Nota
de abertura: Demorou, mas estamos de volta!! Eis o
último capítulo do Livro II! Sem mais delongas, vamos à história!
No corredor mal iluminado, que Edgar e Lydia começavam a andar, havia uma sombra que se aproximava deles sem emitir um som. Lydia soltou um grito estridente à sombra da figura que surgiu subitamente em sua frente.
Num reflexo, ela se agarrou
em um pilar próximo e ouviu uma voz monótona dizer “me perdoe”. Quando ela o
encarou percebeu que era Raven.
― Você me assustou.
― Lydia, você poderia muito
bem ter se agarrado a mim.
Como ele poderia fazer tal
piada em qualquer tipo de situação?
―...Estou institivamente
evitando!
Ela virou a cabeça, mas se
Raven, que aparentemente se movia sozinho ao redor do navio, voltou, isso
significaria que não era uma situação para ele se divertir com Lydia. Edgar
mudou imediatamente para uma expressão séria e se voltou para encarar Raven.
― Lord Edgar, uma série de barcos surgiram ao lado do navio. Acredito
que no devido tempo, os homens de Graham virão a bordo.
― Tudo bem. Vamos nos
apressar.
― Lady Dóris está por aqui. – guiou Raven.
― Como você sabe?
― Eu perguntei a um dos
homens de Graham que gritava no fundo do navio. Houve uma comoção dentro do
navio, de modo que eles a tinham feito dormir e a levaram para um lugar que não
seria encontrado por alguém de fora.
Esse devia ser o homem o
qual ela e Rosalie tinham batido. Naquele momento, provavelmente ele já tinha
escondido Dóris, e quando Lydia se deparou com ele, foi no momento que estava
tentando esconder Rosalie.
Enquanto caminhavam, Raven
entregou uma pistola a Edgar. Supostamente era a que ele havia deixado no
escritório de Graham. Depois, Raven virou-se para Lydia.
― Oh, sim, senhorita Lydia,
esqueci-me de lhe entregar isso.
O objeto que Raven mostrou a
ela era a mesma lata de algum tempo atrás.
― Hum, isso realmente não me
pertence.
Mas, Raven deve ter
acreditado que era algo que ela deveria aceitar, e por isso, ele permaneceu a
segurando para ela.
― Em todos os casos, creio
que seja seu, Lydia. É melhor mantê-la com você.
Depois que Edgar disse isso,
ele finalmente entregou-a como estivesse convencido. Novamente, em um ritmo
rápido, os dois seguiram Raven, no entanto, de repente, houve um barulho e
agitação ao redor deles.
― Lydia, você pode correr?
― Sim.
Ao mesmo tempo em que ela
respondeu, Edgar puxou seu braço. Os três correram enquanto o som alto de vozes
se aproximava lentamente.
― Eu os encontrei, por aqui!
– disse um homem gritando.
― Lord Edgar, vou mantê-los afastados.
― Tudo bem, onde está a
localização de lady Dóris?
― No fim deste corredor. Há
uma porta que está escondida por uma carga que está localizada atrás da sala de
armazenamento.
Ao mesmo tempo em que Edgar
assentiu, Raven se virou para trás. Lydia seguiu Edgar pelo corredor. O som das
vozes altas diminuiu, provavelmente porque eles perseguiram Raven. Ela se
perguntou quantos homens de Graham estavam no navio. Também se preocupou se
Raven ficaria bem.
No último minuto, Lydia
finalmente começou a compreender que ela estava fazendo uma coisa extremamente
imprudente. Ela saiu do quarto, declarando que não iria abandonar Dóris e
Rosalie, mas antes de resgatá-las, colocou Edgar e Raven em perigo. Ela não
podia perdoar o lado egocêntrico de Edgar, mas quem estragou o plano original
dele de resgatá-la, além de completar com sucesso sua vingança e escapar com
segurança do navio, foi ela.
― Qual é o problema, Lydia?
Você está com medo?
Mas, se ela abandonasse as
duas, acreditava que iria levar um remorso insuportável pelo resto da vida.
Mesmo que conseguisse sair do navio, poderia ter uma maneira de libertar as
duas garotas, mas ela não queria prolongar o tempo da situação assustadora que
iriam passar.
Ela não gostou de como Edgar
não sentiu nenhum arrependimento em deixar as garotas para trás. Não foi pelo
seu senso de justiça, mas não percebeu que estava esperando que houvesse um
lado de Edgar que não fosse seu modo simples de vilão. Lydia sacudiu a cabeça
com força.
― Não estou com medo. Esta
foi a minha escolha.
― Uma atitude positiva.
― Na verdade, não. Sou
apenas imprudente... Eu sei, mas não queria passar a minha vida arrependida.
― Estou sempre arrependido.
Tanto que acho que meu maior pecado é viver.
Ele disse de uma maneira
como não fosse nada demais, mesmo assim, Lydia ficou surpresa com a seriedade
das palavras pesadas.
― Isso não é possível.
― Se não interferisse, a
maioria dos membros da minha equipe ainda estaria viva. Ermine também... E
assim como Raven. Às vezes penso que poderia ter havido um modo de não colocar
aquele impulso instintivo de matar com as próprias mãos. Encontrar um modo de
controlá-lo apropriadamente com a sua própria vontade.
― Mas, você não foi o único a libertar todos do
Príncipe?
― Livre... Apenas Raven
continua vivo.
― Você acredita que seus
amigos queriam continuar vivos como escravos? Então, eles não teriam ido com
você. Você lhes deu a liberdade. Não foi você que lhes ensinou que seus
corações não poderiam ser acorrentados por ninguém?
Edgar, que continuava a
olhar para frente, já devia ter pensado no que Lydia achava, há muito tempo,
por várias vezes.
Os dois foram para a parte
de trás da sala de armazenamento, que tinha pilhas de cargas e produtos
embalados e empilhados. Ele abriu a boca para falar como estivesse sozinho.
― Houve uma época que tentei
pensar dessa maneira. No entanto, senti que era apenas o meu ego querendo
acreditar nisso...
No final do caminho, entre
as pilhas de cargas empilhadas, havia de fato uma porta que Raven dissera.
― Deve ser essa. Está trancada.
Pelo fato de Edgar centrar o
foco nisso, parecia que a discussão terminou, e assim Lydia assentiu para ele. Ele
tirou um pino dentro do seu bolso e facilmente abriu a fechadura. Era uma
habilidade especial inimaginável para alguém que cresceu em uma família nobre
respeitável. Espiando pela fresta da porta aberta, em um pequeno espaço que
mais parecia um armário do que uma sala, eles imediatamente puderam ver Dóris
estava trancada ali.
― Miss Dóris, por favor, acorde.
Lydia se ajoelhou e tentou
acordá-la, mas parecia algo impossível.
― Eles devem ter usado
drogas para fazê-la dormir. Vou levá-la.
― Oi, Lydia! Temos um
problema!
Só então Nico apareceu
correndo em pânico.
― Nico! Onde esteve?
― Quem se importa, apenas
corra e corra! Há um grande problema a caminho!
Aos pés de Lydia, Nico
continuou a tagarelar.
― Está tudo bem, nós
sabemos. Os homens de Graham estão se aproximando, certo?
― Huhh? É algo mais problemático do que isso! A fera bogey voltou e agora está controlando
Rosalie com seu mestre para matar o conde!
“Oh, não, isso é verdade”. Lydia finalmente se lembrou.
― Edgar, me esqueci! O
Fogman está atrás de você!
― Fogman?
Ele se virou de onde estava
ajoelhado ao lado de Dóris para dar um olhar confuso. Claro que ele ficaria.
Para ele, era um nome que pertencia a um livro de histórias, e sendo dito assim
de repente que era um alvo dele, não seria capaz de compreender a dimensão do
perigo.
― Eu não me lembro de algo
assim guardaria rancor de mim.
― Ei, Lydia, então, é um
Fogman?
Agora, até mesmo Nico estava
em pânico.
― A fera bogey disse isso. Nico, você sabe o que
torna um Fogman fraco?
― Um demônio como esse não
tem fraqueza. E mesmo que tenha, não há nada que possamos fazer sobre isso,
certo? Agora, que me lembro, disse algo como inimigo, e a fera bogey estava dizendo que ele estava preso
em algum lugar com folhas.
― Que inimigo? Que folhas?
― Como eu saberia? Não,
espere! Acho que ouvi algo assim antes...
― Lydia, por que eu seria o
alvo?
Vozes vinham em ambas
direções, deixando Lydia à beira de um colapso nervoso.
― Hum... Em outras palavras, o Fogman tem rancor com o Conde
Cavaleiro Azul. Ele foi selado dentro do “ovo de fada” por um dos ancestrais da
família do conde. Desde que você herdou o título de Conde Cavaleiro Azul, ele
planeja devorá-lo para se recuperar.
― Espere só um minuto! Há um
Fogman dentro do “ovo de fada”?
― Você é uma família com uma
longa linhagem, certo? É por essa razão que enquanto estava na casa da sua
família, o Fogman não tinha permissão para sair da ágata nem que fosse um
pouquinho. Mas, depois que foi transferido para as mãos de Rosalie, acredito
que o poder que estava selado enfraqueceu, e por isso que ele chamou a fera bogey e estava à procura do Conde
Cavaleiro Azul por tantos anos para revidar.
― Então, por eu conhecer
Rosalie...
― Sim, descobriu que você
tinha aparecido como Conde Cavaleiro Azul e está mirando em você.
― Então, o que você faz
quando é atacado por um Fogman?
Lydia uniu as suas mãos como
fosse fazer uma oração. Até mesmo ela não sabia o que fazer. Ela só sabia que a
única regrar a seguir com as fadas que estavam em revolta era não vê-las, nem
tocá-las e muito menos se aproximar. Ela só conhecia isso por ser amadora e
inexperiente.
“Mesmo me denominando uma fairy doctor, sou inútil”, pensou com
raiva enquanto se esforçava para solucionar o caso.
― Tsc! Que humano inútil! Se fosse o verdadeiro Conde Cavaleiro Azul,
estaria certo de lutar com o mesmo poder que o Fogman. – murmurou Nico,
descontente.
― Mas, Edgar não é o
verdadeiro herdeiro. Como teria tal poder?
― Eu me pergunto se ainda
serei atacado mesmo que não seja o verdadeiro. Você não acha que o Fogman seria
capaz de reviver, mesmo que me destruísse?
― Bem, a vida dele depende
disso. Então, ele vai tentar te destruir de qualquer maneira.
― Eu entendo.
― E, mais do que o poder do
Conde Cavaleiro Azul, é alguém que leva o mesmo nome que ele.
Ter sofrido por se
engarrafada pela fera bogey e ficado
furiosa por ser isca de Edgar, sua mente tentava desesperadamente pensar alguma
maneira de resgatar Dóris e Rosalie, quando Edgar mostrou a sua verdadeira
face, foi responsabilidade de Lydia ter se esquecido, completamente, de pensar
em um plano para se livrar do Fogman diante de tudo isso.
Foi também por estar
despreocupada, imaginou que a fera bogey
não reaparecia tão rápido. De qualquer modo, este foi o seu maior erro como fairy doctor.
― Ah! – gritou Nico. – é
alecrim, Lydia!
― Do que você está falando?
― As folhas eram de alecrim!
Ah, como não poderia lembrar-me disso?
Ela não tinha ideia do que ele
estava falando e inclinou a cabeça. No entanto, não tiveram mais tempo para
ouvir a explicação confusa de Nico.
― De qualquer forma, parece
que o nosso problema é apenas esse.
Houve o som ritmado de
passos se aproximando. Eles vinham da entrada da sala de armazenamento e
circulavam pelos três. Dos homens que formavam uma barricada, Graham saiu entre
eles.
― My lord, acredito que a situação inverteu.
Graham retornou a sua
consciência e aparentemente recuperou a sua confiança com o número de homens
que estavam atrás dele e sorriu.
― Você pode ter querido que
caísse na armadilha que você planejou metodicamente. Entretanto, aparentemente,
esqueceu-se de uma brecha na última parte.
― Pergunto-me, se você está
certo sobre isso.
― O que você pode fazer sozinho?
Nós jogamos aquele homem que é uma arma ambulante para o fundo do navio.
Com certeza, o homem
gorducho e grosseiro que fora trancado por Lydia no fundo do navio estava no
meio do grupo dos homens.
― Gostaria que você não
subestimasse meu amigo. – respondeu Edgar de uma maneira debochada.
O navio subitamente balançou
para o lado de forma brusca. Não só o navio balançava, assim como a carga e as
mercadorias empacotadas e empilhadas na despesa haviam caído. E assim, uma das
torres de pilhas com caixas de madeira se inclinou para o lado, despencando em
cima de Graham e seus homens. Uma figura negra de um homem deslizou por cima de
tudo aquilo. Raven pulou sobre Graham, que mal conseguira se esquivar dos
caixotes e barris de madeira, e o segurou.
Uma vez que ele segurou uma
faca em sua garganta, o resto dos homens de Graham não puderam se mover. Mas,
eles não tiveram tempo para respirar.
― Lydia, eles estão aqui! –
gritou Nico, que subia pelas pilhas caídas de caixas de madeira.
Sem fôlego, Rosalie entrou correndo.
A fera bogey no topo de seu ombro
lhes deu um sorriso.
― Rosalie, pare! Você está
sendo manipulada por ele!
Mas, a voz de Lydia não
alcançou seus ouvidos. A presença má e escura presa dentro da ágata usou o
poder e vazou para envolver Rosalie. Mesmo com um pouco de magia, ligava-se ao
sentimento de amor e ódio de Rosalie em relação a Edgar e agora tinha controle
total sobre sua vontade. Rosalie não devia nem saber o que estava fazendo.
[― Lá está o conde,
pegue-o!].
Depois que a fera bogey gritou, Rosalie não hesitou e
jogou a pedra de ágata selada com água que a tinha mantido de modo tão precioso
e bateu no chão. Houve uma pequena e fina abertura. No entanto, a água sagrada
que ficou presa no seu interior por centena de anos finalmente foi liberada no
ar. Ela evaporou num instante e desapareceu. Ao mesmo tempo, um nevoeiro fétido
borbulhava e derramava instantaneamente no interior do navio.
O som das vozes dos homens
de Graham foi encoberto pelo denso nevoeiro que não se conseguia enxergar duas
passos à frente. Lydia só pôde ver o contorno fraco de Edgar que estava ao lado
dela.
― Lydia, afaste-se do conde!
– a voz de Nico gritando vinha de longe.
O alvo do Fogman era Edgar.
― Depressa, vá! – disse
Edgar como tivesse os olhos em algo que se movimenta das profundezas da
neblina.
― Lord Edgar, onde você está? – gritou Raven.
― Raven, não venha!
É o Fogman. Os olhos de
Lydia estavam fixos nele. Uma escura e espessa sombra
se fundiu a eles no nevoeiro. Não era apenas uma coisa única. Um número de
criaturas surgiu a partir do nevoeiro. Elas eram cães demoníacos que o Fogman
levava consigo. Todos se concentraram ao redor deles e rosnavam.
A maior forma criada pelo
nevoeiro era o Fogman. Ela sentiu sua atenção se concentrar em Edgar enquanto
balançava seu grande corpo para os lados, para trás e para frente. Depois, seu
corpo inchou como balão e avançou em direção a eles para atacar.
― Lydia, rápido, corra!
― ... Não!
Lutando contra Edgar que
tentava afastá-la, Lydia não pensou quando se agarrou a ele. Ao mesmo tempo, os
dois foram envolvidos pela escuridão pegajosa e viscosa. Pressionava-os com
tanta força que começava sufocá-los. Eles devem ter sido atacados ou talvez
engolidos, já que não havia a sensação de chão abaixo dos seus pés. De repente,
a temperatura começou a cair como se fossem jogados no meio do ar gelado de
inverno ao ar livre.
―Isso é... Dentro da barriga
do Fogman?
Lydia também não sabia
disso. Estava escuro demais para ver qualquer coisa, e as pontas dos dedos
estavam dormentes de frio. Ela sentiu sua força deixá-la, como sua fonte de
vida estivesse lentamente sendo sugada dela.
― Eu sinto muito... –
sussurrou Lydia, enquanto estava abatida, autodecepcionada e arrependida.
― Desculpe-me, sinto muito.
Isso aconteceu por causa da minha inexperiência. Sinto muito por ser uma fairy doctor tão inútil. Sinto muito por
sempre dizer coisas egoístas e não ser capaz de resgatar você.
― Não me sinto de todo mal.
Nunca imaginei que você me abraçaria de modo tão entusiasmado. Você não sorri
tão facilmente na minha frente, mas é um privilégio você ter chorado por mim.
Ela finalmente percebeu que
estava se entregando a ele, sendo embalada enquanto acariciava seus cabelos
gentilmente, no entanto, era assustador se deixar levar na escuridão, e por
isso, ela permaneceu imóvel. Não se importava se Edgar era uma pessoa perigosa
ou um libertino fútil. Visto que, ela compartilhava o mesmo destino que ele.
― Eu sei que é um momento
impróprio para isso, mas gostaria de saber... É sua responsabilidade como fairy doctor ou você quer ficar comigo
até o fim? Ou você está me deixando romantizar só um pouquinho?
― É a única coisa que passa
na sua cabeça?
As lágrimas rolavam enquanto
ela se espantava com o comportamento frívolo dele, mas até que Lydia estava um
pouco entredita. Ela não conseguia entender porque se agarrou a ele sem pensar
nisso. Só que não queria deixá-lo sozinho.
Ele tinha muitos camaradas e
amigos, e que não permitiam que olhasse para trás, precisava olhar para frente
e liderar o caminho para guiá-los. E isso o fez ficar sozinho. Porque na visão
de um líder, não havia mais ninguém.
Embora tenha aberto o
caminho para os que estavam atrás dele, quando se deu conta apenas Raven
permaneceu. Restaram dúvidas que se ele podia ter a esperança de ter salvado,
nem que fosse um pouco, seus companheiros e camaradas. Queria acreditar, mas
não sabia como. A única coisa que ele podia sentir era a forte pressão em seus
ombros que apenas ele sobreviveu depois dos sacrifícios deles.
Ela teve a sensação de que
lhe foi mostrado um vislumbre daquele coração, entretanto, isso poderia ser sua
imaginação. Poderia ser enganada de novo, mas sabia que não queria deixá-lo
sozinho.
―...É porque você me parecia
solitário.
― Hummm, então é piedade?
― Não pense tão alto sobre
si mesmo!
Mesmo que eles pressionassem
seus corpos juntos, era terrivelmente frio, poderiam congelar até a morte.
― Você é tão aquecida.
― Huh, você não está com frio?
― Oh, não, não foi isso que
quis dizer. Mas, essa coisa aqui tem me mantido aquecido.
― O que é?
O objeto de que Edgar tirou
do seu bolso foi a lata de alguns dias atrás. Olhando de perto, eles puderam
vislumbrar seu brilho levemente. Embora, estavam sendo empurrados de volta à
escuridão sob o domínio do Fogman.
― Isto é...
― É uma lata.
― Eu sei disso, mas...
― Agora me lembro. Raven
tinha dito que algo que isto estava querendo conhecer a fairy doctor.
― Você está me dizendo que
uma lata pode falar?
― Bem, desde que tem o
sangue de um Sprite correndo em seu
sangue, ele tem o seu lado misterioso.
Talvez, foi por isso que
Raven dizia desde o início que a lata era a arma de Lydia. Ele poderia ter
percebido que havia alguma fada dentro? Uma lata ou, na verdade, algo dentro
dela chamava por Lydia. O peixe cozido em ervas? Não, isso não poderia ser o
poder que empurrava o Fogman. Era algo selado dentro de uma lata, por isso não
tinha um poder tão forte. Mas, se ele pudesse lutar contra o Fogman
adequadamente, então, poderia ser o elemento da natureza que esse algo possuía?
...O único elemento que tinha poder natural de afastar um Fogman seria...
A resposta, de repente, veio
à Lydia. “O alecrim que Nico estava
falando!”. O que estava dentro da lata foi enganado pela fera bogey e preso na lata de ervas! Era uma
fada que, quando aparecia, trazia consigo o cheiro agradável da Primavera, grama.
― Edgar, acho que podemos
ser salvos! Se pudermos abrir esta lata.
― Não carrego nada que abra
latas comigo.
― Ah, sim. Você está certo.
Lydia ficou imediatamente
desapontada. Para que situações como essa não acontecessem, ela deveria ter
prestado atenção em busca de sinais de alerta, pensar no futuro e se preparar
para que pudesse afastar o Fogman. Ela teve sua chance, mas por causa de sua
inexperiência, Lydia deixou passar.
― Ah, Deus do céu, sou tão
idiota!
― Então, você precisa abrir
isto para comer o que está dentro?
― Oh, não! Pelo menos se pudermos fazer uma fenda nela.
Acredito que não seja peixe que está dentro.
― Podemos explodir, mas com
isso. – disse ele e pegou a pistola.
“Eu me pergunto, o que está aí dentro ficará bem”, mas essa preocupação
não se aplica às fadas, por isso, não se incomodou.
― Vamos tentar.
― Lydia, fique para trás.
Ele colocou a lata no chão.
Lydia cobriu os ouvidos e prendeu a respiração atrás de Edgar. Houve o som de
uma bala de fogo e a lata se abriu. Naquele instante, veio algo que pulou para
fora dela. Um furacão poderoso entrou em erupção. O vento pressionou o pesado
nevoeiro que havia engolido os dois e levou-o em um redemoinho, explodindo no
alto.
Uma voz gemeu como um
terremoto, talvez fosse o Fogman. Uma enorme sombra escura parecia estar
lutando para combater o vento. Era uma névoa negra que engolia tudo que
estivesse ao redor, derrubando tudo. No entanto, agora, não podia se aproximar
dos dois, pois estava enrolado no túnel do vento.
No momento em que tocou o
vento, o nevoeiro se derreteu e se dispersou. Essa era a regra da natureza das
fadas. A esfera de nevoeiro que estava controlada ainda tentava lutar contra o
vendo, tentando manter sua forma, criando um redemoinho negro e o usava para
atacar desesperadamente tudo o que pudesse.
Eles puderam ouvir gritos
que provavelmente eram de Graham e seus homens. O nevoeiro e a névoa foram
levados embora, mas ao que parece engoliram Graham e seus homens que estavam
por perto, já que conseguiram vislumbrá-los. Mas, mais do que isso, a visão do
nevoeiro, que os absorvia, foi chutada e impelida impiedosamente pelo vento,
transportando a neblina, as pessoas e os detritos com ela, o que foi suficiente
para causar arrepios na espinha.
Finalmente, a visão ao redor
deles clareou a ponto de revelar a área do fundo do navio. Ela olhou para Nico,
enquanto o vento ainda soprava, e viu Rosalie e Dóris, assim como Raven, e
ficou aliviada ao ver que eles estavam longe da fome do nevoeiro e foram
conduzidos para um local seguro dos ventos.
Os ventos se tornaram fortes
e violentos mais uma vez, o que fez Lydia ser incapaz de se manter de pé, assim
não conseguiu deixar os olhos abertos, e quase caiu. Ela foi segurada por Edgar
e sentiu-se abraçada. Ouviu maldições e mais maldições da fera bogey, quando foi arrastada pelo vento e
levada para longe.
Quando conseguiu levantar a
cabeça, foi capaz de ver um leve vislumbre do céu azul. O teto da sala de
armazenamento foi quebrado. O vento girava em torno do nevoeiro, subindo para o
vasto céu. Ela viu um ligeiro vestígio de um par de asas que formava a partir
dos ventos, tão finas e transparentes como o ar.
― Sylph... – sussurrou Lydia.
Uma vez que o anunciador
fora preso dentro da lata, explodiu nos céus, um enxame de fadas dos ventos, os sylphs vieram em grande número. Era a
vinda dos ventos da Primavera.
Eles se ajuntaram para se
tornar uma forte rajada e caíram do alto do céu sobre o topo das águas do rio,
que ficavam ao lado da cidade. Sentiram o balanço pesado e a oscilação, mas
estavam protegidos pelas sílfides. Lydia sentiu como estivesse sendo balançada
em um berço. No momento em que o último sinal de que o Fogman foi dispersado
pelo vento, as fadas dos ventos prosseguiram e voaram para o céu distante.
― Edgar, estamos bem agora!
Conseguimos escapar de sermos engolidos pelo Fogman!
Seu coração se encheu de
alívio e felicidade de sair do mundo de escuridão de dentro do Fogman, isso fez
com Lydia estremecesse de alegria.
― Sim, parece exatamente
isso.
Edgar estava em segurança. “Estou tão feliz por não deixado sozinho”.
Mesmo que tenha sido imprudente, ou mesmo teve dificuldade de achar uma saída,
ela pensou com otimismo que, quando você tinha a sensação de querer ajudar o
outro, o poder miraculoso das fadas abençoaria você. Foram os braços de Edgar
que estabilizaram Lydia, que quase caiu no chão de alívio. Ela percebeu que
estava o agarrando por todo esse tempo, mesmo que mão dele tocasse a sua
bochecha, não sentiu nenhum perigo que normalmente a faria pensar em escapar.
Talvez porque ele estivesse sorrindo de uma forma rara com um olhar pacífico.
Quando a luz do Sol brilhou,
ela olhou de perto para seu cabelo dourado, que brilhava como puro ouro e, em
seguida, seus olhos foram capturados pelo olhar lascivo malva-acinzentado, o
que fez derreter o seu coração.
“Esta distância e esse clima me parecem um pouco perigoso”. Mesmo
que ela pensasse isso, não podia nem bater nele, mas permitiu que levantasse
sua cabeça enquanto os dedos em sua bochecha a guiavam.
“Não, não! Está tudo bem. Raven disse que Edgar não era esse tipo de
pessoa”. “Mas, ...Espere, espere um
minuto. Me disseram que nada aconteceria. Raven é tão mentiroso?”
Seus lábios suavemente
tocaram a testa de Lydia. E, depois, ele sorriu todo feliz para ela.
― Acredito que prefiro o
caramelo. Tanto que quero guardá-lo para
experimentá-lo mais tarde.
*****
Os ventos que sopravam em
Londres dissiparam o nevoeiro que vinha tomando conta da cidade, fazendo o
refrescante Sol da manhã espalhar o ar da Primavera ao redor.
Havia muitos rumores sobre o
desaparecimento de lord Graham, e
aqueles atos criminosos ficaram sem solução, perdidos no nevoeiro, podemos
assim dizer. Era inimaginável para Lydia o que aconteceu àqueles homens que
desapareceram em meio à escuridão junto com o Fogman.
O Fogman, enquanto fada, foi
incapaz de se recuperar e desapareceu do domínio humano. Poderia sim, mais uma
vez, recuperar seu poder, mas isso levaria bastante tempo.
Com o desaparecimento de
Graham, Edgar perdeu a chance de declarar guerra contra o Príncipe, mas,
inesperadamente, ele parecia que não se importava mais. Lydia não compreendia
se ele havia decidido desistir de sua vingança, mas depois de ver o destino de
Graham, talvez se sentisse como fosse vingado.
Só que aquele que Edgar
queria se vingar por causa dos seus companheiros não era Graham, um dos homens
do Príncipe, mas apenas a ponta do iceberg.
É por isso que Lydia queria acreditar que a vingança não era algo que deveria
colocar em prática pelos seus amigos mortos.
De qualquer maneira, as
contramedidas e negociações que vieram depois foram prontamente atendidas por
Edgar, e a única coisa que se tornou pública foi que Graham era quem usava os
bens da família do Barão Worpole, lady Dóris
descobriu em segredo, além de tentar parecer que Rosalie estava por trás da
situação.
Em relação à Lydia e ao
estado de luta que ficou no interior do navio foi explicado que, enquanto Lydia
procurava o local onde Dóris, sua amiga, descobriu que o navio era suspeito.
Edgar apareceu, depois de ter contado a história para ela, tentando fazer uma
visita ao navio de Graham, arranjou uma briga entre os marinheiros a bordo,
algo do tipo.
Os que saíram vivos foram os
marinheiros contratados que não sabiam dos detalhes secretos, e mesmo que
soubessem, não podiam revelar sobre contrabando.
― Os que restaram só puderam
manter as bocas fechadas para sempre. – informou Edgar.
Enquanto ouvia e via esta
parte dele, lembrou-se que ele era realmente um patife. No entanto, Lydia
aceitou a recomendação de Edgar tirar três dias de folga do trabalho para se
recuperar. Depois disso, Lydia dirigiu-se para a residência do conde, no seu
usual estado de trabalho, onde ele esperava por ela.
Naquele dia, Rosalie e Dóris
foram visitar Lydia. Dóris, que foi sedada, não sabia da fúria do Fogman e
Rosalie foi manipulada para que não se lembrasse de nada. Depois que o Fogman e
fera bogey desapareceram, Rosalie
acordou e encontrou Dóris desacordada, correu para ela, balançou-a e chorou.
Ela continuou se desculpando tanto, que o ato ficou irritante. Dóris não
testemunhou a visão de Rosalie agarrada a ela, mas não havia dúvida que as duas
se reconciliaram depois disso.
― Dóris e eu decidimos passar
uma temporada no campo. – disse Rosalie com sua expressão usual, que costumava
a ser séria.
― Já que Londres é uma
cidade muito barulhenta. – falou Dóris com um sorriso agradável.
― Sim, acredito que seja
melhor.
― Não concordei com campo no
começo, já que odeio ficar entediada, mas Dóris continua dizendo que vai ser
breve. Ela nunca cresce, continua agindo como uma criança.
Rosalie estava no seu eu
habitual, mas quando Dóris lhe dava uma cotovelada, ela sussurrava de volta:
― Eu sei, eu sei.
― Uh, sinto muito por todas
as coisas. E obrigada por nos salvar... Acabei de dizer isso.
Inesperadamente, parecia que
Dóris era a mais madura das duas.
― Não pude salvá-la sozinha.
Mas, miss Rosalie Worpole, acredito
que é melhor você não se envolver mais com as fadas.
― Eu sei... Desde aquele
“ovo de fada” e a própria fada nunca me protegeu de nada. Aprendi que as fadas
não são confiáveis.
“Oh, bem...”, pensou Lydia.
A razão pela qual Rosalie
entrou em contato com a fera bogey
foi porque colocou as mãos no “ovo de fada”. Como ela não nasceu com o poder de
ver fadas, não precisaria ter mais preocupação em ela deparar com fadas
mal-humoradas como a fera bogey.
― Mais importante, miss Carlton, gostaria de vir conosco?
― Hã?
― Acredito que poderíamos
nos tornar amigas. Como é você, não me importaria que se desse bem com Dóris.
Pode não haver nada no campo, mas creio que não ficaríamos entediadas se
ficássemos as três juntas.
Parecia que Rosalie
estivesse falando sério, pois seus olhos brilhavam.
― Mas, ainda tenho algumas coisas
para... No entanto, claro, acho que podemos nos tornar amigas.
― Ei, qual é a verdade? Você
está sendo ameaçada por Edgar? Se você estiver sendo forçada a trabalhar para
ele, precisamos pensar uma maneira para te tirar daqui.
Ela abaixou a cabeça e
diminuiu a voz como num sussurro como estivesse contando um secreto.
― Nã-não, estou bem. Nada
disso está acontecendo.
― Você pode nos dizer a
verdade. Não iremos contar para ninguém.
― Realmente não estou sendo
ameaçada, por isso, você não precisa se preocupar.
― Rosalie, não é de bom tom
inventar.
Quando Dóris disse isso, ela
parecia não estar satisfeita, mas recuou.
― Então, você virá nos
visitar em breve?
― Sim, é claro.
― Ora, ora, você não vai me
convidar?
Com a voz vinha da porta,
Rosalie e Dóris ficaram rígidas.
― Oh, bem-vindo de volta,
Edgar. Elas vieram me visitar.
― Bem-vindas, ladies! Por favor, fiquem à vontade.
Diante do rosto feliz e
sorridente de Edgar, a feição de Rosalie ficou ainda mais dura e tensa.
― Oh, não, vamos nos
despedir agora!
― Mas, você acabou de
chegar.
― Sinto muito, miss Carlton, nós não temos tanto tempo.
Nós lhe enviaremos uma carta no devido tempo!
Rosalie praticamente estava
arrastando Dóris e se dirigiu para a porta, dando uma volta excessivamente
longa em volta de Edgar. Uma vez que passaram pela porta, elas não olharam para
trás.
― Elas não deveriam ter medo
de mim. – resmungou Edgar de uma maneira descontente.
― Isso porque elas estão
assustadas.
― Entendo Rosalie, mas por
que lady Dóris fugiria?
― Claro, ela deve ter tido
uma boa palestra sobre o quanto você é um criminoso maligno.
Ele encolheu os ombros, no
entanto, não parecia incomodado pelo fato de ser detestado e temido pelas ladies. Mais do que isso, olhou para
Lydia como estivesse admirando uma criatura misteriosa.
― Você não age com medo.
Você não ouviu Rosalie?
Seu coração ficou aos pulos,
provavelmente, porque ele percebeu ela estar se questionando. Claro, não era
como se tivesse ouvido os detalhes. Entretanto, se um homem de comportamento
caloroso e gentil, de repente, mudasse completamente de atitude, seria natural
não querer chegar perto dele. Dependendo da situação, até Lydia pode passar
pela mesma experiência. No entanto, agora...
― Como se isso fosse novidade
para mim. Sabia há muito tempo que você era um criminoso.
― No entanto, você chorou e
mergulhou nos braços deste criminoso.
― Isso foi só porque fiquei surpresa!
― Oh, agora, você não tem
que descartar a possibilidade tão difícil como essa. Desta aquela época, estive
pensando algo sobre você.
― Sobre mim?
― Sim, sobre sua parte
misteriosa. Todos não sairiam seguros e vivos se não fosse você. Eu a usei
apenas para minha vingança. E, ainda assim, você ainda me ajudou, e até salvou
Dóris e Rosalie, que foram vítimas do esquema deturpado de Graham. Depois que
aquelas duas saíram seguras, senti como estivesse sido salvo duas vezes por
você. Acredito que você seja realmente minha fada da boa sorte.
Não era algo tão glamouroso.
Eles foram salvos graças às sílfides e até isso foi uma coincidência. Boa
sorte... era algo improvável. Lydia era uma caloura indefesa.
― Hm? Disse algo que te fez ficar triste?
― Agora, lembro-me de que
tinha pensado em algo desde então.
― O quê?
― Reparei neste incidente
que sou inexperiente e despreparada.
Ao ouvi-la falar com um tom
sério na voz, Edgar elevou ligeiramente as sobrancelhas.
― Desse jeito, não deveria
ser contratada exclusiva da família do conde...
― Espere só um minuto,
Lydia. Você está dizendo que vai embora?
― Vou voltar para a Escócia
e estudar muito mais.
― Onde estou errado? Se há
algo que você não gosta em mim, vou mudar. Então, por favor, não me diga que
quer acabar com nosso relacionamento.
― Por que você faz parecer
fim de um namoro?
― Ou você encontrou um homem
que você gosta? Se esse homem for tirá-la de mim, então, vou desafiá-lo para um
duelo. Se ele não é um homem que pode morrer por você, não pretendo recuar.
― Pare de brincar!
Ele deve ter notado que não
conseguia varrer a situação para embaixo do tapete brincando, por isso, sentou
no sofá próximo de maneira cansada.
― Não estou brincando. Será
que você não entende o quanto é necessária para mim?
― Mas, não sou de muita
utilidade aqui como fairy doctor.
― Você salvou a todos nós do
Fogman.
― Isso foi apenas uma
coincidência.
― Preciso do seu lado puro e
honesto, provavelmente, mais do que a fairy
doctor. Se você, que me ensinou que não tenho que odiar ninguém, me deixar,
então, quem irá me consolar?
― Quero me tornar uma
verdadeira fairy doctor. Não uma
amante para consolá-lo.
― Amante! Isso me parece
ótimo! Se você ficar ao meu lado, poderá mudar de ideia.
E assim, ele lhe mostra o
maior e mais sedutor olhar. No entanto, a maior falha de Edgar era que não
havia nenhum sentimento honesto por trás daqueles olhos. Como de costume, Lydia
não conseguia acreditar naquele ar de flerte que falava com ela.
Seu beijo em sua testa era
apenas uma das suas brincadeiras habituais, ou mesmo o sinal de amizade, como
ela fosse mais uma companheira. Ou talvez... De qualquer maneira, ela
permaneceu confusa e acabou aceitando.
Parecia besteira ser
excessivamente consciente, então, fingiu que tinha esquecido, mas quando olhava
para o rosto dele, de repente, se enchia de vergonha. Estava curiosa sobre
quais eram as suas intenções, mas também irritada com essa parte de si mesma.
Por isso, ela tomou a liberdade e se concentrou em pensar como ser uma fairy doctor completa.
― Edgar, estou falando
sério.
― Se você quer estudar, pode
fazer por si mesma. Então, por que não poderia ser aqui?
― O número e as espécies de
fadas são muito poucos em Londres. Mesmo que se fosse contratada particular da
família do conde, dificilmente não há trabalho algum. E não pretendo ser
contratada para ser sua parceria de brincadeiras. E isso tudo é contra a minha
vontade.
― Talvez você queira
trabalhar?
Ele disse algo completamente
inesperado, o que fez Lydia questioná-lo. “O
que este homem está pensando de mim?”.
― Bem, não se torna
independente se você trabalhar duro e acumular experiência?
― Por que você não me disse
antes?
Num curto espaço de tempo,
ela inclinou a cabeça em confusão. Edgar chamou Tompkins, sendo que este trouxe
uma caixa que mal conseguia levar com os braços e a colocou na frente de Lydia.
― O que é isso?
― Petições.
Dentro da caixa havia um
número de cartas que transbordavam.
― Para simplificar, assim
que chegou a notícia a todas pequenas propriedades de que sou herdeiro da
família do conde, as cartas começavam a vir de diversas pessoas que vêm
sofrendo com as relações incômodas com as fadas durante a longa ausência de seu lord. Escreveram pedindo ajuda sobre o
atual estado das coisas. Como seria de esperar, certamente, há muitas fadas
habitantes vivendo nas propriedades menores da família do Cavaleiro Azul, em
vez da Terra das Fadas.
“As fadas estão roubando
nosso cultivo. Elas estão criando um tumulto no telhado no meio da noite. Estão
monopolizando a água do poço. Soltam o nosso gado. Deixam pegadas na
lavanderia...”. Havia uma enorme pilha de cartas escritas sobre vários
problemas em que os fairy doctors se
envolviam desde os tempos antigos.
― Por que você não me
mostrou isso mais cedo?!
― Estava preocupado com a
montanha de trabalho que esperava por você assim que começasse.
― Isso significa que você as
tenha guardado por semanas!
O tempo que ela estava
falando para ele parecia um desperdício, por isso, Lydia transferiu
imediatamente a caixa inteira para mesa próxima à janela. Sentou-se na área
iluminada e se concentrou em passar os olhos pelas letras.
― Mas, Lydia, realmente
aprendi com esse incidente. Quando recebi o nome de Conde Cavaleiro Azul
significa que carregarei o ódio que ancestrais tinham dos poderes mágicos
pertencentes distintamente desta família. De acordo com a sua história, as
fadas aparentemente podem viver centenas de anos e parece que os sucessores do
título castigaram e puniram as fadas más. O que quer dizer que não importa se um
novo humano consiga o nome, pode haver fadas, como Fogman, guardam rancor
contra o conde.
― Desculpe, mas podemos conversar mais tarde?
Ela queria concentrar-se nas
cartas. Assim que possível, ela precisava reunir maneiras de lidar com todos os
problemas e enviar as respostas. Lydia sentiu a excitação se acumular em
desafio, deixando-a completamente absorta nos papéis.
― Tudo bem, ainda há muito
tempo para nós dois. Desde que seja conde, não posso permitir que você fuja.
Claro que ela não estava
ouvindo. Raven entrou com o chá pronto. Observando o rapaz colocar as xícaras
de chá com as mãos obedientes e treinadas, Edgar sorriu alegremente.
― Parece que evitei uma
conversa sobre o fim de nosso relacionamento.
― Muito bem, my lord.
― A propósito, Raven, quem
ganhou a aposto do beijo?
Ele olhou em direção à Lydia
pelo peitoral da janela como estivesse preocupado se ela estivesse ouvindo.
― Ela não pode ouvi-lo
agora.
― Foi um empate. Porque lord Edgar tinha terminado de uma
maneira tão indiferente.
― Você está com raiva?
― Não. Tenho o coração para
seguir qualquer ordem que me seja dada. Só que não consigo pensar que seja tão
difícil para você ganhar um beijo de miss
Carlton, passando pelo trabalho de me fazer apostar e baixar a guarda.
― Isso porque Lydia se torna
excessivamente tensa quando me aproximo demais. Sinto-me como fizesse algo
terrível, mau se rompesse essa parede.
― É muito cruel.
Havia uma voz que vinha da
porta. Um gato parado em suas duas patas traseiras falou com eles. Ou ele
pensou.
― Eu só queria me
familiarizar mais com Lydia. Você não acredita que um homem e uma mulher podem
ficar mais íntimos com apenas um beijo do que cem palavras?
― E, no entanto, você deixou
passar aquela preciosa chance? – perguntou Raven.
Raven aparentava que estava
realmente um pouco frustrado. Ele tinha trabalhado tão duro para cumprir uma
ordem tola dada por Edgar e conseguir fazer com que Lydia concordasse com uma
aposta. No entanto, aquele beijo infantil fez com que todos os seus esforços
fossem água abaixo. De qualquer maneira, para Raven, que não conseguia
transmitir tão bem seus sentimentos, este foi um bom começo.
Repousando sua bochecha na
palma da mão, Edgar expressou um sorriso feliz.
― Sinto muito colocá-lo em
um campo que você tem certa fraqueza. Mas, como você mesmo disse, Lydia,
naquele tempo, estava excepcionalmente aberta, e me sentiria mal por fazer
aquilo.
Era realmente uma sensação
de que ele simplesmente não podia desperdiçar algo em uma oportunidade tão
casual. É como esperar o melhor momento para saborear seu vinho preferido.
― Hmmm, então, você raciocina. Pensei que fizesse qualquer coisa a
qualquer momento como bem entendesse.
Nico se aproximou e pulou em
uma cadeira disposta próxima à mesa. Parecia que ele participaria da hora do
chá. Sem hesitar, Raven colocou uma xícara na frente do gato que usava uma
gravata como fosse a coisa mais natural. Por mais absurdo que fosse um gato
beber chá ou abrir a boca para falar de modo irritante com ele, Edgar estava
gradualmente perdendo a resistência em relação a ele.
― Nico, não me trate como se
eu fosse algum tipo de animal selvagem.
― Um animal selvagem não
entra em cio o ano inteiro.
Raven parecia que tinha rido
baixinho. Havia coisas mágicas e misteriosas que aconteciam todos os dias ao
redor de Lydia. Não era como se Edgar fosse capaz de visualizar o Fogman, mas
testemunhou a névoa e os ventos peculiares de não poderiam ser descritos como
um fenômeno natural.
Quando ele estava com ela,
seus olhos foram abertos para um mundo que nunca conheceu. A percepção de mundo
de Lydia estava muito distante da realidade selvagem e desumana com que Edgar
estava familiarizado e soprava para o seu interior como os ventos silvestres de
Primavera. E assim, ela o puxou para fora do nevoeiro. De dentro do nevoeiro
profundo que ele havia se perdido há oito anos. Muitos outros nas mesmas
circunstâncias morreram, mas Edgar permaneceu vivo. Sentira-se atormentado por
isso, mas quando Lydia ficou ao seu lado, mesmo depois de ter sido engolido
pelo Fogman, ele conseguiu superar esse fato.
Lydia não tinha nenhuma
relação com o passado de Edgar, mesmo assim, a garota, que não tinha obrigação
em ajudá-lo, chorou e disse que sentia muito enquanto o segurava. Ele notou que
a sua parte fraca foi sustentada por aqueles braços delgados e macios dela. Se
havia alguém que não o deixaria até o final, então, ele se conscientizou que
não era pecado ser o único a sobreviver.
Foi a mão de uma salvadora
que lhe foi dada, que era apenas ódio e arrependimento. Mesmo que a pacífica
tarde de Primavera não durasse para sempre, ele desejava que um dia como este,
sob o Sol de Primavera, se estendesse um pouco mais. Olhando para Raven, que,
silenciosamente, colocou uma xícara ao lado de Lydia, Edgar soltou um sussurro:
― Nesse ritmo parece que não
vou receber nenhuma atenção por um bom tempo.
― É por isso que você
escondeu as cartas? – perguntou Nico.
Com uma colher de prata em
uma pata, o gato de cabelos grisalhos mexeu seu chá que estava cheio de um
delicioso leite.
―Bem... Enquanto ela
permanecer aqui, acredito que posso suportar.
Só então, ele levantou a
cabeça para perceber que havia mais uma xícara de chá para alguém em um lugar
vago ao lado de Nico. Uma brisa musical de Primavera entrou pela janela aberta,
levantando e girando o cabelo cor de caramelo de Lydia e as cortinas azuis
claras. Uma pétala de flor trazida pelo vento silvestre caiu para dentro do
chá.
Nota
da tradutora: Tinha lido este livro há pelo menos uns 3
anos em inglês e não lembrava o quanto ele é bom! Repare que Mizue escreve com base em pesquisa! Nada é jogado, como no
caso das silphs, que em outras palavras são as sílfides, as fadas do ar. São da mesma família que os elfos, mas estes últimos são bem maiores.
Vamos à frase do capítulo...
Vamos à frase do capítulo...
―
Acredito que prefiro o caramelo. Tanto que quero guardá-lo para experimentá-lo mais tarde.
Não era ele que disse que laranja era melhor? Calhorda!! E precisou a Lydia quase desaparecer para ele perceber o quanto ela é maravilhosa. E faz muito bem a Lydia dar aquela gelada nele! Merecidíssimo!
Vem aí então o Livro III, chega por aqui em meados de julho! Ele foi adaptado para o anime, mais precisamente os episódios 5, 6, 7 e 8. É a primeira vez que o Kelpie aparece. Então, te espero logo mais! Prestigie, divulgue! Superobrigada! E até lá!
Vem aí então o Livro III, chega por aqui em meados de julho! Ele foi adaptado para o anime, mais precisamente os episódios 5, 6, 7 e 8. É a primeira vez que o Kelpie aparece. Então, te espero logo mais! Prestigie, divulgue! Superobrigada! E até lá!
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