quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Reviravolta - Parte 8

Surpresa

Passei a noite no apartamento do Edu. Era sábado de manhã e de como de costume, arrumávamos e íamos na padaria próxima para tomar café.
Acordei e escutei o barulho do chuveiro ligado. O sol estava a pino, mesmo sendo apenas 8 horas da manhã. Virei-me o corpo para esquerda, tentando dar uma cochilada, mas o enjoo veio muito forte dessa vez. Tão forte que quando tentei levantar da cama, a cabeça rodopiou e aí me encontrei amparada pelo Edu. Com os cabelos molhados, uma cara assustada e de roupão ele me perguntou:
- Você está bem?
- Preciso ir ao banheiro...Tô muito enjoada, falei o afastando. Porque precisava ir rapidamente antes que sujasse todo o carpete.
Ele veio atrás e ainda me amparou enquanto colocava todo o jantar da noite anterior. Muitos homens iriam achar que era apenas um mal-estar, mas Edu é diferente.
Enquanto lavava o meu rosto e minha boca, o vi ele me encarando pelo espelho, foi quando me perguntou:
- Você acha que está grávida?
Não sei o porquê , mas a minha primeira reação foi chorar. Medo, receio e surpresa, tudo misturado. Lembro-me que ele  abraçou-me e disse:
- Calma, Cathe, tudo vai acabar bem. Você fez algum exame?
- Ainda não, mas os sintomas...
- Faz tempo?
- Um pouco, mas tenho medo do que vou encontrar....
- Bem, só existe um meio de saber... e você sabe qual é!
- Não sei se estou preparada. No fundo, sempre quis, mas se isso for verdade?, disse chorando.
- Vou estar com você. E onde mais eu poderia estar? Poxa, Cathe, você sabe o quanto te amo. Acha que numa hora dessas iria ficar indiferente?
- Mas você quer?
- Não sou eu quem decide. É você, Cathe! É seu corpo, é sua vida. Mas tenha certeza que, o que você for decidir, será a minha decisão.
Depois que ele disse isso, o meu choro tornou-se mais forte. Era tranquilizador escutar aquilo, mas, e o meu medo? E em vez da padaria, o nosso destino foi a farmácia. Comprei o exame e voltamos ao apartamento. Lembro-me que no banheiro fiquei sentada olhando para o pequeno pacote com apreensão. Respirei fundo e realizei o exame.
A resposta? Foi sim.
Mas para ter realmente certeza, marquei uma consulta com a ginecologista. Fiz um exame laboratorial e mais uma vez a resposta foi positiva.
Eduardo comemorou, enquanto que eu estava perplexa com a novidade, mas no fundo, contente. Dava medo, sem dúvida, mas seria um desafio para se enfrentado. Na mesma semana fui morar com ele e consequentemente já começávamos a estudar uma reforma no apartamento para a chegada do bebê.

No trabalho, o susto e a surpresa foram geral . Patrícia disse:
- Bem-vinda ao clube!
Era divertido ver a reação das pessoas. O jeito que cada um encarava a novidade. Os parentes, pais e amigos também foram bem receptivos. Se por um lado, isso me acalmava, por outro lado me deixava com expectativa do que estava por vir.
Mas aquela tarde de domingo me reservava algo que com certeza não estaria preparada...

Reviravolta - Parte 8

Surpresa

Passei a noite no apartamento do Edu. Era sábado de manhã e de como de costume, arrumávamos e íamos na padaria próxima para tomar café.
Acordei e escutei o barulho do chuveiro ligado. O sol estava a pino, mesmo sendo apenas 8 horas da manhã. Virei-me o corpo para esquerda, tentando dar uma cochilada, mas o enjoo veio muito forte dessa vez. Tão forte que quando tentei levantar da cama, a cabeça rodopiou e aí me encontrei amparada pelo Edu. Com os cabelos molhados, uma cara assustada e de roupão ele me perguntou:
- Você está bem?
- Preciso ir ao banheiro...Tô muito enjoada, falei o afastando. Porque precisava ir rapidamente antes que sujasse todo o carpete.
Ele veio atrás e ainda me amparou enquanto colocava todo o jantar da noite anterior. Muitos homens iriam achar que era apenas um mal-estar, mas Edu é diferente.
Enquanto lavava o meu rosto e minha boca, o vi ele me encarando pelo espelho, foi quando me perguntou:
- Você acha que está grávida?
Não sei o porquê , mas a minha primeira reação foi chorar. Medo, receio e surpresa, tudo misturado. Lembro-me que ele  abraçou-me e disse:
- Calma, Cathe, tudo vai acabar bem. Você fez algum exame?
- Ainda não, mas os sintomas...
- Faz tempo?
- Um pouco, mas tenho medo do que vou encontrar....
- Bem, só existe um meio de saber... e você sabe qual é!
- Não sei se estou preparada. No fundo, sempre quis, mas se isso for verdade?, disse chorando.
- Vou estar com você. E onde mais eu poderia estar? Poxa, Cathe, você sabe o quanto te amo. Acha que numa hora dessas iria ficar indiferente?
- Mas você quer?
- Não sou eu quem decide. É você, Cathe! É seu corpo, é sua vida. Mas tenha certeza que, o que você for decidir, será a minha decisão.
Depois que ele disse isso, o meu choro tornou-se mais forte. Era tranquilizador escutar aquilo, mas, e o meu medo? E em vez da padaria, o nosso destino foi a farmácia. Comprei o exame e voltamos ao apartamento. Lembro-me que no banheiro fiquei sentada olhando para o pequeno pacote com apreensão. Respirei fundo e realizei o exame.
A resposta? Foi sim.
Mas para ter realmente certeza, marquei uma consulta com a ginecologista. Fiz um exame laboratorial e mais uma vez a resposta foi positiva.
Eduardo comemorou, enquanto que eu estava perplexa com a novidade, mas no fundo, contente. Dava medo, sem dúvida, mas seria um desafio para se enfrentado. Na mesma semana fui morar com ele e consequentemente já começávamos a estudar uma reforma no apartamento para a chegada do bebê.

No trabalho, o susto e a surpresa foram geral . Patrícia disse:
- Bem-vinda ao clube!
Era divertido ver a reação das pessoas. O jeito que cada um encarava a novidade. Os parentes, pais e amigos também foram bem receptivos. Se por um lado, isso me acalmava, por outro lado me deixava com expectativa do que estava por vir.
Mas aquela tarde de domingo me reservava algo que com certeza não estaria preparada...

domingo, 5 de setembro de 2010

Reviravolta - Parte 7

Prova

O voo durou um bocado de horas, mas o cansaço não me impediu de desfrutar de pisar pela primeira vez em solo japonês. Confesso que mesmo sabendo dominar a língua, estar no local é prova de fogo. Para não passar feio, algumas vezes, tivemos que recorrer ao inglês. Mas o encanto e a graça de cada pedaço de Tóquio não me escaparam aos meus olhos. As pessoas vestiam-se do modo tradicional até o mais exótico. E tudo com muita naturalidade.
A arquitetura mostrava que o antigo pode muito bem conviver com o moderno, com o tecnológico. Também, vale ressaltar as inúmeras luzes neon dos letreiros. Dentro do táxi, enquanto íamos a caminho do hotel, senti um misto de medo, alegria e curiosidade.
Chegamos ao hotel morrendo de fome. Fomos até o quarto para deixar as malas e já começamos a (tentar) praticar os costumes daquele país: tirar os sapatos quando se entra no quarto, utilizar um chinelo para quarto, outro para banheiro, fazer uma pequena reverência como cumprimento e por aí vai.
O jantar japonês (pelo menos do hotel) tinha uma riqueza de detalhes e sabores que ia além de qualquer experiência gastronômica que tivéssemos conhecido. Além dos pratos virem bonitos, como eram perfumados e deliciosos e o atendimento possuía uma delicadeza que pouquíssimas vezes pude presenciar.
- Estamos se saindo até que bem, hein?, disse Du enquanto levava mais um copo de saquê à boca.
- Chega, chega!!. Amanhã você precisa levantar-se cedo. Se esqueceu?, reclamei.
- Tá bom, pode deixar!
Subimos para o quarto. Enquanto ele preparava o futton, eu escovava os dentes. Mesmo cansada, não queria dormir. Tinha tanta novidade, tanta coisa a ser descoberta, mas algo me dizia: "acalme-se, Cathe, as suas experiências não podem criar 'pernas' e saírem andando". Simplesmente, elas esperam que as conheça cada uma, sem pressa.
Mais tarde, aconcheguei-me ao seu lado. E quando começava a deixar o corpo relaxado, senti que ele me beijava levemente no rosto e descia para o pescoço....

Minutos mais tarde, quando estávamos mais calmos, as luzes que ultrapassam os vidros da janela, ainda insistiam chamar a minha atenção. Mas com insucesso, porque naquele momento, mais nada me importava. Estava à vontade, com a cabeça no seu peito e o pijama (assim como o dele) jogado no chão e longe do futton.
- Obrigado por ter vindo. Essa viagem seria sem graça sem você, disse ele sussurrando.
Esbocei um sorriso de satisfação e o cansaço gostoso me fez adormecer mais rápido. Porém, no meio da noite acordei sobressaltada. Não lembro com que tinha sonhado, mas me deixava aflita e com medo incompreensível. Inclinei o corpo em direção a ele, mas Edu estava dormindo tão tranquilo que dava para ouvir o ressoar da sua respiração. Afastei com força qualquer pensamento ou sensação que me deixava naquele estado, abalada. E com uma certa dificuldade, voltei a dormir.

Foram 30 dias surpreendentes, onde aprendemos um pouco de tudo: os costumes, novos pratos e cultura. Além disso, a viagem serviu de termômetro como estava nossa fluência que agora posso dizer: regular. Foi triste reconhecer que ainda havia muito a aprender.

Chegando ao Brasil, hora de desfazer a mala, redigir a reportagem e retomar a rotina.
Logo que cheguei, entreguei o texto e com o briefing das fotos. Consegui tirar muitas fotos e principalmente de garotas que saiam às ruas vestidas como fossem seus personagens preferidos. E isso é mais comum do que se imagina. Quando mostrei essas fotos para Patrícia, ela falou:
- Poxa, Cathe, a riqueza de detalhes! Que coisa maravilhosa! Pensando bem, acho que ainda vou dar um pulo lá. Olha essa menina vestida de bonequinha!
- Patrícia, essa é uma cosplayer que está representando a Shinku, personagem do anime Rozen Maiden.
- Quem diria, você é realmente uma viciada, disse rindo. - Preciso aprender ainda muito desse assunto. E se a Cecília ver isso, vai logo querer fazer algo parecido. É, mãe padece, completou como fosse um suspiro.
Quando ela disse essa última frase, deu-me um embrulho de estômago, um enjoo que não sabia explicar.
Voltei para a minha mesa meio febril, e preparei o briefing para orientar a arte na diagramação da matéria. O enjoo veio mais forte dessa vez, que tive que sair correndo para o banheiro.
Esse sintoma persistia pela manhã e passava no decorrer da tarde. Quando me dei conta, a minha menstruação estava atrasada. Não cheguei a falar nada para Eduardo. Até porque pensei que talvez só impressão. Ledo engano meu...

Reviravolta - Parte 7

Prova

O voo durou um bocado de horas, mas o cansaço não me impediu de desfrutar de pisar pela primeira vez em solo japonês. Confesso que mesmo sabendo dominar a língua, estar no local é prova de fogo. Para não passar feio, algumas vezes, tivemos que recorrer ao inglês. Mas o encanto e a graça de cada pedaço de Tóquio não me escaparam aos meus olhos. As pessoas vestiam-se do modo tradicional até o mais exótico. E tudo com muita naturalidade.
A arquitetura mostrava que o antigo pode muito bem conviver com o moderno, com o tecnológico. Também, vale ressaltar as inúmeras luzes neon dos letreiros. Dentro do táxi, enquanto íamos a caminho do hotel, senti um misto de medo, alegria e curiosidade.
Chegamos ao hotel morrendo de fome. Fomos até o quarto para deixar as malas e já começamos a (tentar) praticar os costumes daquele país: tirar os sapatos quando se entra no quarto, utilizar um chinelo para quarto, outro para banheiro, fazer uma pequena reverência como cumprimento e por aí vai.
O jantar japonês (pelo menos do hotel) tinha uma riqueza de detalhes e sabores que ia além de qualquer experiência gastronômica que tivéssemos conhecido. Além dos pratos virem bonitos, como eram perfumados e deliciosos e o atendimento possuía uma delicadeza que pouquíssimas vezes pude presenciar.
- Estamos se saindo até que bem, hein?, disse Du enquanto levava mais um copo de saquê à boca.
- Chega, chega!!. Amanhã você precisa levantar-se cedo. Se esqueceu?, reclamei.
- Tá bom, pode deixar!
Subimos para o quarto. Enquanto ele preparava o futton, eu escovava os dentes. Mesmo cansada, não queria dormir. Tinha tanta novidade, tanta coisa a ser descoberta, mas algo me dizia: "acalme-se, Cathe, as suas experiências não podem criar 'pernas' e saírem andando". Simplesmente, elas esperam que as conheça cada uma, sem pressa.
Mais tarde, aconcheguei-me ao seu lado. E quando começava a deixar o corpo relaxado, senti que ele me beijava levemente no rosto e descia para o pescoço....

Minutos mais tarde, quando estávamos mais calmos, as luzes que ultrapassam os vidros da janela, ainda insistiam chamar a minha atenção. Mas com insucesso, porque naquele momento, mais nada me importava. Estava à vontade, com a cabeça no seu peito e o pijama (assim como o dele) jogado no chão e longe do futton.
- Obrigado por ter vindo. Essa viagem seria sem graça sem você, disse ele sussurrando.
Esbocei um sorriso de satisfação e o cansaço gostoso me fez adormecer mais rápido. Porém, no meio da noite acordei sobressaltada. Não lembro com que tinha sonhado, mas me deixava aflita e com medo incompreensível. Inclinei o corpo em direção a ele, mas Edu estava dormindo tão tranquilo que dava para ouvir o ressoar da sua respiração. Afastei com força qualquer pensamento ou sensação que me deixava naquele estado, abalada. E com uma certa dificuldade, voltei a dormir.

Foram 30 dias surpreendentes, onde aprendemos um pouco de tudo: os costumes, novos pratos e cultura. Além disso, a viagem serviu de termômetro como estava nossa fluência que agora posso dizer: regular. Foi triste reconhecer que ainda havia muito a aprender.

Chegando ao Brasil, hora de desfazer a mala, redigir a reportagem e retomar a rotina.
Logo que cheguei, entreguei o texto e com o briefing das fotos. Consegui tirar muitas fotos e principalmente de garotas que saiam às ruas vestidas como fossem seus personagens preferidos. E isso é mais comum do que se imagina. Quando mostrei essas fotos para Patrícia, ela falou:
- Poxa, Cathe, a riqueza de detalhes! Que coisa maravilhosa! Pensando bem, acho que ainda vou dar um pulo lá. Olha essa menina vestida de bonequinha!
- Patrícia, essa é uma cosplayer que está representando a Shinku, personagem do anime Rozen Maiden.
- Quem diria, você é realmente uma viciada, disse rindo. - Preciso aprender ainda muito desse assunto. E se a Cecília ver isso, vai logo querer fazer algo parecido. É, mãe padece, completou como fosse um suspiro.
Quando ela disse essa última frase, deu-me um embrulho de estômago, um enjoo que não sabia explicar.
Voltei para a minha mesa meio febril, e preparei o briefing para orientar a arte na diagramação da matéria. O enjoo veio mais forte dessa vez, que tive que sair correndo para o banheiro.
Esse sintoma persistia pela manhã e passava no decorrer da tarde. Quando me dei conta, a minha menstruação estava atrasada. Não cheguei a falar nada para Eduardo. Até porque pensei que talvez só impressão. Ledo engano meu...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Reviravolta - Parte 6

Intemperança

Essa voz... essa voz tão conhecida, e que me trouxe tanta insegurança. Virei lentamente e lá estava ele, parado ao pé da porta da sala onde eu ficava quando que tinha que bater as últimas emendas....
- E te digo mais, você ficado cada vez mais bonita , completou.
- Obrigada, Giovanni ! Tudo bem com você ?, perguntei ríspida.
- Sim, um pouco cansado – disse pensativo com olhar perdido em um quadro que estava atrás de mim. De forma bem imprevisível, ele me encarou e foi direto ao assunto:
- Você está namorando? Percebi que você mudou o seu status.
Não sabia o que falar. Primeiro pensei em responder: "O que você tem a ver com isso? Quando te quis, você correu atrás daquela... daquela vaca! Agora que estou bem, com que direito você tem em tirar a minha paz?". Mas tudo que respondi foi:
- Sim. Sim, estou. E como você tem andando com a Berenice? – tentando disfarçar a raiva na voz.
- Estamos bem. Ela é muito boa.
Fique pensando: "Eu imagino em que...".
- Bem, não quero mais atrapalhar você. Aliás, parte do seu serviço fará que nós possamos sair mais cedo, não?
Quando ele disse, a minha primeira reação era xingá-lo. Mas que adiantava? É lógico que ele queria me provocar. E se eu respondesse, primeiro, com certeza perderia um dos meus frilas. Segundo, quem foi o estúpido da história foi ele e terceiro...bem, deixa pra lá.
A única coisa que respondi foi:
- É verdade. Vou continuar ...
- Bem, até logo.
- Mande lembranças à Berenice, disse em tom irônico.
- Mandarei.
E assim ele fechou a porta. Ainda tremia de raiva por dentro. Afinal, o conteúdo daquela conversa deixou-me tão irritada que tive que buscar um chá. Voltei, respirei fundo e retornei ao meu trabalho.
Soube na mesma semana, que Giovanni tinha ido visitar a irmã na Dinamarca. Mas não sei se tinha levado Berenice junto. Provavelmente, sim. Mas no fundo, no fundo... o que me importava?
Na semana seguinte, Eduardo veio me buscar no mesmo horário como de costume. Fomos em um restaurante italiano, no Bexiga, e conversamos por horas, tudo acompanhado por um bom vinho.
De repente:
- Posso te perguntar uma coisa?
- Lógico.
- Tenho uma reportagem para realizar e gostaria que você fosse comigo. Você topa?
Antes que perguntasse alguma coisa, ele completou:
- É bem longe...
- Longe ? Como assim?, perguntei.
- Hum...é em outro país.
- Caramba! Qual?
- Adivinha, desafiou sorrindo.
- Sei lá. Argentina?
Ele só balançou a cabeça negando.
- É mais longe?
- É, respondeu dando aquele sorriso como tivesse aprontando algo.
- Estados Unidos?
- Hum...passou longe.
- Poxa. Algum país da Europa?
- Ih, tá morno ainda...
- Fala logo, Du!
Ele riu e disse:
- Sabe que é? Fui escolhido para fazer uma reportagem sobre as indústrias automobilísticas japonesas que estão tendo lucros absurdos. E lógico, se são indústrias japonesas...
- Então é no Japão?, falei rapidamente nem deixando que ele completasse o resto da frase.
- Muito bem, garota, acertou!, respondeu sorrindo enquanto levava a taça de vinho à boca.
- Topo! Quando?
- Olha acho que daqui a um mês no máximo, é que preciso acertar os detalhes dos passaportes, os contatos. Bem, eles adoram marcar tudo com muito antecedência.
- Oba, Japão!!!, gritei feliz.
Na segunda, conversei com a Patrícia, a editora-chefe da revista de cultura, que trabalhava como freelancer fixa.
- Caramba, Cathe! Será que dá para fazer alguma matéria lá? Mas você não vai demorar, né?
- Não. Acho que no máximo será uns 15 dias a um mês. Nossa, Patrícia, se ficar complicado...
- Hum..- pensativa, ela continuou- dá para esperar.
- Por que, Patrícia?
- Gostaria que você assumisse o cargo de editora assistente. Assim a prepararia por uns 2 meses, aí eu tiraria as minhas férias merecidas.
Pronto, vou sofrer um enfarte, pensei. Não sabia se pulava, gritava ou a abraçava.
- Patrícia, que maravilhoso!!! Você está falando sério?
- Então faremos o seguinte, sabe aquela matéria de cosplayers que tanto você queria fazer? Pois então, você começa a realizar aqui em São Paulo e faz um comparativo como o pessoal de Tóquio. E assim que você terminar a reportagem, aí você assume o seu novo cargo. Topa?
- Claro!! Poxa, obrigada, Patrícia, disse superfeliz e no fim me vi a abrançando e ela soltou uma boa risada.
Mas, aí me lembrei que se quando eu voltasse, estaria em um cargo de editora assistente, isso incluía pedir afastamento do meu outro frila, a da editora das revistas de farmácia e medicina. Incluía também ficar longe dos fechamentos e o bom trabalho com a Marta.  Mas tinha um lado muito bom, ficar definitivamente longe de Giovanni. E assim o fiz. Expliquei os motivos e Marta entendeu. Apesar disso, mais tarde iríamos ter um contato além do profissional, tornaríamos amigas.
Depois de um mês, malas prontas, passaporte em dia. Lá estávamos no voo, rumo a Tóquio, Japão.

Reviravolta - Parte 6

Intemperança

Essa voz... essa voz tão conhecida, e que me trouxe tanta insegurança. Virei lentamente e lá estava ele, parado ao pé da porta da sala onde eu ficava quando que tinha que bater as últimas emendas....
- E te digo mais, você ficado cada vez mais bonita , completou.
- Obrigada, Giovanni ! Tudo bem com você ?, perguntei ríspida.
- Sim, um pouco cansado – disse pensativo com olhar perdido em um quadro que estava atrás de mim. De forma bem imprevisível, ele me encarou e foi direto ao assunto:
- Você está namorando? Percebi que você mudou o seu status.
Não sabia o que falar. Primeiro pensei em responder: "O que você tem a ver com isso? Quando te quis, você correu atrás daquela... daquela vaca! Agora que estou bem, com que direito você tem em tirar a minha paz?". Mas tudo que respondi foi:
- Sim. Sim, estou. E como você tem andando com a Berenice? – tentando disfarçar a raiva na voz.
- Estamos bem. Ela é muito boa.
Fique pensando: "Eu imagino em que...".
- Bem, não quero mais atrapalhar você. Aliás, parte do seu serviço fará que nós possamos sair mais cedo, não?
Quando ele disse, a minha primeira reação era xingá-lo. Mas que adiantava? É lógico que ele queria me provocar. E se eu respondesse, primeiro, com certeza perderia um dos meus frilas. Segundo, quem foi o estúpido da história foi ele e terceiro...bem, deixa pra lá.
A única coisa que respondi foi:
- É verdade. Vou continuar ...
- Bem, até logo.
- Mande lembranças à Berenice, disse em tom irônico.
- Mandarei.
E assim ele fechou a porta. Ainda tremia de raiva por dentro. Afinal, o conteúdo daquela conversa deixou-me tão irritada que tive que buscar um chá. Voltei, respirei fundo e retornei ao meu trabalho.
Soube na mesma semana, que Giovanni tinha ido visitar a irmã na Dinamarca. Mas não sei se tinha levado Berenice junto. Provavelmente, sim. Mas no fundo, no fundo... o que me importava?
Na semana seguinte, Eduardo veio me buscar no mesmo horário como de costume. Fomos em um restaurante italiano, no Bexiga, e conversamos por horas, tudo acompanhado por um bom vinho.
De repente:
- Posso te perguntar uma coisa?
- Lógico.
- Tenho uma reportagem para realizar e gostaria que você fosse comigo. Você topa?
Antes que perguntasse alguma coisa, ele completou:
- É bem longe...
- Longe ? Como assim?, perguntei.
- Hum...é em outro país.
- Caramba! Qual?
- Adivinha, desafiou sorrindo.
- Sei lá. Argentina?
Ele só balançou a cabeça negando.
- É mais longe?
- É, respondeu dando aquele sorriso como tivesse aprontando algo.
- Estados Unidos?
- Hum...passou longe.
- Poxa. Algum país da Europa?
- Ih, tá morno ainda...
- Fala logo, Du!
Ele riu e disse:
- Sabe que é? Fui escolhido para fazer uma reportagem sobre as indústrias automobilísticas japonesas que estão tendo lucros absurdos. E lógico, se são indústrias japonesas...
- Então é no Japão?, falei rapidamente nem deixando que ele completasse o resto da frase.
- Muito bem, garota, acertou!, respondeu sorrindo enquanto levava a taça de vinho à boca.
- Topo! Quando?
- Olha acho que daqui a um mês no máximo, é que preciso acertar os detalhes dos passaportes, os contatos. Bem, eles adoram marcar tudo com muito antecedência.
- Oba, Japão!!!, gritei feliz.
Na segunda, conversei com a Patrícia, a editora-chefe da revista de cultura, que trabalhava como freelancer fixa.
- Caramba, Cathe! Será que dá para fazer alguma matéria lá? Mas você não vai demorar, né?
- Não. Acho que no máximo será uns 15 dias a um mês. Nossa, Patrícia, se ficar complicado...
- Hum..- pensativa, ela continuou- dá para esperar.
- Por que, Patrícia?
- Gostaria que você assumisse o cargo de editora assistente. Assim a prepararia por uns 2 meses, aí eu tiraria as minhas férias merecidas.
Pronto, vou sofrer um enfarte, pensei. Não sabia se pulava, gritava ou a abraçava.
- Patrícia, que maravilhoso!!! Você está falando sério?
- Então faremos o seguinte, sabe aquela matéria de cosplayers que tanto você queria fazer? Pois então, você começa a realizar aqui em São Paulo e faz um comparativo como o pessoal de Tóquio. E assim que você terminar a reportagem, aí você assume o seu novo cargo. Topa?
- Claro!! Poxa, obrigada, Patrícia, disse superfeliz e no fim me vi a abrançando e ela soltou uma boa risada.
Mas, aí me lembrei que se quando eu voltasse, estaria em um cargo de editora assistente, isso incluía pedir afastamento do meu outro frila, a da editora das revistas de farmácia e medicina. Incluía também ficar longe dos fechamentos e o bom trabalho com a Marta.  Mas tinha um lado muito bom, ficar definitivamente longe de Giovanni. E assim o fiz. Expliquei os motivos e Marta entendeu. Apesar disso, mais tarde iríamos ter um contato além do profissional, tornaríamos amigas.
Depois de um mês, malas prontas, passaporte em dia. Lá estávamos no voo, rumo a Tóquio, Japão.

domingo, 22 de agosto de 2010

Reviravolta - Parte 5

Doçura

A aula tinha terminado e como de costume era esperada a reunião do pessoal. Mas estranhamente todos furaram, menos ele. Na época não tinha reparado que a intenção era de nos deixar sozinhos. Pensava que era a chuva que os tinha afugentados.
- Então, vamos almoçar? Estou morrendo de fome. Topa um yakissoba?
- Hum.. aquele que comemos uma vez no restaurante lá na Rua Galvão Bueno?
- Esse mesmo!  Nossa, ele é tão cremoso e tem tanto camarão...
- Para, para, que estou até salivando!
- Então vamos, Cathe, antes que a chuva nos pegue de novo!
Caminhamos da escola até o restaurante. No caminho havia tantas lojas, algumas que não davam para passar despercebidas . Quando entrei em uma delas, o olhei e fiquei com dó. Ele realmente parecia faminto.
- Desculpe, é que não tomei café da manhã. Sai correndo...
- E você está com cara de cansado, né? Balada?, perguntei meio divertida.
- Poxa, antes fosse...fechamento...
- Eu sei que é isso...
- Você também fica tão agitada e demora para pegar no sono?
- Sim, e geralmente me pego assistindo a algum filme antigo na TV para ver se sono chega.
- Oras, sou mais prático...
- O que você faz ?, perguntei curiosa.
- Leio um bom livro chato!
Caímos na risada e já estávamos na porta do restaurante. O almoço foi uma delícia, como sempre a comida oriental sempre me traz sabores, cores e cheiros que nenhuma outra me desperta o apetite e o paladar.
- Hum...sabe o que seria perfeito agora?, ele me perguntou.
Disse rápido e sem pensar muito:
- Um doce!
- Isso!! Perfeito, garota! Além de bonita, você lê mentes.
Só me lembro de ter soltado uma boa gargalhada.
Saímos do restaurante e já ameaçava a chover. No meio do caminho, ela nos pegou desprevenidos. Como não estávamos de guarda-chuva, ele tirou a sua jaqueta e a estendeu como uma tenda sobre nossas cabeças para proteger da chuva. Era divertido correr pela rua e as gotas caindo no rosto.
Assim que chegamos, na padaria na Rua dos Estudantes, ele abriu a porta para eu entrar primeiro.
- Hum... obrigada !, agradeci com uma reverência.
- De nada, desponha, respondeu ele.
Demorou para escolher qual tipo de doce que cada um ia saborear. Também a variedade era tanta e com tanta cor. "Nossa, como amo esse lugar", pensei.
Depois de ter colocados os doces com auxílio do pegador nas bandejas, dirigimos ao caixa.
- Deixa que eu pago. Faço questão!
- Mas você já pagou o almoço, retruquei. E aí o provoquei – Isso parece um encontro.
- É quase isso, respondeu ele com uma piscada de olho.
Subimos para o andar superior e a conversa continuou animada. Fiquei curiosa com aquela bebida estranha que se chamava pobá. E ele saboreava com tanto gosto.
- Parece esquisita, talvez quem inventou realmente curtia filme de ficção científica.
Ele riu e disse:
- Experimenta um pouquinho.
Inclinei a cabeça para descobrir qual o sabor daquela bebida misteriosa. Quando levantei-me fui surpreendida com um beijo.
Não sei quando tempo durou, tanto que perdi o senso de direção e do lugar que estava. Só o que queria era beijá-lo e beijá-lo cada vez mais. O cheiro doce que circulava na padaria, a respiração dele, tudo me deixava meio tonta, meio perdida, mas feliz.
Foi aí que iniciou nosso namoro. Engraçado, nós sempre acreditamos que é aquele homem por quem "cismamos" é o cara da nossa vida, mas mal sabia que o “cara” estava bem ao meu lado . Ele é doce, divertido, companheiro e no fundo, um romântico. E se eu tivesse me tocado antes, com certeza, já teria dado a chance para ele mais cedo.
Nós entendemos em todos os sentidos e muitas vezes um descobre o que o outro está pensando. Lógico, que tivemos que fazer alguns ajustes; relacionamento bom nunca nasce pronto.
Os amigos, parentes, colegas perceberam que nossos modos mudaram e surgiu um brilho nos olhos de cada um que não tinha aparecido antes. E quantas vezes, peguei-me rindo à toa, lembrando algo de engraçado que ele falou ou de uma situação divertida que passamos juntos.
Aquela noite não foi diferente. Estava em pleno fechamento ajudando a Marta a bater as últimas emendas de um texto complicadíssimo sobre negócios. A reportagem estava boa, apesar do assunto superchato, mas tinha tantos erros, que tivemos revê-la  várias vezes.
Um determinado trecho deixou-me confusa, e aí pedi ajuda para o Eduardo. Liguei pelo celular para tirar a dúvida. Ele me explicou de forma bem clara que entendi em poucos segundos, e de uma forma um tanto excêntrica, pegou como exemplo a minha própria vida financeira.
- Prometo que ainda coloco você nos eixos, disse ele rindo.
- Vai ser meio difícil, mas nada como ter um namorado jornalista com especialização em economia.
- Viu? A vida traz sempre algo que precisamos, completou.
- Hum...então ela poderia trazer aquele par de sapatos maravilhoso que vi semana passada...
- Deixa de ser picareta, disse rindo, conheço você. Tá me cantando para comprá-lo, né?
- É...não seria nada mal...
- Mas você é abusada, hein, mocinha? Duvido que ele já esteja aí com você em um pacote dourado daquela loja cara que vimos a semana passada. Aonde já se viu? Você largou a minha mão e foi correndo para a vitrine, mesmo com a loja fechada. Parecia uma criança em uma loja de doces.
Fique assustada. Como ele pode descobrir que eu o tinha comprado com o cartão de crédito? Ele é paranormal?
- Cathe, estou certo que você está com pacote aí?
Olhei apenas com canto dos olhos o pacote dourado encostado na mesa... Meio estupefata disse:
- Caramba, você não deixa escapar nada...
Ele caiu na risada e falou:
- Você é uma perdulária, mas te amo mesmo assim.
Depois que desligamos, olhei de novo para o pacote e comecei a rir. O danado pegava até quando eu aprontava com o cartão de crédito...
- Você está contente hoje...aliás, você tem andando muito contente.