Olá! Seja bem-vindo(a) ao 2º
capítulo do Volume I de Hakushaku to Yousei. Enjoy!
Na
corte imperial do século XVI da Rainha Elizabeth, existiu um lord chamado Conde Ashenbert. Ele se
autointitulou como descendente do Conde Cavaleiro Azul, foi um aventureiro que
desbravou o mundo todo, e contava estranhos e maravilhosos acontecimentos que
viveu e eram ouvidos pelas pessoas da
Corte. Um ouvinte compilou todas as suas histórias e escreveu um livro
sobre o antecessor do Senhor Cavaleiro Azul, que é conhecido como “Senhor Cavaleiro
Azul – o viajante do Mundo das Fadas” por F. Brown. Lydia conhecia muito bem
este livro.
Era
uma das várias histórias que seu pai lia após a morte de sua mãe. Ela se lembrava
de que seu pai dizia que a história era verdadeira. Claro que para Lydia, que
sabia da existência das fadas, não ousava duvidá-la. Só ficava admirada por
existirem clãs que reconheciam um ser humano como seu governante, quando havia
um Rei das Fadas em uma terra onde as fadas viviam.
Um
livro que retratou um Senhor Cavaleiro Azul, e que, muito provavelmente, era a
parte que as pessoas acreditavam, e, lógico, a parte das fadas era ficção.
No
entanto, Lydia acreditava que não havia nada irreal em qualquer parte da
maravilhosa e mágica história deste livro. As informações sobre a preciosa
espada, da qual Edgar disse, se encontravam nesta história.
No
último capítulo, há uma cena em que Lord
Cavaleiro Azul deixa Edward I. Ele conta que voltará para o País das Fadas. O
rei, por sua vez, indaga se ele voltará à Corte. O Cavaleiro Azul responde:
“Claro que se Sua Majestade precisar de meus serviços, voltarei. E não importa
onde eu estiver. Sou sempre o humilde servo de Vossa Majestade. Porém, o tempo
das fadas corre do mundo humano. Um ano lá corresponde a centenas de anos por
aqui, por outro lado, envelhecer 10 anos lá corresponde a alguns dias por aqui.
Portanto, peço à Vossa Majestade que sempre que eu, ou qualquer um de meus
descendentes, retornar a você, por favor, seja capaz de nos reconhecer”. Neste
momento, o rei entregou a espada ao Lord Cavaleiro
Azul. Então, em nome de Edward I, não
importa quem seja o rei da Inglaterra, este receberá aquele que é o Conde
Cavaleiro Azul. Após isso, o número de Cavaleiros Azuis aumentou na corte real
da Inglaterra. Destes, apenas um deles foi reconhecido pelo sir Brown, que escreveu a história do Lord Cavaleiro Azul.
E,
agora, Edgar era o descendente. E a única coisa que lhe falta é obter a
preciosa espada de Edward I, como prova de sua posição como conde. Acreditando
nisso, foi oferecido à Lydia trabalhar como uma fairy doctor.
―
Então, acredito que esteja tudo bem. Por que você não o ajuda?
Nico
se encontrava excepcionalmente com bom humor essa manhã. Pois, fora devidamente
entregues em seu quarto panquecas e bacon
em seu quarto.
―
Ei! Você não disse ontem que estava bastante desconfiado sobre quem ele era?
Gostaria de saber se aquela ameaça de
verdade real.
―
Mas, mesmo que eu o ajude, não garante que iremos encontrar a preciosa espada.
―
Basta pedir que o dinheiro seja pago antecipadamente. É melhor inteirá-lo que
você tem um valor. Ah! Mas também há ideia de fugirmos assim que conseguirmos o
dinheiro. – disse o gato despreocupado e arrogante, enquanto amarrava um guardanapo
em seu pescoço e usava garfo e faca de modo imponente para levar a fatia de bacon para sua boca.
Se
alguém que ganhasse o dinheiro, essa pessoa seria responsável para realizar o
trabalho para ele. No entanto, Lydia se encontrava indecisa porque não tinha
certeza se Edgar era o verdadeiro herdeiro da preciosa espada.
Embora,
como Nico diz, a menos que não fugisse com dinheiro, seria difícil recusar a
ajudá-lo.
―
Tenho que escrever para o papai.
Lydia
pegou um papel e um envelope que estavam na escrivaninha perto da janela.
“Pai querido, acredito que estarei
chegando em Londres mais tarde do que imaginava. Um cavalheiro chamado Conde
Ashenbert me ofereceu um emprego relacionado às fadas.
Ele diz que é o descendente do Lord
Cavaleiro Azul. Eu não sei se ele é realmente, mas parece que não vai me
liberar a menos que termine meu trabalho”.
Ela
se perguntou se deveria escrever sobre o período em que ficou presa por um
homem chamado Huxley, mas decidiu que isso só o preocuparia, e por isso, não
escreveu.
“De qualquer forma, não se preocupe
comigo. Tão logo, cuide-se”.
Depois
de assinar seu nome e fechar o selo, ouviu uma batida na porta. Edgar entrou
contente. Ele disse bom-dia com um sorriso claro e nítido. Seus cabelos louros
cintilavam no Sol brilhante da manhã. Ele parecia tão perfeito que ela começou
a sentir ciúmes e se perguntou se Deus o privilegiou demais.
―
Qual seria o assunto?
―
Eu pensei que deveríamos discutir nossos planos neste momento.
Ele
caminhou arrogantemente como estivesse em seu próprio quarto e sentou em um dos
sofás. Seu servo estrangeiro o acompanhava e ficou na porta imóvel. Nico já
havia terminado a refeição e, se encontrava esticado no sofá, e por isso mesmo,
Edgar não chegou a testemunhar a sua excepcional forma de se alimentar.
―
Em primeiro lugar, olhe isto.
Edgar
pousou uma moeda na mesa próxima a ele. Lydia sentou-se de modo que dava para
encará-lo e pegou a moeda em sua mão.
―
Uma velha moeda de ouro.
―
O brasão da família do Conde está nela. E você pode ver o que está nela? De
acordo com a nossa família, foi escrito pelas fadas.
―
É tão pequeno não consigo ler.
―
Mesmo que você seja uma fairy doctor?
Lydia
se sentiu ofendida.
―
Você sabe que isto pode ser lido por meio de lupa. Quando o assunto se trata
sobre as fadas, as pessoas encaram como algo misterioso, e esperam que se use
alguns poderes mágicos e poof! O
problema seria solucionado. Porém, a arma de um fairy doctor é o conhecimento sobre as fadas e possuir habilidades
para negociar com elas. Eu não sou uma bruxa.
―
Compreendo. Então, esta é uma cópia feita por meio de uma lupa. Agora você
lê-la?
Entregou
rapidamente um pedaço de papel à Lydia, que franziu o cenho.
Ele poderia ter-me entregue desde o
começo.
Além
disso, o bilhete revelou uma coleção de letras embaralhadas, algo peculiar
delas. Mas, se você ler sem que fossem criadas pelas fadas, então, você poderia
perceber imediatamente que havia um alfabeto.
―
Isto, sem dúvida, está em inglês. Você está me testando?
―
Não conheço sua habilidade. Na sociedade, há pessoas que se aproveitam de
outras alegando ver algo que não é possível, ou falam sobre como apenas elas
podem entrar em contato com fantasmas, fadas e visões do futuro. No entanto,
você não conectou com algo obscuro e inexplicável e não é porque não sou capaz
de entender. E você não me parece que dê uma resposta vaga. Apenas que queria
saber se isto sirva para algo a nós dois. – ele disse claramente como não fosse
nada.
Lydia
franziu o cenho ainda mais. Era irritante, algo como ela estivesse sendo subestimada.
―
Então, my lord, cujo descendente do
Lord Cavaleiro Azul, não consegue ver as fadas, acredita que as fadas
escreveram isso?
―
Isto foi gravado por seres humanos. Se for um trabalho que seja menos
minucioso, então é algo que qualquer pessoa possa fazer. Não serve que existam
fadas.
―
Logo, está dizendo que você é alguém que não acredita em fadas. Mesmo assim,
crê na existência de uma espada preciosa, protegida por elas, e procurou a
ajuda de fairy doctor que não sabe se
é ou não é uma fraude?
―
A espada do Lord Cavaleiro Azul por
si só tem uma origem histórica e não há indício de algo místico nisto. A
questão é onde ela está escondida. Nomes das fadas são usados como palavras que
nos guia para a sua localização. Lydia, você disse que a habilidade do um fairy doctor era seu conhecimento sobre
as fadas e poder de negociação. Só quero esta sabedoria. Não preciso de poderes
mágicos. Só quero que você seja capaz de entender o que as palavras gravadas
aqui significam. Firo seu orgulho, que alguém como eu, que não acredita em
fadas, te pede ajuda como fairy doctor
para entender isso?
Diante
de seu olhar desafiador, crescia dentro de Lydia um ímpeto que ele admitisse
que errou e aceitasse a razão dela. A razão pela qual os fairy doctors foram necessários durante tanto tempo. O laço entre
as fadas e os seres humanos era tão forte que apenas o conhecimento não iria
desvendá-lo.
―
Edgar, não adianta apenas o meu conhecimento, pois você não vai conseguir
colocar a espada preciosa em suas mãos.
―
Que honestidade! Então, você deve ler primeiro isto.
Lydia
tomou fôlego e apanhou o pedaço de papel entregue a ela.
[O
green jack do berço do spankie. Uma dança com duendes na noite
de luar. Além da cruz do silkie. O
labirinto de pooka].
―
O que é isso?
―
Isso é o que quero saber.
Assim
como os primeiros enigmas, os nomes das fadas ainda apareciam neste. Sem parar,
Lydia decidiu passar os olhos em tudo.
[...
Troque com a estrela Merrow. Caso contrário, será ouvida canção da lamentação
dos merrows.].
―
Isto é tudo?
―
A estrela Merrow, provavelmente, é a estrela de safira que está na espada
preciosa.
―
Então, este último trecho é a parte mais importante relacionada à espada
preciosa.
―
Pergunto-me, o que significa a troca com uma estrela. – murmurou Lydia.
―
Eu também não sei, assim como o restante.
―
Tenho certeza que a primeira parte é indicação do esconderijo. Mas, onde estão
as propriedades da família do conde? Se não formos para lá, não posso dizer
nada em definitivo.
―
Minha família possui terras e propriedades em toda Inglaterra.
Edgar
estendeu um mapa, onde estavam marcados vários xis em vermelho em diversos
lugares.
―
Por onde vamos começar? – perguntou Lydia.
―
Eu gostaria de saber isso também.
Lydia
estava perplexa. Se fosse passar um pente fino em cada um deles levaria uma
quantidade de tempo absurda. E ainda assim, este homem a forçaria até que
descobrisse o que ele quer. Claro que do ponto de vista dele é apenas um
trabalho que ofereceu à Lydia.
―
Um trabalho. – Lydia sussurrou.
E
no final, apenas sobrava a ela a opção de aceitar. No entanto, se ela encarasse
de forma positiva, era uma rara oferta de trabalho decente. Se ela queria se
tornar uma profissional, então não deveria hesitar em momento como esse. E como
Lydia se sentiu ansiosa, seu espírito de luta foi despertado.
Talvez haja uma pista que aponte qual
propriedade está no enigma.
Ela
correu os olhos pelo mapa e memorizou-o, percebeu algo sobre os nomes.
―
Bem, parece que é usado os nomes de várias fadas da Irlanda.
―
Sério? Mas, minha família não possui propriedades ou castelos na Irlanda.
― Merrow
é o que as pessoas na Irlanda chamam de sereias. Isso aponta para onde a espada
está. Provavelmente ela se localiza em algum lugar perto do mar.
Ela
rastreou o lado oeste da costa que se encontrava perto da Irlanda. Havia um
trecho da costa que estava conectado com o mar irlandês.
―
Ah! E aqui? Manann Island. Se é uma ilha, então deve ter uma ou duas lendas
sobre as sereias.
―
Então, vamos começar por aqui.
Parecia
que ela tomaria um caminho mais longo para chegar a Londres.
―
Para sua informação, eu não trabalho de graça. Você vai ter que me pagar
adiantado.
―
Certamente! Quanto?
Agora
que ela pensou nisso, pois nunca tinha realmente tido uma oferta decente para o
seu trabalho até o momento. Então, ela notou que não tinha de fato decidido
sobre um preço exato para seus serviços. No entanto, se isso ela deixasse
escapar, então ele a subestimaria. Desse modo, Lydia desesperadamente fez uma
cara indiferente.
Vou ser menosprezada se pedir um preço
baixo. Ousada, ela mostrou cinco
dedos de sua mão para Edgar.
―
Raven. – Edgar chamou seu criado, sem nenhuma objeção ao pedido de Lydia.
Raven
saiu rapidamente da sala sem esperar instruções e voltou imediatamente. Em suas
mãos estava uma bandeja de ébano com um cheque. Na frente de Lydia, Edgar
assinou o cheque. Quando ela olhou para o cheque entregue, Lydia ficou quieta e
por pouco não gritou ase gritar de surpresa.
―
Isso é o suficiente?
Pensou
que estivesse cobrando um valor exorbitante de 50 libras, mas 500? Se ela
estipulasse uma fortuna de modo tão leviano, ficaria encabulada e não poderia
corrigir o mal-entendido.
―
Isto sela nossa negociação. Estarei esperando bastante de você.
No
momento em que Edgar se levantou do sofá, Raven, pela primeira vez, falou com
Lydia.
― My lady, gostaria que enviasse sua
correspondência?
Parecia
que ele tinha visto a carta na mesa. Certamente era um servo atento a tudo. Se
estivesse em uma situação corriqueira, Lydia pensaria nisto, mas nesse lugar e
momento, ela imediatamente sentiu uma mudança inquietante no ar.
Raven
percebeu que Lydia tentava entrar em contato com alguém de sua convivência intencionalmente,
e por isso, perguntou a ela para que Edgar ouvisse.
―
Tudo bem. Eu mesma posso enviar. – ela respondeu apressadamente, mas sabia que
Edgar lançava um olhar afiado para o envelope.
―
Uma carta para quem?
―
Para meu pai. Escrevi para avisá-lo que chegarei a Londres mais tarde do que
previsto. Isso é ruim?
―
Vai ser ruim se nossa localização for vazada. Huxley e seus homens podem chegar
antes de nós.
―
Só vou dizer a ele que vou chegar atrasada.
―
Apenas isso se tornará evidente que está me ajudando. Por favor, entenda,
Lydia, uma vez que você concordou com nosso contrato, sou seu empregador. Todos
os segredos devem ser confidenciais. E gostaria que você seguisse minhas
instruções.
Ele
não disse com uma voz áspera, mas havia uma determinação que não aceitava
qualquer objeção. Ele estava acostumado com os outros o servindo. Com seus
olhos plácidos, voz digna e postura reta, mas poderosa, tinha tudo a qualidade
de um nobre de alta classe, que fez de suas palavras algo inegável.
Mesmo
sentindo uma vontade de retaliá-lo, Lydia permaneceu em silêncio.
―
Peço desculpas por não ser racional. Mas, Lydia, não me perturbe muito. Seria
bem melhor para você...
Ela
se perguntou se enviasse a carta secretamente, seria jogada no mar. Sua voz
calma lhe causou medo. Uma mistura entre calma e algo sombrio.
A
única coisa que Lydia entendeu que, no final, estava na mesma situação em que
se encontrava presa a Huxley. Ela não conseguia comparar qual homem, Edgar ou
Huxley, ou melhor, os dois poderiam fazer mais mal a ela. No entanto, tinha
certeza de que Huxley era um homem mais fácil de lidar.
Sua
carta para o pai ainda estava em cima da mesa, e a razão pela qual não foi
confiscada, é que, provavelmente, sabia que ela não a enviaria. Para provar
isto, Lydia não apresentava resistências para fazê-lo.
O
servo leal não era um mero criado de Edgar, mas também um braço direito
inteligente. Contudo, Lydia viu que ambos possuíam um laço mais forte, algo
como parceiros de crime. Para ser exata, é como diziam que, ele realmente
mataria qualquer um que machucasse Edgar.
―
Ei, da próxima vez, certifique-se que traguem o chá com leite mais quente. Não
tenho a língua sensível como gato. – disse Nico a Edgar e Raven quando saiam do
quarto.
Lydia
olhou para Nico, perguntando-se o que ele queria dizer, mas Edgar pareceu não
notar que ele falou alguma coisa. Apenas Raven parou brevemente, mas depois
sugeriu que ele imaginou isso e seguiu seu mestre.
―
Se autointitula herdeiro do Lord
Cavaleiro Azul, mas ele é um menino que se recusa em acreditar que um gato pode
falar. Ele nunca será capaz de ver fadas ou compreendê-las.
Ela
se perguntou se isso significava que ajudaria um impostor. De qualquer modo,
não tinha escolha sobre o assunto. A força de Lydia foi drenada de forma que
ela se tornou uma cativa.
A
partir de então, toda vez em que ela saia do quarto, Ermine a acompanhava. Ao
contrário de seu estranho e indiferente irmão, ela era cordial e conversava de
modo caloroso com ela. No entanto, não sabia se isso era um mero espetáculo.
Porque ela era a criada de Edgar.
―
Senhorita Carlton, a luz do Sol está forte hoje. Por favor, use isto. – disse
Ermine enquanto a cobria com um guarda-sol quando saiu sozinha para o convés.
Havia passageiros que olhavam com curiosidade para a empregada com roupas de
homens, mas Ermine não lhes dava atenção.
Lydia
não era uma filha da alta sociedade e que se preocupava com o bronzeamento, mas
ela invejava a bela pele branca de Ermine.
―
O clima está excepcionalmente lindo para este país. – observou Ermine. Parecia
que sua expressão mostrava que estava se lembrando do Sol em um país
estrangeiro.
―
Senhorita Ermine, você esteve em um país diferente?
―
Por favor, me chame de Ermine. E sim, não sou britânica.
―
Agora que penso sobre isso, Edgar também disse que tinha saído de outro país
até agora... Então, isso deve ter sido verdade.
―
Você não confia em Lord Edgar?
―
Isto porque ele... Nosso primeiro encontro ele me agarrou de repente, prendeu
meus braços atrás das costas. Além disso, não sei se ele é amável ou
assustador. Ou se é um cavalheiro ou outra coisa. Em primeiro lugar, ele é um
conde realmente?
Ela
respondeu apenas com um sorriso suave e não mencionou nada sobre o seu mestre.
―
E aquele rapaz chamado Raven. Ele é jovem, mas há uma falta de expressão em seu
rosto, e é assim sempre. Edgar ordenou que ele não sorrisse? Se fora ordenado,
ele parece que segue isso à risca.
―
Raven é esse tipo de criança. Não que ele tenha sido ordenado a agir assim. Ah,
mas se fosse ordem de Lord Edgar, ele
não faria outra coisa a não ser segui-la.
Esse
tipo de criança. O jeito que ela disse parecia que era muito próxima dele. Um
relacionamento como ela estivesse cuidando gentilmente dele. Devia sentir a
curiosidade de Lydia e respondeu à sua pergunta.
―
Raven é meu irmão mais novo.
―
Hum, mas ele...
―
Nossas cores de peles são diferentes porque somos de pais diferentes. Senhorita
Carlton, você diz que sabe coisas sobre as fadas, mas já viajou ao mundo delas?
―
Bem, sim. Você pode não acreditar em mim, mas, as passagens estão em toda
parte. Na fronteira entre as sombras e a luz solar, em lugares onde o vento
momentaneamente muda de curso, nas matas de espinheiros e arbustos dos
sabugueiros, e nas sombras das folhas de trevos.
―
Em nosso país, a existência das fadas também era real. No entanto, como algo
mais assustador. E havia crianças que nasceram com o sangue de temidas fadas.
Raven foi esse tipo de criança.
―
Oh, é verdade? Então, ele pode também ver e falar com fadas?
―
Não tenho certeza. Ele era uma criança que não gostava de conversar com outras
pessoas sobre as fadas.
Ela
pôde entender o que não queria falar com os outros sobre isso. Se Lydia fosse
tranquila referente a isso, então também agiria do mesmo modo. Mas, é evidente,
para não esquecer a mãe, sempre mantinha sua atenção para aquele mundo mágico. Contudo,
da mesma forma, sussurravam atrás dela, que Lydia era uma fada changeling de uma criança pequena. Ela
não se parecia nem com seu pai ou com a mãe, a cor de seus olhos era
extremamente rara.
Seus
olhos seguiam algo quando estava sozinha no berço, e, então, de repente sorria
e ria. Quando ela cresceu, brincava com algo invisível e conversava com ele,
como estivesse falando consigo mesma, e isso perturbava sua babá.
Ela
simplesmente ignorava aqueles que a chamavam de estranha, mas quando era
apontada como changeling, era
chocante e triste, como seus laços e lembranças de sua mãe fossem negados.
―
Então, ele também teve más experiências. É algo que os outros não conseguem
entender.
―
Eu acredito que sim. E no caso de Raven, é uma encarnação de um espírito
maligno. Originalmente, era considerado como uma existência horrível, e aquele
que fosse possuído, era afastado da sociedade. Assim como sou sua irmã mais
velha, não era capaz de entendê-lo como um todo. Nós deixamos nosso país como
estivéssemos caçados, entretanto, encontramos pelo caminho Lord Edgar e, finalmente, achamos nosso lugar no mundo.
―
Por que ele é o conde do País das Fadas?
―
Tanto faz que ele seja conde ou não. Porque ele é homem triste.
Triste?
Para Lydia, ele era arrogante e coercitivo, manipulava os outros como um peão
de seu próprio jogo. Parecia se aproveitar de perigosos negócios com os outros
e caçar tesouro.
Lydia
inclinou a cabeça e Ermine mexeu os lábios em uma expressão que parecia um
sorriso triste.
―
A bondade e a severidade do lord
fazem parte de sua tristeza. E é por isso que ele também aceita nossa tristeza.
Só desejo que o mundo das fadas lhe traga a verdadeira tranquilidade.
Lydia
se perguntou o que ela queria dizer com a verdadeira tranquilidade. Ou porque
era o lugar que os descendentes do Lord Cavaleiro Azul retornariam ou porque
era seu desejo, mesmo que não fosse o verdadeiro herdeiro. Lydia não sabia.
Edgar,
Raven e Ermine mostraram suas várias facetas, uma após a outra, como suas
figuras fossem um caleidoscópio.
O
alarme soou. O som baixo e vibrante foi sugado pelo céu escurecendo.
Um
grupo de pessoas que estavam conversando no convés apontou para algo no mar.
Lydia se esticou para ver o que era. Era um navio de patrulha do exército. A
grande sombra negra dirigia-se na direção deles. E, então, o navio a distância
gradualmente diminuiu.
―
Eu me pergunto, o que aconteceu. – disse Ermine mexia as sobrancelhas de modo
nervoso. – Vamos voltar para o quarto, senhorita Carlton.
A
sala para onde Ermine conduzia Lydia era a cabine de Edgar. Edgar se encontrava
em pé junto à janela, olhou furioso para o navio-patrulha preto, e de repente,
sorriu como se pensasse em algo divertido. Ele virou-se para Lydia:
―
Talvez Huxley esteja atrás de nós.
―
Isso é impossível. Você está dizendo que ele se uniu ao exército?
―
Bem, vamos descobrir em seu devido tempo.
Huxley
podia estar se aproximando, mas Edgar não mostrou nenhum sinal de preocupação.
De
acordo com a explicação do capitão, havia aparentemente alguém muito perigoso
escondido no navio, e, portanto, a tripulação iria inspecionar os quartos.
Talvez Huxley prestou queixa a alguém que conhecia esse tipo de situação. Havia
a possibilidade de que Lydia e Edgar foram vistos correndo para este navio.
Após
de algum tempo, um oficial militar entrou no quarto com alguns de seus homens,
apresentou-se como tenente-coronel e disse de forma polida:
―
Sinto muitíssimo, milord, mas podemos
ter a sua permissão para inspecionar a sua cabine?
―
Vá em frente. Seria problemático para mim se houvesse alguém perigoso escondido
nesta cabine. Há quartos que não estamos usando, então, por favor, inspecione
esses também. – disse Edgar sem hesitação sentando-se no sofá.
Enquanto
seus homens faziam a vistoria, o tenente verificou as identidades de Raven e
Ermine, e fez algumas simples perguntas para Lydia. Em seguida, solicitou para
entrar em seu quarto.
―
Uh, sobre esse procurado, que tipo de pessoa ele é?
Caso
era de fato o relatório de Huxley, Lydia estava curiosa para saber que tipo de
queixa apresentou.
―
Bem, o procurado poderia ser o único atrás dos assaltos que acontecem em
Londres. Nós temos um relatório que ele
pode ter um refém, e nós decidimos entrar em ação imediatamente.
―
Um refém...
―
Sim, senhorita. Foi dito que ele ameaçou e raptou uma jovem mulher. Uma garota
da mesma idade que você.
―
Tenente, por favor, não diga nada que a assuste. Já é uma notícia terrível. O
ladrão que você diz não é o mesmo que as pessoas têm comentado ter matado uma
centena de pessoas?
As
palavras de Edgar fizeram com que Lydia se lembrasse da notícia no jornal. Ela
se perguntou se Huxley usou um assalto real onde o ladrão estivesse foragido. E
afirmar que o ladrão mantinha um refém, talvez ele também procurasse por Lydia.
Talvez ele não tenha previsto que Edgar e Lydia possuíssem os bilhetes, e
planejasse capturar os passageiros que não tivessem seus nomes na lista de
cabine.
―
Peço desculpas. Mas, my lord, o rumor
de que ele era o assassino americano é porque eles apresentam características
semelhantes. Esse assassino foi executado.
Seus
homens voltaram da inspeção com a informação que não encontraram nenhuma
irregularidade. Logo após o relatório, o homem que estava tomando notas atrás
do tenente interrompeu de repente.
―
Tenente, sobre esse ladrão, o relatório diz que ele é um jovem louro e seus
olhos são violetas.
O
tenente não escondeu sua cara feia.
―
Loine, é o bastante.
―
Entendo. É uma característica comum. Há um aqui. – disse Edgar francamente.
Lydia
não se conteve, se virou para encará-lo. Agora o observando, ele tinha as
mesmas características. No entanto, se era apenas isso, então havia outros com
os mesmos aspectos.
Mas...
Lydia
tinha um mau pressentimento e não conseguia tirar os olhos de Edgar.
―
Bom, parece que nosso trabalho aqui está feito. Precisamos ir ao quarto ao
lado. Obrigado por sua cooperação.
―
Obrigado pelo seu serviço.
Depois
que o tenente e seus homens se retiraram do quarto, Edgar deve ter notado o
olhar de Lydia e voltou-se para fitá-la.
Ela
virou a cabeça para trás, mas como fez como algo pouco natural, a deixou mais
suspeita e ela se odiava por isso.
―
Lydia.
―
Sim?
―
Chegaremos ao porto de Scarborough, em cerca de duas horas. Certifique-se que
esteja pronta para desembarcar.
Sem
fazer qualquer pergunta, Edgar apenas sorriu para ela com seu comportamento
habitual incontestável.
―
Loine, o que estava pensando? Queria chamar o conde de ladrão?
―
Não, senhor tenente, é que o conde se assemelha a ele.
―
Não, não é ele. O retrato aparentava um pilantra qualquer.
―
Sim, mas, você não pode depender de um retrato. Qualquer pessoa pode ter esse
tipo de cabelo ou cor de olhos, mas ele apresenta essa característica distinta.
Se verificássemos esse detalhe, tudo ficaria claro.
O
mais alto oficial olhava o corredor verificando cada detalhe, de repente, ele
parou e se voltou ao seu subordinado.
―
Então, você pediria ao conde que mostrasse a língua?
Nico,
que dormia sob o farol do saguão, onde o Sol batia iluminando a mármore, fingia
cochila, enquanto torcia suas orelhas.
―
Depois de perguntarmos algo humilhante deste tipo, e não houvesse nada, como
iríamos se arranjar? É óbvio que ele se recusaria, além disso, poderia
apresentar uma queixa. E ter uma cruz tatuada em sua língua significaria que
você é um serial killer da América.
Caso queira misturar essas evidências com o ladrão de Londres, continue lendo o
noticiário de fofocas, como os entusiasmados cidadãos.
―
Sinto muito! Mas, ele foi realmente executado na América? O serial killer chamado sir John foi dito como um homem
carismático, com uma característica de alto nível. E o corpo mostrado do
enforcado não aparentava como alguém assim...
O
tenente encarou seu subordinado e levantou os ombros, irritado.
―
Como pode haver qualquer classe ou carisma no corpo de um enforcado? E Loine,
você está enganado de um modo geral. O que estamos procurando não é um
passageiro da cabine da primeira classe, mas malandro escondido em algum lugar.
“Hmmm...”, passando a pata sobre os
bigodes, Nico observou os policiais passarem e voltou ao quarto de Lydia com as
duas patas traseiras resmungando para si próprio: “Agora, isso está indo para algum lugar.”
Lydia
e todos os outros saíram do navio no porto de Scarborough e seguiram para o
oeste pela estrada de ferro.
À
vista da janela era repetitiva e monótona. E no trem a vapor, Lydia teve que se
sentar de frente para Edgar, em um compartimento barulhento, algo insuportável
para ela. De vez em quando, ela ficava em pé e perdida.
―
Ei, ei, se você ficar tão nervosa, eles ficarão desconfiados de você! –
informou Nico, aparecendo de pé em suas patas traseiras na passagem.
―
Nico, sobre o que você disse antes, você realmente acha... então...
―
Se o policial dissesse não, portanto, você também pensaria assim?
―
Você está certo. É difícil acreditar que um serial
killer seja capaz de falar um inglês britânico.
Ela
chegou a essa conclusão, mesmo assim algo ainda a incomodava. Talvez seja a
parte sombria do caráter de Edgar desde a primeira vez que se encontraram.
―
Entende? Você poderia ao menos verificar a língua dele.
Lydia
soube da informação da tatuagem de cruz através de Nico que ouviu da conversa
dos oficiais. Ela não conseguia entender como alguém tem a ideia de fazer uma
tatuagem na língua de uma pessoa e em seguida realizá-la. No entanto, esse
detalhe era muito importante.
De
que modo, ela poderia verificar isso, era o que Lydia matutava na sua cabeça,
desde que ouviu de Nico no navio.
―
Mas, normalmente, não se pode ver a língua de outra pessoa. E a história da
tatuagem era supostamente do americano. Então se ele não tivesse, aí estaria a
prova de que ele não é o ladrão que tem feito roubos em Londres?
―
Por enquanto, podemos relaxar que ele não é um assassino. Porque, pelo que se
tem notícia, todas as vítimas de Londres estão vivas.
Isso
poderia ser apenas uma coincidência, mas poderia ser como Nico diz. Ela queria
fazer as coisas corretamente.
No entanto, Lydia teve uma ideia e voltou ao
compartimento. Quando ela procurou por Edgar, ele estava sentado junto à
janela, com a bengala apoiada no colo e os seus olhos fechados. Pode ser que
ele estivesse dormindo.
Talvez eu possa aproveitar esta
oportunidade.
Lydia
se aproximou na ponta dos pés. Parecia que ele não iria acordar. Embora que ele
estivesse cochilando, sua mão estava segurava o queixo. Ele era perfeito, como
se você o colocasse em uma pintura, ele se encaixaria perfeitamente como um
quadro elegante. Seu cabelo dourado balançava sobre a bochecha branca criando
uma sombra. Lydia concentrou-se nos lábios. Mas por mais que ela observasse,
não conseguia ver a sua língua. Se ela colocasse o dedo na sua boca, sem
dúvida, ele acordaria. Mesmo sabendo isso, Lydia se sentiu atraída por Edgar,
não se moveu de onde ela estava, apenas se abaixou.
Os homens normalmente se supõem mais
resistentes?
Os
cílios longos, lábios finamente moldados e um queixo liso e fino. Ela tinha
desejo de tocá-lo, com o mesmo sentimento de observar de uma maravilhosa obra
de arte. Quando estendeu o dedo, os seus lábios se curvaram lentamente em um
sorriso divertido. Ele abriu os olhos e fitou fixamente para ela.
―
Em que posso te ajudar?
Lydia
congelou. Ela tinha o dedo indicador apontado para perto da ponta do nariz
dele.
―
Se você oferecesse seus lábios, eu continuaria fingindo que estava dormindo,
mas não pensei que seria cutucado.
―
Hum... estava apenas...
―
Está tudo bem! Toque-me!
―
Não! Eu não ia...
Ela
recuou a mão e tentou fugir da cena, mas Edgar agarrou o seu ombro.
―
Oh, peço desculpas! Não deveria ter menosprezado a oferta de uma dama. Estaria
mais feliz respondendo às suas expectativas.
Ele
andou em direção a ela, o que fez Lydia entrar em pânico.
―
Não! Eu... Sua língua...
―
Língua? Não imaginei que você gostasse do estilo francês.
―
Ei, espere! O que você está pensando?
Ela
lutou para afastar Edgar, no entanto, Lydia viu Raven carregar o chá sobre o
ombro dele. Contudo, ele não prestou a atenção em Lydia que quase foi derrubada
com um empurrão para o assento. Ele não expressou absolutamente nada quando
deixou o chá sobre a mesa. Estava prestes a sair quando...
―
Ei! Por que você não me ajuda?
―
Raven não me pararia, mesmo que fosse estalar o seu frágil pescoço.
Que
nível de lealdade, ela se perguntou, que estas pessoas possuíam no mesmo grupo
criminoso.
A
sua raiva emergiu, sua mente ficou vazia por um momento. Sabendo que ele era um
conde, era o único impedimento de arrancar a sua cabeça fora. Ela chicoteou a
sua palma aberta nele como fosse um canalha. Sua palma parou bem em sua
bochecha, e Edgar finalmente soltou Lydia.
No
entanto, ela não conseguiu terminar com isso, e tentou jogar uma xícara de chá
que estava na sua frente.
― My lord!
Lydia
voltou à realidade com a voz de Raven. Porém, o chá quente já tinha sido
derramado no braço enquanto se colocava entre eles.
―
Eu...Eu sinto muito! Você... É melhor esfriar isto com água.
―
Eu estou bem. Não há nada para se preocupar. Vou fazer um novo bule de chá.
―
Isto não será necessário. Vá tratar-se com Ermine.
Ele
assentiu com a cabeça às ordens do seu mestre e Lydia acompanhou com olhar
Raven enquanto se retirava, soltando um suspiro.
―
Não se preocupe! – disse Edgar de modo indiferente.
―
Você! É culpa sua! Você me forçou... e me disse algo assustador! Como quebrar
meu pescoço!
―
Foi apenas um exemplo.
―
Teria sido melhor o chá ter sido derramado em você! Não tinha nenhuma intenção
de ferir Raven!
― Hmmm... Então, você não se importa
comigo que foi esbofeteado?
―
Claro que não! – ela o repreendeu e correu para fora do compartimento.
―
Pare com isso, Lydia! Mesmo que fosse uma mulher, alguém que tente ferir o
conde será morto.
No
momento, em que ela avistou Raven na penumbra junto à pia, e estava se
aproximando dele, ouviu o sussurro bem baixinho de Nico.
Ele
estava brincando de novo, mas ela ainda estava nervosa, e hesitou em ignorá-lo
depois que derramou chá sobre ele. Raven devia ter notado os passos de Lydia
aproximando-se, contudo, ele não se virou.
― Hum, deixou uma marca? – ela perguntou
de modo cauteloso a ele.
―
Não é grande coisa. Mas, mais importante ainda... – ele finalmente se virou
para ela, embora não mostrou nenhum sorriso, mas também parecia não estar
bravo. ― Assim como você disse, deveria ter parado lord Edgar mais cedo.
―
Então, Edgar não teria sido acertado com chá?
―
Nunca imaginei que uma lady fizesse
tal coisa.
Lydia
foi insultada levemente, mas por sentir remorso que o feriu, ela o ganhou por
isso.
―
Então, você saberá que nem todas as mulheres que são flertadas por Edgar se
sentem lisonjeadas.
―
Sim! Obrigado por me mostrar isso.
Sua
resposta séria aparentemente não tinha intenção de provocar ou culpar Lydia,
simplesmente porque ele não sabia medir as palavras. Provavelmente, era mais
entendê-lo do que Edgar, mesmo que não demonstrasse nenhuma expressão.
―
Perdão, mas quantos anos você tem? – com passar do tempo, ela decidiu perguntar
algo que a estava deixando curiosa.
―
Tenho 18 anos.
―
Oh! Então, você é um ano mais velho do que eu.
―
É por causa deste rosto franzino. – ele respondeu seriamente.
Como
ele mesmo disse, talvez por seus olhos sejam grandes, aparentava ser mais jovem
do que sua idade real. E se ele sorrisse, ela pensou, passaria uma impressão de
ser mais afável aos outros.
―
Gostaria de perguntar a você, caso Edgar tentasse matar alguém, você realmente
não o deteria?
―
Não diria que o impediria, mas eu que deveria cometer o assassinato.
Ser
capaz de dizer algo assim tão naturalmente lhe provocou um arrepio pelo corpo.
Ao contrário de Edgar, quando ele disse isso não soou como uma piada.
―
Você sujaria as mãos pelo seu mestre? Iria tão longe pelo seu mestre ao ponto
de confundir sua lealdade a ele?
―
Se fosse cometer um crime, seria apenas por causa de lord Edgar. Ele me ensinou que não devo matar alguém além de suas
ordens. Embora, demorou algum tempo para que entendesse isso.
Ela
não compreendia o que ele queria dizer. Apenas, Lydia sentiu como estivesse nas
profundezas de uma escuridão sem fim. Depois que ela o mirou de perto, notou
que os olhos de Raven, que ela pensava ser da mesma cor do seu cabelo preto, na
verdade, eram de um verde-escuro. Ela se lembrou de que contaram ele carregava
o sangue das fadas, talvez pelo fato de seus olhos. Enquanto ela devaneava,
seus olhos verdes fixaram nela.
―
Oh, me perdoe! Apenas estava curiosa sobre a cor de seus olhos. Veja, tenho
olhos verdes também. Uma vez que o verde é a cor das fadas, no meu caso posso
ver fadas, que supostamente, se sobrepõem em outras fadas. Eu era chamada de changeling. Um changeling é quando uma fada sequestra um filho de um humano e
deixa sua própria prole no lugar para que ele possa cuidá-la.
De
modo inesperado, acabaram se olhando, Lydia ficou envergonhada e não parou de
tagarelar, mas quando ela deu um respiro, ele a interrompeu:
―
Um espírito é algo que vive na floresta. As florestas na Inglaterra são
pálidas. Elas têm a cor de seus olhos, a cor do Sol. Onde nasci era um verde denso e tenebroso,
não havia luz. As fadas deste país são muito luminosas para que eu veja. No
entanto, você é capaz de ver o espírito em mim.
Parecia
que ele sorria debilmente, mal notava os olhos dela. Era quase um sorriso
dolorido, e mesmo que tivesse a habilidade de entrar em contato com as fadas,
sentia que ele era um tipo diferente. Um espírito mágico encarnado de um país
distante.
Dizia-se
que o Cavaleiro Azul gostava de viajar, contava histórias de fatos em terras
distantes e animava a Corte. Os países do leste oriental, naquele tempo, eram
mais longínquos do que o País das Fadas, envoltos de mistérios e maravilhas
para os ingleses.
A
história do conde conta que ele veio do País das Fadas com seus empregados
mágicos. Lydia teve a sensação que estava dando um passo em direção à velha
lenda das aventuras de Lord Cavaleiro
Azul. Ele era o Lord Cavaleiro Azul e
seus seguidores que voltaram ao mundo humano ou eram simplesmente ladrões?
Quando
desembarcaram do trem a vapor na última estação, o céu estava escurecendo,
pronunciando o pôr do Sol. Geralmente, as estações estavam localizadas na
periferia, portanto, do lado de fora só restavam as ruas escuras por onde as
carruagens passavam. Não havia muitos outros passageiros além deles, que
rapidamente se dispersaram, ficaram ainda menos pessoas, contando com eles.
Raven
disse que iria atrás de uma carruagem. Havia uma área de espera para carruagens
atrás do edifício da estação.
―
Senhor, está procurando uma carruagem? Qual é o seu destino?
Perguntou
um homem que saiu das sombras escuras da estação.
―
Não, obrigado! Nosso criado foi um buscar uma carruagem. – respondeu Edgar em
um tom bem frio.
―
Oh, não diga isso, sir. Vou tornar a
passagem barata para você! – disse o homem, enquanto agarrava o braço de Lydia.
E antes que ela abrisse a boca, uma faca afiada estava presa à sua garganta.
Edgar
e Ermine ficaram a postos. Mas, olharam ao redor deles e estavam cercados por
um grupo de homens que saíram das sombras.
―
Não se mova, sir!
Viraram-se
para encarar quem falava, era um homem que saiu do grupo e mostrou-lhes a ponta
de uma pistola que estava escondida debaixo do casaco.
Era
Huxley.
―
Ah, então foi você, Huxley. Embora, não soubesse que você ambicionasse esse nome.
– disse Edgar em tom irônico.
O
homem olhou ferozmente para Edgar, o que transpareceu um Huxley completamente
diferente de quem cumprimentou Lydia.
―
Não se dê a si mesmo tais ares. Seu fingimento em ser um nobre é algo absurdo.
―
Eu não finjo. E, além disso, não sou sir,
e sim lord. Tente não misturá-los.
―
Pare de brincar! Você está desfrutando uma viagem extravagante com o dinheiro
de meu pai?
―
Corrigindo, a recompensa que seu pai me ofereceu! Infelizmente, era apenas o
dinheiro da carteira. Não poderia concordar com isso, mas terminou. Não é como
se tivéssemos problemas com dinheiro.
―
Recompensa?! Depois que você levou tudo, planeja roubar a joia que meu está
procurando? É sua culpa que o meu pai...
―
A razão pela qual seu pai está no hospital lutando pela vida foi porque você
disparou sem cuidado sua arma. Mesmo que tenha me apontado, não seria óbvio que
poderia acertar seu pai que estava atrás de mim? No entanto, você berra como se
fosse eu quem fez isso.
―
Cale-se! Cale-se! Vou me certificar de você nunca mais será capaz de abrir sua
boca arrogante!
Enquanto
ouvia a conversa dos dois, Lydia se levantou ainda agarrada pelo homem atrás
dela, em choque absoluto.
Qual é o significado disso? Edgar estava
atrás do dinheiro e da joia do pai de Huxley? Huxley atirou com sua arma e acertou
no próprio pai?
―
Nós ficaremos com a senhorita Carlton a partir de agora para nos auxiliar,
entendeu? Ei, amarre-os! Vou arrastá-los para a polícia e vocês serão
enforcados.
―
Então, os seus crimes e do seu pai se tornaram públicos. Gostaria de nos
acompanhar até a forca? Ou talvez você vá primeiro.
Assim
que Edgar acabou de falar, uma sombra negra surgiu ao lado de Lydia. O ar se
movimentou como fosse provocado por um batimento de asas, e a sombra voou para
parte de trás de Lydia, e flash de
luz brilhou sobre as bochechas dela. O homem que estava agarrado à Lydia caiu
no chão sem emitir um som. Seu pescoço estava severamente retorcido e ele parou
de respirar. A sombra dançou para mais adiante.
Raven.
Como
se protegesse da linha de fogo de Huxley, ele deslizou para baixo na frente do
seu mestre. Ele dispunha de uma adaga esbelta em sua mão. Os homens de Huxley o
tentaram atacar de repente a fim de segurá-lo. Os rostos dos homens não era
apenas os conhecidos do navio, mas pareciam que outros bandidos foram
recrutados para o grupo.
Com
apenas Raven, parecia que ele estava em desvantagem. Porém, surgiu outro
redemoinho. Ermine chutou um dos homens que estava do seu lado. E no momento
seguinte, ela estava com uma faca na mão apoiando Raven. Lydia então notou que
a roupa masculina dela tinha uma razão, deixá-la livre para se movimentar. Mas,
ela não conseguia deixar de olhar para eles. O Conde Cavaleiro Azul e seus
servos misteriosos, Raven e Ermine. Era como tivessem saídos de um livro de
contos.
Lydia
reparou que Edgar estava de pé ao seu lado. Mas quando ela voltou-se a ele, a
agarrou e a puxou pelo braço. Naquele momento, houve um som de um tiro e um
furo em seus pés. Raven se esquivou por um instante. Ergueu sua perna no ar
para ricochetear a pistola que Huxley mantinha grudada em sua mão. E, por fim,
ele se virou para defender Edgar e evitou que os homens viessem apanhá-lo,
aniquilando um por um.
― My lord, há uma carruagem na esquina,
logo à frente.
―
Posso deixar isso com você?
―
Por favor! Seja cuidadoso.
Depois,
Edgar virou-se puxando Lydia pelo braço e se afastou da luta.
A
lâmpada que iluminava a carruagem resplandecia levemente ao longe na escuridão.
Entretanto, Lydia tropeçou na bainha de sua saia e caiu. No instante em que se
levantou, a ponta de um sabre estava apontada para ela na altura do nariz.
―
Eu disse que a levaríamos conosco. John, você pode lutar o quanto quiser, mas
você não passa de uma nada e que só presta para morrer no lixo.
Quem é John?
Huxley
apanhou Lydia.
Por quê?, perguntou-se a si mesma, ao mesmo tempo que seu sangue
fervia. Por que cada um deles tenta me
enganar, me ameaçar e por que tenho que ouvir o que eles falam?
Mesmo
que Huxley tivesse uma arma afiada, ela não se importou porque finalmente
perdeu a paciência. Lydia lutou de modo frenético tentando se soltar.
―
Gossam! Não! Pare! – gritou Edgar.
Huxley
se irritou quando Lydia mordeu o seu dedo e levantou para atacá-la com sabre.
Ele foi empurrado para trás por Edgar, e Lydia viu a borda da lâmina atingir o
ombro dele, cortando o revestimento de seu casaco.
Edgar
torceu as sobrancelhas em dor. Quando Huxley avançou para atacá-lo de novo,
Edgar, mesmo estando ferido, esticou a bengala e de dentro dela, tirou uma
espada, assim como fosse uma bainha.
Ele
parou o sabre de Huxley com o contra-ataque da lâmina da espada, forçando-o a
largá-lo. Ele usou o momento para fazer um corte no punho de Huxley, e isso fez
com que ele se afastasse de uma distância considerável.
Novamente,
Edgar puxou o braço de Lydia enquanto partia na direção oposta de Huxley.
Quando eles finalmente chegaram na carruagem, ele a empurrou e subiu.
―
Quem... Quem é você de verdade? Quem é John? E Gossam? – exclamou Lydia. Mas,
Edgar a deteve de gritar calando-a colocando a mão em sua boca.
―
Dirija! Agora!
Mesmo
que Edgar estivesse ferido e a situação parecia que ele estava forçando uma
garota na carruagem, para uma pessoa comum, isso pareceria um sequestro. No
entanto, o cocheiro não fez nenhuma pergunta depois que ele jogou um punhado de
dinheiro.
Nota da tradutora: Espero que você tenha curtido tanto quanto eu enquanto estava traduzindo. Cada vez mais me apaixono por essa história. Aqui
temos mais algumas informações sobre Raven e Ermine. Para você que só assistiu
o anime, pode ter estranhado a presença de Ermine, a meia-irmã de Raven. Ela tem um ar da
Nana Oosaki, a vocalista da banda Blast Nana. E ah, Raven... Raven é uma pegada
mais suave de outro personagem que sou louca: Sebastian Michaelis de
Kuroshitsuji.
E não disse que o Edgar do
light novel é mais sinistro? Pois é... Ele mete medo. Bonito, mas a gente não
sabe qual é a dele. A parte da carta que Lydia tenta enviar ao pai foi a que me
deixou mais estressada. Dá para sentir o nó na garganta da nossa querida fairy
doctor!
Ai, ai, e vem mais emoções
por aí! Acredito que entre o final de março e comecinho de abril chega o 3º
capítulo!
Nos dê suporte! E divulgue!
Beijos e até mais!
2 comentários:
Eu li o mangá há algum tempo, e a história lá é retratada de forma semelhante, então não estou tão surpresa com o Edgar ou com a presença da Ermine, mas tá sendo maravilhoso relembrar tudo!
Obrigada pela tradução!
Meu primeiro contato com Hakushaku to Yousei foi através de uma postagem de um grupo de Facebook. Nela, tinham retratados a Ermine e o Sebastian. Mas, como sou louca pelo Sebby (deu para reparar na capa do blog, né?^^), fui correndo conferir. Logo no primeiro capítulo, a história me capturou de tal modo que não parei mais. Veio o mangá, e depois... a Light novel <3
Obrigada por nos prestigiar! Bjs :*
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