sábado, 20 de julho de 2013

O Rapto do Filho do Conde–Capítulo V

(fanfic para o anime/mangá Hakushaku to Yousei)
O Sol  já aparecia por completo no céu, quando o exército chegou à mansão dos Ashenbert. Edgar ainda estava inconsciente, pálido e foi prontamente atendido por Tytânia e Sereia. Lydia desesperada foi ao seu encontro e o abraçava temendo sua morte.
- Lydia, ele não vai morrer, infelizmente…, disse Kelpie.
- E é esse tipo de brincadeira que se faça, rapaz? – repreendeu Lugh e continuou - Ele precisa ficar bem…
- Logo!! – disse imperativa Tytânia. – Vamos leve-o para o quarto. Provavelmente, Ulysses mexeu com sistema nervoso dele.
- Poxa vida! Não ganhamos dessa, mas que matamos uma boa leva daqueles filhos da …- resmungou Lugh.
- Lugh, por favor! Ajude-nos com a corrente mágica, solicitou Sereia.
- E Raven? Onde está Raven?, perguntou Lydia ainda mais assustada. – Não me diga que…
- Sim, ele foi raptado! Ou sequestrado! Oras, o Edgar devia ficar no canto dele, só complicou as coisas com seu lado impetuoso…
Enquanto Kelpie reclamava o quanto Edgar foi imprudente, Lydia percebeu onde estava o ponto falho da equipe. Ela iria falar para Edgar assim que ele acordasse. Ela DEVERIA falar para Edgar. “É isso! Está faltando o quarto elemento…O fogo! Se Ulysses e sua trupe tinham as salamandras, eles por sinal, não tinham… Mas quem iria completar?”. Sua cabeça rodava atrás de uma resposta e que viria apenas à noite.
Mais tarde, com os tratamentos devidos, Edgar parecia apenas adormecido e fora de perigo. Enquanto era assistido por Lydia, os seus sonhos eram confusos e desconexos. Se via uma hora em campo de batalha, o desespero e impotência para vencer Ulysses e depois… o olhar de Raven pedindo socorro. Acordou assustado e, ainda meio ao torpor, viu Lydia que segurava sua mão gentilmente. Respirou fundo, fechou os olhos e perguntou:
- Não consegui, não é?
- Ainda não, disse ela suavemente. – Mas, o mais importante é que você está vivo e bem. Porém…
- Diga Ly!
- Bem, eles levaram Raven…
- Eu sei disso! – disse com sentimento de culpa enorme – Além de não conseguir recuperar Aurthur, ainda por cima… perdi Raven. Mas… O que aconteceu realmente?
- Parece que o Ulysses conseguiu infiltrar-se em sua mente e paralisou alguns partes de seu cérebro, mas foi algo momentâneo.
Meia titubeante, a fairy doctor prosseguiu:
- Você sabe quem ajudou a curá-lo, além de claro Sereia e Tytania?
- Nem faço ideia…
- Kelpie!
- No fundo estamos virando amigos, não é?, ironizou Edgar com sorriso triste.
- Nem tanto!, era a resposta entrecortada e irritada do cavalo-marinho mágico que se encontrava encostado na porta do quarto.
- Kelpie, por favor… E Edgar, fique quieto! E vocês vão brigar a essa hora? – retrucou Lydia.
- Quem está brigando?, os dois perguntaram ao mesmo tempo.
Lydia respirou resignada e continuou:
- Bem, vamos ao mais importante… Acredito que tenho uma chave ou uma pista do que está nos faltando…
- Uma cabeça para o Edgar!, brincou maldosamente Kelpie.
O conde apenas olhou com certo rancor para o cavalo-marinho mágico.
- Kelpie, será que vou ter que ser ríspida com você? – alertou Lydia.
O cavalo-marinho mágico só levantou a mão direita como dissesse que ele ficaria quieto. Edgar então pegou a mão da esposa:
- Ly, onde errei?, perguntou na mais profunda humildade.
- Não foi somente você, mas todos nós erramos – respondeu Tytânia, que neste momento entrava no quarto e continuou – Esquecemos o quarto elemento…
- O quarto?, perguntou confuso.
Lydia então virou-se para Edgar:
- Isso, o quarto elemento é o fogo! E se a base de toda magia está montada em cima dos quatro elementos, estamos incompletos, concorda?
Antes que alguém dissesse alguma coisa, Lydia continuou:
- Pois, vejamos, meu amorzinho. Temos a Tytânia que é a Rainha das Fadas, que representa o elemento ar. A Sereia, a Senhora dos Sereianos que controla as ondinas, e consequentemente é o elemento água.
- E o Lugh, o Rei dos Leuprachauns que é o Senhor da Terra… Como não pensei nisso? -  Edgar parecia que se pergunta a si mesmo – Mas quem seria o quarto elemento?
- Que saiba, o quarto elemento é você!, declarou imperativa a Senhora dos Sereianos.
Todos ficaram atônitos, inclusive Kelpie, que até no presente momento disfarçava muito bem seus sentimentos.
- Eu?, perguntou perplexo Edgar. - Mas como?
- Quando a lady Gladys, a grande senhora e dona da Espada Merrow casou-se com o 1o Conde Cavaleiro Azul o iniciou nas artes mágicas. Assim como Lydia, inconscientemente, o iniciou depois que vocês casaram. O 1conde  foi oponente de todos os inimigos que tentaram arruinar a paz do Condado, assim como os descendentes do Príncipe da Calamidade. Ele lutava maravilhosamente bem, era um grande estatregista, mas mesmo assim, impetuoso. Assim como você, Edgar – contou Tytânia.
Edgar escutava atentamente, e de forma tão focada que nem conseguia piscar. Lydia, então, compreendia que era esse o fio da meada de sua intuição.
- Porém, - prosseguiu Tytânia - esse homem tinha plena consciência de suas dificuldades, angústias e até não era o mais forte. Mas possuía confiança, humildade o suficiente, não menosprezava o oponente e sabia que se focasse de corpo e alma conseguiria ganhar qual fosse o seu inimigo. E claro, com nossa ajuda. Assim como você, ele jurou sob a Espada Merrow, serviu ao seu povo e foi o senhor de todos os elementos.
- Mas…, Edgar não conseguia completar a frase ou não ousava perguntar o seu erro, pois temia a resposta.
- O seu grande erro, Edgar, foi… querer vingar-se mais uma vez da organização do Príncipe através da nobre Espada Merrow. Se o objetivo era resgatar Aurthur, concorda que foi um grande e crasso erro?
- Mas eu não quis…
- Sabemos que foi algo inconsciente e que surgiu do nada na hora da batalha. Vejamos, mesmo não sendo um descendente direto dos Ashenbert, nós o aceitamos. Até porque você provou a sua lealdade, confiança, nobreza de espírito e garra. Porém, quando ainda você era o filho do Duque Sylvainford, sua família foi dilacerada e morta. Mas, sabemos que você era o alvo da organização do Príncipe, por causa da sua linhagem. Quando você voltou da América, foi atrás da Espada Merrow como forma de vingar-se. Mas aí quando você a obteve percebeu que o peso daquele que a carrega é muito mais sério do que uma simples vingança. E em grande parte o que você é hoje vem do seu espírito otimista, humilde e a habilidade de sobreviver nos períodos mais difíceis. E mesmo depois de tudo que você passou, não perdeu sua gentileza. Mas, o que aconteceu? Por um momento, com as provocações de Ulysses, você voltou à época que queria utilizar a Espada como arma da sua vingança. E o que pior, não respeitou o oponente. Em outras, palavras, sua briga era mais interna do que outra coisa. E portanto, falhou por uma cicatriz que ainda carrega na sua alma.
Edgar então percebeu que nem para si mesmo confessava que ainda existiam as marcas daquele tempo, que não só o corpo carregava, mas sua alma também.
- Mas como posso reverter o quadro e, assim, assumir o elemento fogo? – questionou quase sussurrando.
- Simples, enfrentando sua sombra, afirmou Tytânia.
- Mas como?
- Você está preparado para enfrentá-la, Edgar? – perguntou Sereia.
- Estou!, respondeu com toda convicção e apertou mais ainda a mão da esposa.
- Então, vejamos, por hoje descanse. E amanhã…
- Não podemos esperar até amanhã!, falou irritado.
- Edgar, veja, o Príncipe não matará Raven, muito menos o seu filho. O plano é tomar posse da Espada Merrow e assim controlar todo o condado e depois toda a Inglaterra, como sempre ele quis. As duas únicas moedas de troca que ele tem são Aurthur e Raven. Não seria interessante fazer algo com eles, concorda? – tranquilizou Sereia e continuou para os outros presentes: – Então? Podemos providenciar nas primeiras horas de amanhã a jornada interna de Edgar? O que acham?
- Perfeito!, concordou Tytânia, que ainda prosseguiu - Edgar, por hoje descanse. Amanhã será sua batalha interna. Se você sair vitorioso, Kelpie e Lugh cuidarão pessoalmente de seu treinamento. E assim…
- Atacaremos sem piedade!, completou Lugh, que também já se encontrava no quarto, fazendo um gesto no ar com o punho fechado.
- Pera lá, quem disse que vou…
- Kelpie! Eu exijo sua ajuda, disse Sereia imperativa.
- Está bem! – respondeu bem contrariado.
Algum tempo depois, na escuridão, Edgar tentou brigar com o sono, pensando em tudo que lhe foi dito. Mas ele foi mais forte e o venceu.

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