sábado, 25 de dezembro de 2010

A Tríade Sagrada da ZL: Toco, Overnight & Contramão

Quando se fala sobre a Zona Leste, o que te lembra? Metrô lotado? Praxe! Parque São Jorge, Corinthians? Hum...novidade... Um amontoado de gente por todos os lados?
Bem, enfim...sem contar que os primeiros indícios de greve, enchente, problemas nas linhas da CPTM ou Metrô é quase uma rotina. Mas apesar de tudo isso, nada e ninguém consegue tirar o ar de festeiros que os moradores da famosa ZL têm.
Digo isso, porque aqui, estabeleceram-se três casas... três lugares que deixariam qualquer casa noturna da Vila Olímpia ou do Jardins com inveja. Não só pelo público, mas pelo clima, agitação e alegria. Três casas que quando são ditas, ainda hoje, despertam nostalgia, saudades e com certeza, respeito. São elas: Toco, Overnight e Contramão.
Agora, você vai conhecer a vida dessas três casa que fizeram a história e, sem dúvida, influenciaram gerações na região da Zona Leste.

Toco

Vila Matilde, 1972. Nascia uma Mega Danceteria, um sonho realizado de empresários que animavam bailes de formatura. O salão abrigava uma pista gigantesca, mezanino e lógico uma pirotecnia de luzes e sons que nunca se tinha visto na região da Zona Leste.
Localizada na frente de uma pracinha, era muito comum, a agitação começar já do lado de fora. Eram carros passando para lá e pra cá, pessoal comendo cachorro quente ou “esquentando os motores” com algumas doses de cuba-libre servidas em barraquinhas improvisadas.
Mesmo tendo capacidade para 4 mil pessoas, era comum a Toco ainda deixar gente de fora. Mas quem se importava? Afinal, a casa tinha um poder tão contagiante que mesmo assim a festa se estendia até na rua.
A casa presenciou o surgimento da Disco Music, nos anos 70 acolheu shows como Queen e KC & The Sunshine Band. Mais tarde, no final dos anos 80, recepcionou com honras o nascimento da House Music, e aí vieram apresentações de Information Society e Technotronic.
Eu mesma fui uma de suas assíduas frequentadoras, nas famosas matinês de domingo... Lá dancei ao som de Noel, S-Express e tantos outros... Como minha mãe não gostava muito que fosse nesses lugares, inventava a desculpa que iria estudar...sei, e que estudo de dança, hein?
Nos anos 90, a Toco foi pioneira em acolher um novo tipo de som, o Jungle. Pois é, o Jungle é percussor da tão famosa Drum´n´Bass. Foi lá que Dj Marky apareceu pela primeira vez e aí surgiu os primórdios da música eletrônica brasileira.
A casa fechou em 1997, deixando milhares de órfãos na região e uma saudade infinita.

Overnight

1988, Mooca, Rua Juvenal Parada. O empresário Carmo Crunfli e alguns sócios fundaram a casa que seria por excelência, berço de vários DJs do cenário da música eletrônica brasileira, a Overnight.
O forte da Over (para os íntimos) foi a House Music, apesar de tocar todos os estilos. Sua decoração era pra lá de requintada: chão carpetado (menos a pista), paredes espelhadas, jogo de luzes e um bar que deixava qualquer um de boca aberta. A tecnologia de som e iluminação da casa sempre foi de última geração.
Na casa passaram os DJs: Mau-Mau, o mestre Patife, Renato Lopes, Sasha, sem contar o maravilhoso Grace Kelly Dum e o mágico Andy.
O encerramento das atividades aconteceu em 2004, com uma festa pra lá de animada e comandada pelo DJ Andy. Apesar de ter sido alto astral, a tristeza pairava no ar e a Mooca ficou de luto.

Contramão

Tatuapé, Rua Coelho Lisboa, 1980. Nascia uma casa com conceito onde dançar era além de mexer o esqueleto. Estamos falando da Contramão.
Ela não era tão grande como a Toco, mas a energia, a vibração e o agito eram no mesmo nível.
O ponto de encontro era a Praça Silvio Romero, depois, o pessoal ia seguindo pela Coelho Lisboa rumo a uma das matinês mais animadas de São Paulo. Lá, o bicho pegava! Quem não se lembra dos passos “chicotinho”, “pula-vira” tão famosos no final dos anos 80? Foi na Contramão que eles foram criados.
O bacana da casa é que os DJs ficavam numa cabine como fosse um globo todo recortado bem no centro da pista. E que loucura eram aqueles luzes. E quando o DJ dava os primeiros acordes de “Silent Morning” do Noel durante “Blue Monday” do New Order? A casa quase vinha abaixo!
Mas infelizmente, em 1992, a Contramão diz adeus e fecha as suas portas.

A saudade era tanta que no meio dos anos 2000, uma turma de malucos reúnem-se para promover revivals recordando justamente o clima dessas três casas.
Uma vez por mês, os órfãos dessas três casas encontram-se para matar a saudades dos velhos tempos. Geralmente, o ponto de encontro é no Cabral, uma casa que fica entre a região do Tatuapé e Belenzinho.
Mas também já aconteceram festas nas próprias casas como na Toco e na Contramão. Aliás, a Toco reabriu com outro nome e para um público totalmente diferente. A Contramão, hoje é Aldeia do Taco. No revival que aconteceu lá, era gritante a comparação do público que veio ao revival do que atual pessoal que frequenta a casa: acostumados com o irritante Psy, que não faz dançar e pior, dá uma dor de cabeça horrível!
No Cabral, cada pista é dedicada a um tipo de música: anos 70 e 80, flash house e undergound. Aliás, a minha preferida é a Underground. Quando Grace Kelly Dum, Andy, Barney e Marky estão no comando, parece que você é transportado ao bom e velho tempo dos clubbers, cybermanos, Mercado Mundo Mix e todo movimento do paz, união e respeito.
Mas o revival mais inesquecível foi o que aconteceu no dia 15 de maio de 2010 na antiga Toco. Apesar de ter recebido uma pintura mais escura, o espaço ter diminuído, a Toco continua a mesma...Linda, leve, brincalhona e acolhedora. O mesmo clima de festa, paz e união estava lá!
Lembro-me que quando entrei na casa, estava tocando “Never Gonna Give You Up”, do Rick Astley. O pessoal fazendo passinho, o jogo de luzes, a energia, a vibração. Pensei: “É, Toco, você não morreu, vai viver para sempre em nossas memórias e corações”.
Sem contar, que no finalzinho da festa (para quem pôde ficar), quem discotecou foi o monstro DJ Ricardo Guedes, que nos deixou um mês depois...E ainda me lembro que ajoelhei e o reverenciei.
Pois é... quem as frequentou sabe que em nenhum região da capital paulistana acolhe (ou acolheu) três casas mágicas como essas. Por isso mesmo, chamo-as de tríade sagrada da ZL.
Para dar um gostinho aí vai um trecho do vídeo comemorativo das casas. E que a festa continue!

A Tríade Sagrada da ZL: Toco, Overnight & Contramão

Quando se fala sobre a Zona Leste, o que te lembra? Metrô lotado? Praxe! Parque São Jorge, Corinthians? Hum...novidade... Um amontoado de gente por todos os lados?
Bem, enfim...sem contar que os primeiros indícios de greve, enchente, problemas nas linhas da CPTM ou Metrô é quase uma rotina. Mas apesar de tudo isso, nada e ninguém consegue tirar o ar de festeiros que os moradores da famosa ZL têm.
Digo isso, porque aqui, estabeleceram-se três casas... três lugares que deixariam qualquer casa noturna da Vila Olímpia ou do Jardins com inveja. Não só pelo público, mas pelo clima, agitação e alegria. Três casas que quando são ditas, ainda hoje, despertam nostalgia, saudades e com certeza, respeito. São elas: Toco, Overnight e Contramão.
Agora, você vai conhecer a vida dessas três casa que fizeram a história e, sem dúvida, influenciaram gerações na região da Zona Leste.

Toco

Vila Matilde, 1972. Nascia uma Mega Danceteria, um sonho realizado de empresários que animavam bailes de formatura. O salão abrigava uma pista gigantesca, mezanino e lógico uma pirotecnia de luzes e sons que nunca se tinha visto na região da Zona Leste.
Localizada na frente de uma pracinha, era muito comum, a agitação começar já do lado de fora. Eram carros passando para lá e pra cá, pessoal comendo cachorro quente ou “esquentando os motores” com algumas doses de cuba-libre servidas em barraquinhas improvisadas.
Mesmo tendo capacidade para 4 mil pessoas, era comum a Toco ainda deixar gente de fora. Mas quem se importava? Afinal, a casa tinha um poder tão contagiante que mesmo assim a festa se estendia até na rua.
A casa presenciou o surgimento da Disco Music, nos anos 70 acolheu shows como Queen e KC & The Sunshine Band. Mais tarde, no final dos anos 80, recepcionou com honras o nascimento da House Music, e aí vieram apresentações de Information Society e Technotronic.
Eu mesma fui uma de suas assíduas frequentadoras, nas famosas matinês de domingo... Lá dancei ao som de Noel, S-Express e tantos outros... Como minha mãe não gostava muito que fosse nesses lugares, inventava a desculpa que iria estudar...sei, e que estudo de dança, hein?
Nos anos 90, a Toco foi pioneira em acolher um novo tipo de som, o Jungle. Pois é, o Jungle é percussor da tão famosa Drum´n´Bass. Foi lá que Dj Marky apareceu pela primeira vez e aí surgiu os primórdios da música eletrônica brasileira.
A casa fechou em 1997, deixando milhares de órfãos na região e uma saudade infinita.

Overnight

1988, Mooca, Rua Juvenal Parada. O empresário Carmo Crunfli e alguns sócios fundaram a casa que seria por excelência, berço de vários DJs do cenário da música eletrônica brasileira, a Overnight.
O forte da Over (para os íntimos) foi a House Music, apesar de tocar todos os estilos. Sua decoração era pra lá de requintada: chão carpetado (menos a pista), paredes espelhadas, jogo de luzes e um bar que deixava qualquer um de boca aberta. A tecnologia de som e iluminação da casa sempre foi de última geração.
Na casa passaram os DJs: Mau-Mau, o mestre Patife, Renato Lopes, Sasha, sem contar o maravilhoso Grace Kelly Dum e o mágico Andy.
O encerramento das atividades aconteceu em 2004, com uma festa pra lá de animada e comandada pelo DJ Andy. Apesar de ter sido alto astral, a tristeza pairava no ar e a Mooca ficou de luto.

Contramão

Tatuapé, Rua Coelho Lisboa, 1980. Nascia uma casa com conceito onde dançar era além de mexer o esqueleto. Estamos falando da Contramão.
Ela não era tão grande como a Toco, mas a energia, a vibração e o agito eram no mesmo nível.
O ponto de encontro era a Praça Silvio Romero, depois, o pessoal ia seguindo pela Coelho Lisboa rumo a uma das matinês mais animadas de São Paulo. Lá, o bicho pegava! Quem não se lembra dos passos “chicotinho”, “pula-vira” tão famosos no final dos anos 80? Foi na Contramão que eles foram criados.
O bacana da casa é que os DJs ficavam numa cabine como fosse um globo todo recortado bem no centro da pista. E que loucura eram aqueles luzes. E quando o DJ dava os primeiros acordes de “Silent Morning” do Noel durante “Blue Monday” do New Order? A casa quase vinha abaixo!
Mas infelizmente, em 1992, a Contramão diz adeus e fecha as suas portas.

A saudade era tanta que no meio dos anos 2000, uma turma de malucos reúnem-se para promover revivals recordando justamente o clima dessas três casas.
Uma vez por mês, os órfãos dessas três casas encontram-se para matar a saudades dos velhos tempos. Geralmente, o ponto de encontro é no Cabral, uma casa que fica entre a região do Tatuapé e Belenzinho.
Mas também já aconteceram festas nas próprias casas como na Toco e na Contramão. Aliás, a Toco reabriu com outro nome e para um público totalmente diferente. A Contramão, hoje é Aldeia do Taco. No revival que aconteceu lá, era gritante a comparação do público que veio ao revival do que atual pessoal que frequenta a casa: acostumados com o irritante Psy, que não faz dançar e pior, dá uma dor de cabeça horrível!
No Cabral, cada pista é dedicada a um tipo de música: anos 70 e 80, flash house e undergound. Aliás, a minha preferida é a Underground. Quando Grace Kelly Dum, Andy, Barney e Marky estão no comando, parece que você é transportado ao bom e velho tempo dos clubbers, cybermanos, Mercado Mundo Mix e todo movimento do paz, união e respeito.
Mas o revival mais inesquecível foi o que aconteceu no dia 15 de maio de 2010 na antiga Toco. Apesar de ter recebido uma pintura mais escura, o espaço ter diminuído, a Toco continua a mesma...Linda, leve, brincalhona e acolhedora. O mesmo clima de festa, paz e união estava lá!
Lembro-me que quando entrei na casa, estava tocando “Never Gonna Give You Up”, do Rick Astley. O pessoal fazendo passinho, o jogo de luzes, a energia, a vibração. Pensei: “É, Toco, você não morreu, vai viver para sempre em nossas memórias e corações”.
Sem contar, que no finalzinho da festa (para quem pôde ficar), quem discotecou foi o monstro DJ Ricardo Guedes, que nos deixou um mês depois...E ainda me lembro que ajoelhei e o reverenciei.
Pois é... quem as frequentou sabe que em nenhum região da capital paulistana acolhe (ou acolheu) três casas mágicas como essas. Por isso mesmo, chamo-as de tríade sagrada da ZL.
Para dar um gostinho aí vai um trecho do vídeo comemorativo das casas. E que a festa continue!

domingo, 24 de outubro de 2010

Onde ir em São Paulo – Restaurante Japoneses


Adoro comida japonesa. O tempero, a apresentação e o aroma da gastronomia do Sol Nascente é de tirar o fôlego. Ao menos para mim, uma descendente de italianos que vive uma onda otaku desde o começo do ano. E por se tão apaixonada por esses sabores exóticos, aproveito para indicar restaurantes que fui e aprovei. É lógico que comi em vários, mas por um ponto ou outro, foram esses que me marcaram.

Anota aí na sua agenda para você visitar:

Kotobiya

Quem o vê de fora em pleno bairro de Moema, acredita que não é um lugar de grandes surpresas. Ledo engano... Logo na entrada, geralmente alguém da casa, inclusive o sushiman, o cumprimenta em japonês. Acredito que a maioria não sabe falar a língua, mas aproveite para acenar a cabeça e sorrir porque é o princípio de uma estadia divertida e apetitosa. Digo divertida porque há a televisão sempre está ligada no canal NHK, o mais famoso do Japão. Tem também uma geladeira com água com vários sabores e em embalagens meio futuristas.

A comida é farta, apetitosa e ainda por cima com preço bacana. Aproveite para saborear teishoku kotobiya que vem tempura de legumes, um camarão e outro de peixe, cinco sushis e dez fatias de sashimi. E duvido que você não irá levar alguma lembrancinha de lá... não vou falar mais, porque é ver pra crer.

Avenida Cotovia, 287 – Moema – Tel. (11) 5536-9279
Horário de funcionamento: Terça a Domingo – 19 às 23 hs. Aos sábados e domingos abre para o almoço das 12 às 16 hs.

Banri

Aqui já é um local que traz mais opções chinesas (o que não deixa de ser uma delícia). Aliás, esse restaurante está no fundo de um pequeno café e do lado uma mercearia. Fica no bairro com coração oriental de São Paulo: a Liberdade. E ainda por cima tem pratos que dá para serem divididos em duas pessoas. Caso você queira pode pedir meia porção.

É engraçado, mas toda vez que vou lá, parece que a qualquer momento entrará o bando dos 88 loucos do Kill Bill! Um ar meio Yakuza, mas também parece que a família do Ranma Saotome (Ranma 1/2) irá chegar para almoçar ou jantar. O atendimento é um pouco demorado e atrapalhado. Mas vale a pena experimentar.

E se você gosta de yakissoba, experimente o de frutos do mar e aproveite para pedir um pão chinês de entrada. E fique tranquilo, o preço é camarada.

Rua Galvão Bueno, 160 – Liberdade – Tel. (11) 3208-7232
Horário de funcionamento: Terça à sábado das 11 às 22:30 hs e os domingos e segunda das 11 às 20 hs.


Semi Yakitori

Toda vez que volto do cabeleireiro, aproveito para passar nesse pequeno e charmoso restaurante no Tatuapé. Fico horas conversando com uma das donas, que é uma graça, sobre mangás, animes e tudo sobre cultura oriental.

O restaurante oferece os famosos yakitori que são espetinhos orientais. Hum... o cheirinho da grelha enquanto eles estão assando é uma maravilha.
Lá, você pode pedir o rodízio de temaki, que vem como entrada um guioza, uma porção de yakissoba, sopa de abóbora e shimeji. Depois você anota em papel quais sabores de temaki e yakitori que quer comer. E você pode repetir!

Um dos muitos pontos que me atrai nesse lugar é o yakissoba. A origem da palavra significa macarrão frito. E o pessoal leva realmente a sério a definição: ele é crocante e cremoso. Outra dica legal é o chá gelado. Para adoçá-lo vem um melado que deve ser colocado aos pouquinhos.
E posso te garantir, você sai satisfeito.

Rua Itapura, 1434 – Tatuapé – Tel. (11) 2361-7000

Restaurante Makoto
Quem diria que o Hotel Nikkey na Liberdade “guardaria” a sete chaves um restaurante tão gostoso? No dia que fui fiquei apaixonada porque dependendo do lugar do restaurante, você precisa tirar os sapatos. O atendimento é delicado, eficiente e bem simpático. O que peca um pouco é o cheiro do local. Talvez por causa do aquário cheio de carpas.

O clima é como se fosse realmente estivesse no Japão: roda de senhores conversando em japonês, comida muito bem decorada e farta. O preço é salgadinho, mas compensa.
Lá, finalmente consegui experimentar uma das comidas que aparece no mangá Ranma ½, o okonomiyaki, um misto de pizza com omelete recheado de legumes, frutos do mar e carnes. Uma delícia!

Rua Galvão Bueno, 425 – Liberdade – Tel. (11) 3207-8511

Cia Oriental

Sem brincadeira, aqui experimentei um dos melhores teppan yaki de frutos do mar da minha vida. O prato vem com misoshiro, gohan, uma saladinha de frutos do mar e muito, muito camarão, lula e legumes.
O restaurante está localizado no Shopping Sogo, em pleno bairro da Liberdade. E você tem duas opções: self service ou la carte. Sugiro a la carte não só pela acomodação, mas os pratos são mais caprichados.
Vale lembrar que o atendimento é demoradinho e nem sempre atencioso, mas os outros quesitos compensam uma passada.

Rua Galvão Bueno, 40/44 – Liberdade -Tel. (11) 3277- 6971
3º andar: Self service
4º andar: La carte

Hum... vou parar por aqui porque a fome está apertando e Itadakimasu!

Onde ir em São Paulo – Restaurante Japoneses


Adoro comida japonesa. O tempero, a apresentação e o aroma da gastronomia do Sol Nascente é de tirar o fôlego. Ao menos para mim, uma descendente de italianos que vive uma onda otaku desde o começo do ano. E por se tão apaixonada por esses sabores exóticos, aproveito para indicar restaurantes que fui e aprovei. É lógico que comi em vários, mas por um ponto ou outro, foram esses que me marcaram.

Anota aí na sua agenda para você visitar:

Kotobiya

Quem o vê de fora em pleno bairro de Moema, acredita que não é um lugar de grandes surpresas. Ledo engano... Logo na entrada, geralmente alguém da casa, inclusive o sushiman, o cumprimenta em japonês. Acredito que a maioria não sabe falar a língua, mas aproveite para acenar a cabeça e sorrir porque é o princípio de uma estadia divertida e apetitosa. Digo divertida porque há a televisão sempre está ligada no canal NHK, o mais famoso do Japão. Tem também uma geladeira com água com vários sabores e em embalagens meio futuristas.

A comida é farta, apetitosa e ainda por cima com preço bacana. Aproveite para saborear teishoku kotobiya que vem tempura de legumes, um camarão e outro de peixe, cinco sushis e dez fatias de sashimi. E duvido que você não irá levar alguma lembrancinha de lá... não vou falar mais, porque é ver pra crer.

Avenida Cotovia, 287 – Moema – Tel. (11) 5536-9279
Horário de funcionamento: Terça a Domingo – 19 às 23 hs. Aos sábados e domingos abre para o almoço das 12 às 16 hs.

Banri

Aqui já é um local que traz mais opções chinesas (o que não deixa de ser uma delícia). Aliás, esse restaurante está no fundo de um pequeno café e do lado uma mercearia. Fica no bairro com coração oriental de São Paulo: a Liberdade. E ainda por cima tem pratos que dá para serem divididos em duas pessoas. Caso você queira pode pedir meia porção.

É engraçado, mas toda vez que vou lá, parece que a qualquer momento entrará o bando dos 88 loucos do Kill Bill! Um ar meio Yakuza, mas também parece que a família do Ranma Saotome (Ranma 1/2) irá chegar para almoçar ou jantar. O atendimento é um pouco demorado e atrapalhado. Mas vale a pena experimentar.

E se você gosta de yakissoba, experimente o de frutos do mar e aproveite para pedir um pão chinês de entrada. E fique tranquilo, o preço é camarada.

Rua Galvão Bueno, 160 – Liberdade – Tel. (11) 3208-7232
Horário de funcionamento: Terça à sábado das 11 às 22:30 hs e os domingos e segunda das 11 às 20 hs.


Semi Yakitori

Toda vez que volto do cabeleireiro, aproveito para passar nesse pequeno e charmoso restaurante no Tatuapé. Fico horas conversando com uma das donas, que é uma graça, sobre mangás, animes e tudo sobre cultura oriental.

O restaurante oferece os famosos yakitori que são espetinhos orientais. Hum... o cheirinho da grelha enquanto eles estão assando é uma maravilha.
Lá, você pode pedir o rodízio de temaki, que vem como entrada um guioza, uma porção de yakissoba, sopa de abóbora e shimeji. Depois você anota em papel quais sabores de temaki e yakitori que quer comer. E você pode repetir!

Um dos muitos pontos que me atrai nesse lugar é o yakissoba. A origem da palavra significa macarrão frito. E o pessoal leva realmente a sério a definição: ele é crocante e cremoso. Outra dica legal é o chá gelado. Para adoçá-lo vem um melado que deve ser colocado aos pouquinhos.
E posso te garantir, você sai satisfeito.

Rua Itapura, 1434 – Tatuapé – Tel. (11) 2361-7000

Restaurante Makoto
Quem diria que o Hotel Nikkey na Liberdade “guardaria” a sete chaves um restaurante tão gostoso? No dia que fui fiquei apaixonada porque dependendo do lugar do restaurante, você precisa tirar os sapatos. O atendimento é delicado, eficiente e bem simpático. O que peca um pouco é o cheiro do local. Talvez por causa do aquário cheio de carpas.

O clima é como se fosse realmente estivesse no Japão: roda de senhores conversando em japonês, comida muito bem decorada e farta. O preço é salgadinho, mas compensa.
Lá, finalmente consegui experimentar uma das comidas que aparece no mangá Ranma ½, o okonomiyaki, um misto de pizza com omelete recheado de legumes, frutos do mar e carnes. Uma delícia!

Rua Galvão Bueno, 425 – Liberdade – Tel. (11) 3207-8511

Cia Oriental

Sem brincadeira, aqui experimentei um dos melhores teppan yaki de frutos do mar da minha vida. O prato vem com misoshiro, gohan, uma saladinha de frutos do mar e muito, muito camarão, lula e legumes.
O restaurante está localizado no Shopping Sogo, em pleno bairro da Liberdade. E você tem duas opções: self service ou la carte. Sugiro a la carte não só pela acomodação, mas os pratos são mais caprichados.
Vale lembrar que o atendimento é demoradinho e nem sempre atencioso, mas os outros quesitos compensam uma passada.

Rua Galvão Bueno, 40/44 – Liberdade -Tel. (11) 3277- 6971
3º andar: Self service
4º andar: La carte

Hum... vou parar por aqui porque a fome está apertando e Itadakimasu!

domingo, 19 de setembro de 2010

Reviravolta - Última Parte

Revelação

Depois disso, voltei para cozinha e fiquei sentada olhando para carta. O chá esfriando e os meus olhos quase marejando. Por que o passado queria bater novamente à porta se ele estava morto?
- Você não vai abrir a carta?
Levantei os olhos e Edu me encarava.
- Acho que vou jogar no fogo, queimar...
- Cathe, ele não está mais entre nós. E sei que antes de me conhecer você chegou a amá-lo.
Amar é algo muito forte, não sei se era amor, porque a dor era um sentimento muito mais constante do que o aconchego, do que o conforto.
Suspirei e disse:
- Está bem!
E fui abrindo a carta.
- Cathe, você quer que a deixei sozinha? Acho que esse momento ...
- Não, espere!
- Cathe...
- Então vou para quarto e leio lá, está bem?
- Se precisar de mim, você sabe, pode me chamar.
Levantei-me, segui até o quarto e fechei a porta. Fui abrindo devagarinho o envelope e ali estava...

“Cathe, querida.
 
Estou no meio da noite, não sei como falar isso. Nunca fui bom com as palavras, nunca escrevi bem. Por isso não dei certo como jornalista, algo que você é muito boa. Sou melhor administrador de negócios do que com a minha vida.
Acho que por isso tenho deixado tantas oportunidades passarem em frente aos meus olhos e deixar você partir...
Hoje a vi tão bonita, tão feliz, que invejei aquele rapaz que estava falando com você pelo celular.
Queria que você estivesse assim comigo...Mas o que poderia dizer para você voltar atrás?
Sim, hoje percebi que a amo. E como a amo! Sei que a machuquei, e talvez em meu orgulho tolo não fui capaz de ser sincero e olhá-la nos olhos e dizer tudo que sinto.
Nesse meio tempo , tudo que fiz foi ficar com Berenice, que nunca me amou ou me fez sorrir. E algo que percebi, você faz muito bem.
Esse desmiolado que um dia cruzou seu caminho durante uma batida de carros, onde foi o responsável, foi responsável também por algumas lágrimas que você derramou. Mas, não se sinta culpada pela dor que sinto agora, aqui, neste minuto e durante essa madrugada fria, onde apenas uma garrafa de whisky me acompanha.
Errei, errei feio! Terminei com Berenice por sua causa, mas será que você me quer de volta?
Agora, tudo que me resta é minha dor e a minha verdade que é amar você.
Peço que pense com carinho, e reconsidere se ao menos esse pobre idiota ainda pode ter uma chance com você.
 
Beijos,
Giovanni”
 
Fechei os olhos e o nó na garganta não me permitia segurar as lágrimas... Sim, tinha o amado. Mas, não sei se era amor ou era apenas uma dor, uma obsessão que nunca foi concluída.
Reli a carta, e pude perceber que ele ficou desesperado quando já estava longe, muito longe de seu alcance e logo ele que pensava que todos lhe pertenciam. Sim, ele era bonito, rico e várias mulheres estavam aos seus pés. Mas no fundo, no fundo, era um infeliz, que nunca soube cuidar dos que amava, e os que o amavam.
Passei a mão pela barriga, ali estava meu filho, fruto da minha relação com Edu. Um relacionamento que me trouxe de novo para luz, outra vez para vida até que fui possibilitada de gerar outra vida.
O que no fundo sentia pelo Giovanni era piedade, compaixão. Uma vontade desesperada de ajudá-lo. Ou mesmo de salvá-lo. Mesmo debaixo daquele homem que tinha sorriso grande e aparentava ter tudo, estava um menino sofrido, que precisa desesperadamente de carinho. Eu tentei, mas ele não permitiu. Não foi a minha responsabilidade. Orgulhoso do jeito que era, não aceitaria alguém o ajudasse. Para ele, humildade era apenas para os fracos.
Pensei: "se estivéssemos na Europa em uma época de frio e houvesse uma lareira aqui, não teria dúvida que a acenderia somente para queimar esta carta". Peguei o pequeno cesto cromado do quarto, risquei um fósforo e encostei a chama na carta. Fiquei lá, observando-a consumir em chamas. Abri a janela e afastei as cortinas.
Queimei-a porque ela tinha cumprida a promessa: informar-me que Giovanni teve sua chance e se recusou. Podíamos ter ficado com juntos? Sim. Podíamos ter dado certo? Não sei. Acredito que seria mais um prolongamento da minha dor. Ou se Giovanni tivesse abaixado a guarda e fosse humilde desde o começo, sim...ou talvez.
Mas quem esteve, está e estará sempre ao meu lado é o Eduardo. Ele sim, um verdadeiro companheiro. Adorável no riso, companheiro na dor. Amigo, amante, namorado, pai. Ele me mostrou tantas facetas e quando teve a oportunidade dele, foi lá e a agarrou. Assim como ele fez quando nos beijamos pela primeira vez em aquela padaria que tanto adoramos.
- Posso entrar?
 A voz do outro lado da porta era do mesmo homem em que estava pensando. Era o pai do meu filho, era do meu grande amor.
- Sim.
- Quer um chá?
Tudo que fiz foi levantar-me, correr para ele e abraçá-lo.
- Obrigada, disse!! Obrigada por você ter aparecido na minha vida!!
Ele voltou os olhos para mim e falou:
- Cathe, escute. Nada mais me importa na vida do que sermos felizes. E isso, sou com você.
Assim que terminou de falar, aproximou-se mais e me beijou. Sim, esse era o tipo de vida que tanto procurava. Era essa vida que busquei em tantos lugares e das mais variadas formas. E com ele aprendi a amar e encontrei a paz.

Fim

Reviravolta - Última Parte

Revelação

Depois disso, voltei para cozinha e fiquei sentada olhando para carta. O chá esfriando e os meus olhos quase marejando. Por que o passado queria bater novamente à porta se ele estava morto?
- Você não vai abrir a carta?
Levantei os olhos e Edu me encarava.
- Acho que vou jogar no fogo, queimar...
- Cathe, ele não está mais entre nós. E sei que antes de me conhecer você chegou a amá-lo.
Amar é algo muito forte, não sei se era amor, porque a dor era um sentimento muito mais constante do que o aconchego, do que o conforto.
Suspirei e disse:
- Está bem!
E fui abrindo a carta.
- Cathe, você quer que a deixei sozinha? Acho que esse momento ...
- Não, espere!
- Cathe...
- Então vou para quarto e leio lá, está bem?
- Se precisar de mim, você sabe, pode me chamar.
Levantei-me, segui até o quarto e fechei a porta. Fui abrindo devagarinho o envelope e ali estava...

“Cathe, querida.
 
Estou no meio da noite, não sei como falar isso. Nunca fui bom com as palavras, nunca escrevi bem. Por isso não dei certo como jornalista, algo que você é muito boa. Sou melhor administrador de negócios do que com a minha vida.
Acho que por isso tenho deixado tantas oportunidades passarem em frente aos meus olhos e deixar você partir...
Hoje a vi tão bonita, tão feliz, que invejei aquele rapaz que estava falando com você pelo celular.
Queria que você estivesse assim comigo...Mas o que poderia dizer para você voltar atrás?
Sim, hoje percebi que a amo. E como a amo! Sei que a machuquei, e talvez em meu orgulho tolo não fui capaz de ser sincero e olhá-la nos olhos e dizer tudo que sinto.
Nesse meio tempo , tudo que fiz foi ficar com Berenice, que nunca me amou ou me fez sorrir. E algo que percebi, você faz muito bem.
Esse desmiolado que um dia cruzou seu caminho durante uma batida de carros, onde foi o responsável, foi responsável também por algumas lágrimas que você derramou. Mas, não se sinta culpada pela dor que sinto agora, aqui, neste minuto e durante essa madrugada fria, onde apenas uma garrafa de whisky me acompanha.
Errei, errei feio! Terminei com Berenice por sua causa, mas será que você me quer de volta?
Agora, tudo que me resta é minha dor e a minha verdade que é amar você.
Peço que pense com carinho, e reconsidere se ao menos esse pobre idiota ainda pode ter uma chance com você.
 
Beijos,
Giovanni”
 
Fechei os olhos e o nó na garganta não me permitia segurar as lágrimas... Sim, tinha o amado. Mas, não sei se era amor ou era apenas uma dor, uma obsessão que nunca foi concluída.
Reli a carta, e pude perceber que ele ficou desesperado quando já estava longe, muito longe de seu alcance e logo ele que pensava que todos lhe pertenciam. Sim, ele era bonito, rico e várias mulheres estavam aos seus pés. Mas no fundo, no fundo, era um infeliz, que nunca soube cuidar dos que amava, e os que o amavam.
Passei a mão pela barriga, ali estava meu filho, fruto da minha relação com Edu. Um relacionamento que me trouxe de novo para luz, outra vez para vida até que fui possibilitada de gerar outra vida.
O que no fundo sentia pelo Giovanni era piedade, compaixão. Uma vontade desesperada de ajudá-lo. Ou mesmo de salvá-lo. Mesmo debaixo daquele homem que tinha sorriso grande e aparentava ter tudo, estava um menino sofrido, que precisa desesperadamente de carinho. Eu tentei, mas ele não permitiu. Não foi a minha responsabilidade. Orgulhoso do jeito que era, não aceitaria alguém o ajudasse. Para ele, humildade era apenas para os fracos.
Pensei: "se estivéssemos na Europa em uma época de frio e houvesse uma lareira aqui, não teria dúvida que a acenderia somente para queimar esta carta". Peguei o pequeno cesto cromado do quarto, risquei um fósforo e encostei a chama na carta. Fiquei lá, observando-a consumir em chamas. Abri a janela e afastei as cortinas.
Queimei-a porque ela tinha cumprida a promessa: informar-me que Giovanni teve sua chance e se recusou. Podíamos ter ficado com juntos? Sim. Podíamos ter dado certo? Não sei. Acredito que seria mais um prolongamento da minha dor. Ou se Giovanni tivesse abaixado a guarda e fosse humilde desde o começo, sim...ou talvez.
Mas quem esteve, está e estará sempre ao meu lado é o Eduardo. Ele sim, um verdadeiro companheiro. Adorável no riso, companheiro na dor. Amigo, amante, namorado, pai. Ele me mostrou tantas facetas e quando teve a oportunidade dele, foi lá e a agarrou. Assim como ele fez quando nos beijamos pela primeira vez em aquela padaria que tanto adoramos.
- Posso entrar?
 A voz do outro lado da porta era do mesmo homem em que estava pensando. Era o pai do meu filho, era do meu grande amor.
- Sim.
- Quer um chá?
Tudo que fiz foi levantar-me, correr para ele e abraçá-lo.
- Obrigada, disse!! Obrigada por você ter aparecido na minha vida!!
Ele voltou os olhos para mim e falou:
- Cathe, escute. Nada mais me importa na vida do que sermos felizes. E isso, sou com você.
Assim que terminou de falar, aproximou-se mais e me beijou. Sim, esse era o tipo de vida que tanto procurava. Era essa vida que busquei em tantos lugares e das mais variadas formas. E com ele aprendi a amar e encontrei a paz.

Fim

domingo, 12 de setembro de 2010

Reviravolta - Parte 9

Vazio

Estávamos voltando de um passeio, não passava de 3 horas da tarde e tudo que queria era descansar porque sabia que a semana seria puxada. Mas quando chegamos ao estacionamento do prédio e íamos em direção do elevador, um dos porteiros avisou que tinha uma moça nos esperando porque o assunto era muito importante.
- Quem será?, perguntou Eduardo enquanto caminhávamos em direção à sala de estar do prédio.
Quando chegamos, vi uma moça alta, magra e que tinha cabelos castanhos claros. Possuía o nariz saliente e estava com uma cara abatida. Reparei que ela estava agitada e nervosa.
No momento que cheguei perto, ela me perguntou diretamente:
- Você é a Catharina?
- Sim, sou eu.
- Boa-tarde, desculpe chegar assim tão de repente, mas não tive alternativa. Sou a Rita, irmã do Giovanni, falou enquanto estendia-me a mão.
Virei o rosto com surpresa para o Eduardo que só levantou uma das sobrancelhas. Pensei: "mas o que a traz até aqui?".  Parecendo descobrir o meu pensamento, ela continuou:
- Bem, estou aqui porque..., deu uma pausa, suspirou e levou a mão ao peito como segurasse o choro e continuou: -  Bem...Porque o Giovanni morreu.
Lembro que prendi a respiração e dei uns dois passos para trás. Não sabia o que falar para aquela moça. Mas numa situação como aquela, pedi para que ela nos acompanhasse até o apartamento. Subimos em silêncio, eu com a cabeça baixa e Eduardo com uma expressão séria. Primeiro pensei que ele estivesse com ciúmes, mas percebi que a sua grande preocupação era o meu bem-estar e do bebê.
Chegamos ao apartamento e lhe ofereci um chá que ela aceitou de bom grado. Tentei ser amigável com Rita, mas não sabia como me comportar com aquela situação, que era, no mínimo, inusitada. Primeiro porque acabava de saber que Giovanni não estava mais entre nós e segundo, o que se diz em um momento como esse?
Eduardo assistiu tudo em silêncio e de longe, mas com olhar sempre preocupado e como quem dissesse: "Se precisar de mim, me chame!".
Não sei se foi a minha curiosidade mórbida que me moveu a perguntar aquilo ou se foi uma forma de alivia-la:
- Rita, desculpe perguntar...mas o que foi o vitimou? Alguma doença?
- Não um acidente...um acidente de carro...
Minha cabeça deu voltas, meio tonta lembrei que tinha conversado com Marta assim que tinha voltado de viagem e mais tarde sobre a gravidez. Mas ela não me contou nada... Deu para sentir que ela queria esconder algo, mas...será que ela percebeu que cheguei a gostar muito dele?
- Um acidente..., continuei - Que coisa terrível!
- É, realmente terrível. Sei que ele estava num período negro... De repente começou a beber bastante, aliás, os amigos...bem, se é possível, chamá-los de amigos, queriam-no por perto só quando estava bêbado. Não sei se porque ele ficava muito mão aberta ou falava muitas besteiras. Ele largou de Berenice que, para piorar, fez várias chantagens. E não acredito que foi apenas a bebida que os separou...
- Berenice...Berenice está bem?, perguntei trêmula.
- Está, mas superabalada.
Recordei também que Marta chegou a comentar que ele sempre foi boêmio e que exagerava na bebida quando estava com algum problema. Ou também porque era forma de esconder a profunda timidez ou um complexo de inferioridade que o acompanhava constantemente.
Uma coisa que tinha percebido...era quase normal suas viagens em momentos de crise. Não era simples viagens, como se fosse daqui ao interior de São Paulo, elas incluíam roteiros europeus, festas exóticas que poucas pessoas sabiam.
- Desculpe Rita, mas quando foi?
- Foi há um mês e meio atrás. Ele voltava completamente bêbado de uma festa pelo que contaram. Os amigos pediram para que ele não dirigisse, mas ele quis escutar?  - Nesta hora, Rita parou um pouco para retomar o fôlego porque o choro insistia sair – Bem, ele não quis saber e voltava de um aniversário. Foi a festa de Larissa, você a conhece?
Larissa... a moça que pensava que era a verdadeira namorada na época...Um misto de raiva e ciúmes  veio à tona...
- Sei quem é, mas não a conheço pessoalmente. Apenas que ela era amiga dele no Facebook, não é?
- Ela é um amor, mas desmiolada, coitada! Está desolada também...
"Imagino como esteja desolada", pensei. Mas o que me interessava? Por que mesmo depois de morto Giovanni queria me assombrar? E aí a resposta estava na minha frente ou melhor, nas mãos de Rita.
Quando me toquei, nesse meio tempo, Rita tirou uma carta da bolsa e estendeu-a dizendo:
- Catharina, acredito que isto seja para você.
Sem pensar muito, peguei a carta que estava amarrotada e um pouco suja e era endereçada a mim. Sim, era letra dele, inconfundível, bonita, mesmo que as palavras se apresentavam apertadas umas contra as outras.
Enquanto isso, a voz de Rita me trouxe novamente à realidade.
- Quando ele morreu, voltei da Dinamarca porque mamãe entrou em colapso. E como meu outro irmão ficou omisso, foi a minha responsabilidade resolver muitas coisas pendentes. Inclusive as contas, as roupas e até o próprio funeral. A minha mãe já é suscetível a entrar em depressão, até porque nosso pai a abandonou por uma moça bem mais nova. E no fundo, mamãe era apegada ao meu irmão, mesmo que não se entendessem muito bem.
Rita ainda continuou:
- Quando estava dando um jeito nas coisas dele, achei essa carta. Não sabia o que fazer, mas por respeito a ele procurei quem era a moça que era citada. Além do mais, nem Berenice, nem ninguém tinha conhecimento sobre ela e nem sobre seu conteúdo. Fui de forma mais discreta possível descobrir quem era Catharina e as informações chegaram a você. Inclusive uma moça muito simpática que foi sua chefe foi a grande informante sobre seu paradeiro...
Só podia ser Marta, pensei.
- Rita...Fechei os olhos, suspirei e continuei: - Rita, vou ler outra hora, está bem? Digo isso porque já foi um choque essa notícia. E no momento, não posso passar nervoso.
- Catharina, me desculpe. Você está...
Antes que ela completasse a frase, disse:
- Estou grávida e há um mês e meio...Aliás, acredito que não soube do ocorrido porque estava no Japão no mesmo período.
Meio boca aberta, Rita demorou um pouco para falar. Parecia que queria dizer algo, mas o máximo que conseguiu falar foi:
- Na mesma época que ele...Me desculpe. E as lágrimas começaram a correr do seu rosto.
Não sei o que me levou, mas a abracei, e ela começou a chorar mais forte. Depois de um certo momento, ela me afastou e olhou no fundo dos meus olhos e disse:
- Catharina, ele te amava...
Foi como tivesse levado um soco no estômago.
- Oh, céus, por que sou tão desastrada? Desculpe, desculpe!! Enquanto Rita enxugava as lágrimas pegou a bolsa e se apressou para ir à porta. Fiquei meio sem ação depois de tudo. E enquanto ela saía disse:
- Mil perdões mais uma vez. Bem, acredito que cumpri a minha última missão. Agora posso voltar à vida normal, voltar para Dinamarca...
Enquanto isso, um sinal sonoro avisava que o elevador tinha chegado.