Nota
de abertura: Pronto, pode enxugar as suas lágrimas^^
Estamos de volta com 3º capítulo de Cuidado com a Doce Armadilha. E desta vez,
o nome é bem sugestivo: Caramelo e laranja. Prepara-se para odiar uma nova
personagem... O nome dela? Rosalie.
E se no final você estiver
com vontade de socar o Edgar, pode me chamar que ajudo!
Vamos ao capítulo?
Na superfície silenciosa do
lago, onde não havia vento e sem nenhuma ondulação, uma série de barcos
deslizava por sua pacífica superfície. As luzes das lanternas iluminavam de
forma colorida os barcos decorados com temas estrangeiros, de um modo que
pareciam ter saído de um sonho. As numerosas luzes e elegantes sombras cruzavam
e se misturavam entre si, o que enchia o lago com uma combinação mística de
cores.
Sentada em um desses barcos
de aluguel, Lydia pensava que havia muitas pessoas em Londres com o tempo
livre. Ela viu um casal bem vestido passar em um barco enquanto conversava e
ria um com o outro. Claro, Edgar era outro membro dessa sociedade de alta
classe, que não precisava trabalhar, e tinha muito tempo livre.
Em um barco que tinha espaço
para dez pessoas, estavam no momento três, contando com Raven, que esperava em um
píer flutuante. Dois remadores também subiram no barco e começaram a remar em
uma cadência lenta com as suas longas pás.
― O clímax dos Jardins de
Cremorne são os fogos de artifício. O melhor lugar para vê-los é no topo do
lago.
― Podemos ver os fogos de
artifício?
― Sim. Já viu fogos de
artifício antes?
― Não.
― Então, estou com sorte. Posso
estar ao seu lado durante sua nova experiência.
Raven abriu uma garrafa de
champanhe. Ela foi entregue em um copo fino e alto. Ela observou a bebida
dourada e borbulhante sendo derramada, mas apenas o reflexo do fogo cintilante
era o suficiente para intoxicá-la.
― Vamos fazer um brinde. À
minha fada valentemente corajosa.
― Eu, valente?
― Você não me protegeu?
Mesmo ficando ferida?
Ele era excessivamente
exagerado. E a parte “minha” era desnecessária. Mas, depois de algum tempo, não
importa o quanto Edgar se esforçava para falar docemente, aquilo se tornava
algo comum. O termo correto não era costume, até porque aquilo não era algo
especial, mas uma rotina diária para que
essa pessoa fizesse uma performance
elaborada e atuasse para se manter o centro das atenções no meio da multidão.
Mesmo no banco largo e
abundante em almofadas, ela sentiu que a distância entre eles era
desnecessariamente próxima desde que Edgar se sentou ao lado dela, no entanto,
após ter bebido o champanhe não era tão perto assim.
― Onde você viu fogos de
artifício?
Logo depois que ela disse
isso, se indagou onde estava com a cabeça para fazer essa pergunta. Para dizer
a verdade, Lydia decidiu firmemente que não lhe perguntaria nada em relação ao
passado. Parece complicado, e uma vez que ela descobriu, sentia que os
problemas indesejados viriam, e, o mais importante, não tinha intenção de se
envolver profundamente.
Tudo o que sabia era que ele
nasceu em uma família aristocrática, mas estava envolvida em uma conspiração, e
isso fez com que a sociedade acreditasse que ele e sua família haviam morrido.
No entanto, foi o único que sobreviveu e vendido a um homem rico na América.
Então, escapou de lá, e, enquanto se esquivava dos seus perseguidores, fez
qualquer coisa para continuar a viver.
Ela recebeu uma explicação
rápida, e mesmo que acreditasse honestamente em tudo o que ele disse, seria
demais para lidar, por isso, Lydia achava difícil crer em tudo aquilo e ficava
sempre na dúvida. Por essa razão, se desviava de qualquer tópico ou comentário
que afetaria o seu passado, mesmo em uma conversa casual.
― Quando eu era criança,
toda vez em que havia uma festa em nossa mansão, se soltava fogos de artifício.
Havia um lago natural no nosso terreno, e me lembro uma série de barcos na água
como esse.
Ela suspirou aliviada com
sua resposta. Parecia que conseguiu não fazê-lo se lembrar alguma experiência
dolorosa na América. No entanto, no momento em que pensou como ele tinha
perdido tudo que herdaria, como a mansão e as vastas terras da família, o nome
venerável da família, poderia ter sido uma triste lembrança.
Porque no passado, ele ainda
tinha sua família e seus amigos ao seu lado. Não havia necessidade de se esconder
atrás de belos olhares benevolentes e poderia ter crescido sorrindo
inocentemente.
Embora pensasse nisso por um
tempo, não havia nenhuma razão para Lydia investigar, além disso. Se houvesse
alguém que pudesse compartilhar o passado desse homem, então, essa mesma pessoa
era alguém que compartilharia o seu futuro também.
Edgar olhou para Lydia com
uma expressão insatisfeita e depois quebrou o silêncio.
― Você não vai perguntar
mais nada sobre mim?
― Eh?... Umm... Não estou
realmente curiosa sobre o seu passado.
― Verdade?
― Oh, não. Fui fria
novamente. Não é o quis dizer. Acredito que o que está por vir é mais
importante do que já aconteceu. Você, agora, é um conde respeitável na
Inglaterra, portanto, o que aconteceu no seu passado não é algo que deveria
saber.
Ela se arrependeu por ter
dito algo tão superficial e isso o fez suspirar.
― Então, deixe-me te contar
uma história sobre um amigo meu. Ele tinha a posse de uma pedra de ágata que
era um “ovo de fada”.
A pedra que despertou o
interesse de Edgar era chamada como “ovo de fada”. Com a menção inesperada,
Lydia voltou a ficar curiosa.
― Isso mesmo. Depois que fui
informado pelo professor Carlton, fiquei convencido. A pedra que pertencia a
ele era, sem dúvida, um “ovo de fada”, a qual tinha a interessante história de
que havia um espírito maligno selado. Mas, aparentemente, ele a perdeu quando
ainda era um garoto.
― Como ele perdeu?
― Ele realmente não se
lembrava disso de modo claro. No entanto, ele acreditava que foi capturado pelo
Fogman.
E neste momento, a
palavra-chave Fogman foi dita. Parece que o verdadeiro motivo pelo qual Edgar
se meteu neste caso era por essa razão.
― Pelo menos era o que ele
acreditava na época porque o lugar em que estava era escuro. Como tivesse
lançado um feitiço, seu corpo não se movia uma polegada e era incapaz de fugir.
E, então, duas fadas na forma de duas jovens apareceram diante dele. Eram
pequenas fadas adoráveis que trajavam vestidos bonitos. Ele nunca tinha visto
fadas antes, mas o que o fez acreditar nisso era porque se encontrava num
estado de consciência que beirava entre o sonho e a realidade. Ele tentou pedir
ajuda. No entanto, Lydia, como a regra em todos os contos de fada, as pequenas
lhe perguntaram o que ele podia dar em troca. A única posse que o menino tinha
era aquele “ovo de fada”. E assim, ele o entregou. As meninas disseram que o
ajudariam e depois desapareceram.
Ele ficou quieto e olhou
para o céu. Os fogos de artifício ainda não tinham começado.
― E ele foi salvo?
― Não. Muito provavelmente,
o lugar escuro onde ele estava era um armazém. Ele foi levado ao cabo como
fosse uma bagagem, colocado em um navio e vendido.
Ele poderia estar no mesmo
lugar que Edgar, que também foi vendido como escravo?
― E ele ainda está na
América?
― Ele está morto.
― ... Você está tentando
encontrar o “ovo de fada” para ele?
― Não é isso, Lydia. Quero
encontrar “ele”. Há momentos em que imagino que talvez ele foi sequestrado pelo
Fogman e ninguém o salvou. E o verdadeiro ainda está lá, em algum lugar,
deitado no frio, no escuro. Mas, se for assim, tudo bem, porque eu vou poder
salvá-lo. Tenho uma fairy doctor de
confiança ao meu lado.
Ele diz que quer salvar
alguém que não estava mais vivo. Eram estranhas palavras nada habituais para
Edgar. Lydia apenas o encarou e não conseguiu medir o quanto de verdade tinha
naquilo.
― Um menino que desapareceu
na névoa de Londres...
― Pergunto-me, se sou capaz
de encontrar o menino, que se encontra perdido e dragado pelas brumas, isso
apagaria o fato dele ter morrido? Lydia, você seria capaz de ajudá-lo?
Ele lhe pede com uma
expressão calma e silenciosa. Ela sabia que lhe pedia algo impossível, mas
tinha a sensação de que aquele que esperava ser salvo era, na verdade, ele que
se encontrava na mesma situação. Com o desaparecimento de lady Dóris, e acrescente-se aí o fato sobre o Fogman participar da
situação, a possibilidade de Lydia se envolver nisso tudo era muito grande.
Não havia motivos para
descobrir sobre o passado de Edgar. No entanto, se ele estava sofrendo por
conta justamente do seu passado, Lydia não era do tipo de ficar ali do lado e
assistir à situação.
― Bem, se houver algo que
possa fazer...
Ela respondeu ainda insegura
sobre o que ele havia perguntado. Se lhe dissesse algo com facilidade, logo,
havia a chance de ser completamente aproveitada, mas queria acreditar que a dor
que ele segurava dentro de si não era uma mentira, por isso, Lydia estava
confusa.
―Obrigado.
Eles acabaram se olhando um
para o outro de modo inesperado. No fundo, ela entrou em pânico e soube o que
fazer, mas permaneceu quieta, talvez se sentisse um rato passando no caminho do
leão.
Claro que estava assustada,
mas também sentiu vontade de alcançar e tocar o leão gracioso e de pele
dourada. Ela olhou para seus lábios que curvavam em um sorriso procurando um
possível vislumbre para suas lindas presas escondidas.
“Eh? O que estou pensando? Oh, meu Deus, eu poderia ter bebido apenas
uma taça de champanhe”. Não havia romance dentro da cabeça de Lydia, que se
encontrava em um estado de um pequeno rato, mas seus ombros estavam suavemente
puxados para ele.
― Estava pensando, você tem
a fragrância de camomila. O mesmo aroma dos seus biscoitos.
“Oh, não!”, por alguns segundos, ela pensou nisso.
― Ah, os fogos de artifício!
– ela ofegou.
Com os sons explosivos, uma
flor brilhantemente iluminada emergiu no céu. Em um instante, os olhos de Lydia
estavam fascinados pelos fogos de artifício que eram vistos pela primeira vez.
― É incrível! Tão bonito...
A sensação de formigamento
que a consumia tinha desaparecido. Lydia permaneceu olhando para o céu,
hipnotizada pelos fogos de artifício, e com a visão, Edgar explodiu em gargalhadas.
“Qual é a graça?”, se perguntou, enquanto o olhava dar uma grande
risada.
― O que foi?! É realmente
lindo. Ah, vai haver outro.
― Não. É só que você ficou
completamente cativada pelos fogos do artifício do que comigo. Isso me faz perder a confiança. – disse
Edgar. Ele aparentemente estava de bom humor enquanto ria.
Ele bebeu o champanhe em um
gole e ofereceu uma porção a Raven. Claro que o criado recusou firmemente.
Enquanto ele desvia de todas as piadas jocosas de Edgar, a primeira coisa que
chamou a atenção de Raven foi um barco que se aproximava da direção deles. Era
um olhar afiado que visava qualquer coisa que se aproximava do seu mestre, não
importava o que era. No entanto, o que os alcançava era uma jovem vestida como
um membro de alta classe.
― Oh, meu Deus! Não é que é my lord. Que coincidência.
Ela era uma menina adorável,
linda com os olhos grandes e cachos de cor laranja. Sua pele branca e pura
lembrava uma boneca porcelana.
― Boa-tarde, lady Rosalie Worpole. Como está?
“Worpole? Ela poderia estar relacionada de alguma maneira com a família
do barão?”.
Quando pensou nisso,
lembrou-se de que a filha do barão vivia com uma prima, um ano mais velha do
que ela e um tio. Ao lado da garota havia um homem que estava com trinta e
poucos anos. Pode-se dizer de imediato que ele investiu bastante dinheiro em
seu guarda-roupa, além de ser bonito. Ela o apresentou como seu tio de nome
Graham Purcell.
― Prazer em encontrá-lo, lord Ashenbert. Esta é a primeira vez
que eu o cumprimento pessoalmente. Mas, eu o vi várias vezes no clube em
Piccadilly.
O homem tirou o chapéu e
abaixou a cabeça em reverência assim que Edgar se dirigiu a ele.
― Ah, isso significa que eu
ouvi enquanto estava lá, que há um famoso homem entre as ladies, posso entender que era você, lord Graham.
Parecia qu ambos homens
tinham o mesmo tipo de tendência. “Isso
mostra que eles poderiam ser considerados rivais”, pensou Lydia, quando
sentiu o ar frio por trás do sorriso de Edgar.
― Com licença, my lord, mas quem está com você?
A garota disse olhando para
Lydia, com ar misturado de curiosidade e desprezo. Como ela fosse julgada pelo
seu valor, foi inspecionada de cima para baixo, o que deixou Lydia um tanto
desconfortável.
― Esta é a senhorita Lydia
Carlton.
― Qual Carlton seria? Qual é
o trabalho do seu pai?
― Eu sou uma fairy doctor.
Era normal que uma filha
fosse classificada de acordo com a posição social de seu pai na sociedade. No
entanto, Lydia respondeu com sentimento rebelde.
― Oh, my! Então, você é uma especialista em rumores de fadas? Você parece
ter a mesma idade do que eu, mas deve ser difícil ter que trabalhar.
Uma filha de uma boa família
não precisava trabalhar. Ela entendeu que a garota estava a desprezando nesse
sentido, mas sentiu orgulho em ser chamada por fairy doctor, por isso não se importou com a provocação.
― Realmente, não trabalha.
Mais ela é parceira e conselheira confiável. – defendeu Edgar.
― Mas, my lord, ela não é de fato sua empregada?
E agora está sendo vista
como uma serva.
― Senhorita Rosalie, você
acredita que o Rei Arthur pensava no mago Merlin como seu servo? Perceba, nós
tempos essa mesma posição.
Quando ela foi defendida
desse modo, Lydia sentiu seu coração bater inesperadamente rápido.
― Oh, quão maravilhoso.
Entretanto, se fosse eu, preferiria ser a princesa do que um mago.
“Parece que ela não é uma lady reservada”.
― Por acaso, onde está lady Dóris que sempre anda com você?
“Meu Deus! Edgar, por que você a instiga de modo tão ousado?”, Lydia
não pôde deixar de ficar preocupada, mas inesperadamente, Rosalie respondeu
como se não fosse nada.
― Ela não está se sentindo
bem. Ela está se recuperando no campo.
― Oh, my! Isso é tão triste de ouvir. Deve se sentir solitária.
― Nem tanto. Dóris tem andado
nervosa, e você se recorda dela sempre me seguindo? Pois, ela não tem ninguém
que a cuida, como tenho bastante tempo livre posso dedicar meu tempo a ela.
“Provavelmente, ela deve estar dissimulando, mesmo assim é sua prima”,
pensou Lydia. “Sua prima está
desaparecida, pelo amor de Deus”. Ou pode estar escondida.
― De qualquer forma, my lord, se importaria de me ajuntar a
você em seu barco? Isso se não estiver atrapalhando algo entre você e a
senhorita Lydia.
“Essa garota deve ter sentimentos por Edgar”.
Mas era evidente sua
atração. Ela nem se esqueceu de dar um soslaio em direção à Lydia, como ela
fosse uma rival.
― Rosalie, isso é descortês.
– interrompeu seu tio.
― Oh, não, lord Graham, não me importo.
Por outro lado, era óbvio
que Edgar não recusaria um convite de
uma lady.
― Sério? Estou tão feliz.
Fui trazido aqui pelo meu tio, mas a conversa não dura se você não está mais na
juventude.
― Eu me considero ainda
jovem.
― Tio, o senhor deve
realmente se abdicar de seu nome e se acalmar.
Com um sorriso amargo, seu
tio olhou para Edgar.
― Se posso aceitar sua
amável oferta, my lord, você cuidará
da minha sobrinha? Para ser exato, tenho uma reunião de negócios depois disso.
Por isso, seria repreendido por ela se lhe dissesse que sairia logo em breve.
― Sim, será prazer
acompanhar a senhorita.
“Sabia que ele é o tipo de pessoa que tem algo para dizer a qualquer um”. O olhar cada vez mais
desafiante que Rosalie dirigia à Lydia fazia com que sentisse desgostada e
pensou que não poderia ter o prazer de ver os próximos fogos de artifício.
― Então, me diverti
bastante, Edgar, mas vou indo.
― Eh, por quê?
― Se chegar tarde, papai
ficará preocupado.
Ele balançou levemente a
cabeça como estivesse desapontado e isso foi tudo.
― Tudo bem. Raven, acompanhe
Lydia de volta para casa.
“Quer dizer que você não irá me impedir? Mesmo assim, estarei bem com
isso”. A bela garota boneca, que
descansava ao lado do cais flutuante, mudou de barco alegremente e logo se
sentou ao lado de Edgar. Se ela continuasse assim, Lydia percebeu que não teria
problema nenhum atrapalhá-la.
― Bem, isso não tem nada a
ver comigo. – ela murmurou e saiu do lago.
As ladies ficam mais felizes em receber um maço de flores de beira da
estrada do homem que adoram do que um buquê elegante de um homem que não se
importa.
Ela se lembrou das palavras
de Edgar, quando viu as margaridas descansando no vaso localizado no peitoril
de seu quarto. Lydia ficou sinceramente feliz em ser tratada como uma mulher
normal pelo senhor Langley. A maneira
como Edgar trata uma lady.. Era de
algo modo superficial, insincero. Tinha um sentimento aparentemente assustador
de ser muito encantador e isso soava como algo estranho. Se ela não conseguisse
manter distância, poderia ser arrastada, profundamente envolvida e confundida.
Ela não conseguia compreender que sentimento era aquele, entretanto, Lydia
estava simplesmente com medo.
Na escrivaninha, Lydia
fechou o livro que não conseguia se concentrar, e tirou outro livro e o abriu.
Ela pegou a flor violeta pressionada que tinha secado e quase a jogou fora. No
entanto, notou que não tinha culpa. A razão pela qual ela trouxe essa flor era
apenas por ser um de seus tipos preferidos. Não havia um significado profundo
por trás disso.
Ela pensou que a coloração
era rara, não tinha nada a ver com o fato de se parecer a mesma cor de seus
olhos. De qualquer modo, ela não deveria ser enganada com que Edgar diz. Ela já
sabia desde o início, Lydia sinceramente se arrependeu toda vez em que se
deparava com o pensamento de que ele poderia ter apenas um bom coração.
― Ele é apenas um mulherengo
no final.
Era irritante ficar de mau
humor por causa disso, e então, respirou profundamente para se acalmar.
― Oi, Lydia.
Ela fechou o livro. Quando
se virou, Nico estava de pé na entrada. Ele entrou na sala e veio pulando em
sua direção.
― Por que você entrou em
pânico.
― Segui a fera bogey. E eu o vi entrar na residência da
família do barão Worpole.
― Família do barão? Você que
dizer que a casa de lady Dóris, a
desaparecida?
― Sim. Além disso, quem
comanda o bogey para criar problemas
é a garota de cabelos alaranjados.
― Rosalie?
― Eu não sei o nome dela.
Ela estava dizendo nos Jardins de Cremorne que desejava que você desaparecesse
de Londres, assim como aconteceu com Dóris. Parece que ela quer se aproximar do
conde. Você precisa ter cuidado.
Já tinha notado que ela
tinha sentimentos em relação a Edgar quando a encontrou no alto do lago. No
entanto, era uma notícia inesperada que ela era a única a dar ordens à fera bogey. Ela tinha intenção de ferir Lydia
naquele momento. Mas, a coisa que mais a intrigava era a parte “assim como
aconteceu com Dóris”.“Isso tem a ver com
que aconteceu com a prima Dóris?”.
―
Mas, Nico, por que a fera está fazendo tudo o que ela diz?
― No
entanto, ele estava dizendo que o verdadeiro mestre não é ela. Apenas fingia
seguir suas ordens por causa de seu mestre.
―
Quem é esse mestre?
―
Não sei disso, entretanto essa jovem não parecia saber nada sobre o mestre.
Mesmo
se alguém pudesse ver as fadas, era perigoso entrar em contato, se você não
soubesse lidar com elas. E por isso, no passado, existiram muitas pessoas que
foram enganadas por fadas e passaram por amargas experiências, as que faziam
pedir ajudar para os fairy doctors. Particularmente,
era comum que as fadas perniciosas praticassem brincadeiras para se mostrar aos
humanos e assim conversar com elas.
As
pessoas, no passado, sabiam que se as vissem, eram para fingir que não, se as
ouvissem, simulavam que não. E quando faziam isso, elas se esquivam do perigo,
mas nos dias de hoje, há aquelas que podem ensinar as outras.
Se a
jovem chamada Rosalie permanecia ignorante do verdadeiro mestre que puxa as
cordas da fera bogey, como Nico
disse, e ainda está em contato com a fada, isso quer dizer que ela não tem
conhecimento ou compreensão sobre as fadas e acredita que adquiriu poderes
mágicos. Isso seria perigoso para ela.
Mesmo
que Rosalie desejasse que lady Dóris
desaparecesse, se houvesse segundas intenções da fera bogey, por trás disso, isso significava que Rosalie está presa na
armadilha que a fada maquinou. Se ela quisesse perguntar a ela sobre lady Dóris, primeiro, precisava cortar
os laços entre Rosalie com a fera bogey.
Mas, se perguntou se aquela garota iria escutá-la de verdade. A julgar pela sua
atitude hoje, pensou ser impossível. Notou que o caso de lady Dóris era bem mais complicado do que imaginava.
Enquanto
ela pensava sobre isso, por outro lado, Lydia estava incomodada com “ovo de
fada” que Edgar comprou e o Fogman. A bola de vidro do jogo da adivinhação não
tinha a ver com a pedra de ágata selada com água. No entanto, Edgar pensou que
ambos estavam ligados.
Ela
tinha a impressão que estava determinado mais do que uma simples relação entre
palavras.
“Por quê?”
Parecia
que tinha alguma ligação com a forma como
lady Dóris se assustava com o Fogman que, supostamente, não estava
vinculado com o jogo da adivinhação do “ovo da fada”.
Por
uma fração de segundo, Lydia sentiu que quase conseguiu unir os pontos em seu
pensamento. Mas, ela não conseguiu entender o que era e, agora, se encontrava
perdida. No entanto, o que pensava vagamente era que Edgar ainda escondia algo
dela.
O
clã do barão Worpole era nova no círculo social como aristocratas, entretanto,
era uma família rica. O atual mestre é a lady Dóris, de dezesseis anos. Os pais
dela morreram em um acidente de navio há dez anos. No mesmo navio, estavam os
pais da prima Rosalie. As duas meninas, que perderam seus pais ao mesmo tempo,
viviam uma com a outra desde então. A guarda era de lord Graham Purcell, que era um parente distante do barão.
Antes,
na casa do barão, era de conhecimento geral de que Rosalie e Graham faziam o
que queriam, sem antes de consultarem lady
Dóris. A filha do barão ingênua e tímida e sua prima vigorosa e forte.
Naturalmente, aquela que veio aos holofotes e o centro das atenções era
Rosalie, enquanto que Dóris sempre estava ao seu lado como uma criada, ou assim
pensavam.
No
entanto, à Dóris pertencia o título mais alto. Ela era, afinal, o atual chefe
da família do barão. É por essa razão que sua prima mais forte queria se
destacar mais do que Dóris. Mesmo na frente dos outros, ela agia uma vez ou
outra com severidade contra Dóris, e nisso se sentia superior.
Rosalie
declarou claramente a Edgar que estava tão feliz que sua prima tinha sumido,
quando os dois estavam sozinhos. Sua prima era uma garota que não fazia nada
por conta própria desde que era criança. Ela era tímida e fraca, e é por isso
que Rosalie lhe disse que o Fogman iria puni-la, já que quebrou a promessa que
juraram ao “ovo da fada”. Por conta disso, ela se abalou, saiu de Londres e foi
para o campo. Foi também o que Rosalie lhe revelou. De qualquer forma, ela era
uma garota sem papas na língua.
Edgar
apenas a conhecia algumas vezes em alguns encontros sociais da alta sociedade,
e ela sempre serviu como uma fonte útil de informações valiosas. Se ele apenas
demonstrasse um sinal de interesse, já ficava satisfeita em responder. Não
houve nenhum problema em recolher todas as informações íntimas da família do
barão.
E
agora, o próximo passo. Qual peão ele deve mexer? Enquanto pensava, Edgar
estreitou as sobrancelhas profundamente. Era como um jogo. Talvez o que ele
realizava não fazia nenhum sentido, mesmo que seu objetivo era a vitória.
Ele
forçou o pensamento mais do que devia. Uma vez que ele começou o jogo,
precisava ganhar. Isso era tudo. Quantos mais ele deveria mexer até o xeque-mate?
―
Bem-vindo, my lord.
Foi
o mordomo que cumprimentou assim que chegou, ele entregou a cartola, a bengala,
assim como o casaco logo no hall de
entrada para Raven.
―
Raven, como está Lydia? Ela ficou com ciúmes?
―
Deseja saber se ela demonstrou sinais de ciúmes?
Raven
inclinou a cabeça, confuso, com a pergunta inesperada.
―
Vendo como eu estava dando bem com outra lady,
alguém perceberia que ela demonstrasse sinais de ciúmes?
― Uh-hm, entretanto, mestre Edgar, não
recebi a ordem de verificar se ela estava com ciúmes ou não. – respondeu
seriamente.
―
...Bem, é isso. Esqueci-me de dizer.
― E
eu não seria capaz de julgar tal coisa.
Tratando-se
de uma arma viva, Raven não conseguia sentir seus próprios sentimentos e até
mesmo sua vontade. Parecia que ainda era mais difícil entender os sentimentos
dos outros. Seus olhos, que se assemelhava ser puramente negros, levavam um tom
levemente verde quando a luz refletia neles. Com certeza, em sua terra natal,
isso significava que ele tinha um espírito feroz e indomável que se satisafzia com um combate sangrento.
A
criança com um espírito capaz de oprimir um rei, nascida para lutar, e com
habilidade de lutas incríveis. Ao mesmo tempo, seus sentimentos e sentidos
humanos eram turvos, e não hesitavam, nem se apiedavam ou mesmo era preciso uma
razão para matar quando era ordenada. Se não havia a necessidade de um coração
em uma arma destinada à batalha, logo, ele era o lutador ideal para qualquer um
que o desejava.
Não
havia uma maneira de Edgar se certificar sobre esse espírito, mas ele sabia que
Raven era aquele tipo de rapaz. No entanto, não havia um humano sem coração. Uma
vez ser tratado como uma arma, e o deixasse de ser uma, era perfeitamente
possível que fosse capaz de sentir e pensar por si só.
Raven
se esforçou para servir Edgar, que tomou o lugar do “Rei”, não só apenas
ouvindo suas ordens, mas mantendo um relacionamento de confiança e segui-lo
fielmente. Edgar esperava que ele mantivesse esses sentimentos em seu coração e
aos poucos levasse isso para outros humanos, além de seu mestre. Enquanto subia
as escadas do salão e abria a porta do seu quarto, Edgar voltou seu foco o que
havia perguntando a Raven.
― Ummm, então ouvirei o que pedi a você.
― Eu
acompanhei de modo seguro miss Lydia
à sua casa.
―
Algum suspeito?
―
Nenhum.
Ao
mesmo tempo em que refletia, ele se atirou no sofá.
― Hmmm, deveria ter mantido a palavra de
levar Lydia comigo para os Jardins de Cremorne, mas quando analisei a situação
em que Lydia voltasse para casa sozinha, era uma oportunidade de ouro. Oh, bem,
não é como fosse culpado em fazer o trabalho pessoalmente, mas o que seria do
culpado se não tivesse seus homens preparados?
―
Uh, mestre Edgar, continuará a usar miss
Lydia como uma isca?
―
Caso você se sinta desconfortável, posso pensar sobre isso?
―
Não, não foi isso que quis dizer.
A
ordem de Edgar era para proteger Lydia, bem como capturar aqueles que a
atacassem, algo que não era difícil de Raven seguir. É claro que Edgar entendeu
que Raven queria dizer, e pensava sobre a abordagem insensível de fazer de
Lydia uma isca, sem que ela soubesse. Há muito tempo que ele não demonstrava
uma preocupação tão grande com alguém além dele, Raven e sua irmã.
A
irmã de Raven, Ermine, que morreu antes que pudesse obter sua liberdade, a qual
deixou marcas em suas mentes. Quando Edgar lembrou-se dela, ficou profundamente
triste. Ela estava contrária ao uso de Lydia, e no momento que se recordou de
como disse isso, era natural que Raven ficasse relutante.
Porém
mesmo assim, Edgar não podia fazer nada, Lydia, que se encontrava em Londres e
mantinha o título de fairy doctor do
conde. Ela atraía uma curiosidade sobre sua pessoa, e enquanto existissem aqueles
que acreditavam em obter dinheiro através de sua habilidade, poderia haver a
possibilidade de alguém capturá-la.
Verdade
seja dita, ele percebeu movimentos suspeitos de alguém que inspecionava suas
entradas e saídas da casa do conde, e por isso que pediu a Raven para proteger
Lydia, bem próximo da tentativa de sequestro no parque. Naquela época era
difícil de prover a situação por causa da neblina grossa. E como havia cães no
evento, Raven não conseguia chegar ao ponto de qual era o motivo do atacante.
De
qualquer forma, se existisse alguma estratégia ameaçadora, Edgar achou melhor
capturá-los e eliminá-los rapidamente. Encontrar o inimigo e erradicar todos os
seus perigos, seria o melhor para Lydia. Era esse objetivo principal de Edgar.
― É
determinar qual membro dos homens do Príncipe é. O culpado está usando navios
para contrabando e preparando os bens roubados de acordo com as ordens
recebidas e definitivamente tem suas mãos nos tráficos de escravos em Londres.
O homem
chamado Príncipe que manteve Edgar na América e era chefe de uma estranha
organização.
Seu
nome, origem e até mesmo o objetivo pela formação da organização eram
desconhecidos. No entanto, para Edgar e Raven que conseguiram escapar dele, era
um homem fortemente odiado e repugnante. Seus homens, portanto, foram os que
colocaram Edgar quase morto em seu navio, e o levaram para América e o
entregaram para o Príncipe, aquele que ele queria se vingar. Era o objetivo de
Edgar no tempo presente.
Aquele
que atendeu as mesmas condições naquele momento já foi pesquisado. No entanto,
no momento, não havia nada que determinava se essa pessoa era apenas um simples
criminoso ou alguém fiel ao Príncipe.
― O
responsável fará miss Lydia como seu
próximo alvo? Não conseguimos determinar se o agressor de ontem no parque era
apenas um maníaco de passagem.
―
Ele tem certeza, sabe que o Príncipe está disposto a pagar um preço
considerável para pessoas que têm uma habilidade única além de um humano comum.
Sei que um deles com habilidade especial foi preso na sede do Príncipe e foi
colocado no mesmo navio que eu, e nos últimos anos em Londres, havia vários
psíquicos que desapareceram. Se o contrabandista é um dos homens do Príncipe,
ele descobriu que Lydia é uma fairy
doctor, então, tenha certeza que irá atacá-la. Ele fará um movimento
novamente.
O
britânico foi ordenado pelo Príncipe e enviou Edgar para a América só podia ser
um operário, mas ele era o responsável diretamente com o infortúnio de Edgar e,
portanto, o mais imperdoável. E Edgar queria mostrar ao Príncipe que estava
vivo e armava uma revolta.
― Só
um pouco mais. E, então, poderei vingar os meus amigos.
Houve
uma força dolorosa em seu sussurro trincado. Quando Edgar escapou do Príncipe,
ao lado de Raven e sua irmã, havia vários aliados que se uniram a eles. No
entanto, a perseguição do Príncipe era implacável e Edgar não conseguiu
protegê-los.
― Lord Edgar, sua vingança é pelo bem de
minha irmã ou de nossos aliados? Se assim for, acredito que nenhum deles deseje
tal coisa.
Talvez
seja. Entretanto, foi Edgar quem planejou a fuga e também foi o único a
liderá-la. O que mais ele poderia fazer por seus aliados que acreditavam nele e
o seguiram, mas foram mortos sem piedade?
Edgar
obteve o status de conde e, portanto,
não era mais um malandro não identificável. Então, o Príncipe não conseguiria
colocar as mãos sobre ele com facilidade. E se ele continuasse quieto, e não se
esquecesse de proteger a sua identidade, seria melhor começar uma nova vida que
não tivesse nada a ver com a organização.
Se
ele pudesse jogar fora completamente o passado... Mas, ele continuava a
caminhar em cima dos sacrifícios de seus aliados, e ele poderia jogar tudo
isso? Se não tivesse a ajuda deles, Edgar não conseguiria escapar com êxito.
―
Raven, no final, você é o único que me resta. – ele sussurrou enquanto
descansava seu rosto na palma da mão.
Raven
permaneceu em pé e abaixou os olhos.
―
Não consegui trazer nenhum deles aqui, mesmo assim nos auxiliariam na
nossa fuga. No entanto, prometi-lhes a liberdade.
―
Desculpe-me.
―
Por que se desculpou?
―
Acredito que nenhum deles se arrependeu. Se o vissem agora, creio que todos
estariam profundamente felizes. Mas, não sei como dizer bem.
―
Você me disse muito, Raven.
Ele
se levantou e colocou as mãos nos ombros de Raven. Este franzino garoto de
dezoito anos com traços orientais era o único motivo pelo qual Edgar estava
ali.
*****
― O
quê? Lydia, você poderia repetir?
―
Disse que a fera bogey que apareceu
ontem nos Jardins de Cremorne estava aparentemente seguindo ordens dadas por
Rosalie.
―
Não! Depois de tudo aquilo?
―
Parece que a fera pode estar de alguma forma ligada ao desaparecimento de lady Dóris.
―
Não é possível!
― É
perigoso entrar em contato com as fadas quando não se sabe nada sobre elas,
então, eu queria que você perguntasse à miss
Rosalie e a avisasse.
Por
algum motivo estranho, Edgar fez uma expressão de desconforto. Mas, ela
acreditou que não era tão difícil para ele convencer uma jovem e a persuadi-la.
―
Você não pode? Parece que ela te ouvirá, e eu pensei que irá aceitar se você
adverti-la, já que a veria novamente, não é?
―
Então, você não está com uma pontada de ciúmes.
― Huh?
Lydia
tinha acabado de chegar ao trabalho na residência do conde e estava prestes a
entrar em seu escritório quando foi apanhada por Edgar e a fez passar um tempo
com ele no salão. Aproveitando da situação, ela decidiu trazer à tona o que
pensou ontem à noite sobre Rosalie e a fera bogey
e quando ouviu aquilo, notou que não conseguia entender o que passava na cabeça
de Edgar.
―
Por que eu deveria estar com ciúmes? Você é livre para se aproximar de qualquer
pessoa que gosta, e isso significa que não terei que ser arrastada a diferentes eventos sociais, logo eu ficaria
muito grata.
“Ah! Por algum motivo, quanto mais estou com
Edgar, mais amarga me torno!”.
―
Você realmente pensa isso?
― É
evidente que sim. Você é livre para convidar a senhorita Rosalie ou qualquer
outra filha de uma família bem-sucedida como quiser. É um desperdício de tempo
passa-lo comigo. – era o que ela realmente queria dizer, mas isso não soou tão
bem, porque pareceu que ela estivesse ciúmes.
“De jeito nenhum estou com ciúmes”.
―
Agora, ouça não estou aqui para falar disso. Para afastar a fera bogey, por enquanto, é melhor manter uma
cruz feita de uma árvore de cinza de montanha com você o tempo todo. Se isso
não funcionar, bem, então eu pensarei em outra solução.
―
Ah, se você dispusesse o seu coração como faz com as fadas comigo...
Ela
agradeceu que havia um espaço entre ela e Edgar ocupado por uma mesa nessa
grande sala.
Ontem
à noite, Lydia prometeu a si mesma que simplesmente deixaria passar as palavras
doces de Edgar à direita e à esquerda e não deixaria se levar, por isso, ela
olhou para ele impondo uma pesada barreira entre eles em sua mente.
―
Por favor, não me olhe com olhos tão céticos.
―
Não há uma pessoa mais cética do que você.
“Definitivamente, vou voltar a me afundar
naqueles sorrisos e olhos derretidos dele, com certeza, por isso ficarei em
guarda e colocar outras ladies em seu
caminho”, ela pensou e seu corpo ficou mais tenso por conta disso.
―
Você está mais alerta do que o habitual.
“Claro que estou”.
― My lord, você tem uma visita.
A
voz do mordomo com o anúncio deixou Lydia aliviada. Finalmente, quando se
sentiu liberada de ouvi-lo falar...
―
Edgar! Oh, eu senti tanto sua falta!
Inesperadamente,
o mordomo levou uma garota de cabelos cacheados laranja que se agitavam
conforme andava. Ela caminhou em direção a Edgar.
―
Bom-dia, my lady! Hoje você está mais
linda do que nunca.
Com
uma atitude de rainha, ela ergueu a mão e esperou que a beijasse. É evidente
que a menina não tinha Lydia à sua vista.
―
Oh, Edgar, acontecerá um recital solo de um pianista vienense na casa Watts.
Você não gostaria de ir? Será uma pequena reunião de pessoas mais próximas de lady Watts.
―
Pergunto-me se seria um intruso.
―
Longe disso! Se você me escoltar, além do mais, todos querem conhecê-lo.
Aproveitando
a oportunidade, Lydia tentou sair sorrateiramente do salão.
―
Oh, sim, Rosalie, foi-me dito que você deveria fazer uma cruz de cinzas da
montanha e andar com você. De acordo com minha fairy doctor, é para afastar de espíritos malignos.
No
entanto, isso a fez parar com seus truques. Se ela disse algo, certamente
ouviria uma retaliação. E como se esperava, os olhos de Rosalie cravaram-se nas
costas de Lydia.
―
Com licença, miss fairy doctor, você
se importaria de parar de fazer acusações estranhas contra mim?
Não
tendo escolha, Lydia voltou-se para encará-la.
―
Não é uma acusação! Você está ciente de que anda com uma fera bogey direto, não é? Esse tipo de fada é
perigosa!
― É
meu escravo e está me protegendo! Portanto, não fale do que não sabe!
―
Isso é apenas para mostrar que você não sabe nada sobre fadas. Se isso continuar
grudado a você, coisas terríveis acontecerão. Além do que pode estar relacionada
à doença de lady Dóris.
O
que Lydia queria dizer não era uma doença, mas o que estava por trás da razão
do seu desaparecimento, mas ela manteve a história da doença que Rosalie tinha
dito.
―
Você está me dizendo que o que aconteceu à Dóris foi a minha culpa? Você está
me dizendo que fiz algo?
―
Não disse isso...
―
Não é a minha culpa! Ela quebrou a nossa promessa. Nós duas prometemos ao “ovo
da fada”, mas como ela quebrou, acabou irritando a fada. Ela é covarde, no
entanto, teve que passar seus dias tremendo de medo, perdeu sua saúde e fugiu
para o campo para se afastar de todos. Não tem nada a ver comigo!
Ao
que parecia, Rosalie acreditava piamente que Dóris estava se recuperando no
campo. Parecia, que aos olhos de Lydia, ela não acreditava no falso anúncio
feito pela casa do barão para manter as aparências. Isso significava que ela só
teve uma discussão com lady Dóris e
não tinha intenções em colocá-la em problemas. Dizer que “ela deveria
desaparecer” era apenas um desejo tolo. Mas, a fada agarrada à Rosalie era uma
fera bogey. Mesmo que ela só
pretendesse uma pequena discussão, se a fada colocasse as mãos nela, havia uma
chance de causar grandes dificuldades.
―
Mas, lady Rosalie, há a possibilidade
de que a fera bogey coloque você ou
as pessoas ao redor em uma armadilha, sem que se perceba. É por isso que...
―
Você! Você não gosta disso, como sou tão íntima com Edgar.
Lydia
só podia pensar em como tema mudou em um instante.
―
Eh?
― É
por isso que você está dizendo essas coisas! Para me insultar!
―
Não tenho nenhum interesse em um galanteador como ele!
―
Não me parece convincente, já que você está tão irritada.
Definitivamente,
ela não sabia conversar seriamente sobre fadas. Ela olhou furiosamente para
Edgar, mas ele não demonstrou sinais de que iria resolver a situação.
Mais
como Lydia se ressentiu por instiga-lo. Afinal, ele estava curtindo a disputa
das meninas por ele. No entanto, Lydia não tinha motivos para brigar por ele.
Ela tentou sair, mas Rosalie correu na frente dela e a deteve.
― Só
porque você não tem beleza ou um charme sedutor pode me enfrentar. Não tente me
envolver em algo assim. Além disso, a cor dos seus olhos lhe faz parecer uma
bruxa. Ou as fairy doctor nem sequer
são humanos! Você é uma fada que tomou a forma de um ser humano!
― O
que você disse?
Não
havia nenhuma razão para disputar Edgar. Entretanto, ela foi ridicularizada por
sua aparência por uma jovem com que estava preocupada. Então, não havia nada
para que Lydia ficasse quieta. E para acrescentar isso, ela cresceu com o
pesadelo de ser chamada de chagelling
de fada durante a infância.
―
Você não tem nenhum trabalho para se orgulhar! Você só aparece vistosa, e
quantas horas você fica enrolando seu cabelo cheio de frizz?
Agora,
parecia que ela atingiu o ponto de complexo da garota, pelo fato que uniu as
suas grossas sobrancelhas.
―
Mesmo que seja encaracolado e com frizz
é melhor do que seu cabelo com cor de ferrugem!
―
Ele é caramelo! – gritou Lydia furiosa e perdendo a paciência.
O
único a chamar a cor de seu cabelo medíocre era Edgar. Foi incrível que uma
apenas uma palavra fez com que a cor ficasse encantadora. No entanto, era
embaraçoso se apegar a algo assim. Ela olhou em direção a Edgar, que parecia
não estar preocupado com ela desde que...
―
Então, Edgar, qual você mais gosta? Caramelo ou laranja? – indagou Rosalie, o
que fez com que a atenção voltasse para ela.
―
Vamos ver... Ainda não experimentei o gosto de caramelo.
“Isso quer dizer que...”.
Lydia
viu Rosalie reagir como estivesse envergonhada, depois lhe encarou com um
sorriso vitorioso, e isso fez com Lydia entendesse o que tinha acontecido, ela
ficou vermelha.
“Inacreditável! Ele é um homem frívolo, cuja
a única ocupação é trabalhar rápido com as mulheres”!
―
Isso é ridículo! Não vou fazer mais parte disso!
Afastando-se
de Rosalie, ela atravessou a sala em passos largos e se dirigiu à porta. Ela
ouviu um pequeno comentário:
―
Você é tão ingênua.
Era
Rosalie. Ela bateu as portas pelas costas. Mesmo depois em seu escritório,
ainda um sentimento nojento tomava conta de Lydia.
Ela
ficou em pé junto à janela e olhou para a carruagem que estava estacionada pela
entrada dianteira pronta para Edgar e Rosalie, mas quando ele ergue a cabeça em
direção a ela, correu para fechar as cortinas.
―
Não é problema meu se ele é um galanteador. Mesmo que ele beije outras ladies, ou mesmo se as encontra, não
tenho nada a ver com...
Ao
virar, ela rapidamente ficou quieta. Raven estava em pé, perto dela.
― O
que... O que é isso? Você não pode bater?
―
Peço desculpas. Entrei porque não obtive resposta.
“Estou tão brava que não consegui ouvir?”
―
Oh, me desculpe. Mas, você não deveria escoltar “lord” Edgar?
― Miss Carlton, lord Edgar não é um homem frívolo. – ele disse de modo inesperado,
com uma expressão séria.
“Então, ele ouviu”. Lydia estava em uma
situação embaraçosa.
― É
apenas frívolo no que diz. Ele não ousaria forçar sua vontade para uma mulher. Embora,
isso seria diferente se ela estivesse desejando por isso.
“Isso é o que chamaria de frívolo!”
― É
por isso que, senhorita Carlton, você poderia confiar em lord Edgar? Como você é contratada como fairy doctor, ele não a beijaria por diversão. Contanto que você o
permita.
― Eu
nunca aceitarei isso.
―
Então, não há nada do que reclamar.
―
Oh, claro que não! Se tudo estivesse de acordo com o que você diz! No entanto,
não confio nele. Mesmo hoje ou ontem, se fosse desamar minha guarda, sabe-se lá
o que ele faria. Só estou aqui como fairy
doctor, então não quero ser tratada como uma das suas seguidoras!
―
Posso apostar nisso!
―
Você é tão leal.
―
Você não precisa correr. E estaria segura se abaixasse a guarda.
Ele
faria qualquer coisa por Edgar. Mais do que erradicar inimigos do seu mestre,
ou aqueles que atravessarem o seu caminho, Raven estava tentando suavizar e
acalmar Lydia, algo difícil para ele. Ela simplesmente admirava sua lealdade.
No entanto, alguém que pensasse assim o acharia um mestre difícil e irracional
para servir se você fosse seu criado. No entanto, para Raven, ele era o único
que aceitaria cada parte sua, portanto, era seu mestre insubstituível. Porque o
único que dizia que aceitaria um Sprite
assassino dentro de Raven e acalmá-lo era Edgar.
Por
outro lado, ela continuava negando Edgar, sentiu-se mal em relação a Raven, que
confiava em seu mestre acima de tudo.
―
Tudo bem, então. Decida a quantia que quer apostar. Mas, se ele me beijar
apenas por diversão, vou dar um soco naquele rosto perfeito, reto e duro que
gosto tanto.
Raven
mantinha seus olhos verdes-escuros sobre ela, e levantou levemente os cantos de
seus lábios. Portanto, a aposta foi definida. Se ela realmente pensou nisso,
Lydia precisava ser beijada para vencer, mas ela só iria perceber apenas após
um longo tempo. Por enquanto, até então, ela foi preenchida com a motivação de
testar Edgar. Na verdade, devia ter tido o desejo de testar se ele estava
pensando em Lydia ou não.
― Há
uma coisa que você deixou cair. – disse Raven.
Raven
colocou um objeto branco e redondo, que era um tamanho que poderia caber na
palma da mão sobre a mesa.
―
Encontrei isso no chão do salão, agora.
Ela
abriu a boca para dizer que não era dela, mas rapidamente a fechou. Porque ela
notou que era uma pedra de ágata branca. Não era um branco puro, mas puxava
para verde-claro que se assemelhava às veias de uma folha.
“Um ônix-menta?”
Quando
ela sacudiu, pôde ouvir o som de splish-splash
da água. Ela correu para a janela e a colocou contra a luz. Observou através da
pedra raspada que havia uma água escura presa em seu interior.
“Isto é um ‘ovo de fada’? É verdadeiro?
Aquele que selou o Sprite demoníaco
dentro dele? Aquela amiga de Edgar tinha posse disso? Se foi encontrado no
salão, caiu de Rosalie?”
―
Uh, Raven, você se lembra do que Edgar disse no barco ontem? Sobre o jovem que
foi capturado na névoa de Londres e foi morto na América?
Raven,
que já estava saindo da sala, parou e voltou-se para encará-la.
―
Sim.
―
Isso é verdade? Se era amigo de Edgar, então, você o conhecia?
―
Havia muitos que respeitavam lord
Edgar e estavam ao seu lado como aliados. Uma vez que nós fomos vendidos e
comprados, estávamos na mesma situação, por isso, não poderia dizer exatamente
quem era.
―
Aliados, então, todos...
―
Estão mortos.
―
Por quê?
― O
Príncipe não perdoa traidores.
As
crianças que desapareceram como a névoa e vendidas. O que Edgar queria dizer com
salvar, talvez não fosse um certo alguém, mas todos os seus amigos e aliados.
Tendo consciência que era impossível resgatar aqueles amigos que não foram
realmente levados pelo nevoeiro, mas vendidos e mortos, era algo que ele
fantasiava. Se foram apenas capturados pelo nevoeiro e não um ser humano mal
intencionado, se estivessem escondidos no nevoeiro, ele faria qualquer coisa
para encontrá-los e salvá-los. Mesmo assim, ele estava arrependido por
deixá-los morrer.
Como
uma oração para o repouso de todas as almas das crianças, incluindo a dele,
Edgar ainda não conseguia descartar a “névoa” e o “ovo da fada”.
―
Mas, lord Edgar foi aquele que
conheceu as duas fadas.
―
Eh?
―
Foi isto que escutei antes.
―
Está, está tudo bem você derramar algo assim para mim?
―
Não é como se eu estivesse reformulado para falar. Embora, eu não saiba como se
relaciona com o “ovo da fada”.
Ela
ficou surpresa ao ser informada diretamente da boca de Raven, mas era algo que
Lydia tinha como um pequeno palpite. Que mesmo que essa história estivesse de
modo simbólico ligada aos seus aliados por estarem na mesma condição que ele,
pensou que também falava por sua própria experiência. E se fosse Edgar aquele
que conhecia as duas fadas, significava que quem originalmente possuía o “ovo de
fada” era ele.
Uma
ágata não era tão rara, mas as de alta e exclusiva coloração eram consideradas
como joias. Se fosse uma pedra grande, uma vez na mão de seres humanos,
normalmente, seria dividida em pedaços, processada para ser vendida, no
entanto, se permanecesse do mesmo jeito que foi encontrada, só uma família rica
teria sua custódia. Logo, o jovem que tinha o “ovo de fada” não poderia ter
sido de descendência de classe baixa.
―
Houve outras pessoas em seu grupo que foram criados na nobreza além de Edgar?
―
Não. Não que saiba.
Edgar
viu a ilusão do Fogman em algum armazém escuro. Ele negociou isso em troca de
ajuda, mas não foi resgatado. Talvez, ele ainda estivesse perdido no nevoeiro
profundo, junto com seus camaradas e sentia que não poderia escapar disso.
Mesmo que ele pedisse à Lydia para salvá-lo.
―
Senhorita Carlton, não tive arrependimento quando desisti da vida por causa de lord Edgar. Creio que aconteceu o mesmo
para todos. Mas, seria doloroso para lord
Edgar que todos morreram sem se arrepender?
― É
doloroso, eu acho.
O
jovem que perguntou com uma expressão séria, abaixou os olhos por um instante.
― Lord Edgar sempre foi nosso mestre e
líder. Nunca fez queixas ou pediu ajuda, sempre ficou sozinho com a confiança
de todos em suas costas. Havia alguns companheiros que se pareciam exatamente
como ele e se abriram uns com os outros, mas seria questionável para mim dizer
se aceitaram a fraqueza de lord
Edgar. Nosso líder nunca demonstrou derrota, nem arrependimento ou hesitação, esse
foi nosso orgulho.
Mas,
os humanos não são tão fortes. Ela admirava como Edgar carregava em seus ombros
e ainda tinha vontade férrea de motivar e liderar um grupo de meninos. Talvez, agora que Raven tenha conseguido sua
vida tranquila, que ele conseguiu perceber isso.
― No
entanto, agora gostaria que ele descansa-se um pouco desses sentimentos.
―
Tudo o que você precisa fazer é apenas dizer isso a ele. Ele, certamente,
pensará em você como um amigo leal do que mestre e servo.
Raven
sacudiu a cabeça fortemente.
―
Isso é impossível para mim. O Sprite
que mora em mim apenas obedece a lord
Edgar e o aceita como seu mestre. Se forjar essa promessa indistinta, então,
algo desastroso aconteceria.
Lydia
não sabia muito bem sobre o espírito de Raven, mas entendeu que havia uma razão
complicada para que ele não desviasse da posição de servo.
― É
por isso que a senhorita Carlton não devia odiar lord Edgar.
―
Não é que o odeio ou qualquer coisa...
Ela
ficou confusa com que ele disse de repente.
―
Mesmo que lord Edgar não seja perfeito,
você não rejeitaria?
―
Não penso nele como perfeito. Porque ele é frívolo, um canalha e mentiroso, está
cheio de defeitos.
Embora
ela tenha dito várias coisas grosseiras sobre o seu mestre, Raven apenas deu-se
por satisfeito e começou a sair da sala. Lydia ficou em pé, sozinha, espantada.
―
Então, qual é o seu ponto de vista?
Ele
quis dizer que ela falasse a Edgar que não era mais o líder em uma batalha, e
que poderia descansar. Raven queria que Lydia assumisse o papel de ouvir os
lamentos e queixumes de seu mestre?
“Mas, não tenho nada ver com isso, a menos
que ele me assumisse rapidamente como namorada. Além disso, há muitas
candidatas para concorrer”.
Do
nada, o rosto de Rosalie surgiu na sua cabeça e o temperamento de Lydia ficou
furioso de novo, e isso derrubava qualquer sentimento simpático que ela sentia
pela dor de Edgar que Raven contou.
***
Alegando
que ela tinha algo que precisava procurar, Lydia deixou a casa do conde mais
cedo. Nico entrou furtivamente no escritório de Lydia, que não estava, abriu
silenciosamente a porta do armário e tirou uma caixa que tinha escondido pela
parte de trás de modo cuidadoso para que não fizesse nenhum som. Quando ele
colocou o ouvido junto a ela, ouviu um som sussurrante e áspero que vinha do
seu interior. A lata que estava dentro da caixa tinha algo que falava consigo
mesmo. E não tinha percebido que Nico ouvia o que estava dizendo.
[―
Alecrim, sálvia e manjericão, todos os cheiros deliciosos de ervas].
A
voz era difícil de ser ouvida, mas a entonação se assemelhava a algo cantado.
[―
Uma cama cheio de alecrim! Nunca imaginei que havia um lugar tão maravilhoso
assim em Londres].
[― Ooh! Mas, fui enganado! Uma fábrica de
conservas? Estava dormindo na minha cama de ervas e antes que soubesse que
estava preso dentro de uma lata...].
―
Hum, então, você foi enlatado enquanto tirava uma soneca.
Nico
não pôde deixar de fazer essa observação, e após isso, a coisa dentro da lata
ficou em silêncio.
A coisa devia ter entrado em uma fábrica de conservas de peixes em ervas e adormeceu dentro de uma lata, portanto, o que levava a crer que era uma fada. Devia ter se empolgado com os aromas e dormido. “Que idiota!”, pensou. No entanto, desde que Nico também era uma fada, uma vez algo que lhe prendeu a atenção, ficava tão aficionado que não pensava em mais nada. Era evidente que as fadas nunca pensavam em si próprias como tolas.
A coisa devia ter entrado em uma fábrica de conservas de peixes em ervas e adormeceu dentro de uma lata, portanto, o que levava a crer que era uma fada. Devia ter se empolgado com os aromas e dormido. “Que idiota!”, pensou. No entanto, desde que Nico também era uma fada, uma vez algo que lhe prendeu a atenção, ficava tão aficionado que não pensava em mais nada. Era evidente que as fadas nunca pensavam em si próprias como tolas.
―
Mas, mais do que isso, quem foi que te enganou?
O
que estava dentro da lata se abalou violentamente a ponto de sua irritação
acumulada quase se estourar por estar preso dentro de uma lata e em relação a
Nico.
―
Ei, agora, vamos conversar calmamente. Quem é você? Se responder, digo que irei
abrir para você.
Nico
fazia a mesma perguntar por várias vezes. A coisa dentro da lata não abrira a
boca desde a primeira vez, no entanto, uma vez que foi colocada dentro do
armário, descobriu que algo poderia evoluir, por isso começou a falar com a voz
silenciosa. Entretanto, a voz era difícil de ser ouvida, por estar presa dentro
de uma lata.
―
Você quer saber quem sou primeiro? Como eu poderia me revelar se não sei quem
você é. Quer conhecer uma fairy doctor?
Não posso confiar em você, por isso estou checando primeiro. Hã? Não sou
confiável? Isso não vai para lugar nenhum...
Continuou
teimosa. Aparentemente, a coisa desejava sair, e ficava doida pulando para cá e
para lá, mas não ousava se abrir. Então, ficou quieta e com medo de virar
alimento de alguém. Nico disse que não iria comer algo como ela, mas saber que
havia uma fada em lata era próximo do inacreditável. Uma lata que só um humano
poderia abrir, e um humano que as fadas poderiam confiar era apenas um fairy doctor. E é por isso, que a coisa
que estava dentro da lata pedia por uma fairy
doctor, no entanto, para Nico não conhecer qual seria seu motivo era algo
problemático.
Seria
complicado se atacasse Lydia assim que saísse. Depois de fazer vários
argumentos e contra-argumentos, os dois continuavam em um cabo de guerra. E, no
final, a conversa terminava sem uma resolução. Porque a coisa dentro da lata
foi selada, assim como seus poderes, e não tinha muita energia. O período de
tempo em que conversavam era sempre curto, logo, a fada adormecia e a discussão
terminava ali. Mesmo assim, Nico sentia piedade, por outro lado, se fosse algo
ruim, foi selado por causa de sua maldade, logo não havia razão para soltá-lo.
Diante
dessa situação delicada, era difícil decidir se ele deveria contar à Lydia
sobre isso. O que fazia hesitá-lo era o crônico coração-mole de Lydia, que iria
ter pena e consequentemente não sentiria se houvesse perigo. É por essa razão
que Nico colocou-o cautelosamente em uma caixa, e assim a voz não seria ouvida
por Lydia e a escondeu na parte de trás do armário.
A
porta da sala abriu sem bater. Nico entrou em pânico e jogou a lata sobre a
toalha da mesa e pulou em uma cadeira. Ele fingiu que estava tomando chá, e
logo pegou uma xícara. Quem entrou era Edgar.
“Maldito! Me ferrei! Preciso fingir que sou
um gato!”
Depois
que voltou para casa, Edgar foi direto para o escritório de Lydia, mas a
primeira coisa com que ele se confrontou foi um gato de pelos grisalhos que
sorria feliz com a xícara de chá. Ele se encontrava sentado em um amontoado de
almofadas em cima de uma cadeira próxima à mesa.
Seu
nariz se contraiu como estivesse gostando do vapor e o aroma, depois tomou um
gole rápido, e devolveu a xícara ao pires. Lançou um rápido olhar para Edgar, e
mudou a postura como nada tivesse acontecido. Em outras palavras, em uma
posição de gato. O que estava sentado à sua frente era um gato normal, e a
visão de que ele bebia chá achou que era sua imaginação.
―
Pensei que ouvi que Lydia se preparava para ir para casa. Vejo que não foi com
ela.
― Eu
gosto muito daqui. Uma vez que o chá é quente e fresco, saindo imediatamente
quando você toca um sino. Inclinou-se contra a almofada e estreitou os olhos
como estivesse satisfeito.
O
miado de alguma forma soou como fosse palavras significativas, o que levou
Edgar a crer que Nico não fosse um felino comum. Ele foi se sentar ao lado
oposto a Nico.
―
Conte-me, Nico. O que você acha que Lydia pensa sobre mim?
― Um
galanteador duvidoso.
Foi
o que ele pensou com olhar frio que Nico lhe lançou.
―
Bem, isso não me ajudou muito.
―
Oi, você concordou?
―
Mas, por enquanto, ela não há algum homem por quem pensa, certo? Acredito que
ainda tenho uma chance.
―
Hum? Mas, você não estava com aquela moça de cabelo castanho-alaranjado?
―
Rosalie? Bom, somos apenas amigos. Ela pensa o mesmo de mim.
―
Como você é cara de pau! Quando vocês estão próximos não é o que parece. Em
geral, é a mesma atitude em relação à Lydia, você parece que está só brincando.
Como
se estivesse enojado com ele, Nico inclinou-se contra o braço da cadeira e apoiou
a bochecha na pata. Era uma posição irreal, mas não impossível.
―
Não pretendo enganá-la, só que não tenho tanta confiança e não quero ser
rejeitado.
―
Mentiroso. Uma garota como Lydia é algo raro para você, só isso. Deixe-me
salientar que o mundo em que a Lydia vive é muito diferente do seu. E ela tem
ciência disso, por isso mantém uma distância de você. Então, não se intrometa.
Ele
sentiu que estava seriamente advertindo, e Edgar soltou um suspiro.
“Qual
é o motivo que me impede que Lydia continue ao meu lado?”, ele se perguntou.
Ele
acreditava que uma fairy doctor era
necessária para a família do conde. Mas, não era só isso. Ele se interessou por
ela e achou encantadora e, claro, estava bem ciente de que os seus mundos era
completamente diferentes. Ela era imprevisível e cheia de mistérios, e ele
adorava conversar com ela, o que o fez correr atrás. E, no entanto, as suas
palavras soavam superficiais.
―
Seria tão bom que Lydia se abrisse um pouco mais. Nico, o que devo fazer? Já
que você a conhece tão bem?
Mesmo
que ele pedisse conselhos para um gato, não deixava de ser como um jogo
brincalhão.
―
Como estava dizendo, como eu poderia ser franco com um membro de gangue? – ele
enrolou a própria cauda. ― Você quer que te conte a troco de nada?
Pensou
em algo e solicitou ao mordomo. Ao ouvir a ordem de seu mestre, o mordomo
deixou a sala e voltou segurando uma bandeja de prata. Sobre ela descansava um
recipiente de prata que acomodava doces que deixavam seu aroma no ar. Depois
que ela foi colocada sobre a mesa, Edgar empurrou-a para Nico.
―
Estes são chocolates com licor que acabaram de chegar da França. Tenho certeza
que você ficará satisfeito.
Inclinando-se
um pouco, Nico olhou fixamente para as guloseimas arredondas e castanhas. O
gato, que tinha gravata amarrada no pescoço, pegou um chocolate com gesto
gracioso, e pareceu nada misterioso. Colocou na boca, enrolando com a língua.
Nico estreitou os olhos em puro deleite.
― Você
pode pegar o máximo que puder.
―
Não minta para Lydia.
Esse
foi o conselho dele? Ele pensou que era isso que Nico disse, quando o gato
puxou a tigela de prata com as mãos ou com as duas patas dianteiras, como
estivesse a embalando.
Nota
da tradutora: E aí, a raiva persiste com o nosso
queridinho de olhos malva-acinzentados? Odioso! Cruel e com toda certeza,
maligno murelhengo! P****, Edgar!
Esse trecho fiquei para morrer:
Esse trecho fiquei para morrer:
“―
Então, Edgar, qual você mais gosta? Caramelo ou laranja? – indagou Rosalie, o
que fez com que a atenção voltasse para ela.
―
Vamos ver... Ainda não experimentei o gosto de caramelo.”
Que ódio!!!
Que ódio!!!
Bom,
o próximo capítulo pode pintar aqui ou no final do mês de dezembro ou no
comecinho do mês de janeiro do ano que vem! Fique fria! Pode atrasar um pouco,
mas pretendo alcançar a tradução em inglês! Beijos e se a gente não se ver
mais: Feliz Natal e boa entrada de Ano-novo!^^
2 comentários:
Muito obrigada por cada capítulo! A história só fica melhor, e concordo que o Edgar merecia um tapa pelo "ainda não experimentei o caramelo"! Ahh, aquele sem vergonha! Mal posso esperar pelos próximos! E espero que você não desista das traduções também *---*
Nossa, fico imaginando o que faria se estivesse no lugar da Lydia ouvindo isso!!! Ai, que ódio de você, conde pilantra!!!
Não foi desistir não! Posso até demorar, mas desistir, jamais!
Bjs
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