direção e começou a tossir. O fogo começou a atingir o corredor. Ela podia ver a luz bruxuleante de além das chamas. No momento em que ela pensou nisso, a velocidade do fogo aumentou de repente e iluminou tudo ao seu redor.  


― Edgar...Oh, não, eu que devo. 


Bem quando ela estava prestes a cair no chão, seu braço foi agarrado.  


― Eu disse para ir para fora.  


Ele falou para ela de um jeito um tanto zangado e a encorajou, ao que Lydia honestamente seguiu. O lugar para onde os dois saíram era o jardim atrás da casa e puderam ver que havia fogo saindo da grande casa ali e aqui. Parecia que Ulisses havia acendido fogueiras por toda a residência.  


Afastaram-se da fumaça e foram na direção do vento enquanto se afastavam da casa que tinha pequenas faíscas de fogo dançando ao redor. Quando chegaram à escada de pedra que descia para praia, finalmente foram aliviados do cheiro de fumaça e as forças de Lydia a abandonaram e ela se sentou.  


Edgar havia parado e estava em pé olhando para ela. 


― Fui capaz de encontrar um.  


Ele abriu a palma da mão, havia um casaco selkie. Lydia aceitou e, ao verificar dentro da caixa, abaixou a cabeça.

  

― Quantos estão faltando? 




― Cerca da metade... 


― Você conseguiu salvar metade deles. Mas, você pode pensar que eu deveria dizer isso levianamente... 


Era fácil se fosse apenas uma conversa. É por isso que seria fácil culpá-lo. Porém, Edgar realmente havia voltado das chamas. A única que continuou a conversa foi Lydia. 


― Por que você veio para me resgatar? 


― Eu disse que definitivamente salvaria você.  


― Eu não contava com isso. Não acredito em uma palavra do que você diz... Mas, então, por que você iria para um incêndio tão perigoso... 


― Mesmo que você não acredite em mim, eu irei a qualquer lugar por você. 


― Você diz isso tão facilmente.  


Não era como se ele fizesse o impossível por causa de Lydia. Ele adivinhou que ainda haveria tempo e por isso conseguiu voltar. Mesmo que fosse impossível para Lydia retornar, simplesmente decidiu que seria capaz de fazer algo.  


― O que você fez deve ter sido fácil. Caso contrário, teria desistido.  


Mesmo assim, ela se perguntou quanto coragem e nervos alguém precisava para determinar com calma a agir assim. Ele disse tão facilmente que era para Lydia, mas não poderia ter sido mais fácil.  

Ela ficou tão surpresa e seu coração se comoveu, mas não gostou de si mesma por não ser capaz de dizer obrigada de modo honesto.  


― Está tudo bem para você ficar com raiva. 


― Por que você acha que ficaria com raiva? 


― Estou dizendo coisas tão irracionais e horríveis.  


Ela percebeu que o suspiro que ele soltou foi particularmente longo.  


― Quando eu acredito que cheguei um passo mais perto, você sempre dá um passo para trás. - ele confessou e depois deu um sorriso triste.  


― Você às vezes se preocupa seriamente comigo e quase abre seu coração para mim, mas é minha culpa por me afastar novamente. Eu faço coisas que são insensíveis ou que te fazem passar por coisas horríveis... Sei que não importa o quanto eu diga, é minha culpa por não ser capaz de fazê-la confiar em mim.  


Ele falava em um tom anormalmente sério.  


― Frequentemente converso mais com mulheres e me aproximo mais com elas. Como Teresa disse ontem, mesmo que eu não esteja falando sério, só querem se sentir como amantes quando estamos juntos. Elas devem sentir que desejo um relacionamento leve. Minha atitude indiferente deve ser o que as faz dizer isso, mas, mesmo agora, pensei que se nós dois estivéssemos nos divertindo seria melhor. Portanto, para falar a verdade, você foi a primeira a me dizer que, se eu não for sério, não me aproximo de você. Logo, estou pensando que se alguém como você dissesse isso viesse a sentir por mim, eu seria capaz de mudar.  


Ela notou que ele se movia para se sentar ao lado dela, porém Lydia ainda permanecia de cabeça baixa.  


― Sua honestidade e minha sinceridade podem ser diferentes. Mas, se você deseja que eu seja sério, acho que seria capaz de chegar perto disso. 


― Isso é impossível, somos muito diferentes.  


― Eu sei. Mas, não vou desistir.  


Por que você é assim? 


― Eu disse, isso é impossível! Porque sou inútil.  


Ele inclinou a cabeça para o lado, como se não entendesse.  


― Nem fui capaz de ser Teresa. A senhora Collins sabia que eu e a garota fantasma não éramos ela. Ela sabe que sua filha morta não vai voltar... Também, entendi que minha mãe não está mais aqui. Não aprendi nada com a minha mãe e simplesmente fui em frente e me chamei de fairy doctor. Mesmo se eu tentar o meu melhor, sou uma inútil.  


Se Edgar não viesse salvá-la, não teria como Lydia lidar com incêndio sozinha. Ela tinha certeza de não ter sido capaz de resgatar nem mesmo um dos selkies. Naquele momento, enquanto Lydia tentava entrar em ação, estava praticamente em completo desespero. Tanto que a senhora Collins tentou resgatar Suzy e Lydia foi deixada sozinha. Tinha só o orgulho de ser uma fairy doctor, no entanto, não tinha experiência e conhecimentos suficientes e não havia ninguém para apoiá-la como sua mãe.  


Ela era tão inútil e estava tão envergonhada. Por causa disso, ela pensou que até mesmo Edgar havia fugido dela. E, ainda assim, ele veio. Ela estava feliz, mas, agora sentia que não tinha forças para ser capaz de corresponder às expectativas dele.  


― É por esse fato que é impossível para mim. Sou uma covarde e há tantas coisas que não posso fazer sozinha. Estou apenas blefando, mas no fundo, morrendo de medo. Mesmo que eu acredito que preciso ajudar os selkies, é impossível para enfrentar Ulisses. Só quero me apressar e sair correndo daqui.  


Depois que ela disse isso, percebeu, foi trazida a este lugar estranho e desconhecido por alguém que não sabia quem era, foi possuída pelo fantasma de uma filha que morreu, e ainda mais, tomou a decisão de ficar aqui para que pudesse ajudar os selkies, mas isso foi apenas graças a Edgar estar aqui.  


Se ela enfrentasse o inimigo com ele ao seu lado, logo, sentiu que algo poderia ser possível. Porque ela não estava sozinha, foi capaz de manter sua coragem. Ela não sabia que estava contando com Edgar, logo, quando sentiu que ele havia desistido dela, de repente, ficou apavorada e caiu em desespero.  


― Sinto muito.  


― ... Por que você está se desculpando? 


― Não vou deixar você sentir assim. Vou ficar ao seu lado.  


― Não quis dizer que eu queria isso. 


Era esse tipo de significado, mas de repente, ficou envergonhada.  


― Desde que te conheci, um caminho de liberdade se abriu para mim. Ficaria feliz se você continuasse ao meu lado e, nesse caso, quero que conte comigo. Posso não saber sobre fadas, mas acho que posso apoiá-la... Gostaria que você se apoiasse em mim.  


Ele olhou para o mar e disse de uma forma como se estivesse reforçando sua determinação. Ela olhou furtivamente para ele. Seus cabelos sedosos e brilhantes caiam sobre seus olhos. Ela olhou para o lado bonito do seu rosto e percebeu que as pontas de seus cabelos estavam queimadas. Sem pensar no que estava fazendo, Lydia estendeu o braço. Afastou seus cabelos queimados para o lado com os dedos, logo ele olhou para ela.  


Seus olhos malva-acinzentados eram de uma cor vaga, o que não indicava se ele era um homem bom ou mau, se era frio ou explosivo, ou se dizia a mentira ou verdade, eram as impressões que ela tinha dele.  


Ao perceber o que estava acontecendo, a mão de Lydia foi agarrada com força pela de Edgar. Sua beleza que derretia o coração das pessoas estava bem frente dela. E, mesmo assim, ele a inclinou para mais perto.  


― Ei, es-espere só um... 


Ela não o parou, mas esticou um dos braços para afastar o rosto dele.  


― ...Hmmm, o clima agora está bom, não importa o que você pense sobre isso.  


Ele disse isso de uma forma como se estivesse completamente insatisfeito. “Ele é realmente inacreditável. Estávamos no meio de uma discussão séria até agora”.  


― Essa é a única coisa em que você está pensando? 


― Bem, aproximadamente.  


E, obviamente, não era hora para tal. A casa de campo que ficava além das árvores foi engolida por mais chamas. Porém, ele mudou rapidamente o humor depressivo de Lydia. Ele não era um homem completamente frívolo, e esse personagem leve era uma das armas de Edgar. As pessoas foram salvas por ele e ela não estava com medo.  


― Mesmo que fosse alguém inútil como eu... 


Você gostaria de se casar comigo?”. Ela não teve coragem de ser capaz de dizer algo assim.  


― O quê? 


― Nada.  


Talvez por estar cansada, sua consciência começou a se distanciar, embora ainda não fosse noite. 


― Estou com muito sono... Teresa está prestes a acordar.  


Ela apenas teve a sensação, logo, se encostou no ombro de Edgar. Como Teresa iria se aproximar de forma tão inocente, ela deve ter sentido que podia fazer o mesmo.  


Pode não ter sido Lydia, mas a influência de Teresa que estava tomando conta. E, enquanto ela estava transferindo a culpa, não importava o quanto ela se aninhasse em Edgar, percebeu que se sentia descontente. Ao mesmo tempo que seu coração batia rapidamente, Lydia aprendeu como ele tratava as outras mulheres e de que forma ela agia de forma tão amorosa com elas.  


Quando ela imaginou que era um abraço para Teresa, ficou um pouco irritada, porém, se não fosse assim, Lydia estaria correndo. Por sua vez, se por acaso pensasse que era ela que estava refletindo nos olhos dele, logo, se sentiria muito bem e entenderia que era ela quem recebia tudo naquele abraço.  


As costas de Edgar são um pouco mais largas que as do seu pai. Ele era magro, e tinha mais altura do que seu pai.  


― Teresa? - perguntou Edgar ao perceber que ela se inquietava um pouco.  


― ... O som das ondas... Estou do lado de fora? - murmurou Teresa, em um tom atordoado, ao acordar.  


Desde que Lydia perdeu um pouco do controle, ela até fez o ato de inclinar contra ele, logo, pensou que ele poderia ter descoberta se era Lydia até agora quem demonstrava mudança. Ela estava agitada com Teresa e como ela pousava a mão dela de forma tão casual e fácil no colo dele, assim Lydia usou a sua influência e fez sua mão esquerda se erguer para ele.  


Ele deu uma risadinha como se estivesse se divertindo, e Edgar colocou a mão sobre a dela para impedi-la de ir.  


Sua mão é mais delicada do que a do pai”. 


― Por que estamos em um lugar como esse? E meu vestido está todo sujo.  


― A casa está em chamas. 


― Oh, não! Que horrível! 


Teresa se virou para olhar e ficou ainda mais impressionada ao ver o incêndio tinha envolvido toda a casa. Em um segundo, Edgar fez uma careta e olhou para o céu.  


― O vento mudou de direção. Vamos contra o vento.  

 

 
 
Nota da tradutoraEstamos muito, muito perto de descobrirmos quem está fingindo ser Teresa. A parte em que Lydia se encontra acurralada chega a ser claustrofóbica. Porém, quando Edgar aparece... Ooowwnnn, que lindo! Adoro o entrosamento deles e há partes muito fofas nesse capítulo particularmente.  

E a senhora Collins, hein? Será que você desconfiou, assim como Suzy, que ela sabia da farsa todo o tempo? É possível...  

No próximo capítulo, a resolução. Será que os selkies serão salvos por Lydia? Quem é o verdadeiro fantasma? E quem quer que Ulisses leve um pontapé nas nádegas, levanta a mão! 

Então, beijos e até em breve! 

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