sábado, 3 de agosto de 2013

O Rapto do Filho do Conde–Capítulo VII

(fanfic para o anime/mangá Hakushaku to Yousei)
Edgar acordou no meio de uma escuridão. Ouvia-se pequenos sussurros, pedidos de ajuda e murmúrios de agonia espalhados pelo lugar. Viu-se sujo, mais novo e muito machucado. Vestia apenas um camisolão branco puído. Sentia frio, fome, medo. Parecia que tinha voltado à época da tortura, do desespero e da humilhação, o tempo que foi obrigado a servir ao Príncipe, um escravo, um ninguém. De repente, ele ouviu passos. O ar ficou carregado e sua respiração pesada, rápida e difícil de ser controlada. Então, eis que…
Ele viu um rapaz alto, magro, de olhos violetas-acinzentados, mas que carregava uma profunda tirania, uma frieza que congelava o ar. Ele vestia-se muito imponente, fraque negro, camisa branca, e o que mais destacava era a sua gravata vermelha que parecia pedir atenção. Sua capa e sobrecasaca, bem como toda vestimenta apresentavam brocados de ouro.  Porém, algo que mais impressionava eram as manchas de sangue, aqui e acolá espalhadas pela capa. E ele pensou: “ – Não pode ser…”
- Pode sim, lord Edgar, sou você, caso continuasse com o Príncipe. Aliás, eu sou o novo Príncipe! E o que faz o senhor do Condado Ibrazel vestido desse jeito?
Edgar levantou-se devagar e não conseguia acreditar que aquele na sua frente era ele. Pelo reflexo dos olhos do seu oponente se viu sujo, quase nu, sem um pingo de dignidade.
- Então, meu caro. O que veio fazer aqui?
- Te matar!, disse entre os dentes.
- Me matar?, e soltou uma sonora gargalhada que até jogou sua cabeça para trás. – Ah, Edgar, você faz-me rir. E mudando de tom rapidamente: – Não vê que se você fizer isso, irá  suicidar-se?
- Que seja! Não quero ser você!
- Eu sou você! A parte que você mais nega! – E enquanto falava foi surgindo pequenas cenas do seu passado: o assassinato de seus pais, o rapto, a humilhação. As experiências, como a implantação das memórias do Príncipe para ser o seu sucessor. Como Ermine lhe foi dada como escrava sexual, mas que no fundo virou uma grande amiga, assim como o suicídio da mesma. A escapada alucinada da América para Inglaterra, depois de ser acusado como um frio e sanguinário assassino…
Edgar, a sombra, jogou a Espada Merrow em direção a Edgar com um chute.
- Vamos, mostre-me o que você é capaz. Mas antes…
Quando Edgar tocou a espada, suas vestimentas transformaram-se um belo fraque verde-oliva. Mais velho e confiante, segurou a espada e encarou o oponente.
- Vamos, o que está esperando, rapaz? – indagou Edgar, a sombra, em tom de provocação.
Edgar correu contra o oponente para atacá-lo, mas não sabe como viu-se no chão caído. Foi um lance muito ágil e brusco.
- Tsc, tsc, fraco, muito fraco! Vamos de novo?, ironizou Edgar, a sombra.
Os dois começaram a lutar com lances mais rápidos e quem estivesse naquela hora, não conseguiria acompanhar. Quando as espadas se cruzaram, Edgar, a sombra disse: – Sabe qual é o seu erro?
-Não quero saber!
- Bem, mesmo assim vou dizer: a troco do que você segura a Espada Merrow? Para você é um enfeite luxuoso de um nobre?
Edgar, impaciente, forçou mais ainda a Espada contra a sua sombra. Conseguiu empurrá-lo para trás, mas esse contra-atacou e de novo se viu encurralado, sempre na defensiva.
- Sim, Edgar, esse é seu erro… Em algum lugar na sua mente, acredita que ela irá resgatar todo seu passado… E sabe o que pior? Casou-se com a mulher que você raptou para conseguir a Espada…
- Não me diga bobagens!! Eu amo Lydia!!
Agora deu um afundo que foi espetacularmente desviado pelo Edgar, sombra. E de novo se viu encurralado, espada contra espada.
- Sim, sim, senhor manipulador e língua ferina. No entanto, tornou-se o que eu sempre quis ser… um “nobre”. Mas aí vem um fairy doctor de merda e provoca a menininha chorona que tem dentro de você!
Edgar ficou tão nervoso que forçou novamente o oponente, querendo levá-lo ao chão.
- Não sou uma menininha chorona!
- Ah, sim! – disse Edgar, a sombra de um modo sarcástico: – Pobre Edgar, sofreu tanto! Tiraram todo as suas regalias e te fizeram trabalhar como gente grande… – o provocou fazendo uma voz de criança.
- Mataram meus pais, roubaram meu futuro! Tive construí-lo em cima de um monte de mentiras. Isso é brilhante?– completou Edgar mais furioso ainda.
- No entanto, você conseguiu a Espada e achou que sua vingança iria ao seu bel-prazer, não é, grande tolo??! Quando conseguiu passar em cima de tudo isso, o que acontece? Seu filhinho querido é raptado! Aí nosso herói foi resgatá-lo! Se achou muito pomposo só por ter uma Espada poderosa! E achou que o Príncipe é um idiota como você?
- Não que ele seja idiota! Ele é cruel! Jurei por essa Espada proteger aos que amo e aos mais fracos, vou até o fim!
Edgar empurrou com mais força contra a espada do oponente e conseguiu levá-lo ao chão, perdendo o total controle. Edgar, a sombra ainda o provocou:
- E não é que a menininha chorona me derrubou?
Então, Edgar estendeu o braço de tal modo que a Espada Merrow tocava a garganta do oponente.
- E agora, quem é a menininha chorona?, perguntou totalmente confiante e olhando profundamente nos olhos do oponente.
- Tudo bem! Tudo bem! Eu desisto. – e então o Edgar, a sombra, retirou entre os brocados um broche de ouro ornamentado com uma pedra-do- sol e entregou para Edgar.
- Volte para sua vida e use-o na próxima batalha. Dessa vez, o seu maior oponente será aquele que roubou seu passado e por pouco o seu futuro.
O conde abaixou a espada e deu a mão para oponente, que aceitou. Ainda ajeitando suas roupas:
- Agora, vá, Edgar! Mas volte quando quiser lutar. Afinal, somos dois briguentos, não?
Edgar sorriu e sentiu uma leve tontura que o fez desmaiar. Quando abriu os olhos viu Tytânia, Kelpie, Lugh e Sereia ao seu redor, e então esta última falou: – Seja bem-vindo de volta!

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