Nota
de abertura: Demorou, mas chegou!!! Aqui está o 2º
capítulo do Livro II. O episódio 5 do anime adaptou justamente este capítulo. Há
algumas alterações ali e aqui, mas basicamente é a mesma trama.
Sem mais delongas, vamos à
história.
Desde o dia em que foi
decidido que seriam convidados para o baile do Conde, na residência do Carlton,
onde Lydia morava, os preparativos estavam num ritmo frenético. Estavam tão ocupados que ela
se esqueceu da procurar onde se localizava a “Lua” da Rainha das Fadas e a
organização que lutava contra o Príncipe. Não ocorreram incidentes depois disso
e, na verdade, Lydia havia se esquecido do mau pressentimento diante desses
fatos. Ela precisava obter um vestido sob medida rapidamente, além de
combiná-lo com sapatos, luvas e o arranjo do cabelo, sem contar aprender e
lembrar como dançar e as regras de comportamento cortês.
Lydia não tinha nenhum
vestido que a permitisse frequentar os ambientes formais. Quando ela foi para a
casa de ópera e a residência da nobre, em que foi arrastada por Edgar, usava os
vestidos preparados pelo pessoal da residência do Conde. Foi convencida a
aceitar a frequentar esses lugares pelo motivo de ser uma fairy doctor contratada pela família do Conde e assim ser aceita
pela sociedade.
Imaginou que esse próximo
baile seria algo parecido com isso, no entanto, o seu pai, que estava se
esforçando por causa de sua única filha, corrigiu-a de uma maneira
extraordinariamente firme desde que foi formalmente convidada, a não encarar
com outro serviço extensional de seu trabalho.
O pai de Lydia era um
professor universitário e possuía bons laços com as pessoas de classe alta, no
entanto, ele não favorecia os ambientes sociais chiques, logo não mostrou o
rosto, a menos que fosse um convite de alguém que não pudesse possivelmente
recusar. Neste caso em específico, para não colocar a filha em uma situação
embaraçosa, decidiu que iria participar também. E é por essa razão que havia
mais abalo e desordem na casa de Carlton por fazer algo que eles não estavam
acostumados.
Enquanto eles corriam com
isso e aquilo, o dia do baile chegou. À tarde, o pai de Lydia foi ao barbeiro,
limpou e arrumou os cabelos desgrenhados de sempre e ficou esperando o alfaiate
que atrasou enquanto repetidamente arrancava e limpava impacientemente os
óculos. Como não havia tempo suficiente, o vestido de Lydia só podia ser
terminado no dia do baile.
No final, chegou a noite,
mas a governanta da casa Carlton conseguiu habilmente ajudar Lydia a se vestir
e eles conseguiram ficar prontos a tempo. O vestido branco de musseline de laine tinha fitas fofas amarelo-creme
presas a ele. Rendas tricotadas delicadamente à mão decoravam o colarinho e a
saia. Seu cabelo, que normalmente ficava soltos pelas costas, foi feito de
forma elegante e charmosa como uma jovem dama. Depois ela o decorou com frésia
e puxou as luvas que lhe chegavam até os cotovelos. Ela estava pronta.
Ela foi chamada pelo seu pai
no corredor, e a governanta saiu para responder. Quando fez o último check-up completo, perguntou a Nico qual
era sua impressão:
― Nico, o que você acha?
― Como poderia saber?
Nico bocejou e se levantou.
Observava os humanos correndo, como não se importasse, mas usava uma gravata
nova de seda branca. Parece que ele iria participar da festa também.
― A costureira disse que o
branco cairia melhor por ser meu primeiro baile. No entanto, você não acha que seja um pouco
brilhante e desconfortável?
― Está tudo bem, desde que
você é jovem.
― Como ele é branco, a
costureira disse que podemos reutilizá-lo, retocando-o e se eu trocar as fitas
e as rendas, então seria um novo design
quantas vezes eu quiser.
― Você planeja ir a tantos
bailes?
― Um vestido formal para uma
festa tardia mostra seus ombros mais do que eu esperava.
― Você não está me ouvindo,
está?
Girando o corpo em frente ao
espelho, Lydia a examinou.
― Ei, você não acha que a
parte de trás é um pouco reveladora demais?
― E você parece muito
animada.
Lydia voltou à realidade.
― O que você está dizendo?
Isso é dever, apenas dever.
― Acredito que está tudo bem
você aproveitar. Isso não é algo que possa ser comparado a um baile no campo,
certo? Você seria capaz de se gabar disso para o pessoal do campo.
Isso era verdade, um baile é
o sonho de toda garota e Lydia não era exceção. Havia bailes realizados
seguramente nos campos, sua cidade natal. Eram pequenas festas organizadas pela
classe média, no entanto, era objeto de adoração de todas as garotas que nunca
haviam saído daquela cidade.
No entanto, Lydia nunca
tinha ido a um baile. Desde que era vista como uma excêntrica, mesmo se ela
fosse a um baile realizado na pequena cidade onde todos se conheciam, imaginou
que não seria capaz de se divertir. Mas, o que ela iria hoje era um verdadeiro
baile. Um baile como conto de fadas, ou fora de um sonho, organizado para os
colegas e aristocratas. Suas habilidades na dança não estavam perto disso, mas
se ela não conhecesse Edgar, essa oportunidade nunca teria surgido.
Ela decidiu que iria
aproveitar a atmosfera glamourosa no melhor que ela podia.
― Você está certo. Seria um
desperdício não aproveitar se estou indo.
― No entanto, você não
deveria dançar com alguém que você não conhece. Você vai envergonhar o
cavalheiro.
Nico disse isso só porque
ele assistiu à prática de dança de Lydia, portanto, suas habilidades devem ser
piores do que ela imaginava.
O instrutor lhe disse que
ela estava bem, mas teve a sensação de que os músculos do seu sorriso esticado
estavam se contraindo desconfortavelmente.
― Logo, talvez eu deveria
ter Edgar de parceiro.
Isso seria um pouco mais
tranquilo para Lydia.
― Por que vocês dois não
dançam? Você deve descarregar sua frustação acumulada no Conde.
Nico permaneceu em pé sobre as
patas traseiras e acertou o ar com as patas dianteiras como fossem punhos
fechados socando alguém.
“O que isso significa?”.
Do corredor, Lydia ouviu uma
voz chamando por ela. Parecia que seu pai ainda não tinha decidido sobre a
gravata. Lydia gritou que já estava chegando e puxou um pouco a barra da saia.
Ela teve que empurrar para baixo a crinolina que estava sob sua saia para
pudesse passar pela porta. Isso significava que para se mexer com um vestido
formal, as portas da casa e a escada eram estreitas.
― Oh, meu Deus! Veja só,
você quase tropeçou dentro de casa! Se isso acontecesse fora daqui, não seria
capaz de se levantar. – disse Nico revirando os olhos.
*****
No momento em que chegaram à
residência do Conde, na carruagem puxada por cavalos, já havia um número
infindável de carruagens com brasões de famílias estacionadas em frente à
entrada da mansão.
Quem saía das carruagens
eram senhoras e senhores que usavam trajes finos e elegantes, Entraram na
entrada da mansão do Conde como fossem arrastados. Lydia e o seu pai saíram da
carruagem e foram guiados pelos criados para a fila.
Era o salão do qual ela
estava familiarizada, mas depois de ter sido coberta com um tapete novo,
inúmeras luminárias e decorada com flores e ornamentos, Lydia sentiu que
poderia ter pensado em um mundo diferente e moveu sua cabeça de um modo
impróprio para uma lady a fim de
olhar tudo ao seu redor.
Do hall da entrada, a escada levava ao andar de cima, curvando em um
arco. Assim que eles subiram, entraram no grande salão. As portas do grande
saguão que dava para os diferentes cômodos estavam todas abertas e os
convidados bem-vestidos, que já haviam chegado, estavam ocupados em conversar
uns com os outros.
O pai bateu em seu ombro, e
quando ela finalmente se virou, viu que Edgar estava na frente deles.
― My lord, é uma honra poder ser convidado para este evento tão
agradável.
― Bem-vindos, professor
Carlton e miss Lydia.
Quando foi chamada assim,
lembrou-se de que veio à festa como a filha de Carlton, e não como a fairy doctor. Mostrava-se em um estado
de espírito diferente que ela supostamente estava acostumada a vê-lo, no
entanto, no momento em que ele lhe mostrou um sorriso, seu coração deu um pulo.
― Boa noite, ... Lord Edgar.
Lembrou-se de que não podia
falar com ele de maneira usual e amigável, mas de repente sentiu uma grande
distância entre eles, o que foi uma surpresa estranha.
― Por favor, aproveite o seu
tempo e divirta-se.
Dizendo isso, ele desviou os
seus olhos de Lydia e seu pai. Ele precisava dar boas-vindas aos convidados que
vinham um após o outro e assim não tinha de sobra para Lydia. Ela percebeu que
era impossível conseguir mais palavras dele e se surpreendeu com quem
aparentemente querer mais.
Quando ela estava prestes a
sair, seu braço foi agarrado levemente. Como estivesse recebendo uma carta
secreta, Edgar colocou uma rosa cor coral na mão de Lydia.
― Use na gola do seu
vestido. – sussurrou no ouvido dela e pareceu à Lydia que deveria guardar
segredo.
No momento em que o pai se
virou para olhá-la, rapidamente escondeu a rosa da vista.
― Lydia?
― Não é nada, pai... Pensei
que talvez devesse pegar algo para beber.
― Tudo bem. Vou cumprimentar
o Duque Masefield.
Deixando o pai, Lydia se
misturou à multidão e soltou um suspiro de alívio. “Por que estou tão em pânico?”. Era comum para Edgar agir como se
tivesse intenções por trás das ações.
Em primeiro lugar, ser instruída
a colocar uma rosa na gola do vestido era como dissesse que ele fosse simples
demais e precisava de mais decoração. Mais uma vez, ela deu uma olhada nas
pessoas ao seu redor e viu que todas as mulheres trajavam vestidos glamourosos
e brilhantes. O vestido que ela achava maravilhoso em sua casa, realmente,
parecia insípido, uma vez que se sentia como fosse uma erva daninha em um campo
de flores elegantes e grandes.
Utilizando uma janela como
um espelho, ela tentou deslizar a rosa, que teve todos os seus espinhos
removidos, para dentro do colarinho. Já que ela não tinha nenhuma joia
extravagante adornando o vestido, ter uma flor na área do colarinho, iria
torná-lo mais agradável aos olhos.
Organizando os enfeites que
se enfileiravam ao longo da gola, Lydia sentiu como se um par de olhos a
encarasse, e levantou a cabeça. Um certo número de mulheres olhou casualmente
para o outro lado, ou talvez fosse algo de sua imaginação.
“Existe algo estranho em mim?”. Procurou por algum sinal do seu pai,
e então, viu Raven prestando a vez de garçom. Ele foi até Lydia e estendeu um
copo.
― Quer algo refrescante?
― Ah, obrigada... Raven, há
alguma coisa estranha com o meu vestido?
― Não sei. – respondeu
imediatamente.
Parece que ela perguntou à
pessoa errada.
― Sinto muito, cometi um
erro. Você está extremamente linda.
― ...Edgar lhe disse isso?
― Sim.
“Como ele pôde dizer que sim?”.
A essa troca de palavras
fora de sintonia, ouviu-se uma pequena risada próxima.
― Não é de todo estranho.
Aquele que disse isso era um
homem que por acaso estava parado bem ao lado deles.
― Bem, eu não sou a pessoa
certa para perguntar sobre isso, já que é a primeira vez que venho a um baile
desses.
Seus olhos mostraram que ele
era uma pessoa gentil.
― O Conde Ashenbert foi
amigável e me convidou, portanto eu vim, mas estou preocupado que esteja fora
do lugar.
Ele apertou o seu casaco de
noite desgastado. Parecia que Raven estava ocupado e continuou a servir às
pessoas. No entanto, Lydia sentiu algo familiar com esse homem que disse ser
seu primeiro baile e conseguiu mostrar um sorriso natural.
― É também a minha primeira
vez.
Ele deu uma impressão clara
que fosse um jovem honesto e de boa vontade. Seus cabelos crespos castanhos
cresceram naturalmente, mas pareceu aos olhos de Lydia que não era o tipo
pretensioso. Ele não parecia ser da classe alta e se Edgar tinha conversado
diretamente com ele, então, deveria ser alguém de quem gostasse.
― No entanto, jovem
senhorita, todos estão de olho em você. Não tem a promessa de dançar com o conde?
― Eh?
Ele apontou para a rosa que
estava presa na gola do vestido.
― É a mesma que o Conde
Ashenbert está vestindo.
Agora que ela notou este
detalhe, a casa de botão de Edgar também tinha essa flor.
― Esta flor tem reunido
todos os olhares invejosos das filhas e jovens damas. Os senhores do salão,
provavelmente, também tenham percebido. Mesmo que quisessem lhe pedir uma
dança, eles deveriam sentir vergonha, já que você só tem olhos para o Conde.
“Era isso o que significava? Então, não vou ser pedida por ninguém”.
Não era como se ela estivesse esperando ser convidada para algo do tipo. Ela
estava um pouco esperançosa de que como fosse um sonho de ter os olhos de outro
rapaz, lhe convidasse para dançar e ver o que acontecia. Chegou a cogitar a
jogar a rosa. Mesmo assim, se ela fosse convidada e dançasse com outro, poderia
envergonhá-lo. Edgar pode ter previsto isto e teve essa ideia. Ele não queria
que seu baile se transformasse em um desastre. Lydia soltou um suspiro,
pensando que a realidade era mais dura do que imaginava. De qualquer forma, a
sensação que tinha das pessoas a olhando era por causa dessa flor.
― Hum, sou próximo ao conde,
mas nem tanto. Mesmo assim, ele me convidou mesmo que não sou de dançar.
― Não é bom em dançar? Eu
também.
― Já que não podemos dançar,
podemos conversar. Seria rude você pedir uma dança.
Quando Lydia fez um gesto
como fosse um chute, ele sorriu.
― Oh, me desculpe, não me
apresentei. Meu nome é Paul Foreman. Sou um pintor iniciante.
― Você é aquele pintou Tytânia?
― Você a viu? Ah, eu poderia
me apresentar melhor se não dissesse meu nome... As mulheres me dizem que não
encaixava o que esperava de uma pintura. Parece que pensam de mim como alguém
vulnerável e sensível.
― Não, não mesmo. Sempre
quis conhecer você. Ah, meu nome é Lydia Carlton.
― Miss Carlton, você gosta de fadas?
Por mais que ela pudesse
vê-las e ouvi-las, era algo mais como uma rotina do que gostar. Mas, se ela
dissesse algo assim, até mesmo sendo um pintor de fadas, a acharia estranha.
― Oh, sim.
Ela não queria que ele
tivesse medo dela, por isso, não disse nada mais do que o necessário.
― Fadas e Deuses da
mitologia são fontes de inspiração para mim. Como nunca os vi antes, sou capaz
de criá-los livremente em minha imaginação.
― Oh, sim. Porque as pessoas
têm olhos mentais, são capazes de ver o que não parece aos nossos olhos.
― Olhos mentais, sim, também
penso assim. Isso é tudo para ver as fadas.
Era uma simples conversa,
mas Lydia se sentiu feliz, como se fosse entendida por alguém. Desde que ele
gostava de pintar fadas, talvez, ela chegou a pensar que ele poderia até
aceitar quando dissesse que podia vê-las.
Antes que ela percebesse, a
orquestra tinha acabado de tocar o prelúdio. As pessoas que estavam no hall começaram a se movimentar. No
centro, casais prontos para dançar se reuniram.
― Lá está o Conde. Ele
realmente se destaca.
Lydia também foi capaz de
localizá-lo imediatamente. Seu cabelo louro reluzia e brilhava acima de
qualquer coisa e reunia os olhos das pessoas sob a luz do candelabro. É claro
que precisava pedir a dança a todas as filhas e ladies convidadas da alta classe, logo, ele realmente não tinha
tempo para dançar com Lydia. Para ela estava tudo bem se seguisse assim.
Enquanto assistia,
momentaneamente, uma nova dança se iniciou ao ritmo de quadrilha. Durante o tempo em que eles
dançavam em fila, os parceiros mudavam, e a jovem que estava sendo escoltada
por Edgar, durante um curto período de tempo, precisava sair do seu lado e
segurar a mão de outro homem. Ela não tirava os olhos dele, como se encaravam
de forma calorosa. Lydia estava com um pouco de inveja.
― Parece divertido.
― Você gostaria de dançar?
― Eh, mas...
― Se é essa dança, parece
fácil o suficiente. E se cometermos um erro, tenho certeza de que não se
destacaria tanto assim.
Ele estava certo e é por
isso que parecia muito divertido. A dança com a qual Lydia teve problemas até o
final foram os passos da valsa e do minueto. Era um desperdício não aproveitar
nada. Como Lydia pensou isso consigo mesma, ela assentiu.
― Hum, mister Foreman, por favor, vá com calma comigo.
― Você pode me chamar de
Paul.
****
Sentado no corrimão de pedra
que levava ao jardim, com um copo de uísque em uma pata, o gato fada Nico
cantarolava para si mesmo. A música que era executada pela orquestra podia ser
ouvida daqui claramente. No entanto, o ruído das atividades e as fofocas da
multidão estavam longe e deixava o lugar mais tranquilo. Sob a luz da Lua
crescente que pairava no céu noturno, bebericava suavemente enquanto saboreava
o caviar e o salmão defumado. Nico definitivamente se encontrava de bom humor.
Para falar a verdade, ele
preferiria um peixe inteiro acabado de ser pescado, frito mais do que ovas de
peixes ou finas fatias de pescado, mas agora não tinha importância. As pequenas
fadas se reuniam para ouvir a música que as fazia dançar nas fontes e nos troncos das
árvores. Até o hobgoblin da casa dos
Carlton estava lá.
― Mister Nico, o baile do Conde é magnífico. – agitando suas asas
douradas com rapidez, Marygold pairava no ar acima de Nico.
― O próprio Conde é um homem
tão maravilhoso. Se ele fosse para o lado de Nossa Majestade, então, nossa
terra certamente se tornaria ainda mais próspera.
― Ei, ei, você ainda não
desistiu? É impossível levar o Conde com você.
― Se eu tivesse aquela “Lua”
comigo, ele certamente teria consentido.
― Mas, o homem por quem a
rainha se apaixonou não é ele, você sabe? Ele é apenas um homem que herdou o
nome da família, e mesmo assim, vocês encaram isso bem?
― Porque se eles têm o mesmo
nome não há muita diferença, compreende? Como as vidas humanas são tão curtas,
ouvi dizer que elas passam adiante através de seu sangue e nome.
“Porém, ele nem compartilha o mesmo sangue”. Mesmo que pensasse
isso, ficou quieto. Há muito tempo atrás, o melhor amigo humano das fadas era o
Lord Cavaleiro Azul. Como seus
descendentes, aqueles com nome de Conde Cavaleiro Azul, ainda deveriam ser
alguém especial entre as fadas, portanto, não era de admirar que sua Fada
Rainha estivesse tão apegada a obtê-lo.
Para dizer a verdade, Nico realmente
não se importava se Marygold levasse aquele criminoso para terra de sua Rainha
das Fadas, assim Lydia seria libertada. Nesse ritmo, permanecendo como a fairy doctor da família do Conde,
haveria a possibilidade de Lydia se envolver na guerra desconhecida que estava
por trás de Edgar.
No entanto, Lydia estava com
um pouco de pena de Edgar. Foi enganada e usada por inúmeras vezes e mesmo
assim, quando foi obrigada a fazer o que ele queria, ficou aflita por ele ter
um passado tão triste. Seja como for, essa era a personalidade de Lydia,
portanto, fica difícil de ser ajudada.
Edgar foi colocado em uma
situação que quase foi levado para o Mundo das Fadas, e não era o seu desejo,
portanto, ela estava certa de fazer algo para ajudá-lo. Por causa de sua
responsabilidade como fairy doctor,
ela faria qualquer ato imprudente.
― Tsc, então, isso significa que vamos morar em Londres por um tempo.
Quando ele murmurou isso, as
pequenas fadas no jardim, de repente, começaram a sussurrar em vozes nervosas.
A água da fonte espirrou em ondas explosivas. A superfície da água que
circulava ao redor da estátua da sereia de bronze se ergueu como uma montanha
negra. No momento seguinte, a área ao redor deles estava cheia de um toque
sinistro de vento. Marygold se escondeu atrás da cauda de Nico e ele correu
para pular nos arbustos. O que apareceu das águas salpicadas da fonte era um
magnífico cavalo ébano.
― Ke-Kelpie!
Nico não pôde deixar de
suspirar de surpresa e, então, rapidamente cobriu a boca com as patas.
Levantando o traseiro, Kelpie chutou para longe as fadas que ainda não tinham
escapado dos seus cascos, sacudiu a crina saturada, o que fez com que as gotas
da água brilhassem e reluzissem e, então, levantou a cabeça para olhar para o prédio.
― É ele, mister Nico. Foi ele quem roubou a “Lua”
de Nossa Majestade.
― O quê?
― Ele estava na forma humana
na época, mas não dá para confundir aqueles olhos negros de pérola.
― Isso é muito ruim. Aliás,
extremamente ruim!
Nico ficou cada vez mais
nervoso e voltou sua atenção aos seus bigodes que estavam em linha reta.
Desde a primeira vez que ele
viu a pedra com mofo brotando dela, ficou com mau pressentimento. Não
acreditava que o cavalo aquático deixaria as águas familiares de sua casa e
fosse até Londres, por isso negou essa possibilidade. No entanto, ele era um
personagem diferente de um cavalo aquático normal. Geralmente, eles só viam
seres humanos como presas, mas ele seguiu Lydia depois de ficar interessado
nela. Aparentemente influenciado pelo irmão mais novo, que foi mais excêntrico
tomando uma humana como esposa, implacavelmente perguntou à Lydia se queria se
tornar sua noiva.
Enquanto Nico tentava
descobrir o que fazer, Kelpie mudou para sua forma humana e começou a subir as
escadas que continuavam até o salão, onde o baile animado acontecia.
― Oh, não! Preciso avisar
Lydia!
Nico finalmente moveu seu
corpo que estava congelado. Subiu na árvore mais próxima e pulou pela janela do
segundo andar para entrar no salão que estava iluminado pelas lâmpadas a gás,
antes de Kelpie.
*****
As músicas de danças mudavam
rapidamente uma para outra. Da bela música do violino que fluía pelo salão até
a melodia saltitante do clarinete e a melodia calma do solo do violoncelo.
Afastando-se do círculo daqueles estavam dançando e conversando enquanto ouviam
a música, tudo aquilo era bastante agradável à Lydia.
Ela apresentou Foreman a seu
pai e, justamente, quando seguia uma conversa animada entre ela e a duquesa,
que dizia adorar ouvir sobre fadas, seus olhos focaram em um gato de pelos
grisalhos que balançava e serpenteava sobre as pernas traseiras.
“Oh, Nico! Ele é completamente esquecido que deve agir como gato na
frente das pessoas e andar de quatro”. Felizmente ninguém estava olhando
para os pés dele, então, parecia que ninguém havia notado, mesmo assim Lydia
caminhou rapidamente até Nico.
― Lydia! Estive procurando
por você! Algo surgiu, aquele Ke...
Parecia que ele estava em
algum tipo de pânico, mas Lydia o pegou enquanto parecia que ele iria continuar
a falar em sua posição ereta.
― Ei, o que você está
fazendo, Lydia?
― Não fale assim no meio
dessa multidão!
Haveria uma comoção se as
pessoas descobrissem que um gato estava de pé em suas patas traseiras e falava.
Ela carregou um Nico completamente agitado até a varanda e o abaixou
escondendo-o na sombra de cortina em cima do corrimão.
― Não seja tão irracional...
- resmungou Nico de mau humor, enquanto arrumava os pelos arrepiados. Ele era
um gato fada que tomava cuidado com a sua aparência acima de tudo. Aproveitou
para ajeitar a gravata também.
― O mais importante, qual é
o problema?
― Certo! Ele está aqui,
aquele cara.
― Ele?
― Você sabe, ele, aquele
cara que roubou a “Lua” de Marygold.
― Você descobriu quem foi o
culpado?
― Não, eu quis dizer que ele
era o único que...
― Lydia! Aí está você!
Antes que Nico pudesse
terminar, houve outra voz que os interrompeu. Da varanda vizinha, um homem se
inclinava na direção deles. Pela luz da lâmpada, seus cabelos negros ondulados
estavam iluminados. Ele tinha uma aparência mística de tirar o fôlego, o tipo
de beleza e características que não podiam nascer de um humano. Alto, com um
corpo forte e bem formado. Claro, tudo lhe era muito familiar.
― Ke-Kelpie!
Ele era a fada que
periodicamente visitava sua casa na Escócia. Originalmente, era um cavalo
aquático, que vivia na região montanhosa. No entanto, ele era excêntrico que
percorreu todo um caminho até a cidade perto de Edimburgo, onde Lydia viveu e
passou a residir no rio próximo. Era de uma espécie que naturalmente não se
comunicaria seus pensamentos com humanos. Era da Corte de Unseelie, que usava
sua boa aparência diabolicamente para enganar os humanos e arrastá-los para as
águas a fim de devorá-los.
De qualquer forma, esse
Kelpie chegava à sua casa de campo, e passava o tempo de forma arbitrária, e
por isso, ela só pensava nele como um amigo um tanto ousado. Mesmo que fosse um
cavalo aquático diabólico, não era tão perigoso assim quando saia do rio. E
quando se referia a ele, via-o mais por curiosidade como uma fairy doctor do que sua verdadeira
natureza como devorador de homens.
No entanto, enquanto Lydia
permitia que visitasse sua casa, ele deve ter se cansado de subir à terra e
começou a dizer à Lydia para entrar nas águas com ele. Kelpie a convidou
alegremente a morar com ele, como não conhecesse a moral comum da vida humana,
então, quando ela disse a ele o feitiço que “faria se ele trouxesse a ‘Lua’”,
ele não apareceu por um tempo.
Em meio a essa situação,
Lydia veio para Londres e os dias que correram a fizeram esquecer-se
completamente de Kelpie. Mas, mesmo assim, ele não teve que escolher aparecer
em um momento como este.
― Vim aqui por você. Vamos
voltar para a Escócia.
Kelpie saltou para a varanda
em que estavam como se fosse leve igual a uma pluma.
― Co-como você soube onde eu
estava?
Lydia se ajeitou.
― O hobgoblin de sua casa me contou. Porque você é contratada pelo
Conde Cavaleiro Azul, não voltará por um bom tempo. Então, é por isso, que vim
por todo esse caminho por você.
Ela ouviu de seu pai que
enviou uma carta a um conhecido para administrar sua casa enquanto estavam
fora. Os rumores sobre a excêntrica Lydia ter sido contratada por alguém mais
esquisito como o Conde devem ter se espalhado pela cidade.
Os hobgoblins adoravam fofocas e rumores muito mais do que humanos.
Para afastar o Kelpie, que eles não gostavam, contaram com gosto que Lydia
estava em Londres.
― Eu tenho emprego aqui.
Então, volte para casa sozinho.
No entanto, Kelpie não
estava escutando. Estava rudemente inspecionando Lydia com olhos confusos e
curiosos.
― Por que você está vestida
de forma estranha?
Ele se referiu ao vestido
formal dela. O único que não estava vestido para ocasião era Kelpie. Já que ele
era uma fada, nada podia ser feito, mas quando ele usava aquela túnica solta e
calças como fosse algum tipo de pastor de ovelhas dos campos montanhosos lhe
dava um ar intrometido, como fosse alguém enxerido na propriedade de outro.
Por enquanto, Lydia decidiu,
em pânico, que o melhor a se fazer era escondê-lo dos olhos das pessoas.
Mesmo assim, Kelpie não percebeu a situação e, sem pensar, puxou a saia para
examiná-la.
― O que você está fazendo?!
Em reflexo, ela lhe deu um
tremendo tapa com a palma da mão. Pelo menos, Kelpie a solto, mas tinha certeza
de que sua ação não foi de maldade.
― Bruta como sempre.
― Não quero que isso seja
dito por um Kelpie selvagem.
― Só queria saber o que
estava dentro.
― Isto é um tipo de vestido!
― Miss Lydia, aconteceu alguma coisa?
Aquele que falou com ela
assim que saiu para varanda foi Paul Foreman. Ele deve ter visto o
comportamento dos dois e pensou se tratar de um intruso suspeito que estava
fazendo algo ilegal contra ela. Ele se interpôs entre Lydia e Kelpie.
― O que posso te ajudar?
Você não parece ser um dos convidados e se veio sem permissão, então, acho
melhor você sair rapidamente. Ou vou ter que chamar os seguranças.
Kelpie mostrou um olhar
irritado quando franziu as sobrancelhas masculinas.
― Ele é o Conde Cavaleiro
Azul? Lydia, você está trabalhando por essa desculpa fraca de homem?
― Você está errado, ele não
é o Conde... Mais do que isso, não diga algo tão rude!
Paul se virou para Lydia
surpreso.
― Miss Lydia, ele é o seu conhecido?
― Uh... Bem, sim...
― O quê? Ele não é o Conde?
Então, não fique no nosso caminho!
Kelpie empurrou Paul para o
lado e puxou o braço de Lydia.
― Agora, o mais importante,
Lydia encontrei a “Lua”. Agora, você será minha!
― O quê?
Lydia ficou boquiaberta, mas
voltou à realidade quando Nico puxou a sua saia para trás. Marygold disse que
fora ele quem roubou a “Lua” dela. Lembrou-se de que não deveria aceitá-la de
jeito nenhum enquanto tentava desvencilhar-se dele.
― Não seja ridículo! A “Lua”
está acima de nós neste exato momento.
― Oh, apenas dê uma olhada.
É a “Lua” e até mesmo muda de fases.
Quando ele abriu a palma da
mão, havia um anel que tinha uma pedra branca leitosa presa a ele, mas Lydia
desviou os olhos.
― Não, obrigada. Nunca
poderia ser algo real.
― Não diga isso! Apenas
aceite!
― Não!
Kelpie tentou força
colocá-lo em um dos dedos de Lydia.
― Já disse a você que não
quero isso!
― Pare com isso, jovem...
Kelpie começou a lutar com
Paul, que estava de guarda para Lydia.
― Disse para não se meter,
seu pequeno!
― Não vê que ela não quer
isso de qualquer maneira?
― Cale a boca!
Assim que Kelpie foi pego de
surpresa, parou por completo.
― Huh? – disse Paul
levantando a mão em choque para ver que ele estava usando o anel.
― Ei, o que você está
fazendo? Não tenho nenhum interesse em você! Devolva!
― ... Não está saindo!
― O quê??
― Pare já!
Lydia tentou
desesperadamente empurrar Kelpie para trás. No entanto, as coisas já estavam
fora de controle. Os convidados que notaram a confusão já haviam se reunido
para fazer um círculo ao redor da porta da sacada.
― O que é toda essa
perturbação?
Era Edgar. Ele caminhou até
Lydia e olhou para Kelpie, que estava agarrando Paul pelo colarinho da sua
camisa.
― Você se importaria de
deixar o meu precioso convidado?
Paul choramingou “My lord”, mas foi jogado de lado por
Kelpie que se endireitou para enfrentar Edgar.
― Então, você é o Conde
Cavaleiro Azul?
― Lydia, quem é ele?
A maneira como ele perguntou
à Lydia, já não tinha intenção de conversar com alguém que não era convidado.
Era apenas a atitude depreciativa de um nobre. Mas, isso muito provavelmente
não atingiu Kelpie.
― Eu sou o grande, muito
temido Ke...
Lydia lhe deu uma cotovelada
com toda a sua força diretamente no estômago de Kelpie. Enquanto ele recuperava
o fôlego, ela falou em seu lugar.
― K..., Kain é o nome dele!
Se a notícia se espalhasse
que ele era um cavalo aquático, sendo Kelpie estava à plena vista de todos,
tinha certeza que viraria um caos absoluto.
― Pois bem, sir Kain, você tem negócios a tratar
comigo?
― Negócios? Ah, sim! Vim
aqui para levá-la de volta para a Escócia. É algo horrível que você fez,
mantê-la neste lixão de lugar chamado Inglaterra.
― Bem, vamos ver. Há uma
infinita de coisas aqui que você pode jogar fora, mas tenho certeza de que, em
sua casa, as pessoas poderiam pegar e tirar jogar qualquer coisa fora.
Só depois disso que Kelpie
percebeu que estava sendo ridicularizado.
― Oras, seu...
Com seu braço fortemente
construído, estendeu a mão para agarrar o pescoço de Edgar. Mas, Edgar
permaneceu onde estava e não demonstrou nenhum sinal de que iria evitar o
ataque. Aquele que parou o braço de Kelpie foi Raven.
Ele era um homem magro e asiático
com um rosto de bebê, que silenciosamente encarou Kelpie com seus olhos
penetrantes que se assemelhavam a uma ave de rapina. Ele emperrou para trás o
poder do cavalo aquático com seu próprio poder.
― Ah, como esperaria do
Conde Cavaleiro Azul. Você mantém algo tão enorme como seu servo.
Ela se perguntou se o Sprite sedento de sangue no interior de
Raven era visto por Kelpie.
― Estou em desvantagem em
terra. Lydia, te vejo mais tarde.
Com isso, Kelpie torceu o
corpo flexível e pulou para o chão da sacada. Enquanto todos da multidão
soltavam suspiros e gritos de surpresa, ele pulou na água da fonte. Todos
achavam que seu corpo afundava na piscina supostamente com água rasa, mas logo
se levantou em forma de um cavalo negro de ébano, borrifou gotas de água como
fosse chuva, relinchou ao mesmo tempo em que recuava e desapareceu nas águas da
fonte.
Os convidados do baile
ficaram horrorizados e chocados ao verem uma visão tão feérica. “O que vamos fazer agora?”, se perguntou
Lydia, enquanto olhava para baixo do corrimão da varanda e não conseguia
levantar a cabeça por medo. Ela permaneceu congelada, mas sentiu Edgar, ao
lado, respirar fundo.
― Uh, Edgar...
― Está tudo bem, apenas
continue sorrindo. – disse ele, em seguida, virou-se para todos.
― Senhores e senhores, peço
desculpas pelo incômodo. Parece que temos fadas se misturando entre nós no
baile. Se você encontrar chifres ou asas em seu parceiro de dança, por favor,
tenha cuidado para não ser levado para o mundo dele.
Uma vez que ele lhes
presenteou com um sorriso, uma agitação varreu a multidão ansiosa o que se
irrompeu em aplausos. Lydia ouviu dos convidados o desempenho maravilhoso que
ocorreu. “Eu me pergunto, que tipo artifício eles usaram?”, “Aquele homem de
cabelos negros é do circo?”, “Ou talvez, ele fosse um mago”, “Mas, o Conde é
senhor do País das Fadas, poderia ser uma fada verdadeira”. Enquanto eles
sussurravam entre si, voltaram ao salão conduzidos pelo som da música, o que
fez o baile fluir novamente como se nada tivesse acontecido.
― Paul, você esta ferido?
Preocupado com Edgar, Paul
finalmente caiu em si e ficou ereto. Ele arrumou a gravata que estava
desajeitada porque Kelpie a puxou e balançou a cabeça.
― Não, eu estou bem.
― Sinto muito que você teve
que passar por uma experiência tão desagradável.
E, então, ele se virou para
Lydia.
― Vamos dançar.
Edgar já não parecia ter
sido afetado pelo que aconteceu ao mesmo tempo em que estendia a mão para ela.
― Como nós prometemos.
― Sim...
Eles passaram na frente de
Paul, que parecia não entender a extensão do que aconteceu e queria fazer uma
pergunta, e ouviu Nico sussurrar para ela “Boa sorte”, Lydia saiu para o
corredor. Parecia que uma música terminara, e assim que Edgar levou Lydia ao
centro do salão, os olhos das pessoas se juntaram com foco na garota que usava
a mesma rosa e ela não precisou olhar em volta para verificar isso.
― A próxima é uma valsa.
Para tentar uma valsa tão de
repente, isso seria um grande obstáculo.
― Edgar, seria melhor se
nós...
― Você pode dançar com Paul,
mas não comigo?
Parece que ele notou.
― Não é isso. Só estou
dizendo que posso envergonhá-lo. Você acabou de passar por um problema e
acalmou a situação, mas por minha causa novamente...
Seus olhos
malva-acinzentados encararam Lydia enquanto ela olhava para ele. Parecia bravo
como não quisesse acreditar o que ela estava dizendo.
― Não há como você me
envergonhar.
Uma mão a sobrepôs e a outra
envolveu a cintura, enquanto esperava o primeiro acorde da valsa. No entanto,
em comparação a outros casais, Lydia ficou preocupada se eles estavam muito
próximo um do outro. Quando ela tentou se inclinar para trás, ele não relaxou a
pressão do seu braço.
― ... Se você ficar muito
perto, vou pisar no seu pé.
― Vá em frente.
― Eu poderia trombar em você
e derrubá-lo.
― Eu te apanharei, e então
tudo ficará bem.
― Você não ouviu de Raven
que minha dança era como uma arma ou tortura?
― Eu ouvi que você era suave
e perfumada.
― Huh?
― Eu desejei que poderia
acontecer comigo.
― ... Raven não diria algo
assim.
― Uh-hum, é apenas a minha imaginação. Você exala frésias hoje à
noite.
Ele riu como de costume de
Lydia, que ficava vermelha, mas agora seu olhar parecia mais sedutor do que
habitual. Suas mãos estavam dadas e seus
corpos colados um no outro, como não fosse para dançar, mas mais como precursão
que passariam um doce tempo juntos, algo difícil para Lydia imaginar.
Por um momento, a sala ficou
em silêncio, e então uma única frase de violino soou pelo ar. Como um sinal,
Edgar puxou o corpo de Lydia contra dele e deslizou para um primeiro passo.
Eles continuaram como se estivessem encostados na melodia do violino e Lydia
ficou surpresa ao ver que seu corpo se movia naturalmente. Foi porque Edgar
liderou habilmente Lydia. Foi como a sensação de que a respiração de ambos
combinava. Algo como ela amarrasse firmemente à música e a ele, como se
tornassem um.
― Você está indo muito bem.
― ... Isso não é algo comum.
É porque você é um bom condutor.
Ele concentrou sua força ao segurar
o braço ao redor das costas dela enquanto girava em círculo. Ela sentiu que
eles estavam esplêndidos e gloriosos quando a bainha de sua saia foi levantada
e balançou no ar, e ficou surpresa consigo mesma por poder seguir suavemente
por todas as etapas da dança.
― Lydia, assim como agora,
nós combinamos lindamente um com outro a qualquer momento. Você não acha? – ele
sussurrou a uma distância próxima, a ponto que quase seus lábios roçarem sua
orelha.
Lydia foi capaz de ver de
perto seus cabelos dourados de perto e que, sem querer, seus batimentos
cardíacos aceleraram. No entanto, isso não foi o resultado de sua prática, mas
a técnica de Edgar. Quem quer fosse sua parceira, ele era capaz de fazer os
dois parecerem estarem dançando perfeitamente.
Ele sabia que as pessoas ao
seu redor e a jovem garota em sua frente não seriam capazes de tirar os olhos
dele tão facilmente.
― O que você está planejando
agora?
Porque metade das palavras
doces que ele pronunciou tão suavemente foi para manipular Lydia. Ela sabia
disso. A outra parte fazia parte de sua personagem. Isso deveria ser verdade,
mas ele ficou quieto com um olhar como se estivesse desapontado. Ele puxou o
corpo dela contra o dele. Por terem andando em círculos repetidamente grandes,
Lydia quase ficou tonta.
Ele a levou mais rudemente
do que antes. Ela mal conseguia acompanhá-lo e, justamente, quando pensava que
suas pernas se dobravam e se emaranhavam, Edgar interrompeu abruptamente a
dança.
Antes que ela percebesse,
entraram e ficaram em pé na parte de trás da estufa que estava conectada com o
grande salão. Eles podiam ouvir a música, mas a umidade e o barulho da multidão
do salão foram bloqueados pelas grandes plantas, o que fez com que essa área em
volta estivesse cheia de silêncio. O ar na sala parecia um pouco árido e frio.
Ao contrário do salão, onde
o candelabro iluminava tudo, as lâmpadas do corredor e o reflexo da Lua, que
atravessava o teto de vidro, eram capazes de deixar um ambiente mais calmo.
― Vamos descansar um pouco.
Ela respirava com
dificuldade, como estivesse em uma corrida. Lydia se acalmou quando tomou um
pouco do ar que carregava o aroma de um país tropical.
Edgar levou-a a sentar-se em
um banco e permaneceu em pé enquanto a olhava. Ela estava um pouco preocupada
com área do peito do seu vestido, pois não estava acostumada a usar aquele
estilo.
― Esse vestido está lindo em
você. Você parece um bolo chiffon.
― Isso é um elogio?
― Sim, você parece
deliciosa.
Enquanto ela pensava como
deveria retrucar ao seu comportamento tolo habitual, Edgar penteou o cabelo
castanho-avermelhado de Lydia que ele descreveu como cor de caramelo e lhe deu
um beijo na testa.
― Desde que a Lua assista,
vou ter que me comportar com apenas um pouco desse caramelo.
Seus olhos malva-acinzentados
pareciam avermelhados com certo rubor, mas isso devia ser o efeito do grande
rubi que prendia sua gravata. Mesmo assim, ela pensou que eles mostravam a cor
do seu coração, e isso a deixou mais tonta.
― Você é linda, Lydia.
Respirou profundamente para
tentar manter-se calma.
― ... A quantas você disse
esta noite?
― Cerca de vinte.
“Logo pensei”.
― Mas, você é a mais bela.
Isso eu não disse a ninguém.
“Isso é improvável”.
No momento em que ela
demonstrou que não acreditava nele, Edgar encolheu os ombros um pouco e se
inclinou contra uma árvore.
― Aquele homem de cabelos
negros ondulados era realmente uma fada?
― Sim, é.
― Ele disse que veio para te
levar de volta.
Lydia sentiu-se
desconfortável e ficou quieta. Edgar tinha um olho afiado, então, ele deve ter
percebido.
― Então, ele é o único que
te propôs.
Ela não imaginaria que
Kelpie viria até aqui, e por isso lamentou por ter lhe contado isso. Se Edgar
se envolvesse em confusão com Kelpie, a situação ficaria um pouco mais
complicada.
― Como eu já disse, não foi
uma proposta, mas mais como um sentimento de que quer fique ao seu lado.
― Você está dizendo que ele
não está apaixonado por você?
― Sim, isso mesmo.
― Mesmo assim, não estou
calmo.
― Não é algo como se você
estivesse apaixonado por mim.
― Por que você acha isso?
― Porque acredito que sim.
Raramente, Edgar aparentava
estar seriamente pensativo.
― Sir Kain era o nome dele? Ele é tão bonito quanto uma escultura
grega. Bem, nisso ele se compara comigo.
Portanto, ele não iria
baixar o nível de sua aparência.
― Posso perder em força.
Mas, ele não tem inteligência, graça, fortuna ou título. A maioria das mulheres
seria esperta e me escolheria. Mas, você não é esse tipo de mulher.
― ... Isso é estúpido.
― Sim, isso é estúpido. Mas,
não é amor comparar algo que parece estúpido e pensar em ganhar ou perder?
Embora surpresa com o que
ele disse, Lydia tentou procurar palavras para negar isso.
― Você está errado! Sempre quer
ser o centro das atenções!
― Essa não é a minha única
preocupação. Paul parece exatamente ser o tipo que você gosta. Aparência comum,
impressão idem, presença normal. A única coisa positiva sobre ele é sua
personalidade bem-humorada. Ele não aparenta ser forte em criar o seu caminho
no mundo, e não é tão popular entre as jovens. Mesmo desajeitado, às vezes,
vive fiel ao seu coração e acima de isso tudo, segue o seu sonho de se tornar
um pintor. Um homem com um sonho. Ahhh,
por algum motivo, as mulheres têm uma queda por este tipo de homem. Mesmo pobre
e trabalhando arduamente, apoiando um no outro, ainda assim, viveriam uma vida
modesta. E é o seu ideal de tornar grande um desejo, não é?
― Não decida por mim! Além
disso, você está fora do seu juízo, dizendo coisas sem nexo sobre outra pessoa.
― Mas, você sabe, Lydia, um
artista pode parecer puro e inocente, mas muitos deles são tacanhos e
irracionais. Você será submetida a dores e trabalho. Eu sei, apaixonar-se não é
lógico. É por isso que, neste momento, estou terrivelmente incomodado. Todo o
tempo durante esta noite, desde que vi você se divertindo com Paul, eu me
sentia desconfortável, não conseguia ficar calmo. Depois que a fada apareceu,
fiquei ainda mais ansioso. Esse sentimento de insegurança, você não diria que é
amor?
Quando Lydia não respondeu,
Edgar empolgou-se ainda mais.
― Não sei o que fazer para
que você acredite em mim. Pode ser que você seja incapaz de baixar a guarda a
um ex-ladrão criminoso, mas como o amor é ilógico, ainda tenho uma esperança. Mesmo
que você ache que estou sendo ousado, não tenho o direito de lhe contar os meus
sentimentos?
Ela não sabia que parte de
suas palavras saía de sua boca tão suavemente. Somando tudo isso, parecia que
Edgar estava se divertindo com seu jogo aos olhos de Lydia. Provavelmente, um
jogo que não abrigava nenhuma intenção maléfica.
Diz-se que um tipo de moda
entre os nobres era aproveitar a estratégia e as habilidades para lidar com o
amor entre alguém casado com quem não levaria muito a sério. Para cortejar e
flertar, sabia que ele iria recuar, então, ela se lembrou desse jogo. Era
agradável sentir que alguém gosta de você e se ambas as partes daquele
relacionamento pudessem sentir que se familiarizavam intimamente um com outro,
não teria problema.
Lydia era solteira, mas
sabia um pouco sobre o passado de Edgar, por isso acreditou que ele não
conseguiria construir sentimento mais sérios em relação a ela. Que era bom no
fim das contas. Se ele periodicamente a usasse de apoio, até mesmo Lydia não
pensaria mal, e faria de bom grado seu trabalho para o bem da família do conde.
Ela também seria capaz de se sentir intimamente familiarizada com Edgar. Porém,
o namoro que ultrapassasse as fronteiras era problemático para ela.
Para Lydia, que não era uma lady de nascimento nobre, era algo que
estava fora de sua capacidade lidar com isso. Só iria confundi-la.
― Vamos parar com isso já!
Não tenho nenhuma intenção de fazer jogos de amor com você.
― Jogo?
Ele franziu a testa e suas sobrancelhas se cruzaram, o que fez
parecer que suas palavras o queimaram, mas isso poderia ser apenas uma das suas
manobras costumeiras.
― De qualquer forma, quero
que você pare! Com suas palavras fingidas!
Ela abaixou a cabeça e ficou
surpresa por ter dito em um tom tão severo. “Sou tão estúpida por levar isso tão a sério”. Mesmo que ela
pensasse de um lado, estava seriamente com medo por palavras sussurradas sobre
amor.
Lembrou-se da primeira vez
em que era apenas uma garota e recebeu uma carta onde o autor tinha sentimentos
por Lydia. Dizia que a pessoa quem a enviou queria que ela fosse à sua festa de
aniversário.
Era no seu bairro e na casa
onde a família conhecia bem seus pais e até os convidaram para o chá
anteriormente. Ela brincara com o filho daquela casa e os dois se divertiam
normalmente juntos. Ele se abriu para ela e contou sobre suas aflições, mas
quando estava com outras crianças não conversou com Lydia. Provavelmente não
queria ser ridicularizado pelos seus amigos por ser próximo com a excêntrica da
cidade.
Uma vez que eles estavam
nesse tipo vago de relacionamento, ela hesitou em acreditar na mensagem que
estava na carta. Refletiu no que deveria fazer, no entanto, no final, foi para
a festa. Mesmo assim, ele nem sequer falou com Lydia em um lugar onde muitos
dos seus amigos tinham se reunido.
Era como um dia qualquer,
mas naquela época, Lydia estava um pouco chateada e se perguntou o porquê ele
não olhar para ela. Por essa razão, ela foi falar com ele, mas só lhe deu um
olhar preocupado e irritado.
― Isso foi uma mentira.
Depois, ela soube que ele
perdeu uma aposta com seus amigos e foi punido para escrever uma falsa carta. “Eu pensava assim”, era tudo o que ela
sentia e não tinha nenhuma lembrança de ter sentido aquela dor. Só que ela se
arrependeria se tivesse voltado para casa sem ter falado com ele, já que sentia
algo estranho.
Provavelmente, se ela fosse
apenas convidada para a festa, teria feito isso. Mas, por causa da carta, que
parecia uma espécie de confissão de amor, e embora ela não acreditasse tanto
nisso, ficou surpresa e enojada consigo mesma por ter confundido a distância
entre eles.
Mas, lembrando-se disso
agora, se perguntou qual razão em sentir um medo repentino que surgiu em seu
interior.
― Peço desculpas se te
aborreci. Mas...
Ela foi trazida de volta à
realidade pela voz de Edgar, mesmo assim, manteve a cabeça baixa e ele viu algo
molhando sua mão, que ela colocou em seu colo. “Ãhn? Por que estou chorando?”.
― Lydia, há algo errado?
Incapaz de entender o que
ela estava pensando, Lydia se apressou em se levantar.
― Não é nada! Sinto muita
sede, vou pegar algo para beber!
“Pergunto-me, se ele me viu. Oh, por favor, espero que não!”. Lydia
rezou enquanto entrava no salão onde estava seu pai.
Nota
da tradutora: Este capítulo tem várias passagens que são
memoráveis! Raven apanhando para ser o parceiro de Lydia durante as aulas de dança, o aparecimento de Kelpie no meio do baile promovido por Edgar e o Conde se mordendo de ciúmes (a-do-ro!!!), parece que é algo genuinamente
verdadeiro. No entanto, a parte que Lydia, quando criança, recebe uma carta mentirosa dá um nó na garganta. Chega a ser supercruel que esse
maledeto fez com ela! O próximo capítulo é mais bacana ainda!! Aeeeeeeee, mal posso esperar para terminá-lo! Se der tudo certinho, te entrego no final de Outubro. Então, até lá!
Beijos, muito obrigada!
Prestigie, nos divulgue ;)
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