sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Até as últimas consequências – Capítulo IX

fanfic II para Hakushaku to Yousei

Opening (Abertura):

Ali Project - Troubadour



Vida & Morte em um tabuleiro de xadrez 

Sugestão de trilha: Track 8 (Another – OST)

Hell levantou-se lânguida e olhou para os presentes com certo desinteresse. Era uma mulher alta, magra com uma feição ossuda. Mas um detalhe chamou a atenção de Lydia: metade de sua face era de uma belíssima mulher e a outra, de um cadáver em decomposição.

- Boa-noite! O que querem de mim?

Lydia ficou em silêncio, insegura do que iria falar. E assim várias dúvidas a pertubavam. “O que vou dizer? ‘Quero trazer Edgar de volta… Isso se ele estiver com a senhora e se a senhora permitir’?”. Brigando com as lágrimas que estavam prestes a rolarem, a fairy doctor esforçou-se para falar:

- Saudações, senhora! Vim porque… “E agora? Não seria egoísmo da minha parte solicitar a alma de um morto que nem sei se está aqui? Seria um capricho? Ou tenho medo de enfrentar a solidão?”.

- Não, não é capricho de sua parte! E por que seria? – indagou Hell.

Ela aproximou-se mais e ainda desafiou Lydia: – É o homem que você ama, não é? Pois bem, tenho uma pergunta para você. Quem você quer de volta: o Edgar, o conde ou Edgar, o homem?

- Não importa, só o quero de volta!! Senão… – respondeu Lydia quase que gritando e disparou um choro que ela não conseguia mais segurar.

- Então vamos fazer o seguinte? Que tal uma boa partida de xadrez?

Raven engoliu a seco. Afinal, ele sabia que quem era bom nesse tipo de esporte era Edgar. Lydia tinha mais habilidade no jogo de cartas. Por sua vez, ela, cansada e pálida, quase deu uma resposta ríspida, do tipo “O que tem a ver um jogo de xadrez com a alma do Edgar?”.

- Tem e muito! – respondeu Hell, sem transparecer raiva. E continuou: – Você, mocinho! – referindo-se a Raven – Por favor, sente-se no sofá. Agora, minha boa menina, que tal dirigir-se àquela mesa?

Lydia viu uma mesa de vidro, espetacularmente trabalhada. As pernas da mesa foram esculpidas em forma de serpentes. “Tinham a ver com kundalini?”.

- E não é que você é mais do que uma fairy doctor? – brincou a Senhora dos Mortos. – Pois bem, não é qualquer mulher do seu tempo que sabe um dos segredos da vida…

Lydia a encarou e seguiu até a mesa como estivesse indo para a forca.

- Querido Tomte, por favor, traga-nos o tabuleiro e as peças.

- Pois não, minha senhora!

Hell voltou-se para a condessa e tornou a falar: – Lydia, querida, morte e sexo no fim andam juntos, não é?

E Lydia lembrou-se que na noite anterior que Edgar foi morto tinha feito amor com ele de forma apaixonada, quase visceral.

- Acho que… que… sim! – respondeu abaixando a cabeça.

- Ora, ora! Não precisa ficar envergonhada, não é? Isso é tão natural entre casais que se amam. Mas fique tranquila… – deu um sorriso malicioso – isso não mataria um homem como Edgar!

Lydia retribuiu com um sorriso tímido, mas não conseguiu encará-la nos olhos.

Tomte retornou com o tabuleiro que era feito provavelmente de mármore e as peças de ossos de animais ou algo parecido. Hell as disponibilizou e explicou para Lydia:

- Sabia que em uma partida de xadrez podemos conhecer como a pessoa pensa e age na vida?

- Sei que ele é usado para montar estratégias de guerras…

- Ah, bobagens entre homens, não é Lydia? Então vejamos, por que quero jogar xadrez com você? Sabe por quê?

Lydia deixou a respiração quase suspensa. Tinha consciência que não era boa o suficiente no jogo, sabia que Edgar possuía mais destreza para jogá-lo.

- Oras, não se subestime! E não estamos num campeonato! – disse Hell com a intenção de acalmá-la.

Sugestão de trilha: The Story of Yomiyama (Another – OST)

A Senhora dos Mortos tirou uma moeda do seu vestido negro de veludo, todo bordado em ouro, e falou:

- Vamos definir com qual cor cada uma irá ficar. Como você sabe, as brancas começam. Então vejamos, cara é para as peças brancas, coroa para as negras. Vamos lá? O que você escolhe: cara ou coroa?

Lydia respirou fundo e escolheu:

- Coroa!

Hell jogou a moeda para cima e anunciou:

- Hum… caiu cara! Lydia, você começa!

Lydia moveu o primeiro Peão que se encontrava na frente da Rainha em duas casas. Hell fez o mesmo com um gesto rápido. A condessa então escolheu o Cavalo do seu lado direito e fez o movimento de L. Hell fez o mesmo, só com o esquerdo. “Tenho que dominar o centro”, pensou apreensiva, “só assim posso ganhar o jogo”.

- Hum… não é interessante que o Rei é a peça que menos participa no jogo e é o que nos mais dá trabalho? Caso ele seja ameaçado ou encurralado, de nada adiantará o empenho de todas as peças…

“Será que ela estava falando de Edgar?”

- Não, Lydia. Na verdade, Edgar está nesse estado. Isso não significa que ele seja assim.

A fairy doctor mexeu mais um Peão e que foi novamente bloqueado pelo de Hell. Ela pensou e decidiu que escolher a Rainha era um plano audacioso, porém…

- Eu não faria isso… – alertou Hell.

- Mas…

- Hum, má escolha, Lydia… Ora, ora, vai desperdiçar sua peça mais valiosa assim logo de cara? Afinal…

- A Rainha é a peça mais valiosa do jogo, a que vale mais pontos e a que…

- Muito bem! Ela que protege o reino e é o “escudo” do Rei. Não te lembra alguém?

- Eu não sou assim!

- É, Lydia!! Quem está aqui tentando recuperar a alma da pessoa que ama? Você ou o Edgar?

- Mas…

- Sim, você está aqui para recuperá-lo e não teve medo nenhum vir aqui para falar comigo. Só por isso já ganhou pontos comigo! – e terminou a fala com um leve sorriso.

A condessa então escolheu o Bispo, Hell colocou a Torre próxima ao Rei. A Rainha dos Mortos encarava o semblante sério da fairy doctorolhando para as peças.

- Engraçado, aqui estou pensando… No tarô, a carta da Torre representa a queda de um determinado setor da sua vida. Uma catástrofe que geralmente é para você reconstruir sob as ruínas.

“E o que tem a ver isso com a minha situação?”, Lydia pensou irritada, enquanto fazia mais um movimento de peças, desta vez era, justamente, a Torre.

- Muito! Talvez foi bom você ter perdido Edgar…

- Senhora, perdoe-me! Não acredito que a senhora esteja falando iss..

- Lydia, Edgar nunca foi o monstro que você acredita que ele tenha sido antes de ter conhecido você…

A fairy doctor a encarou assustada.

- Ok, ok! – continuou Hell  a esclarecer seu pensamento: -  Ele abusou um pouco do seu charme, seu carisma e a sua bela voz. Mas digamos que você entendeu a real problemática que ele viveu durante um certo tempo da sua vida?

- Sobre os tempos negros que ele foi submetido aos comando do Príncipe? Claro que sim! – defendeu-se indignada.

O jogo começou a ficar tão tenso quanto a conversa.

- E por que você acha que ele virou um playboy, um mulherengo antes de te conhecer?

“Verdade, esse aspecto de Edgar me irrita tanto que até escondi de mim mesma!”

- Lydia, conheço alguém que é muito, mais muito pior que é Edgar nos seus áureos tempos de…desculpe o perdão da palavra, putaria! E olha que ele manda no Olimpo!

- Mas, Edgar era exagerado!

- Haha! Então temos uma esposa que fica brava com o passado do marido! E por isso você pensa que ele está aqui?

“Preste atenção no jogo e ignore essa afirmação!”, obrigava a si mesma.

- Lydia, nem um cão ou um inseto merecia ser tratado como ele foi! Sem contar que …

- Ok, ele perdeu a adolescência dele! Escutou do próprio pai que nunca deveria ter nascido! E viu seus pais serem mortos! – completou irônica.

- E foi torturado de tão forma que pensou que se morresse seria melhor para ele. Mas ele desistiu? – questionou a Senhora dos Mortos.

- Mas ele foi atrás da Espada Merrow justamente para fazer vingança para o Príncipe. Sem contar que ele me sequestrou, forçou-me a ajudá-lo e não me deu nenhuma escolha! Quantas e quantas vezes, ele me usou como isca! E o resto da história a senhora conhece, não é? – disse Lydia dando um soco na mesa e levantou-se bruscamente.

As peças dançaram sobre o tabuleiro e Hell continuou impassível com um sorriso misterioso, encarando Lydia, com uma das mãos apoiando o rosto.

- No entanto, você está aqui, atrás dele. Não sou eu que estou choramingando por todos os lados onde passo. Essa é você!

Os olhos de Lydia tinha um brilho faiscante de raiva.

- Sabe como você pode recuperá-lo? – indagou Hell.

- Como? – indagou Lydia, agora mais provocativa.

- Perdoando, querida condessa. E quer saber mais uma?

- E tem mais?

- Tem, Lydia! Ele te venera loucamente! E isso o salvou, sabe o por quê? Foi você que devolveu a esperança que o menino Edgar perdeu…

A postura da fairy doctor que se encontrava de pé, inclinada e apoiada na mesa, mais parecendo uma leoa olhando para sua presa se desfez. Ela levou a mão para a boca, para reter um soluço doloroso.

- E para terminar, Lydia… Ele não está aqui… E isso é muito bom!

- Por quê? – indagou ainda meio às lágrimas.

- Ele realmente pode voltar para você! – afirmou Hell.  

Ending (Fechamento):

Kalafina - Consolation



Nota da autora: Eu disse que esse capítulo era tenso! Talvez, alguém tenha percebido que peguei como base o filme “Sétimo Selo”. Ok, é chato pacas, mas a ideia é bem bacana. E aí, gostaram da Hell? Ela é uma das mais profundas e assustadoras Deusas da mitologia nórdica. Hell tem muito a ver também com seus medos mais íntimos. Aquela porta entreaberta que te deixa nervoso(a), mas você não sabe o porquê. Quanto ao jogo de xadrez, confesso que tive que rever, pesquisar as regras e o andamento das peças. E a trilha sonora, hein? Não poderia ser outra sem ser de “Another”, que é uma história que tem muito a ver com Hell. Algo invisível que poderá te atacar em qualquer momento, sem você saber ao menos o que é e como se proteger.

E para quem curte mitologia grega pegou quem é no comentário da Hell (Lydia, conheço alguém que é muito, mais muito pior que é Edgar nos seus áureos tempos de…desculpe o perdão da palavra, putaria! E olha que ele manda no Olimpo!)? Se disse Zeus, acertou! Zeus era o senhor absoluto do Olimpo, casado com a Hera. Ele era terrível e para conquistar “as garotas” (leia-se aí desde as ninfas até semideusas e deusas), disfarçava-se em milhares de animais ^^ . Caso queira,  com qualquer pesquisa no Google, você poderá encontrar milhares de referências sobre ele.

Bem, na próxima semana, será um capítulo mais ameno, mas não menos interessante. Então, vejo vocês lá! Até mais e obrigada por ler a fanfic.

Até as últimas consequências – Capítulo IX

fanfic II para Hakushaku to Yousei

Opening (Abertura):

Ali Project - Troubadour



Vida & Morte em um tabuleiro de xadrez 

Sugestão de trilha: Track 8 (Another – OST)

Hell levantou-se lânguida e olhou para os presentes com certo desinteresse. Era uma mulher alta, magra com uma feição ossuda. Mas um detalhe chamou a atenção de Lydia: metade de sua face era de uma belíssima mulher e a outra, de um cadáver em decomposição.

- Boa-noite! O que querem de mim?

Lydia ficou em silêncio, insegura do que iria falar. E assim várias dúvidas a pertubavam. “O que vou dizer? ‘Quero trazer Edgar de volta… Isso se ele estiver com a senhora e se a senhora permitir’?”. Brigando com as lágrimas que estavam prestes a rolarem, a fairy doctor esforçou-se para falar:

- Saudações, senhora! Vim porque… “E agora? Não seria egoísmo da minha parte solicitar a alma de um morto que nem sei se está aqui? Seria um capricho? Ou tenho medo de enfrentar a solidão?”.

- Não, não é capricho de sua parte! E por que seria? – indagou Hell.

Ela aproximou-se mais e ainda desafiou Lydia: – É o homem que você ama, não é? Pois bem, tenho uma pergunta para você. Quem você quer de volta: o Edgar, o conde ou Edgar, o homem?

- Não importa, só o quero de volta!! Senão… – respondeu Lydia quase que gritando e disparou um choro que ela não conseguia mais segurar.

- Então vamos fazer o seguinte? Que tal uma boa partida de xadrez?

Raven engoliu a seco. Afinal, ele sabia que quem era bom nesse tipo de esporte era Edgar. Lydia tinha mais habilidade no jogo de cartas. Por sua vez, ela, cansada e pálida, quase deu uma resposta ríspida, do tipo “O que tem a ver um jogo de xadrez com a alma do Edgar?”.

- Tem e muito! – respondeu Hell, sem transparecer raiva. E continuou: – Você, mocinho! – referindo-se a Raven – Por favor, sente-se no sofá. Agora, minha boa menina, que tal dirigir-se àquela mesa?

Lydia viu uma mesa de vidro, espetacularmente trabalhada. As pernas da mesa foram esculpidas em forma de serpentes. “Tinham a ver com kundalini?”.

- E não é que você é mais do que uma fairy doctor? – brincou a Senhora dos Mortos. – Pois bem, não é qualquer mulher do seu tempo que sabe um dos segredos da vida…

Lydia a encarou e seguiu até a mesa como estivesse indo para a forca.

- Querido Tomte, por favor, traga-nos o tabuleiro e as peças.

- Pois não, minha senhora!

Hell voltou-se para a condessa e tornou a falar: – Lydia, querida, morte e sexo no fim andam juntos, não é?

E Lydia lembrou-se que na noite anterior que Edgar foi morto tinha feito amor com ele de forma apaixonada, quase visceral.

- Acho que… que… sim! – respondeu abaixando a cabeça.

- Ora, ora! Não precisa ficar envergonhada, não é? Isso é tão natural entre casais que se amam. Mas fique tranquila… – deu um sorriso malicioso – isso não mataria um homem como Edgar!

Lydia retribuiu com um sorriso tímido, mas não conseguiu encará-la nos olhos.

Tomte retornou com o tabuleiro que era feito provavelmente de mármore e as peças de ossos de animais ou algo parecido. Hell as disponibilizou e explicou para Lydia:

- Sabia que em uma partida de xadrez podemos conhecer como a pessoa pensa e age na vida?

- Sei que ele é usado para montar estratégias de guerras…

- Ah, bobagens entre homens, não é Lydia? Então vejamos, por que quero jogar xadrez com você? Sabe por quê?

Lydia deixou a respiração quase suspensa. Tinha consciência que não era boa o suficiente no jogo, sabia que Edgar possuía mais destreza para jogá-lo.

- Oras, não se subestime! E não estamos num campeonato! – disse Hell com a intenção de acalmá-la.

Sugestão de trilha: The Story of Yomiyama (Another – OST)

A Senhora dos Mortos tirou uma moeda do seu vestido negro de veludo, todo bordado em ouro, e falou:

- Vamos definir com qual cor cada uma irá ficar. Como você sabe, as brancas começam. Então vejamos, cara é para as peças brancas, coroa para as negras. Vamos lá? O que você escolhe: cara ou coroa?

Lydia respirou fundo e escolheu:

- Coroa!

Hell jogou a moeda para cima e anunciou:

- Hum… caiu cara! Lydia, você começa!

Lydia moveu o primeiro Peão que se encontrava na frente da Rainha em duas casas. Hell fez o mesmo com um gesto rápido. A condessa então escolheu o Cavalo do seu lado direito e fez o movimento de L. Hell fez o mesmo, só com o esquerdo. “Tenho que dominar o centro”, pensou apreensiva, “só assim posso ganhar o jogo”.

- Hum… não é interessante que o Rei é a peça que menos participa no jogo e é o que nos mais dá trabalho? Caso ele seja ameaçado ou encurralado, de nada adiantará o empenho de todas as peças…

“Será que ela estava falando de Edgar?”

- Não, Lydia. Na verdade, Edgar está nesse estado. Isso não significa que ele seja assim.

A fairy doctor mexeu mais um Peão e que foi novamente bloqueado pelo de Hell. Ela pensou e decidiu que escolher a Rainha era um plano audacioso, porém…

- Eu não faria isso… – alertou Hell.

- Mas…

- Hum, má escolha, Lydia… Ora, ora, vai desperdiçar sua peça mais valiosa assim logo de cara? Afinal…

- A Rainha é a peça mais valiosa do jogo, a que vale mais pontos e a que…

- Muito bem! Ela que protege o reino e é o “escudo” do Rei. Não te lembra alguém?

- Eu não sou assim!

- É, Lydia!! Quem está aqui tentando recuperar a alma da pessoa que ama? Você ou o Edgar?

- Mas…

- Sim, você está aqui para recuperá-lo e não teve medo nenhum vir aqui para falar comigo. Só por isso já ganhou pontos comigo! – e terminou a fala com um leve sorriso.

A condessa então escolheu o Bispo, Hell colocou a Torre próxima ao Rei. A Rainha dos Mortos encarava o semblante sério da fairy doctor olhando para as peças.

- Engraçado, aqui estou pensando… No tarô, a carta da Torre representa a queda de um determinado setor da sua vida. Uma catástrofe que geralmente é para você reconstruir sob as ruínas.

“E o que tem a ver isso com a minha situação?”, Lydia pensou irritada, enquanto fazia mais um movimento de peças, desta vez era, justamente, a Torre.

- Muito! Talvez foi bom você ter perdido Edgar…

- Senhora, perdoe-me! Não acredito que a senhora esteja falando iss..

- Lydia, Edgar nunca foi o monstro que você acredita que ele tenha sido antes de ter conhecido você…

A fairy doctor a encarou assustada.

- Ok, ok! – continuou Hell  a esclarecer seu pensamento: -  Ele abusou um pouco do seu charme, seu carisma e a sua bela voz. Mas digamos que você entendeu a real problemática que ele viveu durante um certo tempo da sua vida?

- Sobre os tempos negros que ele foi submetido aos comando do Príncipe? Claro que sim! – defendeu-se indignada.

O jogo começou a ficar tão tenso quanto a conversa.

- E por que você acha que ele virou um playboy, um mulherengo antes de te conhecer?

“Verdade, esse aspecto de Edgar me irrita tanto que até escondi de mim mesma!”

- Lydia, conheço alguém que é muito, mais muito pior que é Edgar nos seus áureos tempos de…desculpe o perdão da palavra, putaria! E olha que ele manda no Olimpo!

- Mas, Edgar era exagerado!

- Haha! Então temos uma esposa que fica brava com o passado do marido! E por isso você pensa que ele está aqui?

“Preste atenção no jogo e ignore essa afirmação!”, obrigava a si mesma.

- Lydia, nem um cão ou um inseto merecia ser tratado como ele foi! Sem contar que …

- Ok, ele perdeu a adolescência dele! Escutou do próprio pai que nunca deveria ter nascido! E viu seus pais serem mortos! – completou irônica.

- E foi torturado de tão forma que pensou que se morresse seria melhor para ele. Mas ele desistiu? – questionou a Senhora dos Mortos.

- Mas ele foi atrás da Espada Merrow justamente para fazer vingança para o Príncipe. Sem contar que ele me sequestrou, forçou-me a ajudá-lo e não me deu nenhuma escolha! Quantas e quantas vezes, ele me usou como isca! E o resto da história a senhora conhece, não é? – disse Lydia dando um soco na mesa e levantou-se bruscamente.

As peças dançaram sobre o tabuleiro e Hell continuou impassível com um sorriso misterioso, encarando Lydia, com uma das mãos apoiando o rosto.

- No entanto, você está aqui, atrás dele. Não sou eu que estou choramingando por todos os lados onde passo. Essa é você!

Os olhos de Lydia tinha um brilho faiscante de raiva.

- Sabe como você pode recuperá-lo? – indagou Hell.

- Como? – indagou Lydia, agora mais provocativa.

- Perdoando, querida condessa. E quer saber mais uma?

- E tem mais?

- Tem, Lydia! Ele te venera loucamente! E isso o salvou, sabe o por quê? Foi você que devolveu a esperança que o menino Edgar perdeu…

A postura da fairy doctor que se encontrava de pé, inclinada e apoiada na mesa, mais parecendo uma leoa olhando para sua presa se desfez. Ela levou a mão para a boca, para reter um soluço doloroso.

- E para terminar, Lydia… Ele não está aqui… E isso é muito bom!

- Por quê? – indagou ainda meio às lágrimas.

- Ele realmente pode voltar para você! – afirmou Hell.  

Ending (Fechamento):

Kalafina - Consolation



Nota da autora: Eu disse que esse capítulo era tenso! Talvez, alguém tenha percebido que peguei como base o filme “Sétimo Selo”. Ok, é chato pacas, mas a ideia é bem bacana. E aí, gostaram da Hell? Ela é uma das mais profundas e assustadoras Deusas da mitologia nórdica. Hell tem muito a ver também com seus medos mais íntimos. Aquela porta entreaberta que te deixa nervoso(a), mas você não sabe o porquê. Quanto ao jogo de xadrez, confesso que tive que rever, pesquisar as regras e o andamento das peças. E a trilha sonora, hein? Não poderia ser outra sem ser de “Another”, que é uma história que tem muito a ver com Hell. Algo invisível que poderá te atacar em qualquer momento, sem você saber ao menos o que é e como se proteger.

E para quem curte mitologia grega pegou quem é no comentário da Hell (Lydia, conheço alguém que é muito, mais muito pior que é Edgar nos seus áureos tempos de…desculpe o perdão da palavra, putaria! E olha que ele manda no Olimpo!)? Se disse Zeus, acertou! Zeus era o senhor absoluto do Olimpo, casado com a Hera. Ele era terrível e para conquistar “as garotas” (leia-se aí desde as ninfas até semideusas e deusas), disfarçava-se em milhares de animais ^^ . Caso queira,  com qualquer pesquisa no Google, você poderá encontrar milhares de referências sobre ele.

Bem, na próxima semana, será um capítulo mais ameno, mas não menos interessante. Então, vejo vocês lá! Até mais e obrigada por ler a fanfic.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Até as últimas consequências–Capítulo VIII

(fanfic II para Hakushaku to Yousei)

Opening (Abertura):

No centro de um Coração Pungente

Sugestão de trilha: Pugna Infinita (Puella Magi Madoka Magica – OST)

Hécate levou-os por um túnel que era iluminado por tochas, enquanto que Cerbero ia na frente, como um bom cão de guarda. Quando chegaram no final do túnel, eles deram de cara com um pântano que era rodeado de um neblina fosca e muito fria. Lydia puxou a manta para mais perto do corpo para aquecê-la.

- Pois bem, outro barqueiro, Ascálafo, virá buscá-los e levá-los aos territórios de Hell. E Lydia…

- Sim?

Hécate mordeu o lábio inferior tomando coragem para dizer:

- Acredito que vocês irão passar por alguma provação… Ou talvez, não… Pode ser um palpite.

Lydia respirou fundo. E diante dos fatos, fez uma reverência com uma humildade exemplar que no fundo deixou a velha senhora comovida. E como era o feitio da fairy doctor que sempre quebrava os protocolos, aproximou-se e deu um beijo em seu rosto. Hécate pegou na sua mão e disse:

- Coragem! Sei que mesmo com essa feição meiga, seu coração é forte. Boa Sorte!

- Muito obrigada por tudo, agradeceu Lydia.

A senhora retribuiu com um sorriso, o que era raro, e seguiu o caminho de volta.

Alguns minutos depois, o barco de Ascálafo havia chegado. O barco negro, que lembrava uma esquife, era majestoso, mas não deixava de ser amedontrador. O barqueiro o estacionou e disponibilizou uma rampa  para que o casal subisse.

Já dentro da embarcação, Raven solicitou que ele os levassem até a Hell.

- Como queiram! Mas, espero que ela esteja com o humor melhor que ontem…

Os dois ficaram curiosos com as palavras do barqueiro, mas não ousaram perguntar o que teria tirado o bom humor da Rainha da Morte. “Só espero que não seja algo que envolva o Edgar”, pensou Lydia.

Depois de algum tempo, a embarcação ancorou em uma praia. Mas não era do tipo que Lydia e Raven conheciam. Era mais sinistra, ausente de Sol, iluminada por uma Lua quarto minguante. A areia parecia ser feita de sodalitas em grãos finos, mas ao pisar, parecia fofa. O barqueiro, então, apontou para a direção de uma caverna que estava em meio a um rochedo alto, trabalhado pelas intempéries do tempo e do clima.

- É por lá a entrada do castelo da senhora Hell.- disse Ascálafo apontando para o local e continuou: - Sigam até a bifurcação. Lá haverá duas escadas: uma que levará para os andares superiores e outra para os inferiores. Escolham a dos andares inferiores. Lá haverá alguém para recepcioná-los. Boa Sorte!

Sugestão de trilha: Umbra Nigra (Puella Magi Madoka Magica – OST)

E assim prosseguiram na jornada. A entrada da caverna causava calafrios em Lydia e, sensível como era, Raven percebeu o seu desconforto e mais uma vez ofereceu o braço. Mas, quando entraram na caverna, ela, novamente, ficou hesitante.

- Vamos, milady! Lord Edgar conta conosco!

- Tem razão! Vamos!! – agora mais cheia de coragem.

Sem dúvida, o interior da caverna era bem lúgubre, o tipo de lugar que causaria arrepios em uma pessoa mais impressionável. “Não posso me esquecer! É por Edgar”, pensou a fairy doctor apertando a aliança da mão esquerda.

Depois de alguns metros toparam com dois lances de escadas, assim como foi indicado pelo barqueiro.  E seguiram os conselhos do mesmo, optando pela que descia. Conforme desciam, eles ouviram sussurros, murmúrios e lamentos. Não era possível distinguir a direção de onde vinham. O lugar iluminado por parcas lamparinas, deixava Lydia mais nervosa. Raven continuava impassível, próprio de alguém que viu várias agruras do mundo.

No último degrau, uma mão apanhou o braço de Lydia de forma repentina. Ela, por sua vez, não se conteve e soltou um grito. Raven sacou a adaga para protegê-la, mas a fairy doctor ordenou:

- Não, Raven, não! Não estamos no nosso território, estamos no submundo!

E então, diante dos olhos deles, surgiu um homenzinho franzino, era um leprechaun.

- Calma, minha senhora! Calma, meu senhor! – disse o homenzinho. Ele, então, fez uma reverência e apresentou-se: – Sejam bem-vindos, sou Tomte e os levarei até a senhora Hell.

- Eu agradeço humildemente – saudou Lydia retribuindo com mesura.

- A senhora é muito gentil, condessa Cavaleiro Azul, falou Tomte.

A fairy doctor ficou assombrada e perguntou-se como ele sabia sobre isso.

- Pois bem, vamos lá? – convidou o homenzinho.

Sugestão de trilha: Track 3 (Another – OST)

E assim foram. No caminho o ar ficava mais denso a cada passo dado, enquanto que alguns murmúrios e súplicas ainda persistiam. E o mais estranho, parecia que Tomte estava acostumado àquele lugar. Nem ele e nem Raven pareciam incomodados com os sussurros horripilantes. Lydia arrepiou-se toda quando pensou que Edgar poderia estar entre eles.  E como lesse seu pensamento, Tomte virou-se para trás e declarou:

- Não, ele não está entre eles, se isso a deixa aliviada. Não me pergunte como sei. Apenas sinto…

Lydia suspirou um pouco mais calma, apesar do coração estar muito pesado. De repente, eles estavam diante de uma porta de ferro imensa e que o homenzinho, mesmo parecendo frágil, a abriu sem grandes dificuldades. Quando esta descerrou-se surgiu diante dos seus olhos um salão majestoso, apesar de soturno. O assoalho era decorado em preto e branco, muito parecido com um tabuleiro de xadrez. Várias estantes que continham cadernos (ou seriam livros ?) com nomes de pessoas.

Seguiram e chegaram em um canto onde estava uma espreguiçadeira envolta por véus e lá a silhueta de uma mulher. Ao lado um cálice com uma bebida que parecia vinho. Tomte os anunciou com extremo respeito e a mulher puxou um dos véus e assim Lydia encontrou-se pela primeira vez com Hell, a Senhora de Outro Submundo.

Ending (Fechamento):

Nota da autora: Aí está o seguimento da fanfic. E vamos a caminho da morada de Hell. Também denominada por Hel, Hela, a Deusa nórdica, que é filha Loki (o Deus dos ladrões) e a gigante Angrboda. Se eu contar mais… bem, aí entrego o ouro. Eu a particularmente a adoro! Vale a pena conferir um pouco mais sobre ela em Deusa Hel. Esse capítulo é intermediário, porque o próximo, segure-se nas cadeiras. Bem, a gente se vê semana que vem! Até lá e obrigada por ler a fanfic.

Até as últimas consequências–Capítulo VIII

(fanfic II para Hakushaku to Yousei)

Opening (Abertura):

No centro de um Coração Pungente

Sugestão de trilha: Pugna Infinita (Puella Magi Madoka Magica – OST)

Hécate levou-os por um túnel que era iluminado por tochas, enquanto que Cerbero ia na frente, como um bom cão de guarda. Quando chegaram no final do túnel, eles deram de cara com um pântano que era rodeado de um neblina fosca e muito fria. Lydia puxou a manta para mais perto do corpo para aquecê-la.

- Pois bem, outro barqueiro, Ascálafo, virá buscá-los e levá-los aos territórios de Hell. E Lydia…

- Sim?

Hécate mordeu o lábio inferior tomando coragem para dizer:

- Acredito que vocês irão passar por alguma provação… Ou talvez, não… Pode ser um palpite.

Lydia respirou fundo. E diante dos fatos, fez uma reverência com uma humildade exemplar que no fundo deixou a velha senhora comovida. E como era o feitio da fairy doctor que sempre quebrava os protocolos, aproximou-se e deu um beijo em seu rosto. Hécate pegou na sua mão e disse:

- Coragem! Sei que mesmo com essa feição meiga, seu coração é forte. Boa Sorte!

- Muito obrigada por tudo, agradeceu Lydia.

A senhora retribuiu com um sorriso, o que era raro, e seguiu o caminho de volta.

Alguns minutos depois, o barco de Ascálafo havia chegado. O barco negro, que lembrava uma esquife, era majestoso, mas não deixava de ser amedontrador. O barqueiro o estacionou e disponibilizou uma rampa  para que o casal subisse.

Já dentro da embarcação, Raven solicitou que ele os levassem até a Hell.

- Como queiram! Mas, espero que ela esteja com o humor melhor que ontem…

Os dois ficaram curiosos com as palavras do barqueiro, mas não ousaram perguntar o que teria tirado o bom humor da Rainha da Morte. “Só espero que não seja algo que envolva o Edgar”, pensou Lydia.

Depois de algum tempo, a embarcação ancorou em uma praia. Mas não era do tipo que Lydia e Raven conheciam. Era mais sinistra, ausente de Sol, iluminada por uma Lua quarto minguante. A areia parecia ser feita de sodalitas em grãos finos, mas ao pisar, parecia fofa. O barqueiro, então, apontou para a direção de uma caverna que estava em meio a um rochedo alto, trabalhado pelas intempéries do tempo e do clima.

- É por lá a entrada do castelo da senhora Hell.- disse Ascálafo apontando para o local e continuou: - Sigam até a bifurcação. Lá haverá duas escadas: uma que levará para os andares superiores e outra para os inferiores. Escolham a dos andares inferiores. Lá haverá alguém para recepcioná-los. Boa Sorte!

Sugestão de trilha: Umbra Nigra (Puella Magi Madoka Magica – OST)

E assim prosseguiram na jornada. A entrada da caverna causava calafrios em Lydia e, sensível como era, Raven percebeu o seu desconforto e mais uma vez ofereceu o braço. Mas, quando entraram na caverna, ela, novamente, ficou hesitante.

- Vamos, milady! Lord Edgar conta conosco!

- Tem razão! Vamos!! – agora mais cheia de coragem.

Sem dúvida, o interior da caverna era bem lúgubre, o tipo de lugar que causaria arrepios em uma pessoa mais impressionável. “Não posso me esquecer! É por Edgar”, pensou a fairy doctor apertando a aliança da mão esquerda.

Depois de alguns metros toparam com dois lances de escadas, assim como foi indicado pelo barqueiro.  E seguiram os conselhos do mesmo, optando pela que descia. Conforme desciam, eles ouviram sussurros, murmúrios e lamentos. Não era possível distinguir a direção de onde vinham. O lugar iluminado por parcas lamparinas, deixava Lydia mais nervosa. Raven continuava impassível, próprio de alguém que viu várias agruras do mundo.

No último degrau, uma mão apanhou o braço de Lydia de forma repentina. Ela, por sua vez, não se conteve e soltou um grito. Raven sacou a adaga para protegê-la, mas a fairy doctor ordenou:

- Não, Raven, não! Não estamos no nosso território, estamos no submundo!

E então, diante dos olhos deles, surgiu um homenzinho franzino, era um leprechaun.

- Calma, minha senhora! Calma, meu senhor! – disse o homenzinho. Ele, então, fez uma reverência e apresentou-se: – Sejam bem-vindos, sou Tomte e os levarei até a senhora Hell.

- Eu agradeço humildemente – saudou Lydia retribuindo com mesura.

- A senhora é muito gentil, condessa Cavaleiro Azul, falou Tomte.

A fairy doctor ficou assombrada e perguntou-se como ele sabia sobre isso.

- Pois bem, vamos lá? – convidou o homenzinho.

Sugestão de trilha: Track 3 (Another – OST)

E assim foram. No caminho o ar ficava mais denso a cada passo dado, enquanto que alguns murmúrios e súplicas ainda persistiam. E o mais estranho, parecia que Tomte estava acostumado àquele lugar. Nem ele e nem Raven pareciam incomodados com os sussurros horripilantes. Lydia arrepiou-se toda quando pensou que Edgar poderia estar entre eles.  E como lesse seu pensamento, Tomte virou-se para trás e declarou:

- Não, ele não está entre eles, se isso a deixa aliviada. Não me pergunte como sei. Apenas sinto…

Lydia suspirou um pouco mais calma, apesar do coração estar muito pesado. De repente, eles estavam diante de uma porta de ferro imensa e que o homenzinho, mesmo parecendo frágil, a abriu sem grandes dificuldades. Quando esta descerrou-se surgiu diante dos seus olhos um salão majestoso, apesar de soturno. O assoalho era decorado em preto e branco, muito parecido com um tabuleiro de xadrez. Várias estantes que continham cadernos (ou seriam livros ?) com nomes de pessoas.

Seguiram e chegaram em um canto onde estava uma espreguiçadeira envolta por véus e lá a silhueta de uma mulher. Ao lado um cálice com uma bebida que parecia vinho. Tomte os anunciou com extremo respeito e a mulher puxou um dos véus e assim Lydia encontrou-se pela primeira vez com Hell, a Senhora de Outro Submundo.

Ending (Fechamento):

Nota da autora: Aí está o seguimento da fanfic. E vamos a caminho da morada de Hell. Também denominada por Hel, Hela, a Deusa nórdica, que é filha Loki (o Deus dos ladrões) e a gigante Angrboda. Se eu contar mais… bem, aí entrego o ouro. Eu a particularmente a adoro! Vale a pena conferir um pouco mais sobre ela em Deusa Hel. Esse capítulo é intermediário, porque o próximo, segure-se nas cadeiras. Bem, a gente se vê semana que vem! Até lá e obrigada por ler a fanfic.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Até as últimas consequências–Capítulo VII

(fanfic II para Hakushaku to Yousei)

Opening (Abertura):

O Luto pode se transformar em Vida?

Sugestão de trilha: Sabaku to Kaze (Claymore – OST)

A senhora bateu três vezes com o cajado na imensa porta de madeira ornamentada por esculturas. A porta abriu-se e um senhor os atendeu. Ele a cumprimentou com familiaridade, sendo que Hécate apresentou o casal e seguiu rumo à sala principal.

As paredes do castelo eram forradas por plantas como boa-noite, esqueleto e heras que se entrelaçavam entre si, de tal forma que pareciam correntes e elos. Durante o trajeto, Lydia viu vários jardins de flores noturnas que exalavam um cheiro delicioso.

Quando chegaram à sala principal, reparou que a decoração, embora tivesse móveis no estilo masculino, tinha o toque de uma mulher. E acima de três degraus havia uma mesa enorme e várias pessoas discutindo, correndo de lá para cá. No centro dela, estava um homem alto, forte, de cabelos lisos, mas levemente ondulados, compridos e negros. Tinha olhos azuis e uma barba muito bem aparada. Ao lado dele, havia uma máquina que Lydia nunca tinha visto na vida. E que ele manipulava com destreza. Ela perguntou para si mesma, o que seria.

Hécate parou no topo da pequena escada e o chamou:

- Hades, você tem um minuto?

O homem a olhou ressabiado e indagou:

- Sobre o que seria, minha senhora?

- Trago esses dois jovens…

- Eles marcaram audiência?, questionou ainda ríspido.

- Não, mas eles vieram em caráter de…

- Urgência! – completou ele. – Todos vêm em caráter de urgência! Veja só, minha senhora – e apontou para a papelada que estava em cima da mesa, assim como as pessoas que estavam ao seu redor e prosseguiu: – A senhora sabe que logo mais iremos recepcionar diversas almas por conta de uma epidemia. Desculpe, mas não tenho tempo para trivialidades!

- Olha aqui, grosseirão! – provocou Hécate – Você acha que iria atrapalhar seu precioso tempo com alguma besteira?

Sugestão de trilha: Kanashiki Shukumei (Claymore – OST)

Enquanto o bate-boca começou a correr solto, uma jovem de cabelos esvoaçantes entrou no salão de modo silencioso. Seu vestido delicado, parecia ser feito por fadas, e era ornado com bordados com tanta graciosidade, que pareciam pequenas joias. De gestos gentis, rosto meigo e generoso, ela percebeu que Lydia a fitava. Retribuiu o olhar e sorriu de leve para a condessa, sendo que essa devolveu com outro sorriso, ainda que tímido.

Ela aproximou-se mais da mesa e pronunciou-se:

- Hades, querido! Será que sou a única mulher que você trata com respeito? Onde estão seus modos, meu amor? – sem dúvida era uma reprimenda, mas não deixava de ser sutil.

Foi aí que Lydia compreendeu quem era ela… Seu nome era Perséfone, esposa de Hades, Rainha do Submundo.

Hades agora modificava sua feição e tentou justificar-se:

- Querida, se atendermos a cada pessoa que vem aqui…

- Ora, ora, Hades, querido não vê que eles são uma exceção? Não percebeu de quem se trata?

Lydia ficou se perguntando como Perséfone sabia quem era ela.

- Lydia, sei a dor que você está sentindo, mas por favor, acalme-se. Não adianta virar o rosto para o problema quando você está pronta para enfrentá-lo.

A condessa arregalou os olhos ainda inchados de tanto chorar. Tentou balbuciar qualquer coisa, mas não conseguia. Levou as mãos à boca para abafar os soluços. Acalmando-se um pouco, Lydia então disse:

Sugestão de trilha: Hito wo Omou Koto (Claymore – OST)

- Sei que devo enfrentar mas, a cada momento que passa fica mais e mais difícil. Não tenho certeza de nada…

- E justamente, por não ter certeza de nada, que você deve confiar em si mesma. Afinal, onde você esconde todo o seu poder que tem adquirido ultimamente? Que eu saiba, ele não virou o pingente do colar que você carrega…- explicou Perséfone.

Hades percebeu que a situação era mais delicada do que parecia ser e solicitou que os assessores retirassem da sala. Perséfone caminhou até a mesa como estivesse flutuando. Seu andar lembrava a de uma ave graciosa. Sentou-se ao lado do marido e pediu para que Raven e Lydia sentassem.

- Dona Hécate, a senhora já é de casa, sente-se aqui do meu lado.

Pediu para um dos criados alimentassem Cerbero e a uma criada que preparasse alguns sanduíches, “afinal, vocês devem estar com fome, não é?”, perguntou aos visitantes.

- Pois bem, Lydia, sei perfeitamente da sua situação, sei que é duríssimo perder o homem que se ama, mas antes de fazermos a pesquisa, que tal você refletir um pouco?

A fairy doctor prestava atenção a cada palavra dita pela senhora. Como Perséfone mesmo disse, por não ter certeza de nada, era preciso mais do que nunca ser forte.

- Em primeiro lugar, o que você quer realmente?

- Eu quero…

A Rainha do Submundo, então, foi em direção a ela, chegou mais perto, segurou suas mãos e falou baixinho:

- Ly, você não está só. Antes de ser a fairy doctor, a Lady Ashenbert, a condessa Cavaleiro Azul, você é Lydia Carlton…

Só por Perséfone tê-la chamado de Ly, exatamente como Edgar fazia, foi a gota-d’água para desabar-se em um choro doído e cheio de soluços. Perséfone a abraçou e disse bem baixinho:

- De qualquer modo vai acabar tudo bem… – virou-se para o marido e pediu para que ele fizesse uma busca sobre a entrada da alma de Edgar no reino.

E Lydia viu Hades consultar a estranha máquina que tinha visto anteriormente. Enquanto isso, a criada servia uma pequena refeição para os presentes.

- Se ele estiver aqui, Ly, veremos em que as condições que a alma dele encontra-se e…

Sugestão de trilha: Anima Mala (Puella Magi Madoka Magica – OST)

- Ele não está aqui! – respondeu Hades.

- Tem certeza, queridinho?

- Absoluta! Você sabe, meu amor, que confiro todo o processo desde a inserção dos que chegam, dos que partem e a conferência de todos os dados.

- Eu bem que suspeitei que ele não estivesse aqui – afirmou Hécate pensativa. – Afinal, ele chama muito a atenção…

- Se ele não está aqui, onde pode estar? – parecia Lydia que indagava-se a si mesma.

Os integrantes da submundo entreolharam-se e Hades, tomando coragem, perguntou:

- Você já verificou com a Hell, Lydia?

A fairy doctor percebeu que o nome não lhe era estranho, mas não conseguia associá-lo com quem.

- Desculpe a minha ignorância, mas quem é a Hell?, perguntou humildemente Lydia.

- Hell é a Senhora do Outro Submundo. Para lá vão os mortos que, geralmente, tiveram uma morte trágica. Há também os que têm espíritos muito violentos e que necessitam de disciplina. E só a Hell pode domá-los. Mas não é o caso do Edgar… mas em todos os casos…

- Mas por que o Edgar teria ido para lá?, questionou a condessa.

- Lydia, isso é o que menos importa! – advertiu o Senhor do Submundo e completou: – O mais importante é priorizar sua ida para lá.

- E de que modo posso ir para lá? Aliás, eu e Raven?

Hécate levantou-se e respondeu de forma generosa:

- Posso indicar o caminho!

Lydia abaixou a cabeça e disse em tom respeitoso:

- Peço-lhes permissão para que partamos imediatamente, pois estamos com pouco tempo.

- Que assim seja, minha querida! – abençou Perséfone.

- E que vocês sejam vitoriosos nessa viagem! – desejou Hades de forma gentil.

Ending (Fechamento):

Nota da autora: Eu disse… a cada capítulo essa fic pega fogo! E como gosto disso! Bem, aqui somos apresentados ao casal Perséfone e Hades. Provavelmente, muita gente conhece sobre o mito de Perséfone: a garota gentil e ingênua que foi raptada enquanto colhia flores em um campo pelo Senhor dos Infernos, o Hades. Passado um tempo, sua mãe, Deméter, desesperada por não encontrar a filha e não consegui-la trazer de volta, provoca uma revolta: como ela é a Senhora da Colheita, a sua maior arma é ter deixado toda a Grécia sem um grãozinho se quer de comida. E toca o Senhor do Olímpio, Zeus, interceder por ela. Como ele e o Hades são irmãos, a coisa ficou mais fácil. E antes de voltar para mãe, Hades deu uma romã para Perséfone comer. Mas na altura do campeonato, ela já estava mais do que apaixonada. Conclusão, ela fica na Terra junto com a mãe por 6 meses (Primavera e Verão) e volta ao lado do marido nos outros 6 meses (Outono e Inverno). Particularmente, acho o mito sensacional e mostra o quanto uma mulher pode amadurecer quando encara uma situação de frente. E aí, ela consegue forças do seu mais profundo ser para conseguir sair dessa. Se você se interessar, há vários links sobre o mito e até vivências. É só fazer uma busca no Google.

Mas, voltando à fic, o importante aí que Lydia vai crescendo à medida que ela vai percorrer esse caminho em busca da alma do Edgar. No próximo capítulo, iremos para o mundo da Hell. E prepare-se que serão dois capítulos intensos. Bem, até lá! Beijos e obrigada por ler a fic.

Até as últimas consequências–Capítulo VII

(fanfic II para Hakushaku to Yousei)

Opening (Abertura):

O Luto pode se transformar em Vida?

Sugestão de trilha: Sabaku to Kaze (Claymore – OST)

A senhora bateu três vezes com o cajado na imensa porta de madeira ornamentada por esculturas. A porta abriu-se e um senhor os atendeu. Ele a cumprimentou com familiaridade, sendo que Hécate apresentou o casal e seguiu rumo à sala principal.

As paredes do castelo eram forradas por plantas como boa-noite, esqueleto e heras que se entrelaçavam entre si, de tal forma que pareciam correntes e elos. Durante o trajeto, Lydia viu vários jardins de flores noturnas que exalavam um cheiro delicioso.

Quando chegaram à sala principal, reparou que a decoração, embora tivesse móveis no estilo masculino, tinha o toque de uma mulher. E acima de três degraus havia uma mesa enorme e várias pessoas discutindo, correndo de lá para cá. No centro dela, estava um homem alto, forte, de cabelos lisos, mas levemente ondulados, compridos e negros. Tinha olhos azuis e uma barba muito bem aparada. Ao lado dele, havia uma máquina que Lydia nunca tinha visto na vida. E que ele manipulava com destreza. Ela perguntou para si mesma, o que seria.

Hécate parou no topo da pequena escada e o chamou:

- Hades, você tem um minuto?

O homem a olhou ressabiado e indagou:

- Sobre o que seria, minha senhora?

- Trago esses dois jovens…

- Eles marcaram audiência?, questionou ainda ríspido.

- Não, mas eles vieram em caráter de…

- Urgência! – completou ele. – Todos vêm em caráter de urgência! Veja só, minha senhora – e apontou para a papelada que estava em cima da mesa, assim como as pessoas que estavam ao seu redor e prosseguiu: – A senhora sabe que logo mais iremos recepcionar diversas almas por conta de uma epidemia. Desculpe, mas não tenho tempo para trivialidades!

- Olha aqui, grosseirão! – provocou Hécate – Você acha que iria atrapalhar seu precioso tempo com alguma besteira?

Sugestão de trilha: Kanashiki Shukumei (Claymore – OST)

Enquanto o bate-boca começou a correr solto, uma jovem de cabelos esvoaçantes entrou no salão de modo silencioso. Seu vestido delicado, parecia ser feito por fadas, e era ornado com bordados com tanta graciosidade, que pareciam pequenas joias. De gestos gentis, rosto meigo e generoso, ela percebeu que Lydia a fitava. Retribuiu o olhar e sorriu de leve para a condessa, sendo que essa devolveu com outro sorriso, ainda que tímido.

Ela aproximou-se mais da mesa e pronunciou-se:

- Hades, querido! Será que sou a única mulher que você trata com respeito? Onde estão seus modos, meu amor? – sem dúvida era uma reprimenda, mas não deixava de ser sutil.

Foi aí que Lydia compreendeu quem era ela… Seu nome era Perséfone, esposa de Hades, Rainha do Submundo.

Hades agora modificava sua feição e tentou justificar-se:

- Querida, se atendermos a cada pessoa que vem aqui…

- Ora, ora, Hades, querido não vê que eles são uma exceção? Não percebeu de quem se trata?

Lydia ficou se perguntando como Perséfone sabia quem era ela.

- Lydia, sei a dor que você está sentindo, mas por favor, acalme-se. Não adianta virar o rosto para o problema quando você está pronta para enfrentá-lo.

A condessa arregalou os olhos ainda inchados de tanto chorar. Tentou balbuciar qualquer coisa, mas não conseguia. Levou as mãos à boca para abafar os soluços. Acalmando-se um pouco, Lydia então disse:

Sugestão de trilha: Hito wo Omou Koto (Claymore – OST)

- Sei que devo enfrentar mas, a cada momento que passa fica mais e mais difícil. Não tenho certeza de nada…

- E justamente, por não ter certeza de nada, que você deve confiar em si mesma. Afinal, onde você esconde todo o seu poder que tem adquirido ultimamente? Que eu saiba, ele não virou o pingente do colar que você carrega…- explicou Perséfone.

Hades percebeu que a situação era mais delicada do que parecia ser e solicitou que os assessores retirassem da sala. Perséfone caminhou até a mesa como estivesse flutuando. Seu andar lembrava a de uma ave graciosa. Sentou-se ao lado do marido e pediu para que Raven e Lydia sentassem.

- Dona Hécate, a senhora já é de casa, sente-se aqui do meu lado.

Pediu para um dos criados alimentassem Cerbero e a uma criada que preparasse alguns sanduíches, “afinal, vocês devem estar com fome, não é?”, perguntou aos visitantes.

- Pois bem, Lydia, sei perfeitamente da sua situação, sei que é duríssimo perder o homem que se ama, mas antes de fazermos a pesquisa, que tal você refletir um pouco?

A fairy doctor prestava atenção a cada palavra dita pela senhora. Como Perséfone mesmo disse, por não ter certeza de nada, era preciso mais do que nunca ser forte.

- Em primeiro lugar, o que você quer realmente?

- Eu quero…

A Rainha do Submundo, então, foi em direção a ela, chegou mais perto, segurou suas mãos e falou baixinho:

- Ly, você não está só. Antes de ser a fairy doctor, a Lady Ashenbert, a condessa Cavaleiro Azul, você é Lydia Carlton…

Só por Perséfone tê-la chamado de Ly, exatamente como Edgar fazia, foi a gota-d’água para desabar-se em um choro doído e cheio de soluços. Perséfone a abraçou e disse bem baixinho:

- De qualquer modo vai acabar tudo bem… – virou-se para o marido e pediu para que ele fizesse uma busca sobre a entrada da alma de Edgar no reino.

E Lydia viu Hades consultar a estranha máquina que tinha visto anteriormente. Enquanto isso, a criada servia uma pequena refeição para os presentes.

- Se ele estiver aqui, Ly, veremos em que as condições que a alma dele encontra-se e…

Sugestão de trilha: Anima Mala (Puella Magi Madoka Magica – OST)

- Ele não está aqui! – respondeu Hades.

- Tem certeza, queridinho?

- Absoluta! Você sabe, meu amor, que confiro todo o processo desde a inserção dos que chegam, dos que partem e a conferência de todos os dados.

- Eu bem que suspeitei que ele não estivesse aqui – afirmou Hécate pensativa. – Afinal, ele chama muito a atenção…

- Se ele não está aqui, onde pode estar? – parecia Lydia que indagava-se a si mesma.

Os integrantes da submundo entreolharam-se e Hades, tomando coragem, perguntou:

- Você já verificou com a Hell, Lydia?

A fairy doctor percebeu que o nome não lhe era estranho, mas não conseguia associá-lo com quem.

- Desculpe a minha ignorância, mas quem é a Hell?, perguntou humildemente Lydia.

- Hell é a Senhora do Outro Submundo. Para lá vão os mortos que, geralmente, tiveram uma morte trágica. Há também os que têm espíritos muito violentos e que necessitam de disciplina. E só a Hell pode domá-los. Mas não é o caso do Edgar… mas em todos os casos…

- Mas por que o Edgar teria ido para lá?, questionou a condessa.

- Lydia, isso é o que menos importa! – advertiu o Senhor do Submundo e completou: – O mais importante é priorizar sua ida para lá.

- E de que modo posso ir para lá? Aliás, eu e Raven?

Hécate levantou-se e respondeu de forma generosa:

- Posso indicar o caminho!

Lydia abaixou a cabeça e disse em tom respeitoso:

- Peço-lhes permissão para que partamos imediatamente, pois estamos com pouco tempo.

- Que assim seja, minha querida! – abençou Perséfone.

- E que vocês sejam vitoriosos nessa viagem! – desejou Hades de forma gentil.

Ending (Fechamento):

Nota da autora: Eu disse… a cada capítulo essa fic pega fogo! E como gosto disso! Bem, aqui somos apresentados ao casal Perséfone e Hades. Provavelmente, muita gente conhece sobre o mito de Perséfone: a garota gentil e ingênua que foi raptada enquanto colhia flores em um campo pelo Senhor dos Infernos, o Hades. Passado um tempo, sua mãe, Deméter, desesperada por não encontrar a filha e não consegui-la trazer de volta, provoca uma revolta: como ela é a Senhora da Colheita, a sua maior arma é ter deixado toda a Grécia sem um grãozinho se quer de comida. E toca o Senhor do Olímpio, Zeus, interceder por ela. Como ele e o Hades são irmãos, a coisa ficou mais fácil. E antes de voltar para mãe, Hades deu uma romã para Perséfone comer. Mas na altura do campeonato, ela já estava mais do que apaixonada. Conclusão, ela fica na Terra junto com a mãe por 6 meses (Primavera e Verão) e volta ao lado do marido nos outros 6 meses (Outono e Inverno). Particularmente, acho o mito sensacional e mostra o quanto uma mulher pode amadurecer quando encara uma situação de frente. E aí, ela consegue forças do seu mais profundo ser para conseguir sair dessa. Se você se interessar, há vários links sobre o mito e até vivências. É só fazer uma busca no Google.

Mas, voltando à fic, o importante aí que Lydia vai crescendo à medida que ela vai percorrer esse caminho em busca da alma do Edgar. No próximo capítulo, iremos para o mundo da Hell. E prepare-se que serão dois capítulos intensos. Bem, até lá! Beijos e obrigada por ler a fic.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Até as últimas consequências–Capítulo VI

(fanfic para Hakushaku to Yousei)

Opening(Abertura):

Caminhos Alternativos

Sugestão de trilha: The Departure (Vampire Knight – OST)

- Raven, não temos mais tempo a perder! Vamos direto para o castelo de Hades e Perséfone.

- Mas, milady… convém a senhora fazer uma refeição e trocar de roupa.

Foram tantos acontecimentos que Lydia tinha esquecido desses detalhes. Ela olhou para as mãos ainda marcadas pelo sangue de Edgar e então decidiu voltar para a casa e seguir os conselhos de Raven.

Chegando em sua mansão, a condessa instalou-se em um dos quartos de hóspede. Pediu uma refeição leve, tomou um banho e dispensou as criadas para arrumá-la.

Desde que saiu do seu quarto, decidida a trazer Edgar de volta, Lydia não retornou mais para o seu aposento. “Ao menos, por enquanto…”, pensou. Ela não suportaria ver mais uma vez o marido imóvel no leito.

Foi à procura de Aurthur e descobriu que Sereia e Tytânia colocaram o menino em um sono profundo, até que Lydia retornar-se de sua jornada.

- Foi melhor assim, explicou Tytânia. – a sua carga de responsabilidade já está demais pesada. Ele estará em segurança.

- Assim como o corpo de Edgar, revelou Lugh. – Lydia, já iniciamos o processo de conservação do corpo.

- Obrigada! Podem contar comigo! E vou trazê-lo custe o que custar!

- Boa sorte, fada querida! – desejaram Tytânia e Sereia.

A condessa, como sempre, humildemente, fez uma reverência ao Senhor dos Leprechauns, à Rainha das Fadas e à Soberana dos Sereianos e partiu, acompanhada de Raven, que sabia o caminho.

Lydia estava trajada de modo sóbrio, vestido verde-folha, sem muitos acessórios, apenas sua aliança e  o anel pedra da lua. Para enfrentar o frio  da localidade, optou por um manto azul-marinho e não o vermelho, o seu preferido. Se o escolhesse, poderia parecer petulante e arrogante, e isso não seria de bom tom para o momento.

A carruagem seguiu por um caminho que ela não conhecia, conduzida pelo cocheiro da família e o itinerário estava nas mãos de Raven.

Passado algum tempo, a carruagem parou na beirada de um belo lago e aí, ela viu Raven abrindo-lhe a porta e anunciando:

- Milady, aqui é nossa primeira parada.

Raven e Lydia  aproximaram-se do lago e ele fez um sinal para que o cocheiro partisse.

- Ele sabe o caminho de volta? – perguntou Lydia.

- Sim, senhora! Agora, observe…

Sugestão de trilha: Mystical Night Class (Vampire Knight – OST)

O homem-fada deu assovio quase inaudível aos ouvidos humanos. Pouco a pouco o lago foi aumentando de tamanho até virar um rio imenso e ao longe, Lydia pôde ver, uma barca aproximando-se.

Ela questionou-se como Raven sabia sobre isso, mas a tensão do momento, não a permitiu indagar para seu mordomo.

A barca era reluzente, imponente e tinha um ar feérico. Lembrava até aquelas embarcações para piratas, talvez por causa do tamanho que assustava, mas tinha mais luxo e classe. O barqueiro estacionou-a e colocou um acesso para que os dois subissem. Quando chegou a vez de Lydia, estendeu as mãos a fim de facilitar a entrada da condessa na embarcação. Já a postos, o barqueiro então apresentou-se:

- Bom-dia, meu nome é Queronte e serei responsável pela travessia rumo ao castelo do meu senhor Hades. Trouxeram as passagens?

Raven tirou algumas moedas de ouro, mas não as correntes na Inglaterra ou mesmo na Escócia, mas de origem desconhecida por Lydia. E mais uma vez, não teve coragem de perguntar. O barqueiro checou os últimos detalhes e seguiu viagem.

- Tens horário marcado?

Quando Raven disse que a visita era de caráter de urgência e que não houve tempo hábil para tal formalidade, o barqueiro atentou ao semblante triste da moça que o acompanhava. Lydia encontrava-se com o olhar perdido no horizonte.

- A senhora veio à procura de alguém?, perguntou o barqueiro.

A fairy doctor parecia que foi acordada de um sonho e respondeu:

- Sim! Vim por meu amor!

Não era comum amolecer o coração de Queronte, mas naquela circunstância e com a resposta suave e com certo tom de dor, ele não pôde negar em seguir em frente. Ele iria abrir uma exceção. “O senhor Hades não irá gostar, mas conheço uma única mulher que é capaz de fazê-lo ouvir essa moça”, refletiu.

Dado um certo tempo, a barca ancorou em solo firme e em meio ao nevoeiro Lydia fixou o seu olhar no castelo majestoso que se encontrava no alto de uma montanha. “Será que Edgar está lá?”, perguntou-se.

O barqueiro a ajudou a descer da embarcação e Raven veio logo atrás. A região estava fria e muito úmida. Caia uma garoa fina que a deixava com vontade de chorar. Para proteger-se do frio, Lydia colocou o capuz sobre a cabeça. Ela voltou à realidade quando ouviu Raven a convidando:

- Vamos?

Ela acenou positivamente com a cabeça. O mordomo muito gentilmente ofereceu o braço para guiá-la.

Enquanto começavam a caminhar em direção à montanha através de uma estrada com pedras negras que pareciam ônix, Raven confessou quase como murmúrio:

- Pode não parecer, mas estou tão abalado quanto a senhora.

Tudo que ela podia fazer era responder com um sorriso triste e tímido.

O lugar parecia silencioso e os únicos sons que se ouviam eram o vento e o caminhar dos seus sapatos sobre as pedras. Mas aí, Lydia sentiu que estavam sendo seguidos. Parecia o arfar de um cachorro (ou eram mais?), além de um barulho surdo, muito parecido com estocadas de madeira. A curiosidade a atiçava a verificar o que era. Ela virou lentamente a cabeça para trás, mas quando viu quem era, arregalou os olhos, sua respiração ficou um pouco mais acelerada do que normal. Sua agitação foi tanta que fez Raven parar.

Sugestão de trilha: Inevitabilis (Puella Magi Madoka Magica – OST)

E atrás deles estava uma senhora majestosa, magra que vestia um manto cinza bordado com fios de prata e ouro. Seu jeito era gentil, apesar do rosto carrancudo. Ela também tinha parado e estava os encarando. Ao seu lado estava um cão com três cabeças.

Depois de um certo tempo, ela perguntou:

- O que vocês estão fazendo aqui?

Lydia engoliu seco e não conseguiu responder, mas Raven adiantou-se, fez uma reverência e apresentou ambos:

- Perdoe-nos a nossa falta de delicadeza de entrar em vossas terras, senhora…

- Hécate! Pois não, rapazinho?

- Sou Raven, mordomo pessoal dos Ashenbert, descendentes diretos do Conde Cavaleiro Azul. E esta é Lady Lydia Ashenbert…

- Condessa Cavaleiro Azul e blá, blá, blá!! Quanta cerimônia, não? – retrucou a senhora, que se aproximou do casal.

Lydia já tinha ouvido sobre a Senhora dos Caminhos, Hécate, guardiã dos caminhos de todos os seres humanos, mesmo após passar para o plano espiritual. Sem contar que ela era a juíza suprema de vivos e mortos na escolha de seus caminhos. A fairy doctor mal podia acreditar que estava diante dela.

A senhora parou na sua frente, a encarou e indagou:

- Por que seus olhos estão tão úmidos, minha garota?

- Senhora, estou de luto. – respondeu um pouco apreensiva.

- Hum… – e então Hécate segurou o queixo de Lydia e a olhou bem nos fundos dos olhos. – Deixe-me ver… pelos meus registros você está casada com …

- Edgar. Aliás, eu estava casada… – E a fairy doctor não conseguiu continuar por conta do nó na garganta que quase a sufocava.

Reuniu todas as suas forças e com inocência, perguntou à velha senhora:

- Será que é possível resgatar da morte alguém de quem se ama muito?

Hécate soltou o seu queixo, pousou sua mão sob o cajado e respirou profundamente.

- Vou levá-los ao Hades. Ele que tem o controle da saída e entrada de qualquer alma por aqui. – e continuou, desta vez parecia que falava consigo mesma: – Mesmo que aquele tonto tenha a cabeça oca, é ele que manda aqui!

- Vamos! Sigam-me! A estrada é um pouco longa.

Enquanto andavam, Hécate proferiu um nome tão conhecido por Lydia:

- Edgar Sylvanford, não? Ou seria, Edgar Ashenbert?  Bem, agora não importa! Hum… esse menino deu-me um pouco de trabalho. Pensei que seria um caso perdido e não é que ele me surpreendeu? – e virou-se para ela.

Mesmo estando triste, Lydia conseguiu sorrir. E de repente, uma saudades latente assaltou seu coração. Ansiava desesperadamente por aquele sorriso travesso que ele sempre dava, seus cabelos extremamente louros acariciados pelo vento. E o modo que ele a abraçava, parecia que estava protegida de qualquer maldade. Eram tantos sentimentos envolvidos que ela nem percebeu que o cão de três cabeças seguia ao seu lado.

E algum tempo depois, ouviu-se Hécate dizendo:

- Chegamos!

Ending(Fechamento):

Nota da autora: Estamos no 6o capítulo da fanfic. Como você pôde perceber, Lydia e Raven começou a se interagir com os Deuses gregos. Hécate é minha velha conhecida nas andanças de Wicca e Neopaganismo. Mas para quem não é dessa religião, tentei trazer um lado mais humano e fofo da velha Senhora. Para quem quer conhecer mais sobre seu mito, vale acessar o link: Hécate - senhora dos caminhos. Digníssima, acho que Hécate irá interferir em favor de Lydia. Vamos ver no próximo capítulo.

Ah, talvez você tenha estranhado o sobrenome do Edgar, Sylvanford e não Ashenbert. Para quem assistiu o animê ou leu mangá, talvez não conhecia essa informação. O sobrenome Sylvanford aparece nas light novels de Mizue Tani, a autora de Hakushaku to Yousei. Isso porque o Edgar (olha o spoiler) nunca foi descendente direto dos Ashenbert. Na verdade, o pai de Edgar era o Duque Sylvanford e conforme vai se lendo o light, a mãe de Edgar, Jean-Mary, era descendente direta de uma família poderosa francesa… Alvo que muito interessava o Príncipe.  Não vou contar mais senão, estraga a surpresa para quem não leu o light novel. Vale a pena conferir! Segue o link (mas os livros estão traduzidos só para o inglês): Earl and Fairy. É do Dearest Fairy, um dos meus sites preferidos.

E uma brincadeira básica que sempre faço com o pessoal otaku… Acredito que Edgar é bisavô  ou tataravô do Usui Takumi (Kaichou wa Maid Sama) pela descendência inglesa dos personagens e do Tamaki Suoh (Ouran Highschool Host Club), pelos dois terem uma linha francesa… Sem contar que suas atitudes lembram o Usui, e o físico, bem é o Tamaki no século XIX, sem os ataques drama queen que ele tem! XD Oh, a viagem! Tudo bem, eu paro (apanha!!). Bem, quanto a fanfic, o próximo capítulo é bem emocionante! Espero vocês na semana que vem! Beijos e até lá!