domingo, 24 de maio de 2015

Fanfics e Fics–Especial Plágio


Anteriormente, abordei aqui, em duas partes, o mundo das fanfics e fics. Caso você não assitiu ou leu, aqui estão os links:
Por conta de uma praga que tem assolado tantas e tantas plataformas que os autores disponibilizam suas histórias gratuitamente, acho de sumo importância abordar: o plágio.
Mas afinal, o que é um plágio?
Segundo a definição do dicionário Houaiss é : “a apresentação feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual etc. produzido por outrem.”
Ou como o Wikipédia aponta:  “é o ato de assinar ou apresentar uma obra intelectual de qualquer natureza (texto, música, obra pictórica, fotografia, obra audiovisual, etc) contendo partes de uma obra que pertença a outra pessoa sem  colocar os créditos para o autor original. No ato de plágio, o plagiador apropria-se indevidamente da obra intelectual de outra pessoa, assumindo a autoria da mesma”.
Em outras palavras: aproveitar um texto de outrem, modificar alguns detalhes e assinar como seu.
Essa praga chamada plágio não é privilégio dos tempos atuais. Desde que o mundo é mundo, sempre haverá uma pessoa canalha e desonesta aproveitando da obra de uma outra pessoa. E não só na escrita não, já ocorreu na pintura, escultura, fotografia, entre outros.
E posso citar plágios históricos. Um deles oriunda do rapper Vanilla Ice, famoso nos anos 90. O “engraçadinho” chupou a melodia de “Under pressure” da banda Queen em seu (único) hit “Ice, Ice, baby”. Azar do “baunilha”, afinal ele teve que desembolsar uma boa grana para a banda.
Mas há outros que chegam a ser mais “clássicos”, como a treta entre (o nosso) Machado de Assis com o português Eça de Queirós. Machadão acusou-o de “chupar” ideias dos autores como Emilé Zola e Gustave Flaubert em suas obras. Na minha humilde opinião, Machado tem razão, sim! Sobretudo com “Madame Bovary” de autoria de Flaubert . Porque vejamos, quem leu “Primo Basílio”, sabe que Luísa, a protagonista, é uma mulher sonhadora, que vive no ócio, casada com Jorge e com vontade muito grande de viver como os romances de seus livros de caixa de sabão em pó (diga-se aí que é força de expressão e é evidente que não existia na época). Até chegar, Basílio, um cara calhorda que a “traça” sem dó e nem piedade. Pois é, mas se você que leu “Madame Bovary”, sabe que Emma é uma mulher burguesa, louca para sair daquela rotina enfadonha e se arrisca em um não, mas em vários casos extraconjugais. Com detalhe aí que a obra de Gustave Flaubert foi lançada em 1857 e de Eça? Chuta! Em 1878. Então, quem copiou quem?
O plágio na internet
Se o plágio já era uma prática recorrente em outros tempos, imagina com a internet, onde a legislação ainda engatinha. Não serei a primeira e nem a última a ser “roubada” na web. E principalmente quando falamos em fanfics e fics.
Mas como me faço para proteger?
Primeiro, se você tem uma obra pronta, a melhor coisa a se fazer é registra-la junto ao Escritório de Direitos Autorais com a Biblioteca Nacional (http://www.bn.br/servico/direitos-autorais) No site, você encontra tudo que precisa para registrar sua história. Apesar de tudo, cabe esperar o registro por pelo menos 3 meses. Só que... eles aceitam apenas obras terminadas.
Uma das evidências desse fato se deve ao Art. 8o, parág. 2das Normas do Escritório de Direitos Autorais.
“ O campo nº. páginas deve ser preenchido rigorosamente com o número total de páginas, incluindo capa, dedicatória, introdução, sumário (em havendo) e conteúdo , etc”
E quando eu tenho uma história em andamento?
Pois é, e é o que acontece na maioria das obras de fanfics e fics. Há alguns órgãos que realizam registro para obras em andamento. Um deles é essa aqui: Registro de obras, que descobri através do site Mesa do Editor. O preço sai o mesmo que a Biblioteca Nacional, R$ 20,00.
Por algum motivo, fica complicado você registrar, vai aí algumas dicas:
  • Documente tudo: inclusive a participação da sua beta e guarde-os em um pen-drive. Digo aqui, documentos em word, datas, modificações e por aí vai.
  • Se possível, publique-as em um blog próprio. Mas, algumas plataformas já asseguram em rapidez e agilidade nessa área de plágio. Disse algumas, entendeu? Não são todas que estão preparadas para isso. Infelizmente...
  • Ah, não jogue seus arquivos em Dropbox ou “nuvens” porque aí, meu amigo, minha amiga, já está colocando uma plaquinha: “Oh, pode plagiar!”.
Como sei que estou sendo plagiado(a)?
Há sites que ajudam a fazer um “pente fino” e encontrar plágio de sua obra. São eles:
Não dá para garantir 100%, mas que ajuda um bocadinho, ajuda. Vale contar com a boa ajuda dos seus leitores fiéis. Muitos avisam e denunciam os plágios para os autores.
Achei um plágio! O que faço?
Denuncie! Não espera para amanhã o que pode fazer hoje. De duas formas você pode denunciar: Direto com as plataformas ou na justiça. Não importa que você tenha ou não registro, a obra é sua, e isso é crime.
Nas plataformas, print tudo! E envie para os moderadores ou responsáveis. Consiga testemunhas e se possível faça um multirão para denunciar.
E não é demais repetir: plágio é CRIME! Seja sua obra é registrada ou não.
Durante uma palestra sobre autopublicação no Social Media Week, que aconteceu aqui em São Paulo (outubro de 2014), lembro-me que perguntei sobre plágio e medo que me ocorria em alguém querer roubar minha ideia (e que infelizmente, se concretizou). O professor José Goldfaber disse: “Não se sinta tão mal em ser plagiada. Isso significa que sua obra é boa e chamou a atenção”.
Mesmo assim, vale repetir aos engraçadinhos de plantão: plágio é CRIME.
Fontes: Dicionário Houaiss, Wikipédia, Biblioteca Nacional, Registro de Obras e Cultura de Travesseiro

3 comentários:

Ana disse...

Estou escrevendo uma fanfic enorme, e achei sua dica extremamente útil! Nunca cheguei a cogitar essa possibilidade, mas teria muita raiva se, no final, ela acabasse plagiada por qualquer pessoa, que não teve o trabalho que tive para desenvolvê-la.
Você saberia me dizer se é possível fazer esse registro para fanfics? Os direitos autorais da obra original não interferem?
Muito obrigada pela matéria extremamente informativa e pela atenção!

Juliana Rizzutinho disse...

Boa noite, Ana! Tudo bem? Pois é, se você diz sobre registro de fanfics, fica difícil. Isso porque já estamos desenvolvendo uma história com personagens de outros autores, e no caso do registro é só para personagens, história, enredo, enfim, originais. Como você percebeu, sou aficcionada em Hakushaku to Yousei, então, você pode usar esse texto singelo, mas esclarecedor na sinopse de sua história: "Os personagens de Hakushaku to Yousei não me pertencem e sim à maravilhosa Mizue Tani. Fanfic feita de uma fã para fãs.
Plágio é crime, seja original, faça o seu."
Espero ter te ajudado! Bjs e obrigada por nos prestigiar :)

Ana disse...

Boa tarde, Juliana!
Tudo ótimo comigo, e com você?
É, eu bem pensei que para fanfic isso não iria funcionar, mas ressalto que ficarei muito brava se alguém me plagiar hahahaha
Muito obrigada pela resposta esclarecedora e pelo seu modelo de texto. Irei usá-lo como base para montar o meu, relativo aos autores e obra, pois infelizmente não é sobre Hakushaku to Yousei.
Muito obrigada pela atenção!
Beijos