terça-feira, 15 de novembro de 2022

Os piratas chegaram!! - Capítulo 2 - Volume VI - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de apresentação 

Estamos avançando mais um capítulo do livro VI, um arco que não aparece tanto no anime como no mangá.  

Enjoy! 

Edgar saiu sorrateiramente de seu quarto durante a madrugada e desceu as escadas de pedra para o porão no lado norte de sua casa palaciana. A vela que ele segurava em sua mão tremeluziu com o vento que veio de uma abertura em algum lugar e sua sombra estremeceu e se contorceu como fosse um animal com vontade própria.  

Cuidou para que a luz não se apagasse guardando a vela dos ventos que sopravam pelas frestas e abriu a fechadura da porta no final do caminho. Quando ele entrou, havia outra porta ao final. Depois que a abriu, finalmente, conseguiu ver a grande safira azul que brilhava como uma estrela de quatro pontas contra o céu azul índigo.  


Era a joia que possuía a magia das fadas e atendia pelo nome de estrela de Merrow, e a espada que continha a joia emoldurada era um presente concedido pelo rei da Inglaterra, juntamente com um título de nobreza para um homem chamado Lord Cavaleiro Azul, que mais tarde se tornou o Conde de Ibrazel. Como Edgar recebeu esse título, foi reconhecido como conde por este país e reside neste.  


Foi graças à ajuda da fairy doctor Lydia que ele foi capaz de colocar as mãos na espada que estava protegida pelos merrows e conseguiu sobreviver. Porque Edgar não foi capaz de resolver o enigma que foi montado pelas fadas para que a espada chegasse legitimamente às mãos do herdeiro da família Ashenbert 


Desde o início, os merrows sabiam que Edgar não era nascido na família Ashenbert e, ainda assim, lhe deram a espada. Isso porque eles entenderam que a linhagem dos Ashenberts havia chegado ao fim. No entanto, Edgar só herdou a nobreza e o nome de conde. Ele não tinha o poder mágico que cada senhor da casa desta família possuía como o Conde do mundo das fadas.  


Não parecia um problema no início, mas, no momento, tornou-se sua fraqueza, pois o inimigo possuía poderes mágicos.  


A organização que era chefiada por um homem chamado Príncipe havia assassinado a família de Edgar e o sequestrado quando criança, além de roubar sua liberdade. Ele liderou Raven e Ermine, entre vários companheiros e conseguiu escapar o quartel-general do Príncipe. Mesmo assim, vários de seus camaradas foram mortos.  


No entanto, Edgar sobreviveu, obteve o título de conde e garantiu sua posição e organizou sua vingança contra o Príncipe, porém, sua maior preocupação era um homem chamado Ulisses, que trabalhava para o Príncipe. Ele era capaz de subjugar e controlar fadas.  


Apesar disso, Edgar não conseguia nem perceber e ver fadas. Ele não poderia lutar contra Ulysses.  


Ele pegou a espada e a desembainhou. A lâmina de prata perfeitamente polida tinha um fio afiado, dando-lhe uma impressão surpreendente como uma espada da Idade Média.  


Hmmm, então, esta é a espada do Conde Cavaleiro Azul. Meu Deus, é um magnifico trabalho artesanal.  


Uma voz ecoou pela sala, mas Edgar não viu nenhum corpo. No entanto, ele estava familiarizado com a fada que veio ficar com Lydia.  


Coblynau? Você não fica na casa de Lydia quando escurece? 


― Bem, eu bebi demais com os hobgoblins aqui, por isso, perdi a minha chance de ir para casa com ela.  


Uma rolha de garrafa de vinho, que não deveria estar nesta sala, girava em círculos sobre a mesa onde ele pousou a vela, lugar que estava o coblynau. De acordo com a explicação de Lydia, era uma pequena fada de rosto vermelho, nariz de botão e cabelo espesso. Edgar ouviu que ele usava um chapéu triangular e se vestia como um trabalhador de mineração, logo, a imagem de Edgar da fada era semelhante a um anão que saiu de um livro ilustrado.  


― Se eu estiver correto, você é um grande especialista em joias. Qual é a sua opinião sobre esta estrela safira? Normalmente, a estrela dentro da pedra deveria ter três linhas de luz cruzando uma sobre as outras no meio, mas, porque eu me tornei conde, ela se transformou em uma simples cruz. Dizem que as três linhas de luz da estrela safira representam esperança, confiança e destino. Com uma dessas luzes faltando, isso significaria que esta espada e eu estamos perdendo alguma coisa. 

 

― Oh, não, isso tem a magia dos merrows lançada sobre ela. Quando o tempo e as circunstâncias permitiram, a luz da estrela mudou de forma antes. O que posso dizer é que não está faltando nada. Ora, é absolutamente perfeito, lord Conde, é uma espada que inflige a morte a seus inimigos e cura aos aliados.  


Agora que Edgar havia pensado nisso, lembrou-se de que essa espada não era capaz de tirar sangue de nenhum dos descendentes do Conde Cavaleiro Azul. E durante a Idade Média, uma espada era considerada sagrada. Havia a superstição de que quando você coloca uma espada contra seus ferimentos, ela cura as feridas.  


Enquanto pensava, Edgar pressionou a ponta da lâmina contra seu dedo. A superfície de sua pele foi perfurada e um pequeno orvalho de sangue escorreu. Era para ser uma espada que pertencente a Edgar, mas ele se questionou se ela tinha notado, sabendo que, como conde, ele era um impostor.

  

No entanto, Edgar não se importou se a espada não o reconhecesse. Mais importante, havia algo que ele queria saber.  


 ― Coblynau, quando você diz inimigos, isso inclui não humanos? 


 ― Bem, sim, claro. Dizem que a geração passada de Conde Cavaleiro Azul expulsou fadas malignas de suas terras.  


Como Edgar antecipou, esta espada era uma arma usada contra as fadas. Mas, não tinha certeza se poderia machucar fadas se ele a usasse.  


―  Permitiria que fizesse um teste com você? 


Depois que Edgar disse isso, a rolha da garrafa caiu imediatamente e sumiu a presença do coblynau 

 

***** 

 

Houve momentos em que Lydia se sentiu desconfortável perto de Edgar, mas ela não podia permitir que esse constrangimento a fizesse faltar no trabalho. Assim como de costume, Lydia veio trabalhar pontualmente hoje.  


Por ele ter a acompanhado a Windsor ontem, ela não pôde continuar suas tarefas, agora, precisava investigar rapidamente sobre o preocupante caso da changeling 


― Senhorita Carlton, esta área parece ser o problema.  


O mordomo Tompkins estendeu um mapa sobre a mesa. Ela estava relutante em perguntar a Edgar, portanto, decidiu pedir ajuda ao mordomo. Ela sentiu-se péssima por dar trabalho extra ao Tompkins, que cuidava dos negócios da família Ashenbert e administrava todos os empregados domésticos. Ele abriu a sua agenda para ela, mas mostrou um certo desconforto e reuniu a papelada necessária.  


A terra era uma pequena cidade localizada em uma área montanhosa nas costas de Yorkshire.  


― É um lugar muito particular? - ela perguntou. 


Uma vez que a maioria das propriedades do Conde Cavaleiro Azul na Inglaterra foram colocadas sob os cuidados da família porque não podiam ser administradas sob um senhor humano. Muito provavelmente, este lugar também tinha muitos moradores de clãs de fadas e esses eram a causa por trás dos problemas, porém, não pode ser a única razão.  


― Fluoritas são extraídas aqui. Blue Johns são as pedras preciosas mais minadas na Inglaterra e estas são de um roxo-avermelhado. As chamadas Freya são pedras preciosas raras com um brilho dentro delas como a chama de um incêndio, mas não há registros de que elas tenham sido extraídas nos últimos trezentos anos. Parece que eles são extremamente difíceis de encontrar.  


― Então, gemas normais ainda podem ser encontradas. Mas, não há remessas há mais de dez anos. - disse Lydia enquanto lia os registros.  


― Todo ano, é decido minerar apenas uma quantidade limitada. Mesmo assim, ultimamente, ouço dizer que mesmo quando eles mineram, não são encontradas gemas de boa qualidade que poderiam ser colocadas no mercado. O número de mineiros também diminuiu. Eles devem estar nas fábricas da cidade, onde podem ganhar mais dinheiro.  


― Por que há um limite para a quantidade que pode ser extraída?  


― Isso foi decidido por um conde anterior que fez uma troca com as fadas. É uma quantidade mínima que não mataria de fome os moradores da cidade mesmo em um ano de má colheita. Você não poderia chamá-la de uma cidade rica, mas não sofreu com nenhuma fome. Se eles pudessem extrair o quanto quisessem, tenho certeza de que teriam escavado pedras por mais tempo, logo, isso poderia ter sido a causa da discórdia entre as fadas.  


No entanto, um changeling ocorreu nesta cidade. E, desde que Lydia estava empregada, também ficou surpresa que este fosse o primeiro contato desta cidade pedindo ajuda.  


Não houve nenhum problema todo esse tempo e, ainda assim, como poderia haver um changeling acontecendo de repente? 


Enquanto Lydia pensava profundamente, a porta se abriu e Nico entrou correndo.  


Aaah, eu disse para parar! - ele chorou.  


Mesmo que estivesse em pânico, Nico não tinha esquecido de correr nas patas traseiras.  


― Eu disse que seria bom se pudesse usar apenas a ponta de sua cauda.  


Quem veio atrás dele foi Edgar. E, por alguma estranha razão, ele tinha a espada Merrow na mão. 

 

― Não brinque comigo. Eu nunca permitiria que minha linda cauda fosse cortada! 


Enquanto Nico embalava sua cauda fofa em seus braços, ele mergulhou sob a toalha da mesa.  


― Saia, Nico. Eu lhe darei o que você quiser comer. 


― Eu nunca trocaria minha cauda por comida! 


― Não vai crescer de novo? 


― Eu não sou um lagarto! 


Sem piedade, Edgar puxou a toalha da mesa e ficou em prontidão com a espada.  


― Ajude-me, Lydia! 


Assim que Nico gritou, Lydia deu um suspiro e se levantou.  


― Edgar, por favor, não fique acenando com uma arma no meu escritório.  


Ele deixou a espada cair ao seu lado e olhou para Lydia com seu habitual sorriso gentil no rosto. 

 

― Bom dia, Lydia! Como está sua lesão de ontem? Ainda dói? 


Eles brigaram no dia anterior, e ela se perguntou se Edgar já havia se sentido estranho. “Não, muito provavelmente não. Ele não é esse tipo de homem”. 


― Eu já investiguei os antecedentes dos dois homens que tentaram te machucar. Nada para se preocupar, eu me certifiquei de que eles provassem o remédio.  


? O que você está pensando? 


― Por favor, não se vingue. ... Eu não estou incomodada com isso.  


― Então, você vai perdoar também? 


Isso é uma questão completamente diferente”, ela pensou. Quando Lydia ficou em silêncio, ele fez uma cara um pouco perturbada e inclinou a cabeça.  


― Ainda não posso. Mas, você sabe, eu decidi virar a página.  


Ele ergueu a espada na sua frente.  


― Lydia, para protegê-la, devo testar isso.  


Ele se virou para Nico novamente, mas a fada grisalha já havia desaparecido.  


― Droga! Ele se foi. 


Enquanto estalava a língua, Edgar pensou um pouco e mudou seu foco. Seu alvo era Tompkins, cujos ombros se encolheram.  


Tompkins, você não tinha sangue merrow em você? 


― Sim, mas, mesmo que você diga isso, foi há gerações, e minha vida útil é a mesma de um ser humano e se eu cair no mar, vou me afogar... 


Apesar disso, o corpo corpulento de Tompkins, redondo, ligeiramente distanciado e de lábios grandes eram as características de um merrow macho. Ela nunca tinha testemunhado, mas ele aparentemente tinha uma barbatana nas costas. Tendo essas características, ele entrou em pânico e tentou recuar, mas atrás dele havia uma parede. 


My-my lord, essa seria uma ordem? 


O quê? Se fosse uma ordem, você ouviria? 


― É claro! 


― Eu disse para parar com isso, Edgar! 


― Ei, sobre o que seria toda essa confusão? - uma voz surgiu.  


Quem disse isso e entrou pela janela foi um jovem de cabelos negros e ondulados. Quando ele estava na forma humana, tinha uma aparência forte e mística, mas sua verdadeira natureza era um feroz kelpie, um cavalo aquático. Por alguma razão, ele gostou de Lydia e veio para Londres desde a Escócia e decidiu morar aqui.  


Edgar se voltou na direção de Kelpie, como se estivesse encontrando uma nova presa.  


Kelpie, corra! 


― Hum? 


Quando ele acabou de dizer isso, Edgar se aproximou de Kelpie. De repente, Edgar balançou a espada Merrow. Parecia que a ponta afiada havia perfurado o corpo de Kelpie, que nem tentou se esquivar.  


― Ei, conde, um mero humano não será capaz de me matar.  


― Mas, senti que a lâmina atravessou. - suspirou Edgar enquanto olhava para a lâmina.  


― É impossível para você. Se fosse um Conde Cavaleiro Azul como anterior, então, poderia ter sido capaz de trazer o verdadeiro poder à espada.  


Lydia suava frio ao testemunhar um evento tão repentino e correu para o lado de Kelpie 


― Você está bem? Não está ferido realmente? 


― Nem um pouco. Foi como se uma brisa soprasse.  


Kelpie levantou-se do parapeito da janela e Lydia pressionou as mãos contra o peito dele para ter certeza. Lydia não seria capaz de tocar o corpo de um homem se ela pensasse nele como um humano, mas ele era uma fada e ela o via mais como um cavalo, portanto, estava tudo bem.  


Mesmo se ela inspecionasse seu corpo forte e musculoso por baixo da camisa, seus sentidos eram os mesmos de quando acariciasse o pelo de veludo de um cavalo elegante.  


― Você está certo. Não é nada.  


No entanto, Edgar puxou o ombro de Lydia de maneira irritada.  


― Por favor, não toque no corpo de outro homem bem na minha frente.  


-não diga isso como se fosse impróprio! 


― Você é o único culpado por tentar ir e prejudicar Kelpie em primeiro lugar. E se você realmente o machucasse? É a espada Merrow! Poderia ter matado Kelpie 


― Você está tão preocupada com ele assim? 


Cla-claro... Ele é meu amigo.  


― Você fica com raiva de minhas amigas e, ainda assim, você está dizendo que eu deveria consentir silenciosamente com seus amigos do sexo masculino? 


Não é uma comparação distorcida? 


― Agora, escute. Kelpie não é um amigo homem, mas um amigo fada. Mesmo se você amasse cegamente um canário, ninguém ficaria com ciúmes.  


― Acredito que não. Se um pavão abrisse suas penas para cortejá-la, eu o mataria com um tiro. 


Ela queria pensar que ele estava brincando, mas seus olhos cor de malva permaneciam sérios.  


― É por essa razão que essa criatura é um incômodo.  


Ele encarou Kelpie 


― Ei, conde, por que você não dá um descanso? Não amarre Lydia com sua possessividade.  


― Eu gostaria que você não metesse seu nariz em nossos assuntos. Estava dizendo o que é completamente natural como noivo.  


Como diabos isso é natural? 


E quando ela pensou isso, veio à tona novamente a irritação que a acompanhava desde ontem. Ele vai, beija uma mulher desconhecida e, ainda por cima, ele poderia estar tentando se casar com a neta do grão-duque de Cremona, ainda assim, ele trata Lydia abertamente como sua noiva.  


Ele agiu de forma muito insolente que ela poderia permitir.  


Kelpie, você se importaria de nos deixar por um momento? Há algo que preciso discutir com Edgar.  


Ãh? Por quê? 


Porque se ela dissesse algo que negasse o noivado deles na frente de Kelpie, as coisas ficariam complicadas posteriormente.  


― Você, com certeza, não é atencioso. Você é um incômodo: apenas um par de amantes está prestes a expressar seu amor um pelo outro. Você está atrapalhando.  


Isso nunca vai acontecer”, foram palavras que estavam prestes a sair de sua boca, mas ela esperou até que Kelpie se despedisse.  


― Edgar, eu tenho que te dizer.  


Ela apertou o punho com raiva.  


― Espere um minuto.  


― Eu não vou esperar. É um grande erro se você acha que pode fazer tudo correr como quiser... 


Tompkins, você está livre para ir.  


Lydia finalmente se lembrou de que o mordomo ainda estava lá e se sentiu completamente envergonhada. Seu corpo ficou congelado enquanto ela permanecia cerrando os punhos.  


― Por favor, me chame se precisar de algo. - disse o mordomo.  


A porta se fechou silenciosamente, mas antes que Lydia pudesse se lembrar de que ia dizer, Edgar segurou seus punhos gentilmente.  


― Lydia, por favor, entenda. Não quero te emprestar para ninguém.  


― Você está fora de si. Você tem feito coisas de propósito para que não possa confiar em você.  


― Nunca vou fazer isso de novo. Prometo, então, você poderia pensar positivamente em nosso casamento? 


― Isso é um assunto completamente diferente. Você sabe disso. 


Suas mãos permaneceram unidas, Lydia tentou recuar, mas Edgar dava cada passo.  


― Isso não é diferente. Se você sentir ciúmes, isso significa que estamos apaixonados um pelo outro. 

 

― Não é ciúme. Estou dizendo que não importa o que um mentiroso, como você, diga, não posso confiar em você.  


― Mas, você também é mentirosa. Você está ficando com raiva porque está começando a se apaixonar por mim e, no entanto, não aceita esses sentimentos.  


De repente, ele tomou a ofensiva e isso assustou Lydia. Ela queria dizer que não era assim, mas nenhuma palavra saiu dela. Ela não conseguia encontrar seus olhos, logo, olhou para baixo.  


― Por favor, aceite e me encare.  


Ela estava preparada para reclamar de Edgar tratá-la como uma noiva, mesmo assim, em vez disso, ela quase foi convencida de que estava errado.  


― Então, você não teria que estar em dúvida. Pretendo tomar minha decisão. - continuou Edgar.  


Ela não conseguia parar seu coração de bater rapidamente e podia até dizer que seu rosto estava ficando em um vermelho brilhante.  


― O que isso significa? Você está dizendo que ainda está indeciso sobre se casar comigo? Então, isso significa que, embora eu tenho meu uso, você realmente precisa de uma forte determinação para se amarrar a uma mulher! 


― Não. Eu te amo e quero tomar a decisão de protegê-la a partir de agora.  


― Por que você está dizendo uma coisa dessa com uma cara tão séria? 


Porém, Lydia só conseguia pensar que precisava se apressar e escapar dele. Ou então, ela tinha a sensação de que poderia ser convencida pelo argumento de Edgar. 


Ela não queria que ele percebesse a inquietação de seu coração e fechou os ouvidos às suas palavras e saiu correndo daquele lugar.  

 

Raven cuidadosamente apanhou a espada Merrow que havia sido jogada de lado e a colocou de volta em sua bainha. Sentindo seu movimento no canto de sua visão, Edgar abriu a boca enquanto permanecia no mesmo lugar da sala de onde Lydia saiu correndo.   


― Estou com problemas, Raven. Não posso lutar assim.  


Porque ele não podia usar a espada. E, no entanto, se Lydia viesse amá-lo e desejasse ficar ao seu lado, ele tomaria sua decisão e pensaria em uma maneira de continuar a protegê-la.  


Mesmo que ele tomasse essa decisão, isso não significava que Edgar seria capaz de ver fadas e não havia garantia de que ele seria capaz de enfrentar Ulisses igualmente. Só que era porque ele não queria enfrentar a escolha de distanciá-la. No fundo do coração, como sentia que a única maneira de proteger Lydia era distanciá-la dele, continuou a seduzi-la como uma luta inútil. 


― Eu não serei capaz de me soltar de Lydia. Eu me pergunto se alguém iria levá-la para longe de mim à força.  


― Você planeja assistir silenciosamente se isso acontecer? 


Não, eu não seria capaz”, pensou Edgar enquanto soltava um suspiro profundo. 


 

***** 

 

Era um livro ilustrado com belas fotos sobre um conto de fadas. O pintor Paul havia emprestado dizendo que, embora fosse um livro de ilustrações feito para crianças, é um típico conto de fadas.  


Edgar achou inacreditável a infantilidade da parte dele aprender sobre fadas em um livro ilustrado. No entanto, não poderia ser ajudado, pois não havia livros para pesquisar seriamente sobre fadas.  


A história do livro ilustrado era um conto de fadas que qualquer um teria ouvido falar quando criança. A linda noiva fada fez seu marido jurar manter uma promessa. Algo que ele não deveria fazer, mas por algum acidente, a promessa foi quebrada e a noiva desapareceu, para nunca mais surgir.  


Foi apenas um pequeno gatilho, mesmo assim, Edgar sentiu que isso também tiraria Lydia dele, ficou deprimido e fechou o livro. Foi culpa dele por fazer os sentimentos dela retrocederem um passo para trás, mas em vez disso, Edgar sentiu que era culpa de Lydia.  


Só porque aquela garota tinha o poder de um fairy doctor, Edgar teve que passar pela melancolia por não ter parentesco com o Conde Cavaleiro Azul.  


Ele reparou que não era capaz de proteger Lydia. Ele queria arrancar o brilho daquele homem que, de relance, parecia ter quinze ou dezesseis anos com uma atitude arrogante. No entanto, ele também deve estar sentindo a mesma coisa em relação a Edgar. Sua única preocupação era não conseguir prever quais eram os movimentos de Ulisses recentemente.  


Parecia que ele não estava em Londres. Mas, não era como se ele tivesse retornado à América. Edgar sentiu que estava apenas se mantendo quieto em algum lugar e esperando o momento certo. Para quando seu mestre, o Príncipe, um dia viesse à Inglaterra.  


Ele não tinha nenhuma informação sobre em que momento isso iria ocorrer, e se eles pretendiam armar algum tipo de armadilha antes disso, logo, para Edgar, a situação de decidir ou se mover se manteve. É por essa razão, que ele precisa definir seu emocional logo. Até que ele iria lutar com o Príncipe.  


Mesmo que ele perdesse tudo o que tinha para se envolver completamente, ele não sabia se tinha a determinação de trazer Lydia por todo aquele caminho e assumir a responsabilidade. Ele não tinha certeza se Lydia iria com ele por todo esse trajeto.  


Havia a possibilidade de que a razão pela qual ele estava tão fixado em Lydia era porque ele tinha a atitude naturalmente indecente que estava tão profundamente arreigado em si mesmo como fosse um desperdício se afastar de uma mulher e havia momentos em que o pensamento que seria fácil para ele se Lydia perdesse o interesse por ele e fosse embora sozinha.  


Mas, no momento em que algo assim estivesse perto de acontecer, ele correria para tentar impedi-la e até ele mesmo achava isso incoerente.  


Ele tentou desviar o foco abrindo uma carta que permanecera intocada. Quando leu a carta dizendo algo sobre fadas, Edgar não a leu até o fim e dobrou-a novamente. Isso porque ele sabia que era uma carta que deveria ser passada para Lydia.  


No entanto, neste dia, houve outra parte da escrita que o fez abri-la novamente. Changeling Talvez fosse porque ainda estava preocupado com o que o Grão-duque de Cremona havia falado no mês passado.  


“... Por favor, perdoe-me por lhe enviar uma carta após a outra. Eu não sabia que o Lord Conde havia dito para não tentar seu filho trocado e fiquei preocupado se my lord se incomodaria com a minha carta pedindo ajuda. Eu tinha casado com esta família de outra terra, portanto, eu não tinha aprendido sobre os costumes desta cidade, estava consternado por terem roubado meu filho de mim. Se foram as ordens de meu Lord Conde, em que toda a nossa cidade confia, então, deve haver algum significado por trás disso que nós, pessoas comuns, não poderíamos imaginar, mas ter um filho levado embora, como pai, sinto-me de coração partido. Não consigo entender por que devo passar por isso...”. 


Lendo até essa parte, Edgar ficou preocupado com uma certa parte suspeita e pensou muito. Ele não se lembrava de ter dito para deixar a changeling em paz. Ele se perguntou se esta cidade estava obedecendo lealmente as palavras ditas pelo conde de muitas centenas de anos anteriores.  


Entretanto, escreveu como se não fossem as palavras de um conde do passado, mas como se fossem ditas pelo atual senhor da casa. E, ao mesmo tempo, lembrou-se de que a neta do Grão-duque de Cremona foi tomada pelas obras de uma changeling como noiva do Conde Cavaleiro Azul.  


Poderia haver alguém que estava reivindicando como Conde Cavaleiro Azul, muito antes de Edgar se tornar conde. Se essa pessoa não tivesse a espada Merrow, não seria reconhecida pela nação como o Conde de Ibrazel, porém, se fosse apenas para usar o nome, então, tinha essa possibilidade. Ele pensou que havia a necessidade de investigar isso.  


Bem no momento em que Edgar estava quase se levantando, seu mordomo apareceu. 


My lord, você tem visitas.  


― Quem é? 


― Não se identificaram. 


Por trás de Tompkins que estava com um olhar completamente perdido, Raven entrou na sala e foi para o lado de Edgar que sussurrou algo para ele. Edgar assentiu. 


Tompkins, farei com que os convidados sujos saiam imediatamente, portanto, não há necessidade de chá. Não deixe ninguém se aproximar da sala de estar.  


― Entendido.  


Mesmo que fosse suspeito, o mordomo não deixou isso transparecer em seu rosto e obedeceu rigorosamente às instruções que lhe foram ordenadas. Agora, o que restava era Edgar expulsar os convidados indesejados.  


Raven, vamos.  


Conduzido silenciosamente por aquele que acenou com a cabeça, entrou na sala de estar, onde havia uma jovem e um homem esperando por eles. A garota de cabelos cor de café, que o apresentava preso sem a intenção de parecer chique, o encarou com os olhos levemente puxados e abriu a boca: 


― Ei, sir John. Já faz muito tempo.  


― Se você não se importa, me chame de Edgar. E mais uma coisa, não é sir, é lord 


― Ah, é mesmo. Então, seu nome mudou. Pareceu que você subiu bastante na vida.  


A jovem mostrou um sorriso e em sua bochecha formou-se uma covinha fofa. No entanto, com sua atitude em assumir todo o sofá e se sentar de forma arrogante, estava longe de ser fofa.  


De pé, ao seu lado, com os braços cruzados, havia um homem que era fácil de adivinhar como seu guarda-costas em um olhar. Pelo que ele se lembrava, o homem enorme como urso, que não se barbeou e mostrava-a ampla pelo rosto, se chamava Pino, que a garota o considerava como seu irmão mais novo.  


Sentando em uma cadeira, Edgar olhou para os dois, um de cada vez.  


― Você veio da América só para me ver? Lota, você não mudou nada. Parece que Pino cresceu bastante e eu mal pude reconhecê-lo, você se transformou em um homem e tanto.  


O garotinho enorme deve ter tentado agir como se estivesse de mau humor, pois apenas respondeu: 


― Obrigado.  


Sim, jovem, este homem alto e enorme deveria estar ainda na adolescência. Se ele conseguia se lembrar, ele tinha a mesma idade de Raven 


― Então, qual é o assunto? Piratas orgulhosos como vocês não vieram ao seu velho conhecido apenas para verificar a sua mudança, certo? 


Lota fez uma careta como se não quisesse que ele a fizesse de tola.  


― Você não consegue descobrir por que estamos aqui? 


― Não sei.  


― Você se lembra de Betty. 


― Nunca me esqueço das mulheres.  


― Se eu me lembro, nós o conhecemos logo depois que nosso velho capitão faleceu. Betty, Pino e eu, nós três fomos criados pelo capitão como fôssemos irmãos. Embora não sejamos parentes de sangue. 


― Estou ciente. Só que você era a filha do capitão, e Betty e Pino não eram crianças que o capitão pegou nas ruas? Vocês dois saíam periodicamente para o mar, mas Betty não era o tipo de garota que não deveria ser uma pirata. Ela ficou na cidade portuária e viveu enquanto foi deixada aos cuidados da casa de uma cabeleireira.  


― Teria sido bom se fosse assim que as coisas permanecessem. Mas, ela conheceu você e isso corrompeu a vida de Betty.  


Os ombros de Lota caíram e, em vez disso, Pino abriu a boca para falar.  


― Era melhor se ela não aprendesse sobre o brasão. Se ela foi alvejada porque era uma princesa... 


Edgar se lembrou do brasão que tinha uma águia e uma rosa esculpidas. O anel de ouro tinha uma pedra vermelha, do tamanho de uma moeda, incrustada nele, e pelas mãos talentosas de um artesão, a crista havia sido esculpida. Como se houvesse um fogo chicoteando e girando dentro dele, era uma fluorita que dava um misterioso brilho amarelado que parecia varrer a escuridão.  


Por acaso, Edgar sabia que aquele brasão de família significava. Quando ainda morava na casa ducal na Inglaterra, ouvira dizer que o ducado que tinha aquele brasão havia desmoronado e que todos os membros da família real se dispersaram enquanto fugiam do país.  


Com um olhar para o brasão ou brasão que representava a família, seria possível conhecer os antecedentes históricos de seu antepassado. Não apenas sua própria família, mas era necessário aprender o brasão de armas de países estrangeiros. Ele pensou que era nesse tipo de circunstâncias quando lhe contaram sobre aquela família.  


Edgar tinha revelado à Betty sobre a família do Grão-duque no seu brasão. Naquela época, Edgar nem pensou que poderia ter pertencido à Betty e apenas achou que era uma lembrança que o capitão pirata havia encontrado em algum lugar.  


No entanto, daquele dia em diante, Betty começou a se proclamar princesa e a falar sobre o que havia acontecido em sua vida.  


Ouvindo esse boato, o que veio foi uma pessoa proclamando que ele foi contratado pelo Grão-duque que procurava o paradeiro de seus familiares perdidos.  


Deixando Lota e Pino, que eram como seus irmãos, Betty deveria ter ido à Holanda, para onde seu avô deveria ter fugido. Eles imaginaram que ela estaria vivendo uma vida feliz como nas histórias de fantasia.  


Se isso significava que não foi isso que aconteceu, então, foi exatamente como o Grão-duque de Cremona, que ele conheceu ontem em Windsor, disse.  


Quem levou Betty era alguém que não tinha parentesco com o Grão-duque. Lota deve ter descoberto isso quando a pessoa real que foi contratada pelo Grão-duque veio investigar a cidade em que Betty se encontrava. Ela deve ter se preocupado pelo bem de sua amiga e veio até a Inglaterra.  


― Parece que o responsável do grupo que mentiu sobre estar trabalhando para o Grão-duque e levou Betty se chamava Conde Cavaleiro Azul. Viemos investigar sobre essa pessoa... 


― E você ficou surpresa ao descobrir que eu era aquele Conde Cavaleiro Azul. Mas, você sabe, quando Betty partiu da América, não havia erro de que eu ainda morava naquela cidade portuária.

  

― Sim, sobre isso, John... Uhm, quero dizer, Edgar, você é um estrategista bastante astuto. É um mistério que tipo de métodos você usou para se tornar um conde, e se você foi capaz de fazer algo assim, pensei que havia uma possibilidade de você ter uma mão na razão pela qual Betty desapareceu.  


― Eu não sei de nada.  


― Bem, eu nunca esperei que você nos contasse só porque somos velhos conhecidos. Mas, você sabe, seria problemático para um homem como você, que se tornou um nobre e vive em uma propriedade tão grande como estar, ser revelado como um grande ladrão que deveria ser executado na América, não é? 


― Então, você está me ameaçando? 


― É barganha.  



  

Pensando que isso era estúpido, Edgar se levantou.  


Sou um homem bastante ocupado, então, você deveria ir embora enquanto ainda posso levar isso como piada. Não quero fazer uma velha conhecida flutuar no rio Tâmisa como lixo.  


― Estou falando sério. Foi você quem disse à Betty que quem possuía o anel era uma princesa. E, além disso, você é o Conde Cavaleiro Azul, não é? Como pode haver tal coincidência? 


Havia uma faca na mão de Lota. No segundo seguinte, Raven se moveu. Esperando que ele atacasse Lota, surpreendentemente, ele atacou Pino. Deu um soco nele e o derrubou pelas pernas. Ele prendeu o homem enorme que caiu no chão e torceu o braço para que Pino não pudesse se mover.  


Edgar segurou o pulso de Lota, que assistia a tudo o que acontecia em estado de choque. 

 

― Enquanto Raven estava tentando impedi-la, seu plano era que Pino me atacasse? Que pena.  

Ele tirou a faca de Lota.  


― Agora, refletindo sobre isso, Lota, nós dois nem demos as mãos.  


Que-que coisa estúpida você está falando? 


― Você sempre foi tão indiferente.  


― Isso porque você estava em um relacionamento com Betty. 


― Mas, fui imediatamente rejeitado.  


― Isso porque, seu bastardo, você tentou fazê-la beber álcool que tinha alguma droga nele! 


― Você está distorcendo a verdade. Deixe-me explicar isso em detalhes, no meu quarto.  


― Lota! - gritou Pino, enquanto permanecia encurralado por Raven 


― Se você se atrever a fazer alguma coisa com Lota, nossa tripulação não vai ficar calada sobre isso! 


Lord Edgar, temo que não haja tempo para brincadeiras.  


A voz que os interrompeu foi Ermine 


― O quê? - ele perguntou ainda segurando Lota.  


― Parece que a senhorita Carlton partiu para Yorkshire no primeiro navio pela manhã. 


Ele a soltou imediatamente.  


― Yorkshire? Por que ela foi para um lugar assim? 


― Parece que pediram sua ajuda em relação a um caso de changeling de uma cidade chamada Wallcave 


Quando Edgar percebeu que aquela era a pequena propriedade mencionada na carta anterior, sentiu um pânico estranho.  


― Só o mordomo sabia. Ele afirma que já havia mencionado isso a lord Edgar antes.  


― Eu não ouvi sobre isso. Além disso, de jeito nenhum permitiria que Lydia fosse sozinha para lá.  


― Parece que o senhor Nico foi com ela.  


― E você pode contá-lo como uma pessoa? 


É um animal”, pensou fortemente.  


E era um gato que só tinha interesse em seu casaco de peles, bigodes e gravata ou comida.  

Lota foi correndo até Pino e tentou ajudá-lo a se levantar. Observando a cena de canto de olho, Edgar pensou se havia alguma conexão entre o Conde Cavaleiro Azul que sequestrou Betty e o Conde que ordenou que as pessoas da cidade ficassem em silêncio sobre o chageling que ocorreu na pequena cidade de Yorkshire.  


Quando Betty desapareceu, uma boneca de madeira chegou às mãos do Grão-duque exatamente de acordo com a tradição changeling. Se houvesse um significado por trás disso, então, poderia javer uma conexão entre o Conde Cavaleiro Azul que disse às pessoas da cidade para deixar o changeling em paz.  


Tompkins! Você tem documentos em relação à cidade de Wallcave? 


Quando ele o chamou, seu mordomo entrou correndo na sala com os papéis nas mãos.  


― Seus produtos locais são fluoritas? Ocasionalmente, há pedras raras de cores vermelha e amarela que são desenterradas? 


― Esse é o anel com crista da família Grão-duque... - murmurou Lota.  


― Parece que esse veio de mineração que secou atualmente. Mais importante, my lord, lembrei-me de que não tive uma boa impressão quando vim para esta cidade. No momento em que enviei a notícia de que my lord seria herdeiro como Conde de Ibrazel, não houve resposta apenas desta cidade.  


Mesmo que eles tivessem um senhor da casa, era um senhor de quem eles nem sequer viam o rosto. Especialmente, no caso da família Ashenbert, a família estaria ausente em períodos de centenas de anos e, além disso, o senhor da casa quase nunca visitava suas terras.  


Mesmo para Edgar, ainda havia muitas propriedades que ele ainda não havia visitado. E, no entanto, como quase todas as terras tiveram uma reação feliz e amigável em relação a Edgar, provavelmente, deve ser porque eram terras que tinham muitos moradores fadas, e assim, a cidade de Wallcave deve ter sido uma terra problemática desde o início. E era para lá que Lydia estava indo. Como a fairy doctor do Lord de Ibrazel. O que aconteceria se ela entrasse em contato com o Conde Cavaleiro Azul que sequestrou Betty? 


Tompkins, você disse que Lydia partiu de navio? 


― Sim, já que o sir Nico não gosta de ferrovias, ela disse que se não fosse tão inconveniente, ela usaria um navio. Já que, bem, fadas detestam ferro.  


― Em qual navio ela embarcou e a que horas partiu? Você pode verificar sua rota através da companhia de navegação? 


Tompkins se apressou e saiu para descobrir isso.  


― Onde está o seu navio? 


― Na baía de The Wash, já que o rio Tâmisa é administrado com um código de entrada estrito.  


― Boa hora. É sua vez. Vocês são piratas, logo, não estariam andando em algum navio lento, certo? 


Ahã? Não zombe de nós. Nem mesmo um cortador poderia alcançá-lo.  


― Duvido.  


― Cale-se! 


― Ah, bem. Não vamos atrás de um clipper. Se você quiser saber mais sobre Betty, acho melhor unirmos forças.  


****** 

 

Era um navio que trazia uma bandeira que ela nunca viu antes. Um olho em um campo preto. Que assustador. E incrivelmente rápido.  


O pescoço estreito do navio fino foi rasgando as águas, como se estivesse deslizando em cima dele. Justo quando ela pensou que, em questão de segundos, estava ombro a ombro com o navio que Lydia navegava.  


Ela podia ver os minúsculos membros da tripulação à distância enquanto se moviam com precisão para mover as velas que não perdessem nenhuma rajada de vento.  


― Ei, Nico, não parece um navio da Inglaterra, parece? Não tem bandeira nacional. Me pergunto de onde veio? 


― Não é um navio pirata? 


― O quê? Certamente, não. 


E, bem quando ela riu, ocorreu a explosão de uma arma que percorreu o ar.  


No convés do outro navio, havia alguém segurando uma espingarda. Como se o tiroteio fosse uma deixa, todos podiam ver que o outro navio chegou drasticamente perto de sua nave e houve gritos, que irromperam da multidão ao redor de Lydia.  


Todos os passageiros correram para escapar, mas de qualquer forma não era como se pudessem sair do navio, e havia algumas pessoas que pareciam estar tentando se esconder, mas ela achava que era inútil. Não havia nada que Lydia pudesse fazer e, assim, enquanto permanecia perto do parapeito do convés, ela procurou Nico, que deveria estar ali com ela.  


― Ei, Nico, onde você foi? 


Oh, caramba, ele é tão silencioso quando se tratar de escapar”.  


Foi por causa de uma onda criada que navio desconhecido veio bem ao lado do navio que ela estava. No entanto, os membros da tripulação daquele navio não pareciam incomodados com as ondas e estavam se movendo como se nada estivesse errado.  


Cordas com ganchos amarrados em suas extremidades foram jogadas para este lado, e o navio foi sacudido por outra onda, tornando-o incapaz de se levantar. Rastejando pelas cordas, os membros da tripulação subiram em seu navio.  


O convés virou um caos, e gritos ecoaram de todos os cantos. Isso porque este era um navio de passageiros que navegava ao longo da costa. O trabalho do guarda do navio só exigia que eles separassem as brigas entre passageiros ou pegassem batedores de carteira, para que não pudessem ir contra piratas que carregavam armas.  


Em pouco tempo, a tripulação do navio e os passageiros estavam todos reunidos em um só lugar, sem fazer nenhum esforço de resistência, e foram cercados pelos homens piratas.  


De pé no topo do lugar mais alto, foi uma jovem que descansou o rifle em seu ombro e deixou ser ouvida.  


― Desculpe causar o mal-estar. Prometemos não prejudicar nenhum de vocês. Vamos deixá-los em paz depois que nossos negócios estiverem resolvidos, se vocês não se importam, apenas aguentem um pouco.  


Uma mulher pirata”. Lydia ficou surpresa ao saber que realmente existia e, logo, seus olhos encontraram a garota pirata.  


Seus cabelos estavam amarrados no topo de sua cabeça e fluíam para baixo em direção às costas. Eles balançavam como um rabo de cavalo, ela se aproximou de Lydia e parou diante dela. Seus olhos eram um pouco puxados, mas, provavelmente por causa de seu nariz arrebitado e sua covinha, ela dava uma impressão amigável. Mesmo sua altura não era diferente de Lydia.  


Por alguma estranha razão, Lydia não sentiu medo dela e a encarou.  


― Seu nome? 


Por quê?”, pensou, mesmo assim, respondeu. 


― Lydia Carlton. 


― Pino, é ela.  


“Hum? 


Mas, antes que ela tivesse tempo de reagir, ela foi jogada por cima do ombro de um homem enorme.  

― O que você está fazendo? 


Mesmo que Lydia resistisse com todo o seu poder, ele não se incomodou nem um pouco e como ele a segurava com força, pulou na prancha e entrou no outro navio.  


Todos os piratas também deixaram o navio de passageiros e cortaram a corda para que o navio pirata ganhasse velocidade para sair rapidamente da visão.  


Lydia, ainda sem saber o que estava acontecendo, sentou-se em uma cadeira situada em um dos quartos do navio, e quando seus olhos encontraram uma janela de vidro, viu que o navio em que estava tão longe que não aparentava mais do que um ponto negro.  


O homem que carregou Lydia no ombro a colocou no chão sem dizer uma palavra e foi embora. Surpreendentemente, era uma cabine limpa e a cortina elegante e a toalha de mesa faziam com que parecesse um quarto feminino.  


Eu me pergunto se este é o quarto daquela garota. Mas, por que ela está atrás de mim? Ela trabalha para Ulisses? 


Mas, em vez disso embora não quisesse acreditar, Lydia sentiu uma familiaridade com esse método teatral e coercitivo.  


― Olá, Lydia, você achou que poderia fugir de mim? 


Quem abriu a porta e apareceu era, como ela poderia esperar, um jovem com cabelos loiros proeminentes e um sorriso feliz no rosto.  


― Edgar... Qual é o significado disso!? 


― Foi tão terrível de sua parte me deixar assim em silêncio.  


― Eu só vim fazer meu trabalho como fairy doctor 


― Vamos ter uma boa conversa sobre o nosso futuro mais uma vez. 


Por que tem que ser assim?” 


― Você atacou o navio apenas para me dizer isso? Se o navio em que eu estava fizer um relatório no próximo porto, logo, você será caçado novamente como um criminoso. 


― Está tudo bem, pois já conversei com a companhia de embarcação. Fizemos isso como um exercício de emergência.  


Então, isso significa que você os subornou com dinheiro? 


― O que você está fazendo não tem sentido! 


― Você não sabia disso? 


...Sim, eu sabia”. 


A força do seu corpo a deixou e seus ombros caíram. Edgar ficou de joelhos no chão e se inclinou para olhar Lydia.  


― Você tem que entender, Lydia, uma jovem viajando sozinha que é realmente não faz sentido. 

 

― É trabalho, mesmo sendo jovem ou garota, é natural que vá sozinha.  


― Se você está dizendo que é trabalho, logo, eu preferiria que você não ignorasse a vontade de seu empregador. Trata-se de uma das minhas terras. Você não acha estranho ir sem pedir uma palavra de conselho? 


Foi exatamente como ele disse, então, Lydia concordou. Ela estava chateada e frustrada com Edgar, mas este era um assunto completamente diferente desse.  


― E outra coisa, é que tenho inimigos. Eu ficaria preocupado em fazer você ir para uma terra distante sozinha em um momento em que eu não sou capaz de ler seus movimentos. Por favor, não faça esse tipo de coisa.  


Quando ela percebeu que lhe causou problemas, começou a sentir culpada.  


― ... Eu entendo.  


Ela ficou confusa com esse sorriso aliviado. No entanto, mesmo que esse argumento estivesse correto, não era desculpável sequestrar Lydia daquele navio. Foi uma experiência surpreendente e assustadora para ela ser atacada por piratas. Ela pensou que seu choque normalmente não seria esquecido apenas por um sorriso feliz e, no entanto, Lydia já havia perdido a vontade de ficar com raiva.  


― Edgar, era o gato de sua noiva que você estava falando? 


A garota de antes apareceu de novo. Agora, ela carregava um gato cinza de pelos longos pendurado pela parte de trás do pescoço. Ele estava sendo tratado como um gato, logo, parecia terrivelmente mal-humorado.  


― Nico! 


Quando a garota o soltou, Nico se levantou nas patas traseiras e se moveu para arrumar a gravata torta.  


― Ah, sim, Lydia, vou apresentá-la a você. Esta é a capitã deste navio, Lota.  


― Prazer em conhecê-la, Lydia.  


A garota estendeu a mão, e Lydia, que ainda não sabia o que fazer, acabou apertando a mão de uma pirata 


― Mais uma coisa. - acrescentou a garota e chamou o homem enorme que trouxe Lydia até aqui.  


― Este aqui é Pino. Ele é como um irmãozinho para mim.  


― Ir-irmãzinho? Não é uma figura paterna? 


Ela não pôde deixar de fazer esse comentário, que o homem respondeu com uma expressão ainda mais enfurecida e fez uma careta para Lydia.  


― Pino tem a mesma idade de Raven 


Sendo informada por Edgar, os olhos de Lydia se arregalaram. Quando ela foi capaz de dar uma olhada em Raven, que estava parado na porta, ela não podia acreditar ainda mais.  


Mesmo que não fossem da mesma origem racial, o tamanho do braço do homem enorme era três vezes maior que o dele. Pino fez uma cara irritada e torceu os lábios.  


― Não coloque junto com essa cara de bebê. Eu apenas pareço a minha idade. 


Lord Edgar, você me permitiria bater nele? 


― Sim.  


No instante em que ele disse isso, o homem enorme caiu no chão.  


― O- o que você pensa que está fazendo, seu pequeno bastardo?! 


― Pino, é melhor você não tentar. Você sabe que não é páreo para ele.  


Raven, você só pode tentar uma vez.  


― Sim, senhor. - disse Raven, com seriedade, baixando os punhos, enquanto Pino estalava a língua e rapidamente se levantava.  


Nico já estava ao lado de Raven, e deu um tapinha na perna dele como se quisesse animá-lo. 

 

― Caras como nós são subestimados apenas por causa de nossa aparência, não é? 


Lydia não foi capaz de adivinhar o que Raven estava pensando por sua expressão quando ele foi colocado na mesma categoria de uma fada, que parecia um gato, não importa como você olhasse para ele.  

 

Nota da tradutora 


Percebeu como o light novel é uma obra rica e cheia de nuances? Aqui começamos a entrar mais no mundo de Lota, uma garota pirata.  Cada vez mais fico fã dessa garota. Despojada, desbocada e durona. Prepare-se que toda a vez que ela entra em cena, o enredo fica interessante.  

Também vale ressaltar que ela não aparece nem no anime e muito menos mangá. Isso porque, como já disse anteriormente, esse livro não fez parte da adaptação de ambos os veículos. Então, sinta-se feliz que é exclusividade do light novel (e nossa também^^) 

E lá vai a praga do Edgar correr atrás da Lydia. Por mais que eu goste dele, confesso, que essa mania de não a deixar respirar, me irrita. Tem um quê de ciúmes, posse, não sei, dá vontade de meter a mão na cara dele. Hahahaha! Me desculpe, me exaltei.  

E você achou desse capítulo?  

Fique de olho no próximo, que a coisa esquenta! 

Beijos e até lá!