sexta-feira, 3 de julho de 2020

Apenas um pouco mais para se apaixonar - Capítulo 5 - Volume IV - Hakushaku to Yousei Light Novel

Nota de apresentação 

É... definitivamente, esse ano não está sendo fácil. Pandemia, chuva de gafanhotos, e ainda um ciclone decolando na região Sul. O negócio tá bravo! Porém, bora dar uma trégua? Segue o capítulo 5 do livro IV. 
Boa leitura ;)  


Esperando a maré baixa à noiteRaven partiu para a cidade. O mar estava violento, como sempre, e havia ondas que se infiltravam infinitamente no caminho, como se fossem arrancar os próprios pés. Era ainda mais perigoso na escuridão da noite atravessar o caminho estreito, mas, aparentemente, um membro da Scarlett Moon havia percorrido todo o caminho até a cidade com informações valiosas. E Raven não hesitou em dizer que iria.  

― Voltarei amanhã pela manhã. Lord Edgar, por favor, tenha cuidado. 

― Se eles quisessem me torturar com dor, os inimigos usariam um método lento e gradual, logo, vou ficar bem. 

Ele disse isso e viu Raven sair, mas é claro, ainda havia coisas que eles precisavam ser mais cautelosos a partir de agora. Mais do que tudo, se Lydia não estivesse possuída por Teresa constantemente, havia uma chance de que o inimigo tivesse notado. 

― Ei, conde! Lydia não está acordando. O que está acontecendo? - disse Nico, que apareceu na sala. 

― Agora é a hora da Teresa. Se a razão disso foi o medo da Teresa, ela deverá acordar muito em breve.  

― O que você quer dizer com medo de Teresa? 

― Parece que quando ela se lembra da época em que morreu, diretamente esgota a energia e os nervos de Lydia.  

Como se estivesse indeciso, Nico cruzou os braços enquanto estava de pé.  

― Ei, agora, você tem que fazer algo sobre isso. É horrível permitir que Lydia passe pela mesma experiência desse medo.  

Isso era absolutamente verdade.  

Mas, espere um pouco”, pensou Edgar. Se Teresa se lembrou de quando morreu, o gatilho para isso foi o incidente da noite passada. Não, não foi o incidente em sim, porém, o que aconteceu depois. Ele se perguntou o que ela percebia e o que sentia. Ele pensou que talvez ela pudesse ter sido morta por Ulisses. E, se ele a interpretou para se tornar o fantasma de Teresa, logo devia ter sentido a sua presença em algum momento durante o incidente de ontem.  

― Nico, pode haver uma possibilidade de que a pessoa que matou Teresa seja a mente por trás de tudo isso. Se ela conseguisse se lembrar de algo, poderíamos dar o primeiro passo.  

Edgar levantou-se e tentou sair do cômodo.  

― Espere. - disse Nico, enquanto estava na frente dele, bloqueando seu caminho.  

― Você não planeja fazê-la lembrar, não é? Mesmo que Teresa a possuísse, Lydia poderá ficar acordada, você sabe. 

Ele poderia colocar Lydia na dor de ser assassinada.  

― Mas, nesse ritmo, Lydia será posta em perigo. Não há garantia de que eu possa protegê-la. 
Ele pegou Nico, que estava tentando detê-lo, e o jogou do lado.  

― Pare com isso! Você realmente não está pensando em Lydia! Nada ficará bem se você não for capaz de protegê-la! 

Ele tinha toda a intenção de pensar no bem de Lydia. E, no entanto, Nico, e até Lydia, diriam a ele que “você não pensa nos meus sentimentos”.  

É mesmo? Proteger a vida não é a coisa mais prioritária? Se você não pode proteger sua vida, não pode dizer nada sobre o que alguém está sentindo”. Decidido, Edgar foi para o quarto de Teresa.  

 *** 
Meu corpo dói. Não consigo respirar”.  

Em completa escuridão, quanto mais ela tentava lutar, mais a água barrenta entrava em seu nariz e boca.  

Ajude-me!” Mas, ela não conseguia emitir nenhum som. Ela acabou de expirar o resto de ar que permaneceu em seus pulmões. Em vez disso, engoliu uma quantidade pesada de água com lama e seu corpo se afundou ainda mais.  

Ela estava lotada de água que derramava sobre si e, no momento em que sentiu o seu corpo explodir, Lydia se levantou na cama.  

― Senhorita, você está bem? Miss Teresa.  

Suzy veio correndo até ela e acariciou as costas de Lydia enquanto tossia. Ela ainda não foi capaz de sair do pesadelo e quem sussurrou “Me ajude”, não era Lydia, mas Teresa.  

Parecia que já era noite e, embora Lydia acordasse, estava em condição em que só podia ser espectadora.  

― Você deve ter tido um pesadelo. Mas, se acordou, é melhor. Desde que você se sentiu mal durante o dia, continuou dormindo, logo, o lord visconde também ficou preocupado.  

Quando Teresa finalmente levantou a cabeça, seus olhos se dirigiram para Edgar.  

― Estava tão preocupado, Teresa. 

― Lord Visconde... 

― Estou tão feliz. - ela disse e abriu os braços sem se preocupar.  

Oh, meu Deus, ainda estou de pijama!”, pensou Lydia, quando ficou nervosa por ser suavemente abraçada pelos seus braços.  

― Eu me pergunto o que aconteceu comigo. Estava tão inquieta que não me aguentava. Estava tão aterrorizada por algum motivo desconhecido, e não conseguia parar de tremer...Oh, por favor, fique ao meu lado.  

Oh, Deus, o que você está fazendo? 

― Está tudo bem. Estou aqui.  

Você não precisa estar”. 

― Sabia que era impróprio permanecer no quarto de uma mulher em uma hora tão tardia, mas fiquei tão preocupado que implorei à Suzy. E o incidente da noite passada também não foi resolvido.  

Suzy, que estava a alguns passos atrás, concordou, o que mostrava que ela havia confiado completamente em Edgar. Provavelmente, poderia ter sido porque ela descobriu que ele era namorado de Lydia e acreditava piamente que Edgar era um cavalheiro fiel. 

Mas, isso não é verdade!” era que Lydia queria declarar agora, mas não podia fazer isso.  

― Uh, então, vou me pedir licença, mas se houver alguma coisa que você precise, por favor, me chame.  

Você está me deixando sozinha com ele? 

Lydia entrou em pânico, mas Suzy apenas inclinou a cabeça e rapidamente se dirigiu à pequena sala para as criadas. Era um lugar estritamente para a empregada pessoal, que ficava bem ao lado dela, além de uma porta. Mas, mesmo assim, era apenas os dois no dormitório dela, Edgar estava sentado à beira da cama e Teresa havia se rendido completamente seu corpo contra o dele.  

Se você fizer alguma coisa, vou te esmagar”, ela pensou, mas até a sua mão esquerda que mal conseguia se mover pois estava no controle de Teresa, e agora descansava nas costas dele, para que ela não pudesse fazer qualquer coisa.  

Nesse momento, Lydia lembrou-se do que ele havia dito durante o dia. “Ah, não, esse homem faria algo seriamente fora dos limites para que pudesse estabelecer um jeito que não fosse capaz de anular nosso noivado!”. Mas, Edgar abriu a boca para dizer algo completamente diferente do que Lydia esperava:  

― Que tipo de sonho você teve? 

― Um sonho que meu corpo afundava na água.  

― Por que você teria um sonho assim? 

― Provavelmente porque morri afogada.  

Apenas com essa lembrança, Lydia começou a se sentir sufocada novamente.  

― Há mais alguma coisa que você se lembra? 

Teresa levantou a cabeça como se não entendesse a pergunta.  

― Por que você me pergunta algo assim? 

― Quero saber tudo sobre você. E para que eu possa sentir e conhecer a realidade do poder desse milagre, mesmo que você tenha morrido uma vez.  

Parecia que Teresa havia aceitado sua resposta sem dúvida, mas Lydia, naturalmente, tentou adivinhar quais eram suas verdadeiras intenções. Aparentava que Edgar queria saber sobre o momento em que Teresa morrera.  

Ele dissera de uma maneira como ela não fosse filha da senhora Collins. O que significa saber a razão por trás da encenação da alma de outra pessoa como Teresa. Como se fosse impossível chamar de volta a verdadeira alma de Teresa e por isso era necessário colocar as mãos na alma de alguém que acabara de morrer.  

― Alguém mais...? É isso mesmo, havia alguém lá, me observando enquanto eu afundava.  

Se isso fosse verdade, isso significava que ela foi morta para enganar a mãe da residência. Um calafrio percorreu sua espinha. O suor frio escorria dela. E, no entanto, Teresa continuou com sua história.  

― Acredito que era um homem. Mas, em uma de suas orelhas, estava algo que brilhava...uma pequena pedra preciosa? 

― Teresa, isso te faz sofrer? 

― Oh, não, estou bem. 

― Mas, você parece estar com dor.  

Ele está certo, “isso dói, então, pare... 

― Sim, é um pouco constrangedor, meu corpo parece tenso, mas não sinto muita dor.  

O quê? Espere, o que isso significa? 

― Talvez porque não faz tanto tempo desde que voltei à vida. Parece que não me apeguei completamente nem me acostumei ao meu corpo vivo. É por esse motivo que, quando me sinto doente ou quando não consigo me mexer, sinto uma sensação de tontura.  

Espere um momento, então, a única com dor sou eu? 

Agora que ela pensou sobre isso, este era o corpo de Lydia. Mesmo que a causa disso fosse a memória de Teresa, isso poderia significar que aquela que assumia completamente o problema de saúde era Lydia.  

― Você gostaria de tentar se lembrar um pouco mais? 

Você deve estar brincando. Eu já estou sofrendo tanto!”, era o que ela estava gritando dentro de si, porém, mesmo que ele notasse, era Edgar. Ele tinha certeza de não parar de levar à tona as memórias de Teresa.  

Teresa se lembrava da água cheia de barro. Só que isso, Lydia sentiu que a água escorria pela garganta e tossiu pesadamente.  

― Você não precisa se apressar. Apenas, lembre-se lentamente. 

Oh, alguém pare com isso, não quero que essa dor continue”. 

― ...Oh, eu sei, estava no topo de uma ponte. Eu observava as ondulações na superfície da água. E então, de repente, fui empurrada por alguém atrás de mim... Quando eu caia ouvi aquela pessoa dizer alguma coisa... Um sacrifício por Sua Alteza, o Príncipe... Ou algo assim.  

Por que sou a única que tem que passar por essa tortura?”  

Lydia bateu com a mão esquerda o mais forte que pôde. Aquela mão estava apoiada no braço de Edgar, mas Lydia não percebeu isso, enquanto afundava as unhas, tentando lutar contra a dor que estava sentindo.  

Ele deve ter sentido dor, pois Edgar fez uma pequena careta. No entanto, Teresa não percebeu e não prestou atenção. Seu corpo tremia, mas sua voz não dava nenhum sinal de dor ou mágoa.  

― Ele estava sorrindo... Eu estava com tanto medo... 

Naquele momento, Edgar percebeu o que estava acontecendo e rapidamente colocou a mão sobre a de Lydia. 

― Teresa, vamos descansar.  

Ela olhou para ele como se perguntasse o porquê.  

― Eu estou bem. 

Eu não aguento mais”. 

― Não, isso é suficiente 

― Quero que você saiba mais sobre mim. 

― Não. Parece que há danos ao seu corpo do que você sente.  

Ela deve ter se convencido, pois Teresa parou de se lembrar e Lydia foi finalmente libertada da dor terrível que sentia. Enquanto seu corpo estava sem energia pela exaustão e ela respirava pesadamente, Edgar segurou a mão esquerda com força e depois a pressionou contra a sua bochecha.  

― Sinto muito.  

Ela sabia que ele estava dizendo isso para Lydia, Ele deve ter percebido que a mão esquerda estava ligada à consciência de Lydia. Aparentava que ele estava preocupado com ela, porém, ela estava completamente fadigada, só pensou “como assim, me desculpe?”.  

Em primeiro lugar, Edgar, apenas pedia desculpas, pois usava alguém de todas as maneiras possíveis. Lydia queria dizer “não me toque”, mas uma vez que estava nos braços dele, não havia nada que pudesse fazer para revidar.  

Teresa estava se rendendo como se tivesse ficado totalmente relaxada. 

― Você é tão gentil...Tenho a sensação de que nunca pensei que alguém fosse assim antes.  

― Não é algo que pensaria que acontecesse isso com alguém como você. 

― Oh, não, só tenho uma noção disso. As pessoas pensavam que eu era estúpida. Havia algumas pessoas que conheci, mas nenhuma delas tentou me conhecer de modo sério. Eu sabia, mas só queria acreditar que era atraente e popular.  

― É disso que você se lembra? 

― Sim, pode ser o que aconteceu antes de eu morrer... Lord visconde, você é tão atencioso. Mesmo que esteja atrás de dinheiro, não me importo. Ainda que esteja apenas fingindo estar apaixonado por mim. Fico feliz se você continuar fingindo ser legal comigo, para que eu possa continuar gostando de você. Não vou desejar o seu coração.  

Lydia ouvia a conversa com a mente atordoada, mas isso fez seu coração pular. Poderia ter notado vagamente a mentira de Edgar. Ela poderia estar ciente de que não falava sério? 

Mas, Lydia pensou que a sua resposta era completamente oposta a ela. Teresa foi honesta com seus sentimentos. Lydia não se concentrou em como Edgar se sentia, porém, queria se distanciar dele porque ele não falava sério.  

Se Edgar fosse sincero, ela seria capaz de se apaixonar por ele. Caso ele não falava sério, se perguntou se não se apaixonaria por ele em absoluto. Ela não teve uma resposta e ainda assim culpou Edgar por tudo.  

― Por que você acredita que estou fingindo que te amo? 

― Porque você não tenta me beijar.  

― Você não deve confiar em um homem que a beijaria tão facilmente.  

Isso significa que é você desde de hoje cedo”. 

― De qualquer maneira, você não vai acreditar em mim.  

― Então, me dê um beijo que você não daria tão facilmente. 

O quê? Espere... 

Quando os dois se entreolharam, Teresa conseguiu, de alguma forma, colocar força em si mesma e passou os braços em volta do pescoço dele.  

Não, pare com isso!”, sussurrou Lydia.  

Não me beije como quiser. Não beije Teresa diante dos meus olhos”. Ela não sabia qual delas não queria. Mas, ela não queria. Nem um. Atrás das orelhas, ela sentiu duas mãos quentes segurando sua bochecha. 

― Minha fada.  

Era assim que Edgar chamava Lydia. Ela normalmente pensava que isso era excessivamente doce, muito embaraçoso e algo dele, entretanto, Lydia notou que ele estava conversando com ela diretamente para que Teresa não notasse. E embora ela estivesse cansada e quebrada, seu coração começou a bater estranhamente rápido.  

― Mesmo que eu quisesse dizer isso do meu coração, seria difícil confiar em você agora.  

Teresa permaneceu calada. Não havia como perceber que aquelas palavras não eram para ela, porém, podia sentir que ela estava em uma posição distante. Como Lydia ficou aliviada, pensou que isso era algo inesperado. Ela ponderou que Edgar não se importava se não acreditasse nele, apenas interessava que ficasse ao seu lado. Por isso, ela refletiu que ele estava colocava sua energia e se concentrava em fatos como noivado e beijos.  

E, no entanto, agora, ele se esforçava para falar com Lydia e recusou a oferta de Teresa. Suas palavras queriam dizer que não quisesse beijá-la, ele não faria sem o consentimento dela. Mas, mesmo assim, ela não podia acreditar que estava prestes a acreditar nele. Em especial em um homem que fez o que quis e usou as outras pessoas egoisticamente.  

― ... Sinto-me cansada. Creio que ainda não tenho forças.  

― Você quer se deitar? 

― Sim... 

Teresa deixou a força sair de seus braços. Edgar tentou deitá-la, mas, de repente, ele a trouxe para seus braços novamente como se estivesse a embalando.  

― Quero ficar assim, só mais um pouco.  

Embora ele tenha dito isso, a verdade era que a mão de Lydia, justamente a mão esquerda, ainda estava agarrada à manga dele e não soltava. Lydia não sabia o porquê. Pensou que não teria tanta força, mas não queria soltar.  

― Sinto muito. - ele disse novamente.  

Suas palavras e sentimentos não foram capazes de se comunicar bem. Lydia estava sempre se segurando e, mesmo que pensasse que queria se aproximar dele no fundo do coração, não sabia como agir. Mesmo, agora, a única coisa que estava livre era sua mão. Desde que seus sentimentos estavam concentrados nisso, ela não foi capaz de controlá-la.  

Por um instante, ela sentiu que, com aquela mão, poderia tocar profundamente em seu coração. Ela sinceramente desejou poder saber o que ele estava sentindo de verdade. E como eles estavam daquele jeito, Lydia percebeu que não havia mentiras nos braços que a seguravam nervosamente de uma maneira mais confusa do que habitual.  

***** 

Até a manhã chegar, Edgar não conseguiu nem tirar um cochilo. Afundou-se no sofá e fechou os olhos, mas na escuridão, quando todas as luzes foram apagadas, ele não conseguia desviar a atenção da respiração de Lydia. Ele a vigiava para que não tivesse pesadelos e continuasse a dormir em paz.  

Um homem que usava uma pedra preciosa atrás de sua orelha. Quem matou Teresa foi sem dúvida Ulisses. Apenas os subordinados mais próximos ao Príncipe que o chamavam de maneira cerimonial de Sua Alteza. Era uma informação valiosa, mas ele estava surpreendentemente triste e seu humor deprimido era por ter feito Lydia passar tanta dor.  

No cômodo, que começava a se iluminar, ele virou a manga da camisa para verificar sua pele. Havia leves linhas vermelhas em seu braço quando Lydia o agarrou com força. Foi algo inesperado. Ele a fez sofrer muita dor.  

Ele sabia muito bem que ela podia sentir angústia, mas optou por retirar a lembrança de Teresa. Não importava o quanto dissesse que ela era especial, depois disso era natural que não conseguisse que ela acreditasse nele. Onde no mundo existe um homem que faria esse tipo de coisa com a mulher que a importa? 

Lydia disse que ele não pensava nos sentimentos dela, mas estava vagamente entendendo o que ela queria dizer. Porém, para Edgar, não tinha intenção de mentir para Lydia. Deixando de lado o fato dela ser valiosa como fairy doctor, ele a achava fofa e a queria só para si, mantê-la ao seu lado e se alguém normalmente pensasse isso, você acreditaria que eram sentimentos de amor.  

Só que não havia como ter várias mulheres para Edgar. Sabia que era fácil ele gostar de alguém. E, no entanto, o motivo que ele propôs à Lydia não foi apenas por um capricho. Embora fosse uma ideia que pensava no momento, gostava dela e havia vantagens para os dois, logo, ele não achou uma má ideia.  

Ao pensar nisso, enquanto fechava os olhos, ouviu o som de Lydia acordando e mexendo os lençóis da cama. O som dela se aproximando lentamente em sua direção era como estivesse se aproximando de um leão adormecido. “Oh, é isso”. Por ela ser tão cautelosa, isso o fez querer brincar. Embora isso, apenas a fizesse levantar a guarda em relação a ele, queria que voltasse sua atenção para ele, mesmo que tivesse cautela.  

Como se estivesse verificando de que ainda estivesse dormindo, Lydia olhou para ele, mas não deve ter notado que a ponta de um dos fios de seu cabelo roçava e fazia cócegas na nuca dele. O que Lydia olhava eram as marcas vermelhas dos dedos que foram deixadas em seu braço. 

― Oh, não... - ela gemeu enquanto se abaixou para olhar mais perto. 

O responsável foi Edgar, e ainda assim, Lydia era do tipo que se sentia culpada do fundo do coração. Como ela tocava levemente com os dedos, ele pensou que ela era tão adorável que mal conseguia se conter. Ele queria se apressar e fazê-la dele. Seria fácil roubar um beijo dela. Ele pensou que se beijasse Teresa, isso seria algo emocionalmente inaceitável para Lydia, e por isso se segurou ontem à noite.  

Mas, agora, era Lydia. Ela estava perto o suficiente de suas mãos. E tinha baixado a guarda completamente. E, mesmo assim, não sabia se deveria. Ele poderia ser irresponsável demais e agir de maneira desinteressada em relação a ela.  

Por essa razão havia a submetido a uma experiência dolorosa; pensou que a distância entre eles não diminuiria mesmo que a beijasse e isso o fez se sentir incomumente fraco e desanimado.  

Se ele mostrasse alguma pista de que estivesse acordado, de certo, correria em fuga. Ela estava tão perto dele, e ainda assim, sentia que estava a quilômetros de distância. Perguntou-se o que ele significava para Lydia.  

Um suspeito canalha ou um empregador de uma fairy doctor. Ele se questionou se ela ao menos se sentia confortável em pensar nele como amigo. Ela também disse que não queria um casamento sem amor. “Amor, hum...”, ele pensou que não era como não houvesse... Como ele ainda sentia a marca em seu braço, Edgar pensava sobre isso pela primeira vez.  

― Senhorita Carlton, você está acordada? 

Era a voz de Suzy. Ao mesmo tempo, Lydia se afastou rapidamente do lado de Edgar.  

― Sim. O que foi, Suzy? 

Sentindo que foram interrompidos, Edgar moveu a cabeça de modo que parecesse que tinha acabado de acordar com a voz da empregada.  

― Perdoe-me, lord visconde, logo a essa hora. - disse ela para Edgar quando abriu a porta.  

― Está tudo bem... aconteceu alguma coisa? 

― Bem, o conde está te procurando freneticamente.  

O conde impostor gritava em plenos pulmões, chamando por Edgar e por onde andava, já que não estava no quarto. Era um aborrecimento não apenas para Edgar, mas para Lydia também. Suzy era a única que sabia que ele estava no quarto de Lydia. Foi por isso que ela trancou o conde falso no salão e o convenceu de que iria chamar o visconde.  

Lembrar que ele fez o mesmo tipo de confusão no incidente da noite anterior fez com que Lydia tivesse um mau pressentimento. Ela achou que era melhor não se separar e veio junto com Edgar.  

Ela correu para se arrumar e quando os dois chegaram ao salão, o homem veio correndo até Edgar como estivesse praticando pulando nele.  

― Lord visconde! Graças a Deus! Você está vivo. Oh, Teresa, e você também.  

Seu estado perturbado e assustado de ser não parecia um ato, mas eles não tinham certeza. 
 
― O que você quer dizer com vivo? 

― Por favor, me salve! 

― Você tem que se acalmar e nos explicar primeiro.  

― Foi o lord Clark desta vez. Assim como da última vez, o quarto dele estava bagunçado e não vi o corpo dele em lugar nenhum.  

Edgar levou Lydia a se sentar em uma cadeira e calmamente fez suas perguntas.  

― E você é a primeira pessoa a descobrir isso de novo? 

― Isso porque nossos quartos estavam fechados e ouvi o barulho... 

― Seu quarto não era ao lado de lord Stanley? 

― Foi muito perturbador, logo, eu mudei.  

― Então, me pergunto, por que sempre alguém próximo a você é o alvo.  

― Eu não sei, mesmo que você me perguntasse. Mas, a próxima vítima pode ser eu ou até você. Por favor, deixe-me ficar com você. Desde que, bem, tem um excelente criado confiável com você.  

Edgar não escondeu o semblante que não queria que um homem o seguisse. Porém, tinha certeza de que Ulisses havia feito outra jogada. Em uma situação em que eles não poderiam escapar da propriedade, ele poderia estar planejando colocar Edgar lentamente contra a parede. Ainda havia uma chance de que esse falso conde pudesse trabalhar para ele. Edgar, é claro, deve ter pensado nisso. Ele abruptamente aparentava um impostor.  

― Perdoe-me a minha grosseria.  

Depois que ele disse isso, realmente, fez algo rude, agarrando a cabeça do homem entre as suas mãos. E como a cabeça do homem fosse um objeto, Edgar virou-a de um lado para o outro e depois que confirmou algo, a soltou. Agora ele se lembrava que Teresa disse ontem à noite que, pouco antes de morrer, havia um homem próximo a ela. Aquele home usava algo como uma pedra preciosa na parte de trás de suas orelhas.  

Edgar lançou outro olhar para o falso conde, que não fazia ideia do que significava o que ele acabara de fazer.  

― Você não acha que posso ser o culpado? 

― Culpado? Este trabalho não é de um fantasma? 

― Então, por que você não coloca a Bíblia dentro de sua camisa e se protege com suas próprias mãos.  

No momento em que Edgar deu as costas para o homem, ele correu e circulou à sua volta. Apertou as mãos e implorou.  

― Por favor, não me abandone, visconde. Só me pediram para vir para cá. Nunca ouvi dizer que isso iria acontecer.  

― Você foi convidado? 

― Sim, você está certo. A espiritualista Seraphita me pediu para levar em consideração que casar com a filha, iria curar o coração doente da senhora Collins. Mesmo que ela fosse a filha de uma família rica, nunca imaginei que teria tantos pretendentes reunidos. Como o fantasma de sua filha só foi capaz de permanecer no mundo por uma semana, apenas tive que seduzi-la e depois me envolver com ela, para que a mãe ficasse aliviada e pagasse a minha compensação... 

Dizendo isso, fechou a boca e olhou para Lydia. O fantasma de Teresa só conseguiria permanecer nesse plano por uma semana. Lydia foi a única que ouviu isso, mas seu olhar mostrava que ele acabara de falar algo errado. Lydia olhou para ele estupefata e fingiu que não estava ouvindo.  

― E, então? Qual é o seu nome que aceitou esse tipo de trabalho? 

― Palmer... Veja bem, eu estava com um pequeno problema com dinheiro. A Lady que estava me cuidando iria para o exterior, e assim... 

― Em outras palavras, sua ocupação é ser gigolô.  

― Bem, tenho confiança na minha aparência e experiência em lidar com mulheres, por isso foi um trabalho bastante fácil.  

― Ter um gigolô agindo como um conde é uma maneira de dar nos nervos de alguém.  

Edgar parecia bastante indignado, mas Lydia achou que seu tipo de personagem era perfeito para o trabalho. Deus, ela estava tão enojada que a fez relaxar a tensão sobre si mesma. E ela ficou aliviada ao ouvir que o fantasma só seria capaz de permanecer em seu corpo por uma semana.  

Porém, ela estava preocupada com Teresa. Ela foi morta por Ulisses. Não apenas isso, sua alma estava sendo usada por ele. Ela foi chamada de volta à terra dos vivos por uma semana, e estava passando por uma farsa de um noivado e seria enviada mais uma vez para o outro mundo. Mesmo assim, no sentido de que ele a estava enganando, Lydia também responsável pelo mesmo crime.  

Ela desejava que a garota que estava começando a se apaixonar por Edgar fosse devolvida ao reino dos mortos. Sim, a espiritualista. Essa mulher que está controlando o fantasma e forçando-a a fazer uma coisa dessa.  

O gigolô Palmer gritou a primeira coisa que estava na cabeça: 

― Visconde, todos nós devemos pegar essa mulher e interrogá-la.  

― Se for Seraphita, ela desapareceu. 

Oscar estava parado na entrada do salão.  

― Eu também estava à sua procura porque queria perguntar algumas coisas, mas não a vejo desde ontem.  

Ontem, o que significa que poderia ter sido porque Raven a machucou.  

― Então, você está dizendo que ela escapou desta propriedade? 

― Pensei que ninguém poderia fazer a travessia por causa da maré alta.  

― Se alguém se arriscar, não seria completamente impossível não conseguir atravessar.  

Se fosse um selkie, não haveria problema algum”, pensou Lydia. Porém, ela não conseguia pensar em uma razão para que Ermine fugisse dali. Em primeiro lugar, se ela estava sendo controlada pelo homem chamado Ulisses, isso era o mesmo que a ordem do seu desaparecimento.  

― E a idosa que estava ao lado da espiritualista? 

― Ela se foi. 

― Posso entender Seraphita, mas você acha que uma idosa tentaria atravessar um caminho tão perigoso? 

Palmer inclinou a cabeça.  

― Ela pode estar se escondendo para ninguém possa encontrá-la, ou as duas poderiam ter sido apagadas como os dois cavalheiros.  

Enquanto ouvia Oscar, Edgar se inclinou contra uma prateleira de exibição. Ele bateu com o cotovelo em uma pintura que caiu, com certeza, era de propósito.  

― Oh, perdoe-me.  

Ao dizer isso, ele não se deu o trabalho de resgatá-la, o que poderia ser considerado a atitude arrogante de um nobre. Ele pode ter sentido um pouco de humilhação, mas Oscar se inclinou para pegá-la. Lydia notou que Edgar espiou o jovem por cima e depois entendeu por que ele havia feito aquilo. Era para checar a parte detrás da orelha de Oscar.  

Ele se inclinou, o que fez com seus cabelos lisos caírem sobre as bochechas para revelar sua orelha. Lydia não conseguiu ver de onde estava sentada, porém, Edgar casualmente se afastou de Oscar e caminhou em direção à Lydia.  

― De qualquer forma, estamos em uma situação em que não podemos fugir ou nos esconder do responsável que desconhecemos. Oscar, sinceramente, não acredito em ninguém.  

Edgar colocou a mão no ombro de Lydia e, quanto teve a sensação de que era um sinal de cuidado, por intuição, percebeu que era ‘ele’. Porque havia a pedra preciosa na orelha de Oscar que Teresa viu. Esse jovem rapaz foi enviado pelo Príncipe? Ela não podia acreditar nisso tão facilmente, pois imaginara que ele era um homem mais idoso.  

― Eu me pergunto se cada indivíduo precisa se proteger.  

― Vamos fazer o seguinte. Levarei Teresa sob os meus cuidados. 

Edgar estendeu a mão e ajudou Lydia se levantar.  

― Isso seria um pouco problemático.  

Mas, Oscar ficou no caminho deles como se os estivesse bloqueando a passagem.  

― Teresa é minha parente.  

Ele suspeitava deles? 

― Eu sou seu noivo. A senhora Collins nos reconheceu.  

― Mesmo se você é o noivo, não posso permitir que você a cuide.  

Lydia entrou em pânico. Ela não queria ficar sozinha com um dos homens do Príncipe. 

― Mas, só posso confiar nele! 

― Não seja criança, agora, Lydia. - disse Oscar com um sorriso. 

Lydia. Ele sabia que ela não era Teresa. Mesmo assim, o próprio Oscar deve ter percebido que foi descoberto por Edgar. Essa frase que ele acabou de dizer era como se estivesse anunciando que era Ulisses. Edgar imediatamente tentou proteger Lydia de pé enquanto ela se esquivava. Porém, Ulisses levantou de modo veloz o braço que segurava uma pistola e pressionou o cano na parte de trás da cabeça de Lydia.  

― Agora, solte sua arma.  

Edgar tinha acabado de colocar a mão dentro do casaco, mas por uma fração de segundo, ele hesitou. 

― E se eu disser que não? 

O quê?”, Lydia não podia acreditar em seus ouvidos por um momento. Quando você enfrenta alguém com refém, normalmente, não faria o que a pessoa diz? 

― Eu vou matar essa mulher.  

― Entendo....Saberia que chegaria a isso.  

― Por que você não vai em frente? No próximo segundo você estaria morto também.  

O que foi isso?” Se ele largasse a arma, a situação iria piorar. Ulisses poderia matar Lydia bem na frente de Edgar, para que lhe causar sofrimento. Era o que Edgar estava pensando, mas Lydia não podia gastar seu tempo para pensar nessa possibilidade.  

Bem próximo ao ouvido, Lydia ouviu o som fraco do gatilho sendo puxado e prendeu a respiração. Ele foi o homem que matou Teresa. Matar Lydia não seria nada para ele. E, no entanto, o que ele quis dizer com ‘vá em frente’?  

O silêncio e tensão entre Ulisses e Edgar continuou por um tempo. Quando Lydia começou a sentir que era difícil respirar, Ulisses sorriu como se estivesse desconectando a tensão da situação.  

― Você é muito esperto, Ted.  

Ted. Ele provavelmente chamou Edgar pelo apelido. Mas, Edgar parecia que odiava terrivelmente, e então, Lydia pensou que ele deveria ter copiado a maneira como Príncipe falava.  

― Seu alvo sou eu. Por que você não para de tentar fugir para moita? 

― Oh, que ótimo, veja você! Quanto mais você luta, mais fico animado. O ato final começa a partir daqui. Vou mantê-la comigo para que você possa inutilmente lutar para resistir.  

Ele puxou o braço dela. Essa pessoa era assustadora. Justo quando sentiu isso, as lembranças de quando Teresa morreu surgiram em sua mente. Lydia tremeu de frio e ficou em pânico.  

― Não... Não me toque! Seu assassino!
 
Mas ela foi detida por Ulisses e ameaçada com a pistola. Ela ficou ainda mais furiosa com Edgar, que apenas observava silenciosamente. Se Edgar fizesse um movimento, Ulisses atiraria em Lydia para coagi-la. Para que ela não morresse, ele começaria pelos braços e pernas. Porém, Lydia não sabia disso.  

― Seu assassino! - Lydia gritou mais uma vez.  

― Edgar, você também! Você realmente não se importa com o que acontece comigo! Como assim ele deve ir em frente e me matar! 

― Não é isso. Lydia, definitivamente, vou te salvar, mas para isso não posso fazer nada imprudente. 
 



A boca de Lydia estava coberta e, por essa razão, não foi capaz de seguir em frente com Edgar, mesmo assim seu sentimento de desconfiança aumentou quando imaginou que seria silenciosamente “levada por esse homem?” 

― Você não deve fazer uma promessa com tanta facilidade. Mas, sim, se você gosta particularmente dela, pelo menos matarei vocês dois juntos. Por que você não tenta salvá-la? 

Lydia foi levada para fora da sala como se estivesse sendo arrastada pelo sorridente Ulisses e, como uma pistola estava apontada para ela, não teve escolha a não ser começar a andar.  

Naquele período, Raven, que estava sozinho na cidade, havia encerrado seus afazeres e estava correndo de volta para a propriedade. Ele apressou o cavalo e conseguiu chegar às margens opostas antes da baixa maré da manhã, mas as ondas, que estavam calmas na cidade, nesta área, se apresentavam tão violentas quanto ontem à noite.  

O caminho estreito que aparecia depois que as águas do mar se silenciavam, foi infinitamente invadido pelas ondas e aparecia e desaparecia como se estivesse lutando com o mar agitado. Porém, como a área ainda estava iluminada, era melhor do que quando partiu durante a noite. Assim, seria mais fácil de detectar o inimigo, mas tinha que se apressar para voltar ao lado de Edgar. O pacote a que ele foi confiado pelo mensageiro da “Scarlett Moon” estava preso a seu corpo. Raven certificou-se e verificou se estava tudo certo e fez seu cavalo andar.  

Ele dirigiu-se para a casa que foi construída de modo solitário na colina, seguiu o caminho que se separava as águas do oceano. Quando se deparou com meio da estrada, viu algo negro flutuando entre as ondas.  

Por um momento, parecia a cabeça de uma pessoa, mas imediatamente percebeu que não. Era uma foca. Quando deu uma boa olhada ao seu redor, estava cercado por um número incontável de focas. Não, elas não eram focas normais. Fadas? 

Ele aprendeu sobre as fadas selkies que foi dito por Lydia, mas quando Raven sentiu que os nervos do espírito começaram a se agitar, ele pôde perceber que estava sendo alvo de algo que não era humano. Se fossem fadas do mar, não conseguiria alcançar até a costa.  

Ele chutou com seus estribos e apressou o cavalo. Nesse momento, todas as fadas-focas mergulharam no mar ao mesmo tempo. No minuto seguinte, uma onda alta eclodiu e correu em sua direção. Não havia lugar para escapar, pois estava cercado pelas ondas. Ele foi arrastado para as profundezas das águas.  

Mesmo que ele tentasse se levantar, mais uma vez as focas circularam ao seu redor, elas o mordiam e se apegavam a ele para tentar afundá-lo. Ele pegou a sua adaga.  

Quando ele girou em torno do próprio braço, sentiu que atingiu algo ao mesmo que o mar ao seu redor ficou vermelho-escuro. Todas as focas correram para fugir dele como estivesse com medo por um momento. Porém, a cor vermelha rapidamente se misturou e desapareceu no mar cinzento. Mais uma vez, retornaram seu alvo para ele e começaram a nadar em torno de Raven, como quisessem diminuir a distância entre eles. Havia muitos deles. Ele não podia se mover na água livremente o quanto gostaria. Não conseguia respirar mais.  

Nesse momento, ele pensou em ter ouvido alguém dizer para eles parassem. Essa pessoa era diferente, não era um deles. Por trás, seu braço estava firme e foi puxado para cima. As ondas agitadas que o rodeavam desapareceram e Raven retornou ao topo da superfície da água sem nenhuma resistência. Ao respirar fundo, sentiu a mão que o salvara. Lentamente se soltou, mesmo assim rapidamente agarrou seu pulso. 

― ...Ermine 

― Vá para a colina naquela costa do mar. É melhor você voltar para terra o quanto antes que as ondas fiquem novamente agitadas. - disse de uma maneira que desistiu de fugir de Raven 

Os dois se sentaram em uma fenda da encosta inclinada depois conseguiram se afastar às duras penas. Estando ali não poderiam ser vistos da casa, revelou Ermine ou a selkie que se parecia com ela, quando se sentou na areia.  

― O que há de diferente? - indagou Raven, enquanto tirava o casaco que estava pesado pro ter absorvido a água salgada.  

Ermine parecia completamente exausta e levantou a cabeça como se não entendesse a pergunta que ele fez e inclinou a cabeça do lado.  

― Você disse que eu era diferente dos selkies 

― Sim... eles estão todos nervosos. Desde que um humano que capturou e tratou horrivelmente sua espécie aqui.  

― Ulisses.  

― Isso mesmo. Mas, eles não podem se aproximar dele e, portanto, atacaram você pensando que estava trabalhando para ele.  

― Então, os selkies no mar não estão sob o controle de Ulisses. 

― Os que estão sob o seu controle são os empregados da casa. Eles são selkies que estão em forma humana. Mas, alguns selkies no mar também estão sendo controlados.  Ulisses é quem os deixa com raiva de propósito, e os selkies provocam uma tempestade no mar como ele quer.  

No ombro de Ermine, que se inclinou contra a rocha, a adaga que foi arremessada por Raven permaneceu presa no lugar. Parecia que o sangue não estava parando, pois ele podia ver o vermelho encharcar o seu peito. Mesmo assim, enquanto escorria lentamente, transformou-se em um líquido límpido e depois em contas de vidro sedosas e caiam no chão. Isso o fez entender que ela não era humana. Logo, ela não era sua irmã. Ela era apenas uma inimiga. Como o sangue que corria no corpo dela não tinha mais nenhuma conexão com Raven. 

― ... Como você pode ver, não sou a mesma pessoa de antes.  

Parecia que ela notou que Raven olhava atentamente ao seu ferimento. 

― Senhorita Carlton disse que você pode ser uma selkie 

― Bem, ela é uma fairy doctor 

― Faz parte do plano de Ulisses você me salvar? 

Ermine balançou a cabeça como isso fosse incômodo para ela. 

― Desde que tenho uma lesão, me disseram para ficar quieta por um tempo. No momento, não recebi um pedido que não seja esse... Mas, ele vai levar lord Edgar até o limite e, provavelmente, continuará me usando a partir de agora.  

Não era como se Edgar fosse o tipo de ser facilmente influenciado pelas suas emoções. Mesmo assim, se fosse para proteger aqueles que lhe eram queridos, ele não pensaria em sua própria segurança. Ermine era sua amiga que ele queria proteger. Mesmo que ela o traiu, ainda era uma amiga querida, responsável por não ter sido capaz de detê-la antes do ocorrido. Pois Ermine era essa espécie de pessoa, o inimigo pensava que ela se tornaria a fraqueza de Edgar. 

Raven sentiu um pouco de irritação enquanto caminhava ao lado de Ermine 

― Por que você voltou quando deveria ter morrido? Chegar ao ponto de se tornar algo que não seja humano.  

― Não é como eu desejasse isso... Não, talvez eu desejasse isso em algum lugar do meu coração. Se eu pudesse ser perdoada, gostaria de poder servir a lord Edgar mais uma vez.  

― Lord Edgar já tem uma noiva. 

― Raven, não foi isso que eu que eu quis dizer. Só quero simplesmente servi-lo. Esse foi o meu desejo desde o início.  

― Mas, você gradualmente queria tê-lo apenas para você e vazou nossas informações para o Príncipe. 

Porque, uma vez que Edgar se tornasse conde e fortalecesse sua posição como nobre da Inglaterra, seus sentimentos por ele se tornariam ainda mais inacessíveis. Ela queria permanecer a uma distância mais próxima dele, mantendo como sua companheira camarada.  

― Sim, você está certo, naquela época tinha esquecido meus sentimentos de quando iniciamos. Era verdade que havia sentimentos que iam além da lealdade a lord Edgar dentro de mim, e essa parte foi aproveitada pelo Príncipe... 

Do ferimento em seu ombro, o sangue escorria ainda mais. Ele se perguntou se uma fada morreria se perdesse muito sangue. Porém, uma fada pode morrer, em primeiro lugar? Ele se indagou por que deixou a faca ficar presa a ela sem mesmo tentar puxá-la.  

― Raven, você tem que me matar. No final, é a única maneira. Você deve se certificar e me matar para que nunca mais eu seja trazida de volta ao mundo dos vivos. Não quero mais ser um tormento para lord Edgar.  

― Mas, agora você é apenas uma morta-viva. Você pode morrer além disso? 

― Enquanto estiver em uma forma humana, parece que posso morrer como uma humana. Os selkies estão mais próximos de uma criatura viva do que uma fada.  

Matá-la era, provavelmente, um passo necessário para proteger Edgar, entretanto, Raven achou que essa também seria a melhor opção para Ermine. Se ela dissesse que era igual a uma humana, seria capaz de deixá-la morrer sem qualquer dor.  Ele estava prestes a estender a mão em direção ao pescoço branco descoberto.  

― Por favor, perdoa-a. - disse uma voz de repente. 

Quando ele se virou, havia uma velhinha parada ali.  

― Você não é o único irmão dela? Mesmo que ela tenha se transformado em algo não humano, ela continua se preocupando com você. 

― Você também é uma selkie...? 

― Sim, meu casaco foi roubado e já passou algum tempo desde que fui forçada a tomar uma forma humana por Ulisses. Estou quase ao ponto em que me esqueci dos meus caminhos selkies, mas definitivamente ainda sou uma selkie 

A idosa disse calmamente como se estivesse falando de outra pessoa. Ela tinha sido escrava de Ulisses, mas era evidente que não queria servi-lo por vontade própria. Lydia lhe havia dito que os selkies que tiveram suas peles roubadas não são capazes de lutar contra quem as furtou. Um escravo mantido em cativeiro. Raven e Edgar eram assim, anteriormente, e por isso não sentiu malícia na idosa e continuou a ouvi-la o que tinha a dizer.  

― Fui ordenada por Ulisses a dar a vida de uma selkie à sua irmã, que vagava pelos mares como uma alma morta. Ela ainda é como uma criança como selkie. Estou vigiando-a como uma mãe.  

― É por essa razão que você diz para não matá-la? 

― Você poderia, por um momento, se colocar lugar na mesma posição que ela. Você era quem ela mais queria proteger, mas do que si mesma e seu mestre.  

Raven não foi capaz de entender o que ela havia dito de imediato. “Para mim, o mais importante era mestre Edgar”. Quando a próxima pergunta seria feita, era tudo que ele poderia dizer, Edgar era o mais importante para ele. Algo que ele precisava mais do que qualquer coisa. Como eram amigos que Edgar tentou proteger, Raven também se dedicou a proteger todos, e entendeu que Ermine era uma das pessoas desse grupo.  

Ele acreditava que todo mundo sentia da mesma forma. Eles eram camaradas que acreditavam em Edgar, o seguiram e o serviram. Havia quem era amigo e quem não era para Raven, porém, eles se ajudaram e se salvaram porque faziam parte da equipe que Edgar organizava. E, no entanto, essa idosa falava que para ErmineRaven era o mais importante do que seu mestre.  

― Vovó... você não precisa falar sobre isso. 

― Mas, vocês são irmãos. 

O que são irmãos? Significava apenas que eles tinham a mesma mãe. Mesmo assim, Edgar disse-lhe que ‘ela é sua irmã’. Ele enfatizou que ela era sua irmã.  

Agora que ele pensava sobre isso, Raven se lembrava de algo que sempre estava em sua mente. Como e quando foi que Ermine entrou em contato com Príncipe. Se aquele homem descobrisse a sua fraqueza e a controlasse para fazê-la vazar secretamente as informações sobre o paradeiro deles, deveria haver uma chance de se encontrar diretamente com o Príncipe.  

Mas, durante o tempo em que estavam em fuga, ele não conseguia se recordar em que momento poderia ocorrer uma brecha de tempo para que ela pudesse sair do lado de Edgar. Na hora em que ele forçou a memória, houve um instante em que isso foi possível. Foi quando Raven foi capturado pelas mãos do inimigo. Naquela época, Edgar estava no meio de uma briga com outra organização e, por sua própria experiência, Raven sabia que precisava sair com suas próprias forças.  

Edgar pensaria naturalmente que isso era possível e sabia que precisava se concentrar no grande número de seus camaradas do que apenas em Raven. Mas, a situação acabou sendo muito mais difícil do que previa. Quem veio ajudá-lo naquela época era Ermine 

Mais tarde, ele descobriu que ela tinha agido sozinha, mesmo assim, como tudo acabou, eles não foram responsabilizados. No entanto, Raven pensou sobre o porquê Ermine agiu fora dos limites sem obter a permissão de Edgar mais uma vez.  

Se eles sentissem que Raven estava tendo dificuldades, eventualmente, Edgar e seus homens iriam em seu socorro. Porém, ele se perguntou se teria chegado a tempo. Mas, para ela, isso significava que sua prioridade era resgatar Raven do que seguir as ordens de seu mestre.  

E, se nesse caso, ela já estivesse sob o controle do Príncipe? Raven estava mais confuso do que nunca. Ele tentou pensar de um modo lógico, entretanto, suas emoções não conseguiam acompanhar. Só que, em um pensamento vago, entendeu porque ela era sua “irmã”.  

Muito provavelmente, Edgar também pensou naquele momento como início. Foi por essa razão que ele disse que “ela era sua irmã” para Raven, que culpou Ermine pela sua traição. Ele queria dizer que a razão por ela ter agido assim, por conta própria, era porque Raven não era apenas um membro do grupo, mas porque ele era seu irmão.  Embora estivesse ligada à traição a seus amigos, mesmo que houvesse esse perigo, porque ela era uma “irmã” não podia deixar de ir.  

― Raven, os selkies estão começando a se mexer... Algo pode ter acontecido. Você precisa se apressar e voltar para o lord Edgar... 

Ele rapidamente agarrou o braço de Ermine, que não havia terminado de falar. E depois que ele a segurou, puxou a faca que estava em seu ombro de uma vez. Ela gritou de dor, e quando ela caiu lentamente, Raven a jogou nas costas e se virou para encarar a idosa.  

― Como se cura a ferida de um selkie? 

― Ela irá regenerar quando quem a apunhalou com a faca a puxar fora. Não há nada para se preocupar por agora.  

Foi por isso que ela mesma não conseguiu.  

― Ermine, pedirei a lord Edgar julgar como tratar de você.  

Raven tomou cuidado para não ser visto quando entrou na casa e correu direto para onde Edgar estava. Parecia que o sangue nas costas de Ermine havia parado logo depois que a faca foi arrancada, mas ainda ela permanecia caída sobre ele. Poderia levar algum tempo até que ela fosse capaz de recuperar suas forças.  

Ele correu para a sala, mas não havia sinais de ninguém lá. Em seguida, ele colocou Ermine no sofá e estava prestes a sair em busca de Edgar, a porta se abriu. Edgar acabara de voltar.  

― Raven, você está bem! 

Edgar viu que ele acabara de voltar e deu um sorriso de alívio. Por estar ao lado de Edgar, Raven, finalmente, conseguiu sentir como é ser tratado como humano. Ele não achava que suas missões perigosas eram nada comparadas ao que essa pessoa carregava. 
 
Ele foi o único a quem o brutal demônio, um espírito que ansiava por sangue dentro de Raven, obedeceu. Seu desejo era o desejo de Raven, portanto, era tudo que precisava. Mas, agora, havia apenas uma coisa que ele desejava.  

Raven foi até a ele, que tinha os braços abertos em um gesto de amizade, e se ajoelhou diante dele. 
 
― Lord Edgar, gostaria de pedir que perdoasse minha irmã. Ela ainda pode estar sob influência do Príncipe e pode se tornar um obstáculo para você. Porém, eu vou assumir a responsabilidade por isso. Vou me certificar de ficar de olho nela. Caso isso fique pior, estou preparado para acabar com a vida dela. Então, por favor, por favor, salve-a... 

Parecia que Edgar notou Ermine, que estava deitada no sofá. Quando ele foi até ela, Ermine tentou se sentar. Ela abaixou a cabeça e Edgar a envolveu em seus braços.  

― Bem-vinda de volta, Ermine 

E, depois, ele se virou para Raven mais uma vez e fez o mesmo com ele. 

― Bem-vindo de volta.  

Raven se recordou, no passado, quando ele retornou com Ermine, com certeza, Edgar os recebeu assim. Ao mesmo tempo, ele notou pela expressão estranhamente dura de Edgar que não era hora de ficar muito feliz com a volta dos dois.  

― O que aconteceu? 

― Ah... Lydia foi capturada por Ulisses.  


Nota da tradutora 
Agora o livro começa a pegar fogo! Finalmente, o Ulisses deu o ar de sua (des)graça para nossa (in)felicidade. E que parte tensa essa entre Ulisses, Edgar e Lydia! E eis, que Ermine aparece e salva o dia... Pelo menos do irmão, o RavenTaí uma personagem que não sei o que pensar dela. Uma hora a adoro, outra, a odeio. Isso porque sou #teamLydgar. Adoro esses dois, e parece que Ermine sempre vai ser aquele ponto obscuro atrapalhando os dois. Apesar do que, há outros problemas bem maiores para o casal.  
E que momento fofis aquele em que Lydia se aproximando de um Edgar “adormecido”, que chega a cogitar agarrá-la e beijá-la. Fofo demais <3 span=""> 
Bom, já estou preparando o próximo capítulo. E espero que seja mais rápido que esse, porém não posso garantir. Porque mesmo trabalhando em casa, a coisa está mais corrida do que normal 
Então, beijos e até em breve! 
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