quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A mentira impertinente do Conde - Capítulo 1 - Volume IV - Hakushaku to Yousei Light Novel



Livro IV - Um fantasma como amante


Nota de apresentação: Antes de começar, só gostaria de dizer... Mil desculpas!  
Setembro foi um mês complicado. Esse capítulo já estava bem adiantado até que... Pipoca (meu venerável gato) deu um mortal e acabou derramando o copo cheio de água que se encontrava ao note. Corri, mas não deu... RIP note Hermes (era o nome dele 🙁 ). 
Para piorar ainda mais, fui bloqueada no Facebook por causa de um meme... Por causa de um meme!!! E por mais que conseguisse terminar no prazo, não daria para notificá-los. 
Mas eis que... conseguimos! Então, relaxe, sente-se confortavelmente, e prepare-se pois é o livro mais tenso (até agora) de Hakushaku to Yousei 
Enjoy! 

No meio da noite, em uma esquina da cidade, havia um grupo de cavalheiros que entravam no mesmo prédio um por um, que ficava na saída da rua principal mais silenciosa possível, tentavam não chamar a atenção de ninguém. Olhando de soslaio, ela entrou no mesmo prédio pelas portas do fundo.   

O local onde os homens e ela entraram era o espaço da reunião da Associação Espiritual e Psíquica na cidade de Londres. Era a noite em que eles iriam realizar uma cerimônia para chamar os espíritos dos mortos.  

Essa Associação Espiritual e Psíquica, uma organização que se reunia para chamar os espíritos dos mortos, fazia acontecer misteriosas ocorrências e conversava diretamente com os espíritos, virou uma moda entre as pessoas que se interessavam em ocorrências e atividades espirituais. Hoje à noite, ela foi convidada como espiritualista para uma daquelas associações de pessoas com ideias afins, que pesquisavam esses tipos de fenômenos espirituais.  

Ela se passava como uma espiritualista muito conhecida na América. No entanto, sabia que, acima de tudo, não tinha esse tipo de poder e nunca fez nada perto da prática de uma espiritualista. Mesmo assim, todos os preparativos estavam prontos. Ela precisaria fazer o papel.  
Após ser conduzida a uma sala de espera, junto com uma idosa que a acompanhava, ela soltou um suspiro tentando liberar toda tensão nervosa. O brilho da lâmpada de gás a deixou mais nervosa ainda. 

― Não se preocupe. Você será capaz de se sair bem, Seraphita 

A idosa disse palavras para encorajá-la, enquanto a luz da lâmpada diminuía. Na sala ao lado, os nobres convidados estavam reunidos. Do outro lado da porta, ela podia ouvir vagamente vozes sussurrando ou murmurando entre si. A próxima sala era onde a sessão aconteceria, e assim, os cavalheiros entraram na sala escura e procuravam o rumo. Sentiam medo, vergonha e curiosidade no ritual para chamar os espíritos dos falecidos.  

Nesse grupo de pessoa, poderia estar um homem que ela conhecia. Não, ela tinha certeza que ele estava. Aproveitou a chance, corajosamente caminhou até a porta e abriu a janela espreitando. No grupo de cerca de uma dúzia de homens, ela imediatamente o identificou. Seu coração bateu mais rapidamente.  

Qualquer lugar que ele fosse, se destacava. Havia grossas cortinas que cobriam as janelas do cômodo e, embora houvesse a luz de uma única vela no escuro, seu cabelo louro-dourado e brilhante a absorvia por completo.  

Mesmo que ele estivesse sozinho casualmente na multidão, a face lindamente esculpida do seu rosto e sua elegante figura emitiam a aura de sangue azul nobre. Ele devia estar vestindo aquele casaco velho e desgastado para não o reconhecessem, mas, aparentemente, era de uma classe diferente dos nobres empobrecidos reunidos.  

Foi assim no passado. Mesmo que compartilhasse suas refeições e a cama com os meninos de rua nas casas desertas dos subúrbios, ele era chamado de lord mesmo que não desejasse. A nobreza inglesa e a etiqueta de alta classe estavam encravadas nele em seu núcleo e mesmo assim, com seu espírito gentil, não atrapalharam andar entre os principais membros da sociedade clandestina. 
Se não houvesse alguém que tentasse pegá-lo, logo, ele poderia ter sido escalado como o líder do grupo de garotos da sociedade clandestina.  

Seus olhos examinavam o interior da sala, mas seu olhar aparentemente casual não permitia que nada se escondesse ou fugisse de sua visão. Se alguém fosse encarado por aqueles olhos, ela deduziu que passariam a impressão de seriam capazes de enxergarem além do óbvio e descobrir facilmente sua identidade. Se ele percebesse, se perguntou o que pensaria.  

― Lord Edgar... 

A velha ouviu o leve sussurro de Seraphita, levantou a cabeça como se tivesse algo a dizer, mas no final ficou quieta. Conde Edgar Ashenbert. Esse era o seu nome atual. Parecia que ele havia se tornado uma figura famosa na cidade de Londres, e apareceu a esse ritual espiritual sabendo que era uma armadilha.  

No entanto, não se tinha conhecimento quanto de informação ele tinha conseguido sobre isso. Seraphita tinha os olhos fixos nele e observou seus olhos pararem quando encontraram uma mulher de meia-idade. Ela se sentou no canto da sala, com a cabeça baixa. A única mulher na sala de ritual era senhora Collins.  

O ritual espiritual que seria realizado esta noite foi preparado para ela. Era a esposa de um homem rico que possuía várias fábricas de algodão em Manchester. Sua razão para ir a Londres foi encontrar um parceiro para sua filha.  

Não era incomum que os novos ricos colocassem um belo dote em suas filhas para encontrar um marido que tivesse o título nobre. A senhora Collins era uma dessas pessoas.  Por outro lado, para os aristocratas que tinham títulos de pares que estavam tendo dificuldades em continuar seu estilo de vida dos colegas, começaram a procurar por filhas de classe baixa cujo seus pais estavam lucrando em seus negócios. Entretanto, no caso da senhora Collins, o problema era que sua filha já havia falecido.  

Em outras palavras, o ritual espiritual desta noite era uma reunião particularmente bizarra para chamar de volta a filha e depois escolher um noivo entre o número de aristocratas pobres que estavam desesperados por dinheiro que se casariam com um fantasma.  

No entanto, era óbvio, a finança do jovem conde não estava em perigo, além não ter nenhuma intenção de se casar com um fantasma. Mesmo assim, poderia haver a possibilidade, já que ele era um homem que cortejaria qualquer pessoa desde que fosse uma mulher. Ele poderia ter algum interesse mesmo que fosse um fantasma.  

Quando ela fechou a janela, espreitando e se afastando da porta, um dos membros do comitê da Associação Espiritual sussurrou para a sala de espera que começaria em poucos minutos. 
Era quase meia-noite, o momento perfeito para realizar um ritual de chamamento espiritual. Ela baixou o véu de seda preta para esconder o rosto.  

― Vamos, Seraphita. 

A idosa se posicionou à sua frente e abriu a porta da sala de espera, que levava à sala do ritual espiritual, onde estavam todos reunidos. De uma vez, os olhares de todos se concentraram nela. Lentamente, ela entrou no quarto e, quando o fez, ela girou os olhos ao redor para encarar os membros na sala debaixo do véu.  

Para realizar com sucesso o ritual, ela precisava confirmar quem estava sentado onde. No entanto, assim que seus olhos se voltaram para ele, foi capturada por seus olhos afiados. Ela pensou que estava preparada e tomou cuidado, mas não conseguia tirar olhos dele por um tempo. Seu rosto não poderia ser visto. E ainda assim, seu coração batia acelerado e seus dedos tremiam.  

Até encontrá-lo cara a cara, teve a sensação de que queria que ele a notasse. No entanto, de repente, ela temia ser reconhecida. Tinha certeza que seria vista com escárnio, olhos de desprezo, entretanto, ela tinha o desejo de querer vê-lo, mesmo que fosse só um pouquinho e ela odiava essa parte de si mesma. De alguma forma,conseguiu tirar os olhos dele e, a partir daí, não olhou mais em sua direção.  

***** 

A plataforma de Estação Victoria estava cheia de passageiros e pessoas que transitavam para lá e para cá. Vendedores com enormes quantidades de bagagem, famílias que se despediam de seus entes queridos e cavalheiros e suas damas partiam para passar uma pequena viagem de férias.  

Entre todas aquelas pessoas que tinham todos os tipos de razões diferentes que subiam no trem, Lydia concordava com as palavras de seu pai, que dizia a mesma coisa inúmeras vezes, sabe-se quantas: 

― Lydia, tenha cuidado enquanto estiver fora.  

― Sim, pai.  

O pai de Lydia, professor de mineralogia, fora convidado a participar de uma conferência acadêmica que seria realizada em Paris. Ele ficaria fora de Londres por apenas duas ou três semanas e, ainda assim, enquanto checava a hora, parecia que não queria se separar de Lydia.  

― Você não precisa ficar tão preocupado. Não tenho vivido sozinha todo esse tempo na Escócia? 

― Lá, tínhamos rostos familiares por toda a cidade e era um lugar pacífico, não é? Mas, Londres é perigosa.  

― Temos uma empregada e vou trabalhar na propriedade do conde, então, não há nada de perigoso.  

― O conde... Oh, sim, o conde. Acredito que ele poderia ser confiável... 

Mas, ele é o mais perigoso”, murmurou para si mesma.  

Lydia era uma fairy doctor. Ela podia vê-las e conversar com elas. O conde que a contratou, como fairy doctor particular, era Edgar Ashenbert, que possuía o título de Conde de Ibrazel (o Reino das Fadas).  

Assim como seu nome, os condes das gerações passadas tinham uma propriedade no Mundo das Fadas, e como se davam bem com elas, diziam que eram reconhecidos como uma figura digna entre elas.  

Mesmo agora, o nome de Conde Cavaleiro Azul, que era associado dos antepassados da família, era o nome humano mais renomado entre as fadas. No entanto, nos tempos atuais, não muito depois da linhagem de família do conde ter morrido, Edgar, que herdara apenas o título por várias razões, não tinha os poderes mágicos para se comunicar com as fadas, havia contratado Lydia.  

Colocando isso de lado, Carlton estava preocupado com a personalidade do conde. O boato de que ele era um homem mulherengo era uma verdade absoluta. Ele tinha razão de estar preocupado em deixar sozinha sua única filha em idade de casar.  

― Eu ficarei bem, pai. Não sou uma filha tão desleixada.  

― Claro que sei disso. Ah, sim, eu queria te presentear com isso antes de partir. - disse Carlton, enquanto tirava uma pequena caixa de dentro de casaco e entregou à Lydia.  

― Sua mãe fez com que eu cuidasse dele antes que falecesse. Depois de envelhecer, ela queria que você recebesse isso quando chegasse na idade que começa a pensar em casamento.  

Lydia ficou pouco à vontade quando ouviu a palavra “casamento” pelo pai.  

Oh, não! Ele não sabe, não é? 

― Não tenho tais planos.  

― Sua mãe disse que deveria entregá-lo a você quando fizesse dezesseis ou dezessete anos. Pensei que era cedo, mas como você está trabalhando como fairy doctor, então, eu realmente não deveria tratá-la como uma criança para sempre.  

Era há apenas um mês depois que Lydia foi pedida em casamento por uma fada e deixou o reino humano. Ela imediatamente voltou, porém, Lydia, que tinha o poder de se comunicar com as fadas, não era uma filha comum. Desde que ela lidasse com fadas, não entendiam a prática humano normal e aceitável e a lhe pedissem como noiva, logo, como pai, ele não teria permissão para lhe dar suas bênçãos.  

Carlton foi ensinado sobre isso e por isso deve ter ponderado até hoje, logo, pensou que deveria finalmente entregar o item que sua esposa lhe confiara. Entre sentimentos contraditórios, Lydia abriu a caixa. Havia um pingente balançando, uma pedra preciosa com leve cor azul.  

― É uma pedra preciosa, água-marinha.  

― É como... a cor da água do oceano. 

― Sua mãe disse que ela recebeu isso de sua mãe na sua idade. E a mãe dela de sua mãe... Bem, isso tipo de coisa.  

Lydia não sabia sobre a pátria de sua mãe deixara, para praticamente fugir com o seu pai. Mas, quando ouviu a história que ele contou, foi uma coisa estranha, algo como sentir uma leve nostalgia pela ilha que ela nunca localizou, ao extremo norte. 

― Obrigada, pai. Eu vou guardar em segurança.  

― Bom, agora vou-me embora.  

― Cuide-se.  

Ela deu um beijo de despedida no rosto dele e viu o pai subir no trem. O trem a vapor partiu de Londres, como previsto, enquanto se dirigia ao Canal da Mancha.  Dentro da caixa, junto com o pingente, havia uma carta de sua mãe.  

[Minha querida Lydia, gostaria de saber como você está lendo esta carta. Você disse que queria se tornar uma fairy doctor como a mamãe, então, me pergunto, se isso se tornou realidade. Uma fairy doctor é uma profissão singular, logo, ninguém irá lhe dar a mão. Eu me preocupo com o fato de que isso as colocará em caminhos tortuosos, antes mesmo que você se torna uma fairy doctor. Por favor, não se esqueça que você é uma jovem mulher. Alguém que ficar ao seu lado e te apoiar, será o seu tesouro]. 

Era uma carta curta, mas cheia de felicidade e amor de sua mãe. Lydia se perguntou se sua mãe achava que ela também estivesse com alguém como sua mãe e pai se conheceram. Ou talvez, já que era uma época em que as pessoas não acreditavam na existência de fadas, sua mãe talvez não quisesse que ela se fixasse em ser uma fada e desejasse a felicidade como uma jovem normal.  

― Talvez mamãe tenha pensando que não era adequado para ser uma fairy doctor... 

Esse era um ponto que a inexperiente Lydia tinha sentido constantemente. Porém, uma vez que ela começou, queria se tornar uma profissional de pleno direito. Os fairy doctors, especialistas em fadas, davam seus conselhos a pessoas que estavam preocupadas com as brincadeiras e a magia das fadas, e seu principal trabalho era resolver esses problemas.  

Por sua vez, houve casos em que ajudaram fadas que estavam sendo sustentadas por problemas humanos. Obtendo a confiança das fadas, seriam capazes de negociar e trocar ideias com as fadas para proteger os interesses dos humanos.  

― É por isso que não tenho tempo para pensar em casamento. - exclamou Lydia, sem olhar para ninguém, enquanto olhava para o céu do banco que estava sentada no parque.  

O Sol brilhava alto no céu, colorindo lindamente o curto verão da Inglaterra. O banco de madeira se aquecia ao Sol e rodeado por uma sensação de abertura, ainda assim sentia-se fresco e seco, deixando-a esquecer que ela era a grande cidade de Londres.  

Ela mudou a sua hora de entrada do trabalho nas propriedades do conde para a tarde para que pudesse acompanhar o pai. Ela planejou gastar seu tempo e respiro fundo.  É claro que Lydia não tinha que reclamar de seu trabalho, que era tão confortável, porém, o seu amor pelo cheiro das árvores e o som musical do vento era maior.  

― Oi, Lydia, o jornal publicou outro artigo sobre esse canalha. Duas páginas até. Ele é, com certeza, popular.  

Ela olhou para de onde vinha a voz e viu que havia um gato grisalho sentado no topo de um galho de árvore grossa. Era o parceiro das fadas de Lydia. Ele tinha a forma de um gato com pelos longos, porém subiu em suas patas traseiras e falou como um humano. Mesmo agora, ele endireitou a coluna e sentou-se no galho. Nico dobrou o jornal habilmente, que era quase o mesmo tamanho que ele, e o jogou para Lydia. 
De novo?”, pensou Lydia enquanto olhava para o papel. O empregador de Lydia, Edgar Ashenbert, era, no momento, a estrela das fofocas nos tabloides. O belo e jovem conde. Havia um número infindável rumores que mulheres eram atraídas por sua conversa doce. Ele era tão famoso que não havia ninguém que o conhecesse nas rodas da sociedade.  

Juntamente com seu nome único, Conde de Ibrazel (o Mundo das Fadas), existiam um número crescente de indivíduos interessados de diferentes classes, sem contar os repórteres, que nunca conheceram o conde, que brigavam entre si para escrever sobre seus relacionamentos românticos, que quase não tinham credibilidade.  

No entanto, para Lydia, era bem possível vindo de Edgar. O artigo desta vez falava que o conde duelou com um certo nobre por causa de uma linda viúva e infligiu uma lesão grave em outro homem. Outro foi que ele lançou avanços em uma espiritualista convidada pela Associação dos Espirituais e Psíquicos da Cidade de Londres, ambos eram histórias as quais os plebeus tinham interesse.  

― Essas mentiras pesadas.  

Havia uma voz que falava diretamente com ela. Edgar olhou para Lydia por trás do banco e sorriu para ela. Quando ela o viu, ele rapidamente sentou-se ao seu lado e se aproximou como se estivesse a abraçando como uma amante.  

― O-o que você quer? 

― Só queria ver você. Pensei que você estaria por aqui.  

Seus cabelos louro-dourados brilhantes e seus olhos malva-acinzentados indescritíveis e misteriosos estavam bem frente à Lydia. Ela quase observou com admiração ao sorriso que ele estava ciente de quanto esculpido era, porém se apressou a sacudir a cabeça.  

― É bom ter uma conversa fora pela primeira vez. Se isso fosse dentro da minha casa, você não me daria nenhuma atenção e focaria no seu trabalho. Acabamos de ficar noivos, mesmo assim não somos capazes de passar algum tempo como namorados... 

Lydia empurrou a mão com força que estava colocada em seu colo e tentou o seu melhor para falar em um tom calmo. 

― Não tenho intenção de estar envolvida com você.  

Entrar em um compromisso com Edgar era como cair em uma armadilha que ele tinha feito para ela. No entanto, graças a essa promessa, ela foi capaz de retornar do mundo das fadas para não pudesse descuidadamente afirmar isso em voz alta.  

Aproveitando isso, desde então, Edgar a tratava como sua noiva, como se estivesse tentando fazer uma lavagem cerebral e continuar a cortejá-la com gestos doces e corteses.  

― Lydia, por que não vamos à praia? Os verões da Inglaterra são tão curtos e podemos fazer com que você saia do trabalho e passar umas miniférias na praia. O professor Carlton vai estar em Paris por algum tempo, certo? 

Fazer uma viagem com ele na ausência do pai? Isso, certamente, traria mal-entendidos indesejados. 

― Não, obrigada! 

― Adoro esse lado de coração frio, mas, com isso, acho que devemos nos afastar de nossas vidas diárias e promover nosso amor juntos.  

Quem, por que e como há ‘amor’ entre nós, seu caçador de saias? 

Quando Lydia o encarou com seus olhos penetrantes, ela respirou profundamente. A razão pela qual ele era tão obsessivo sobre seu envolvimento com Lydia não era por amor ou carinho. Ele tentava mantê-la ao seu lado porque ela tinha um alto valor de uso. Não importa o quanto são doces palavras ele diga, ela não podia acreditar que vinha do seu coração.  

― Você não sabe quantos amantes tem? 

― Você não deveria confiar o que está escrito nos jornais de fofoca. Ei, Nico, você também não acha? 

Querendo o acordo de outro, Edgar olhou para o galho de árvore. 

― Sim, os jornais de segunda mão estão cheios de mentiras, assim como você. - disse Nico em um tom enojado e desapareceu.  

Edgar encolheu os ombros e Lydia soltou um suspiro. Mesmo assim, agora, eles estavam sozinhos.  

Oh, claro!”, ela notou que Edgar tinha trazido um assunto tão idiota para que Nico se afastasse, mas era tarde demais, já que ele tinha a mão no ombro dela.  

― Ei! Edgar! 

Ela vacilava com a possibilidade de uma série de palavras de paquera que poderiam acertá-las.  

― Perdoe-me, Conde Ashenbert. 

Aquele que os interrompeu era um homem desajeitado.  

― E você é? - respondeu Edgar em um tom irritado, como se dissesse “não nos interrompa”. 

― O seu mordomo disse que você poderia estar por aqui. 

O homem aparentemente conhecia Edgar e era um detetive da Polícia de Londres. Lydia estava cheia de medo e nervosa, porém, Edgar não mudou sua atitude insolente. 

― Você está familiarizado com uma costureira chamada Maggie Morris? 

Novamente, era sobre outra mulher. Mas, para envolver a polícia, não parecia boa coisa. 

― Não me lembro. Aconteceu alguma coisa com essa senhora? 

― Seu corpo foi encontrado flutuando no rio Tâmisa. De acordo com suas colegas, ela saiu dizendo que iria encontrar com o Conde Ashenbert... Em outras palavras, você.  

― Não seria eu. Por alguma estranha razão, há impostores insolentes que se apresentam com meu nome, hoje em dia.  

Ele enfrentou e falou para Lydia como se estivesse tentando convencê-la de que todos os inúmeros artigos sobre sua relação com as mulheres descritas nos jornais eram obras desse tipo de homem. 
― Entendo. Já que há rumores sobre o conde magnificamente belo, a joia da moda da sociedade, o misterioso nobre do Mundo das Fadas, estão chegando aos nossos ouvidos, deve ser um nome útil para enganar mulheres.  

― Então, posso me tranquilizar já que você entendeu que não estou relacionado? 

―  Maggie tinha, aparentemente, sonhado em se casar com um homem abastado e rico, e assim a fez agir como a filha de um nobre, como o comportamento e a conversa. Parecia que ela havia mentido que tinha nascido em uma família proeminente, porém, seu pai havia falecido e assim por diante. Embora, seus pais estivessem vivos e seu pai fosse um bêbado. Ela era bela e parecia que muitos homens acreditaram nela, uma nobre garota infeliz, mas eventualmente, a verdade foi descoberta e ela, repetidamente, abandonada. Entretanto, foi capaz de se familiarizar com alguns nobres e estava tão empolgada que até cogitava a abandonar sua família. Estava tão feliz que se gabava sobre seu nome aos que estavam ao seu redor. Sua alegação que ele era um conde louro, bastante jovem, o que corresponde ao seu perfil.  

― Então, my lord, ainda não aparece em sua memória a jovem lady? 

― Não a conheço. As jovens filhas têm a tendência de absorverem em seus sonhos e não escutam o aviso de seus pais e seguem um homem mal-intencionado. Esta história não é tão rara, mas é lamentável para seus pais.  

― Estou de acordo. 

Oh, como você tivesse moral para dizer isso”, pensou Lydia.  Ele era um homem que tentava seduzir uma filha enquanto o seu pai estava fora.  

― Gostaria de analisar o caso, no entanto, onde estava na noite de sexta-feira? 

Depois de pensar um pouco, Edgar respondeu: 

― Em um piquenique nos arredores da cidade.  

― À noite? 

― Isso é errado? 

―  Com quem estava? 

Ele respondeu vários nomes, mas por alguma razão, eram todos do sexo masculino.  Lydia pensou que não haveria um piquenique tão agitado e esquisito, então, baixou os olhos para o tabloide que estava no banco.  No artigo sobre o duelo, o nome do homem que foi infligido com uma forte lesão era um dos nomes que Edgar mencionou.  

―  Oh, não! Um piquenique que tenha apenas homens não é um local de duelo? 

― Ei, como você ousa dizer isso? É uma grande mentira! 

― Você estava se relacionando com a viúva... 

A boca de Lydia estava aberta novamente. 

― Viúva? Não houve nada entre nós. Mais importante ainda, se você puder verificar esses nomes, logo, será capaz de saber que não há erro que estava com eles.  

Se o piquenique à noite foi uma reunião para um duelo, então, o oponente foi ferido e as testemunhas precisariam confirmar que Edgar estava naquele lugar, bem como silêncio sobre o duelo ilegal e afirmar que era um “piquenique”. 

Porém, participar de um duelo é perigoso. 

― Por que você fez uma coisa tão imprudente? Você poderia ser morto! É algo tão importante que você tenha que arriscar sua vida? - disse Lydia, afastando sua mão. 

― Pensei que poderia ganhar. 

― Você é um idiota! Você poderia ter sido a pessoa a ser ferida! 

― Então, você está preocupada comigo. 

― Por que eu me preocuparia? 

― Sinto muito. Prometo nunca mais fazer algo que possa te entristecer.  

Ele cantarolou as palavras com uma voz suave e doce. Por um momento, sua mente deu um branco, porém Lydia retornou aos sentidos e deu outra bronca. 

― Você não tem que prometer! 

― Foi perigoso o piquenique? - indagou o detetive.  

Oh, não!”, finalmente ela percebeu seu deslize e fechou a boca.  

― Sim, já que um demônio apareceu.  

― Oh, um demônio. Então, foi uma reunião com amantes do ocultismo.  

O detetive deve ter ficado cansado por não querer passar mais tempo no bizarro passatempo da classe alta e rapidamente terminou seu interrogatório.   

― Entendo. Obrigado pela sua colaboração.  

― Se o criminoso foi quem usou meu nome, por favor, capture-o. Não quero que eu esteja nos jornais de fofocas e dê a má impressão à minha noiva.  

― Oh, então, você tem uma noiva? 

― É ela.  

Como ele a encarou com olhos derretidos de amor, ela não foi capaz de dizer nada imediatamente.  

― Ah, é isso mesmo. Minhas benções para vocês dois.  

Junto com essas palavras, o detetive partiu rapidamente, e não parecia acreditar que ela era sua noiva. “Será que ele achou que não sou adequada a ele? Bem, alguém poderia pensar que isso é certo”.  

Seu cabelo castanho sempre estava em ordem, mas ela não particularmente atraente e não era a filha de um nobre que sempre usava vestidos da moda.  

― Você viu isso? Quem me vê, sempre pensa que não sou sua namorada. Mesmo que um repórter desses jornais de fofoca estivesse aqui, não me colocaria em um artigo.  

― Isso porque não temos um clima amoroso suficiente entre nós. Porque você não me permite te beijar.  

Oh! Isso é ruim”, sentiu Lydia e correu para se levantar. Porém, Edgar segurou o seu braço.  

― Espere. Deixe-me explicar corretamente.  

― O quê? 

― Sobre a viúva.  

Quando ele trouxe essa história novamente, ela começou a ficar irritada. Não importa o quanto ele falou com ela sobre coisas que dariam às expectativas de uma mulher, ainda era apenas um homem frívolo. Ela deveria saber disso, mesmo assim, a deixava chateada.  

― Sou apenas um amigo. Ela veio até mim com a preocupação de que aquele não queria terminar com ela, e por isso, entrei entre os dois, mas as coisas não correram bem e terminaram assim.  

― Pensei que seu princípio era que você não se tornava amigo de mulheres.  

― No entanto, foi no começo. Há momentos em que acabamos como amigos.  

― O que significa, de qualquer maneira, vocês dois tiveram um relacionamento! Mesmo assim, não me inclua com todas as suas inúmeras amigas ou amantes.  

― Acertei e terminei com todo mundo. 

― Ãhn? 

― Uma vez que estamos noivos, essa é a coisa certa a fazer.  

 “Eu pensei que disse não estarmos noivos”. 

― Qualquer um teria um antigo amor ou dois no passado. Você ficará chateada com algo que já terminou? 

Ele diz que passou, porém, não fazia seis meses que tinha chegado à Inglaterra e é inimaginável a quantidade de amantes do que realmente apenas um ou dois. Era muito suspeito se realmente acabasse com elas. Lydia não sabia por onde começar a contra-argumentar com ele.  ]

― Você é tudo que tenho. 

 “Isso é impossível”.  

― E a espiritualista? A dançarina de Soho? A garota que veio de uma família proprietária de um banco? 

― Histórias inventadas pelos jornais de fofoca.  

― Não tem como saber. Desde que você é tão mentiroso. Você poderia dizer com rompeu com elas, mesmo assim, apenas por segurança, desde que não seja descoberto.  

Enquanto Lydia o intimidava, ele demonstrava um sorriso feliz.  

― O que há de tão engraçado? 

― Nada, só pensei que se for uma briga entre amantes, estamos indo bem. 

― Bri-briga de amantes? 

― Isso mesmo. Somos como um casal que estou sendo pressionado a responder se estava trapaceando ou não.  

Lydia percebeu como estava agindo. Está certo. Não importava com quantas mulheres esse homem estava se relacionando ou com quem ainda se relacionava.  

― Não o estou pressionando. Quer saber? Isso não tem nada a ver comigo. Você, simplesmente, não abandonaria o assunto para que eu... Oh, meu Deus, só queria dizer que não vou acreditar em nada do que você diz! 

Ela falava de uma maneira artificial que a colocava em uma posição mais incômoda e mais confusa.  

― Você é tão adorável, mesmo quando está com raiva.  

― ... Eu me pergunto, se vou sobreviver até o meu pai voltar para casa.  

De repente, sentindo-se tão cansada, Lydia começou a se preocupar consigo mesma.  




***** 
No clube da alta classe, aberto só para membros, era o ponto de encontro para cavalheiros, a noite estava cheia de risos e comoção entre os homens que se divertiam durante a noite inteira. Havia fumaça de tabaco e ópio. Estavam livres para se divertirem na sala confortável e luxuosa com jogos e apostas e até discussões entre amigos. De todos os prazeres da vida, a única que faltava eram as mulheres.  

Clubes como estes, normalmente, as mulheres não eram permitidas. Os ingleses gostavam de se reunir entre eles, o que era incompreensível para Edgar. No entanto, houve a necessidade de vir a este clube hoje à noite. Depois que ele passou para uma das salas privadas, onde o dono do clube, Slade, e o pintor, Paul, o esperavam.  

― E, então, my lord, como foi o ritual espiritual da noite passada? 

― Você descobriu alguma coisa sobre a espiritualista? 

Com uma rápida saudação, eles correram para interrogá-lo. Os que trouxeram a informação sobre a espiritualista foram estes dois, em outras palavras, a organização secreta “Scarlet Moon”.  Os dois pareciam tão sérios que  queria brincar com eles primeiro.  

―  Sim, ela é bem bonita. Ela tinha o rosto coberto com um véu, mas tenho certeza disso. Sua figura também era perfeita.  

― Ham-ham. Não é isso que quis dizer, my lord. Que diabos você estava olhando? Essa mulher pode estar trabalhando sob o comando do Príncipe.  

Slade já estava começando a se irritar e Paul tentava acalmá-lo. Edgar ficou satisfeito em irritar um homem mal-humorado e por isso chegou ao ponto.  

― Não há erro que o Príncipe está envolvido. Quanto a eles, posso adivinhar que deram o primeiro passo no plano para me atrair.  

Aquele de quem se nomeava Príncipe era o inimigo de Edgar nos Estados Unidos. O homem havia matado sua família e o sequestrado ainda criança para torná-lo o seu escravo. Embora Edgar foi capaz de escapar das mãos do Príncipe, ele não imaginava que estavam atrás dele assim. Não seria estranho que lançasse um plano em breve.  

Ele tinha toda a intenção de aceitar esse desafio e até planejava destruir aquela organização junto com aquele homem eventualmente. Para isso, procedia uma investigação com a ajuda da “Scarlett Moon”, que também era uma organização que detinha o ódio pelo Príncipe. Por meio disso, eles tiveram a convicção de que alguém foi enviado da América pelo Príncipe, e começava a trabalhar em Londres.  

Este alguém se apresentava pelo nome de Ulisses. Este homem havia aceitado uma quantia enorme de um credor de dinheiro que fazia negócios com o Príncipe. O que seja o que ele estivesse tramando cometer, com certeza, faria o uso do dinheiro nesse próximo plano.  

O nome Ulisses parecia familiar quando Edgar estava sob a captura do Príncipe. Ele nunca viu o rosto do homem, mas antecipou que era o mais requisitado dos subordinados. No entanto, eles não forem capazes de obter o paradeiro exato de Ulisses, pois não parecia em nenhum lugar. Eles não tinham informações que tipo de pessoa ele era. O que finalmente conseguiram descobrir foi a existência de uma espiritualista, cujo Ulisses seria seu patrono.  

Ainda não sabiam como o subordinado do Príncipe usaria a espiritualista. Mesmo assim, a espiritualista passou a anunciar que era uma conhecida do Conde Ashenbert e fez contato com membros da classe alta que amavam o oculto, e por isso que parecia que tinham a intenção de atrair Edgar. 

Para isso, Edgar propositadamente fez sua aparição. Mesmo que fosse uma armadilha, ele queria mostrar que não estava se escondendo com medo do Príncipe. Ele acreditava que, se houvesse uma maneira de vencer sem ir como o inimigo planejava, a primeira coisa era não ter medo dele. 

― Foi-me dito que era para escolher um noivo para uma filha fantasma.  

― Sim, ela fez sua escolha.  

― O quê? Então, você vai se encontrar com um fantasma? 

― Eu não a conheci, por assim dizer... Não está claro. Por enquanto, há quatro homens, inclusive eu, que foram escolhidos como candidatos. Eles vão nos chamar de volta em outra ocasião. Nos outros três, havia um homem que foi com meu nome de Conde Ashenbert 

― Ele poderia ser Ulisses? 

― Ainda não tenho certeza.  

No momento em que ele disse isso, Edgar lembrou-se do ritual espiritual. 

** 

Com o convite da Associação Espiritual e Psíquica da Cidade de Londres, que a “Scarlett Moon obteve, Edgar participou do ritual espiritual usando o pseudônimo de Visconde Middleworth
A sala em que ele foi conduzido tinha todas as suas janelas cobertas com grossas cortinas e havia uma grande mesa redonda localizada ao centro. O tapete colocado no chão abafava qualquer passo e, por isso, a sala era muito silenciosa, embora estivesse um número de pessoas reunidas ali.  

Na sala sombria e escura, tinha uma vela acesa, e por essa razão era difícil de decifrar os rostos dos cavalheiros, porém, de acordo com o relatório feito de antemão, nenhum deles possuíam familiaridade com Edgar na sociedade.  

A alta sociedade é um lugar caro. Os nobres reunidos aqui eram aqueles que não podiam pagar por isso. Depois de um tempo, a porta do fundo da sala se abriu e uma mulher idosa entrou na sala. 

― Senhores, muito obrigada pela paciência. Gostaríamos de começar o ritual, então, por favor, sentem-se.  

Todos fizeram o que ela pediu em voz baixa e depois que todos se sentaram em torno da mesa circular, uma mulher que usava um véu entrou pela porta de qual a velha entrou.  

A espiritualista usava um vestido e um véu negros. Já que seu rosto estava coberto, sua aparência e idade não podiam ser identificadas. Edgar pensou, olhando para a linha tênue de seu rosto, que ela parecia ser magra e bastante jovem. Depois que ela se sentou na única cadeira vazia, lentamente deu uma olhada nos rostos que se reuniam na sala debaixo de seu véu. 

Poderia ter sido apenas sua imaginação, mas ele sentiu que os olhos dela pararam e demoraram em pânico quando encontraram Edgar. A espiritualista deve ter sido incapaz de suportar o olhar penetrante de Edgar e, assim, nunca mais olhou para a sua direção depois disso.  

― Todos prontos? A pessoa que vamos chamar hoje é a filha da senhora Collins, o fantasma da senhorita Teresa Collins. 

Aquela que disse foi a idosa que ficou atrás da espiritualista.  

― Senhora Collins veio a Londres em busca de um poderoso espiritualista.  

― Deve ter tido algum trabalho no além do mundo espiritual para que nossa Seraphita viesse em tão bom momento para a Inglaterra. 

Seraphita era o nome de um lindo anjo. Ele se perguntou se ela permitiria alguém apresentar seu nome, mas não revelar o seu rosto ou deixá-los ouvir sua voz.  

 ― Por favor, esqueçam seus sentimentos de desconfiança e desejo de fundo dos corações para que lady Teresa apareça.  

Seraphita levantou as mãos para colocá-las em cima da mesa e pegou as mãos dos homens sentados próximos a ela. Todos os que estavam sentados em volta da mesa circular juntaram as mãos uns aos outros.  

A mulher idosa saiu do quarto e, em seguida, a única vela acesa que foi colocada sobre a mesa apagou-se, mesmo que não houvesse uma rajada de vento. Nesse ínterim, a sala ficou completamente escura.  

Por um tempo, houve um silêncio. No momento em que os convidados começaram a ficar nervosos com o silêncio, que parecia durar para sempre, ouviram uma voz fraca que mal podia ser ouvida.  Era a voz baixa da espiritualista que não tinha entonação quando murmurava algo que lembrava alguém lançando um feitiço. Enquanto falava, de algum canto da sala, ouvia o ranger de algo. Enquanto todos ouviam, ocorreu um barulho alto e repentino como algo batendo contra a parede, como se estivesse tentando deixar as pessoas que estava ali.  

Os homens ao seu lado se mexiam, como estivesse começando a ficar com medo do que estava acontecendo. A escuridão tirou o autocontrole e a calma. Não era impossível alguém acreditar que aquilo que estava acontecendo era o feito de um fantasma.  

Edgar estava acostumado a controlar e pressionar seus sentimentos de nervosismo e medo. Esse tipo de escuridão nem sequer o afetou como algo perigoso para ele. É por essa razão que refletiu calmamente que poderia haver a possibilidade de que idosa pudesse entrar silenciosamente na sala.  

Finalmente, as batidas terminaram, e eles ficaram em silêncio, e aí sentiram a presença de movimentos farfalhantes de roupa entre eles, como alguém estivesse andando diretamente entre eles. Os sussurros da espiritualista haviam terminado. Naquele momento, parecia que a presença andava lentamente ao redor da mesa em que os homens estavam sentados em círculo.  

E se as almas dos mortos mostrassem sua presença e a respiração e se houvesse a possibilidade de terem chegado a esse reino várias vezes, logo significava que existiria luto por sua morte? E assim, Edgar pensava, estava relembrando todos aqueles que perdeu. O pai, a mãe, seus camaradas e os amigos que lutaram ao seu lado para escapar do Príncipe.  

Ermine, que confessou sua traição a Edgar quando enfrentaram a liberdade diante deles, se jogou no oceano. Mesmo assim, quando ele se lembrava periodicamente dela, se arrependia do pensamento de que poderia tê-la salvo.  

Ela passou por uma crueldade ainda mais extenuante do que Edgar pelo Príncipe. Por isso, ele não foi capaz de perceber que a alma dela estava sob seu controle até o fim. Se seu eu real, não uma ilusão, fosse capaz de mostrar a sua presença aqui no mundo dos vivos e vir da terra dos mortos... 
Nesse momento, a atenção de Edgar foi imediatamente focada no que ocorria. Porque a presença misteriosa que circulava ao redor da mesa havia parado logo atrás dele.  

 "Ermine..." 

Por alguma estranha razão ele pensou nisso. Sem pensar no fantasma de lady Teresa e na pessoa viva que fazia parte de sua trupe nesse momento, ele, simplesmente, sentiu a mão que tocava a sua bochecha. “Ermine, você está me perdoando? 

Quando a vela foi acesa novamente, era evidente que não havia sombra ou figura que se misturava à sua volta e nem o sinal de alguém tivesse soltado a mão da pessoa próxima, apenas o cheiro semelhante de jasmim que flutuava sobre os corpos, o ar de como fosse o único vestígio e aspecto de um fantasma.  

A senhora Collins estava chorando em soluços partidos. Ela deve ter acreditado piamente que era a presença da filha naquele momento. A porta dos fundos se abriu e a idosa apareceu novamente para anunciar o fim do ritual.  

― Então, houve alguém que sentiu o sinal de lady Teresa? Teremos apenas os senhores que virão outro dia para conhecê-la. 

Conhecê-la? Estão dizendo que seriam capazes de ver um fantasma? 

― Que tipo de sinal? - alguém perguntou.  

― O sinal de ter sido escolhido por ela, ter sido tocado ou ouviu a sua voz.  

― Parece que fui qualificado.  

Edgar levantou a mão. 

― Posso saber seu nome? 

― Visconde Middleworth. 

A idosa assentiu e depois outra mão foi levantada de outro assento. Fora daqueles homens, ele ouviu alguém se apresentar como Conde Ashenbert e, assim, Edgar de modo lento e silencioso virou a cabeça. Era um jovem que podia ser descrito como bonito com vinte e poucos anos. Tinha cabelos louros, mas era a única característica que se podia dizer que compartilhava com Edgar.  

Todos os cavalheiros criaram um burburinho, pois deveriam ter reconhecido pelo menos o nome do Conde Ashenbert. Ele pensou ter ouvido de alguém por qual razão seria a presença do conde estar ali mesmo que não tinha problemas financeiros.  

― Ouvi o boato que ele não tem nenhuma particularidade quando o assunto é mulher... - foi o próximo comentário, o que significava que poderiam ter entendido, mesmo que ficassem surpresos ao mesmo tempo.  

Edgar pensou consigo mesmo que não era tão carente a ponto de ir atrás de um fantasma.  

― Mais tarde, gostaríamos de enviar outro convite para os quatro. - disse a senhora.  

A espiritualista se levantou e fez uma reverência para todos. Ela pegou a mão da idosa e, quando estava prestes a sair em direção aos fundos do cômodo, havia uma luz que se infiltrava através da lâmpada de gás e recaia através do véu da espírita, assim revelando o lado de seu rosto.  

Edgar foi instantaneamente cativado por essa visão. Porque ela se parecia exatamente como Ermine. Ele não pensou e correu para agarrar a mão da espírita.  

― Por favor, não, my lord 

A senhora tentou ficar entre eles e Edgar não prestou atenção e continuou a se aproximar do espiritualista.  

― Senhorita Seraphita, quem me tocou anteriormente foi o fantasma de lady Teresa? Não eram seus dedos finos? 

Ele guiou a sua mão até sua bochecha e confirmou que sim, era realmente aquele toque. Os olhos da espiritualista se encontraram com os dele através do véu e congelaram por um instante, mas retirou sua mão quando ela silenciosamente saiu da sala.  

Ermine, ou uma mulher que se parecia exatamente com ela. Se ele usasse esse tipo de mulher, era certo de que o Príncipe estava rindo dele agora, capaz de demonstrar seu poder. Mas, ele não podia permitir-se tornar emocional.  

** 


Edgar engoliu o gim que lhe foi trazido pelo garçom para se acalmar.  

― Você consegue obter os nomes dos nobres que participaram do ritual espiritual da associação, não é? Gostaria que você investigasse sobre os outros três escolhidos e mais a família Collins.  

― Então, my lord, o que fará? Se eles o convidarem, você os procurará novamente? 

― Eu irei.  

― Então, seria melhor ter um segurança ou um contratado para acompanhá-lo.  

― Raven, vou ficar bem. Se cometer o erro e levar alguém comigo, isso me trará dificuldades e a atenção irá recair sobre mim.  

Slade fez uma careta de aborrecimento, provavelmente, porque as melhores tropas da “Scarlett Moon” estavam fora de cogitação. Havia membros apenas no caso de quem pudesse lidar com armas e aqueles que se arriscariam ao perigo e trabalho. No início, essa era uma organização que começou como uma família de artistas, os quais entravam secretamente em mansões de figuras importantes e agiam como espiões. No entanto, mesmo assim, Edgar esperava apenas investigar e coletar informações dessa organização.  

E se fosse por ele, não queria que nenhuma morte acontecesse na “Scarlett Moon”. Fora Raven, eles eram os subordinados mais confiáveis de Edgar. Ele era capaz de se proteger. Calculado isso, ele teve a mesma força de trazer vários guarda-costas para que não houvesse sentido em aumentar o número de homens em seu grupo e tornar seus movimentos mais comuns.  

― Entendo. Faremos como você quiser.  

***** 

Conde Ashenbert, sua próxima namorada é uma filha fantasma”.  

O título da capa ousadamente impressa no tabloide novamente. Quando Lydia foi para a casa do conde, lá estava colocada sobre a mesa de seu escritório. Lydia enrolou-o como fosse uma bola e jogou-o na lixeira.  

― Nico, não me faça olhar para esses jornais de fofoca toda vez. 

― Pensei que você ficaria curiosa. 

Nico, que adorava beber chá, sempre chegava à casa do conde um pouco mais cedo do que Lydia.  Tinha um chá caro importado do Ceilão servido para ele que o aproveita com olhar satisfeito. 

― Já disse que não tem nada a ver comigo.  

― Então, não fique com tanta raiva toda vez. Só estou de olho nesse conde para ter certeza de não esteja tramando algum tipo de esquema.  

De olho nele, está mais para você gostar de ler as fofocas”. Mesmo que Edgar estivesse planejando algo, Nico era altamente subornado com comida ou vinho. Ele era o parceiro de Lydia, mesmo que não seja absolutamente confiável.  

E, então, Lydia apenas pensou em alguma coisa e caminhou até Nico, que estava com o coração satisfeito em sentir o aroma de chá, enquanto ele o segurava na mão. Ela pigarreou antes de perguntar. 

― Então, você leu? 

― Ah? Bem, apenas dei uma olhada.  

― O que diz? 

― Se você estiver curiosa, leia.  

― ...Não é como estivesse particularmente curiosa. É que... tenho muitas oportunidades de estar com Edgar. Você não sabe quando e como seremos vistos com a impressão errada, por isso, pensei em me certificar e evitar quaisquer situações que pudessem ser usadas como artigo de fofoca.  

― Você não acha que vai ficar bem? Desde que você não foi utilizada como material para artigo nem uma vez. 

Lydia sentiu-se um pouco irritada com o comentário de Nico, mesmo que ela e ele não parecessem um casal. “Bom, tudo bem que somos vistos assim”.  Ela só estava preocupada por não ter nenhum apelo atraente e não ser capaz de passar pela experiência normal de se apaixonar. Sim, isso seria tudo, seria útil saber apenas por referência.  

Lydia pegou cuidadosamente o tabloide que jogou na lata de lixo. Ela desamassou e leu as palavras impressas. Ali estava escrito que a esposa de um homem rico realizou um ritual espiritual para encontrar um pretendente para casar sua filha que faleceu. E dizia que o Conde Ashenbert havia participado como candidato a noivo. Dizia também que colocou seu coração à bela fantasma.  

― Inacreditável.  

Ela não pôde deixar de ofegar de horror. Sabia que ele não tinha nenhuma indiscriminação com as mulheres, mesmo não chegaria tão longe.  

― Ora, este é um bom momento, você não acha? Se ele pretende se casar com um fantasma, tenho certeza que ele deixará você ir. 

― Você está certo. Eu deveria ter cancelado o noivado verbalmente imediatamente.  

Enquanto ela dizia isso, Lydia se recriminou às pressas e calou-se, e olhou cuidadosamente para a janela. Porque poderia haver uma fada por perto que ela não podia ouvir sobre o cancelamento do noivado. 

― Se é aquele kelpie, o cavalo-d'água, não está em Londres.  

― O quê? Ele voltou para a Escócia? 

― Quem sabe? Ele pode estar em algum lugar nos arredores. Estava reclamando que Londres era muito quente e cheirava a podre.  

O noivado, que supostamente era apenas para passar por uma determinada situação perigosa, era algo que anularia o engajamento de Lydia com Kelpie. É por isso que, enquanto Kelpie estiver por perto, ela não poderia declarar que seu noivado com Edgar era uma farsa.  

Entretanto, Kelpie não estava aqui. O que significava que ela seria capaz de deixar claro com Edgar e fazer com que ele concordasse que anularia o noivado.  

― Ei, Lydia, aonde você vai? O conde saiu hoje.  

― Tenho que planejar uma maneira de convencê-lo a cancelar nosso noivado antes que ele volte.  

― Não acredito que você seja capaz de vencer esse falante improvisador.  

― É por isso que preciso apresentar um plano. 

Lydia deixou a residência do conde e foi para o parque nas proximidades. Se ela raciocinar profundamente, estar fora era algo mais produtivo e a acalmava. 

Eventualmente, as árvores do topo do parque começavam a aparecer do outro lado dos prédios cinzentos, mas Lydia parou. Porque ela pensou em ter ouvido alguém pedir ajuda. Ouviu atentamente a fonte. Ouviu novamente no meio do congestionamento da multidão de pessoas. “É apenas o som do vento?” Não, parecia mais o som de pessoas conversando, como o estrondo do mar ou ondas...   

Para ouvi-la desse jeito, deve ser a voz de uma fada ao invés de um humano. Lydia seguiu a voz e entrou em um beco enquanto procurava sua presença. Quando ela parou, encontrou uma mulher curvada como se estivesse agachada à sombra da luz de um poste. Era obesa de meia-idade e bem vestida. Essa pessoa tinha uma conexão com a voz das fadas? Agora ela não ouvia nada.  

― Você está bem? 

A mulher levantou o rosto pálido e assentiu.  

― É uma leve anemia. Estava me sentindo um pouco tonta.  

Ela disse isso, mesmo assim, Lydia não a permitiu partir.  

― Onde é sua residência? Se estiver de acordo, vou acompanhá-la até sua casa. 
E, então, a mulher olhou para Lydia e observou seu rosto como se estivesse prestes a chorar.  

― Moça gentil você é. Se a minha filha falecida ainda estivesse viva, teria mais ou menos a mesma idade que você... 

Como se estivesse lembrando de sua filha, a mulher pegou a mão de Lydia.  

A mulher se chamava senhora Collins e estava hospedada em um hotel de alta classe em frente ao Hyde Park. Lydia pegou um táxi e acompanhou a senhora até o hotel e foi conduzida ao espaço cômodo em que estava hospedada.  

Parece que ela era a senhora mais rica do local. Mesmo que fosse apenas um quarto de hotel, era uma magnífica sala de espera. Uma jovem empregada, que aparentemente estava encarregada de cuidar da mulher, recebeu calorosamente Lydia, mas quando ela tentou sair, foram oferecidos bolos, chá e outros petiscos e ela acabou ficando.  

― Ah, não! Eu devo ir agora.  

― Mesmo assim, gostaríamos de mostrar nosso agradecimento.  

― Oh, você não precisa se incomodar com isso. - disse Lydia e tentou se levantar. Porém, a criada ficou na frente da porta como se quisesse detê-la. E, de repente, fez uma careta como se estivesse à beira das lágrimas, enquanto apertava o avental que usava por cima do uniforme.  

― Senhorita Carlton, gostaria de ultrapassar meu limite e lhe pedir um favor a você. Você seria capaz de convencer milady. Sei que estou fora do meu lugar pedir uma coisa a você, que acabou de mostrar a sua bondade milady, mas não sei o que mais eu poderia fazer... 

Parecia que ela estava desesperada e motivada, sob a pressão da necessidade.  

― Que tipo de problema? 

Lydia era o tipo de garota que não podia recusar se lhe pedissem ajuda. Se ela respondesse assim por um capricho, estava se colocando em uma posição que tinha que ouvir a explicação da empregada.  

― My lady perdeu a filha há mais de dez anos. Ela é incapaz de esquecer sua jovem filha, mas, recentemente, estava começando a agir de forma estranha e se perdeu por causa de seu amor por sua filha. Ela acredita que a jovem dama voltará e começou a comprar vestidos e colecionar acessórios de noiva e pensar seriamente que deve encontrar um noivo para se casar muito em breve.  

Agora ela se lembrava, a dona da casa disse algo sobre Lydia ter quase a mesma idade que sua filha.  

― Isso começou desde que a espiritualista apareceu. 

― Espiritualista? 

― Sim, essa espiritualista afirma que seria capaz de reviver sua filha. Mas, fazer isso é algo tão terrível. É contra a vontade de Deus.  

― Sim, você está exatamente certa.  

Nesse ritmo, estou com medo de que a mentalidade de my lady se denigre. Milady vê você e sua gentileza como a filha dela. Por isso, se fosse você, pensei que ela pudesse lhe dar ouvidos.  

A jovem, coberta de sardas, parecia cuidar da senhora do fundo do coração e sinceramente preocupava-se com ela.  

― Você é a única acompanhante da senhora Collins? Onde está a sua família? 

Ela não pensou que uma pessoa de fora pudesse cuidá-la. 

― Mister Collins está ocupado com seu trabalho e que a acompanhou nesta viagem foi seu sobrinho, mas tem apenas dezesseis anos e está muito entretido se divertindo.  

Ela deve ter pensado que não podia dizer nada de ruim sobre os parentes, por isso que parou de falar mais sobre o sobrinho.  

― Desde que perdi meus pais, quando era jovem, cuidava de my lady esse todo tempo. Ela teve a amabilidade de manter uma serva humilde como eu ao seu lado e, enquanto trabalhava como empregada, ela tirou um tempo para me ensinar a ler e bordar para que pudesse encontrar uma família adequada para casar... 

― Então, você deseja que ela melhore.  

Ela enxugou as lágrimas enquanto assentia.  

― Não me importo se apenas eu fale com ela. Mas, não creio que sozinha convenceria my lady 

Provavelmente, a jovem empregada queria alguém que estivesse ao seu lado. Como ela não sabia o que fazer, por isso deve ter revelado esse fato à Lydia, que tinha a mesma idade que ela. Mais do que o motivo da senhora, Lydia deu seu consentimento pelo estado da empregada.  

― Muito obrigada! Vou verificar como está my lady 

Ela fez uma reverência como se estivesse aliviada do fundo do coração e saiu da sala com os passos apressados. Lydia sentou-se no sofá e tocou o pingente de sua mãe que usava por baixo da roupa. Senhora Collins perdeu sua filha; Lydia perdeu sua mãe. Se ela pudesse ser de alguma ajuda, logo, esta reunião deve ser destinada de algum modo. Ou isso poderia ser guiado por uma fada? Ela se perguntou o que era aquela voz.  

No momento em que ela se lembrava disso, alguém abriu a porta sem bater e entrou. Quando Lydia virou a cabeça para olhar, viu uma empregada diferente.  

― Por favor, me ajude. - ela disse de repente, como estivesse com medo de algo lá fora.  

― Por favor, me ajude, fairy doctor 

Como ela poderia saber que Lydia era uma fairy doctor? Sua voz soou semelhante a que Lydia ouvira anteriormente. 

― Você é uma fada? 

―Sou uma selkie 

Selkies eram fadas marinhas que podiam se transformar em humanos tirando seus casacos de pele. Mas, ela já ouvira dizer que, se seus casacos fossem escondidos, não poderiam retornar ao seu lar e seriam obrigadas a servir quem os escondeu. No entanto, foi a primeira vez que Lydia viu um, logo, não podia acreditar nela assim tão facilmente.  

Ela não parecia diferente de qualquer humano. A maioria das fadas, mesmo em sua forma humana, possuía algum traço característico, porém, como elas eram fadas que se diziam ser a personificação das almas humanas que morreram no mar, logo, deveriam ser muito parecidas com os humanos.  

― Então, a garota de agora a pouco também é? 

― Ela não é. Tivemos nossos casacos roubados por um humano maligno. Peço-lhe, por favor, fairy doctor, nos liberte.  

Ela, então, estava pedindo ajuda para recuperar a sua pele. Lydia se perguntou o que diabos estava acontecendo em torno da senhora Collins, para que houvesse uma espiritualista e fadas selkies ao seu redor. Bem diante dos olhos de Lydia, enquanto estava confusa, subitamente chamas brancas explodiram em torno da donzela selkie 

― Ah! Minha pele está sendo queimada! 

Era uma ilusão de fogo. Para Lydia, ela apenas parecia aos seus olhos e não estava quente, mesmo assim a pele da donzela selkie estava sendo queimada até que morresse.  

― Onde está a sua pele? - perguntou Lydia, enquanto se levantava.  

Sua mente estava absorta pelo pensamento de encontrar seu casaco de pele para apagar o fogo.  

― É tarde demais para mim... Parece que fui descoberta por vir vê-la. Por favor, se apresse e fuja daqui. Ele está vindo... 

― O quê? Mas, eu... 

―  Ainda existiam outros selkies sendo escravizados. Todos eles foram colocados para trabalhar em uma residência diferente. Seus casacos de pele, certamente, estão escondidos por ele...Por favor... 

O corpo dela ficou subitamente transparente, envolto em chamas brancas e depois desapareceu.  

― Oh, não 

Lydia entrou em pânico e se esforçou para sair da sala, mas sentiu alguém atrás dela. Mesmo assim, não houve tempo para que ela pudesse se virar, pois foi impedida por trás. 

― Ei, o que você... 

Fizeram que ela cheirasse algum tipo de substância química que a deixou tonta e seu corpo entorpecido.  

― Que selkie estúpida! Colocou sua vida em risco e pediu ajuda a uma fairy doctor. E o que uma pequena garota como essa pode fazer? 

De longe, ela pensou em ter ouvido uma voz falar isso.  

― Uma fairy doctor da família do conde Ashenbert? Pensei que era apenas uma idiota incompetente, então nem prestei atenção em você. Agora, o que devo fazer com você? 

O que você quer dizer com incompetente? Sou uma fairy doctor perfeitamente capaz...”. 

Nota da tradutora Ermine está viva???” \o/ Sim! Para o choque (e certo desespero)  do ship Edgar e Lydia. Se prepare aí que ela será essencial nessa história.  
E aqui é a primeira vez que Ulisses dá o ar da sua (des)graça. “Mas, em que parte que não percebiJuli?” Adivinha. 
Este capítulo é a ponta do iceberg. Logo mais, chego com capítulo 2. 
Até mais! Beijos (e torçam para que compre o mais rápido do que puder meu note)!