domingo, 9 de junho de 2024

As promessas do Mundo das Fadas - Capítulo 7 - Volume VI - Hakushaku to Yousei Light Novel

 Nota de apresentação 

Deusa do céu! A primeira postagem do ano, e estamos em junho!!!  

Gente, não tem nem como desculpar o atraso, mas a verdade é que até agora está sendo um ano supercorrido, com muito trabalho, algumas perdas (desta vez, foi a minha prima mais querida) e com um tempo ínfimo para dedicar o que gosto de fazer: escrever e traduzir a light novel. 

Em tempo, dedico este capítulo à minha prima Glória. Prima, esteja onde estiver, que você fique bem! Um grande beijo e a gente se vê um dia.  


 

Edgar fixou seus olhos diretamente no Wyrm e agarrou com mais força sua espada que mantinha pronta e apontou para baixo. Ele observava os movimentos do Wyrm, e pensava que o instante em que ele olhasse em sua direção e abrisse bem a boca seria o momento certo para mirar. Se a freya não estivesse lá, então, seria o fim da história e seria engolido inteiro pelo Wyrm 

Ele se perguntou se fazia algo imprudente. Mas, até Lydia disse que iria quebrar a rosa com as mãos, mesmo sem saber o que isso faria com ela própria. O que ele faria se não pudesse proteger esse tipo de garota. Ele pode ter se aproximado dela no começo com o objetivo de tirar vantagem e usá-la, porém, não queria perder sua habilidade e o modo de ser teimosa, de coração mole, obstinada, séria, parecia tão frágil, fofa e cheirava como camomila quando ele a segurava e a maneira usava as mãos quando ficava com raiva assim que ele tentava se aproximar dela. E é por isso que deveria fazer isso.  

O Wyrm estava vindo em sua direção.  

Ele veio atacando junto com a cabeça e sua boca só abriu uma fresta. Edgar decidiu que esse não era o momento e fugiu. O pilar no qual o Wyrm colidiu quebrou e quase caiu sobre ele, escapou por pouco.  

Quando ele moveu o olhar, seus olhos caíram sobre Lydia, que estava tentando escalar a parede rochosa.  

O que ela está fazendo?” Ela deveria apenas esperar em silêncio. Mas, mesmo pensando isso, não houve um momento em que Lydia agiria como Edgar queria. Sentiu uma sombra tomar conta dele e olhou para cima. As unhas de Wyrm estavam caindo sobre ele. Ele rolou pelo chão e conseguiu evitá-lo.  

Tentou se apressar e se levantar, o Wyrm abriu a boca para ele. No final de sua longa língua, viu que havia fluorita vermelha que brilhava tanto como se fosse um fogo ardente.  

É isso”. Mas, ele segurou a espada tarde demais. As presas afiadas investiram contra ele. Só então, o movimento do Wyrm diminuiu de repente. Naquela curta fração de segundo, Edgar recuperou o equilíbrio e abaixou o corpo e se esquivou das presas.  

Ao fazer isso, ele se firmou no alvo e brandiu a espada apontando para a ponta da língua. Ele sentiu uma resistência ao cortar e a fluorita rachou e quebrou. Naquele segundo parecia que o tempo havia parado. Os movimentos do Wyrm e o som da água que deveria estar ressoando pela caverna de calcário; ele estava em um mundo silencioso onde tudo não fazia um ruído. No momento em que finalmente ouviu ruídos de novo, percebeu que a cabeça levantada do Wyrm lentamente caía e ele correu para sair do caminho. Fez um som estridente e o Wyrm que caiu bem na frente dele não mostrou mais sinais de movimento.  

 

*** 

 

Lydia desceu do pico do cume até o fundo do penhasco e bateu as costas, e ao levantar o corpo lutou contra a dor. Ela queria ter certeza do motivo pelo qual tudo ficou silencioso de repente após o terremoto e semicerrou os olhos para olhar. No entanto, ela não conseguia ver além de área ao seu redor, pois estava bloqueada por uma poeira branca que havia explodido.  

Onde está Edgar? O que aconteceu? 

Lydia! 

Só então ela ouviu uma voz chamar seu nome e viu que Edgar estava correndo em sua direção.  

— Edgar... Você está bem? 

— Sim, o dragão morreu.  

Ele se ajoelhou e olhou para Lydia, mas, então, franziu as sobrancelhas e ergueu a mão dela. O que Lydia segurava na mão era uma rosa selvagem murcha.  

Edgar não era capaz de ver a rosa. Só que ele abriu o punho de Lydia que tinha sangue escorrendo entre os dedos e seus olhos encararam de forma dolorosa para os cortes feitos pelos espinhos.  

— Você rasgou a rosa. É por essa razão que o Wyrm se movia tão lentamente. Fui salvo por você.  

E, então, ele a abraçou, preocupado, como se não soubesse o que iria acontecer com ela por ter quebrado a rosa.  

— Vamos nos apressar e sair daqui.  

Lydia também estava assustada. Ela mesma não sabia o que iria ocorrer com ela.  

— Ainda tenho o corpo de um humano? 

— Você não é um changeling 

— Está apenas começando.  

Ele se levantaram 

O corpo do Wyrm, que estava imóvel com a cabeça presa na floresta de pilares de pedra e o corpo enrolado em um círculo, começou a se transformar em pedra. Ao mesmo tempo, um leve fogo surgiu dos pilares de pedra da floresta. Como vagalumes, o fogo se espalhou para um e outro.  

— O que deveria estar no mundo humano deveria ser devolvido ao mundo humano. São as almas que foram ligadas a este lugar por magia.  

Edgar puxou a mão de Lydia, cujos olhos quase foram desviados pelas luzes que flutuavam no céu.  

— Ouvi algo estranho.  

O barulho se assemelhava a ondas ou algo parecido com um vento forte.  

— A magia que estava compactada no ninho do Wyrm havia perdido sua corrente e fluia para fora. Ele virá em minha direção porque fui eu que quem quebrou o espinho. Se você ficar comigo, será pego nisso. Você não poderá voltar... 

— O que você está dizendo?  Nós estamos sempre juntos. De agora em diante.  

Ele está dizendo a mesma coisa novamente”. 

Foi a mesma frase que Edgar diz por capricho. Mas, eles estavam no reino das fadas cheio de magia, e como Lydia não foi capaz de descobrir qual era seu verdadeiro eu, ela pensou que era uma rara força de vontade.  

Se a vontade de alguém vencer a magia, então, seu desejo será atendido. Essa era a regra no Mundo das Fadas.  Se ela estivesse com ele, logo, poderia voltar?  

Lydia saiu correndo quando sua mão foi puxada por Edgar. No entanto, o som do vento foi mais rápido. Algo quente explodiu atrás deles. A luz fraca que flutuava e o bebê de Martha, que quase foi atingido, também foi empurrado.   

A paisagem do calcário mudou num instante. Eles planejavam voltar pelo caminho por onde vieram, mas os dois estavam parados em um local estreito entre duas bordas de precipícios.  

— O que está acontecendo? 

— Parece que estamos presos em uma ilusão mágica. Já que o propósito da magia de uma fada é confundir as memórias e os sentidos das pessoas.  

— De qualquer forma, vamos continuar a caminhar.  

Edgar se recompôs e começou a andar. E, então, ele disse: 

— Em um livro de contos de fadas que li há pouco, tinha esse tipo de história. Um homem entrou no mundo das fadas para resgatar sua amante, que foi levada embora e uma fada amigável lhe deu um conselho. Para retornar ao mundo humano, ele deveria seguir em gente, não importava o que visse. Até sair, ele não deveria, a todo custo, largar a mão de sua amante. Mas, a magia das fadas mostrou-lhes ilusões assustadoras, uma após a outra, e tentou separar os dois.  

— Eu conheço essa história. Enquanto isso acontecia, o homem via sua amante como um monstro feroz e não largava a mão dela. E, então, os dois ficaram separados um do outro por toda a eternidade.  

— ... Foi isso mesmo? 

Ele não tinha lido até o fim.  

— Como posso dizer, os contos infantis são cruéis. Mesmo assim, não vou desistir, não importa o que aconteça. Para passar pelos delírios das fadas, precisamos acreditar uns nos outros, seguir em frente e não desistir, não é isso que significa? Então, em outras palavras, era isso que eu queria dizer.  

Ele realmente tem uma lábia. Logicamente, foi exatamente como Edgar disse. Porém, não foi algo fácil. Para evitar a magia ilusória, importava o quão forte os dois estavam unidos. A dúvida e o medo iriam confundir o coração.  

Betty e Pino certamente iriam ficar bem. No entanto, Lydia nunca estabeleceu um vínculo emocional com Edgar.  

Ainda de mãos dadas, Lydia ficou assustada enquanto caminhavam ao longo do estreito precipício. Ela se perguntou quando e que tipo de oportunidade o faria largá-la. Ela estava com medo daquele momento e, portanto, foi dominada pela vontade de ser ela a fugir. “E se meu corpo se transformar em uma fada?” Porque ao olho humano, ela pode parecer um monstro feio.  

— Qual é o problema? 

Edgar se virou com um olhar preocupado para Lydia, que de repente começou a diminuir o ritmo.  

E-eu não tenho nenhuma confiança de que serei capaz de vencer a magia. Porque eu não tenho nenhuma base no mundo humano. No começo, eu não sabia que tipo de existência e mundo que eu era.  

— É por isso que estou com você. Eu me tornarei uma raiz para você e uma linha de vida para você sair daqui.  

O aperto da mão dele ficou fraco e quase caiu, mas ele agarrou-a com força.  

— Lydia, não hesite.  

Pode ser impossível. Porque eu não sou uma pessoa importante para você. Veja, já estou tão instável”. 

Lydia não conseguia pensar por muito tempo que as palavras de Edgar eram sérias. Mas, isso não foi por causa de seus hábitos de trapaça. Ela percebeu isso, porém, era o fato de acreditar em algo que não poderia fazer.  

— Edgar, se você vai acabar largando minha mão, então, que solte agora. Se for agora, posso ficar bem com isso.  

— Como? Isso é horrível de sua parte. Se eu a perder, eu não ficaria bem.  

Quanto mais ele dizia palavras tão suaves e gentis para ela, mais Lydia lentamente queria acreditar nele. Mesmo agora, ela queria acreditar nele.  

Eu quero ir para casa com ele. Se isso acontecer, poderei agir de forma mais honesta a partir de agora. Mesmo assim, será que ele realmente quer isso?”, ela se perguntou.  

Se ela hesitasse por um segundo sequer, a magia ilusória se infiltraria naquela abertura em seu coração.  

— Lydia, não acredite nas palavras daquele homem. Mais tarde, só restará dor. 

Perto das rochas, acima deles, estava Kelpie em sua forma de cavalo preto.  

— Venha comigo. Você já sabe que no mundo das fadas não há nada que posso machucá-la.  

Sim. É verdade”. 

Seus pés, que seguiam à frente, começaram a ficar pesados. Ela mal conseguiu ser puxada por Edgar.  

— Para mim, só existe você. Já que não tenho nenhum interesse em outros humanos, nem mesmo em fadas.  

Ele é realmente Kelpie? 

Mas, nada parecia ter sido visto por Edgar, que continuou avançando e aparentava não ouvir nada.  

Então, isso é uma magia ilusória? 

A paisagem ao seu redor mudou. Lydia não conseguiu mais se mover e caiu no chão. Mesmo assim, Edgar tentou pegá-la no colo e fazê-la se levantar. Só, então, ela viu a figura de uma pessoa abaixo. Quando ela semicerrou os olhos para encarar o caminho no fundo do penhasco, quem estava ali imóvel ao seu lado era Ermine 

— Edgar, é Ermine 

Ao grito de Lydia, Edgar olhou para o chão abaixo deles e pareceu que também a viu. Ela podia sentir a sua tensão através das mãos que seguravam. 

— Ela precisa ser ajudada.  

— Não... É impossível. Não há nada que possamos fazer por ela agora.   

Isso porque ele estava segurando a mão de Lydia.  

— Eu ficarei bem. - disse Lydia, tentando tomar cuidado para não falar com a voz trêmula.  

— Se fosse por pouco tempo, não há problema em soltar minha mão. Estarei esperando aqui. Vou espera aqui para não nos perdermos enquanto vai ajudá-la e volta.  

Edgar permaneceu imóvel, como se não tivesse certeza, enquanto olhava para Lydia. 

— ... Verdade? 

Se ele perdesse Ermine, assim, isso machucaria profundamente Edgar de novo. Muito mais do que o desaparecimento de Lydia.  

— Sim.  

Enquanto ela balançava a cabeça, Lydia sussurrou “Adeus” para ele em seu coração. O aperto de Edgar afrouxou. Lydia abaixou o rosto e respirou fundo. Quando suas mãos se separaram, ela sentiu a sensação de pressão da magia que iria esmagá-la.  

Ela fechou os olhos.  

De repente, ela não conseguia sentir a presença de Edgar.  

— O que você está fazendo, conde?! Não a solte! 

Sob gritos de Nico, Edgar voltou a si. No segundo seguinte, houve uma forte rajada de vento, e foi tão violenta como se ele tivesse sido jogado no meio de um tornado e não conseguia abrir os olhos. No entanto, ele tentou desesperadamente, alcançar e agarrar o corpo de Lydia, a mão que ele estava prestes a soltar.  

Ele sentiu que a agarrou e puxou-a para ele. Ele pegou o corpo de Lydia que inesperadamente caiu indefeso em seus braços, e isso fez com Edgar sentisse algo estranho e olhou para o rosto dela.  

— Lydia, o que aconteceu? Acorde! 

Seu corpo e seus olhos fechados não mostravam sinais de movimento.  

— Cheguei tarde demais. - disse Nico, que veio correndo até eles e estando sem fôlego.  

O lugar onde Edgar estava não era perto de nenhum precipício, mas dentro da caverna de calcário onde a água do mar surgia.  

Ele não tinha percebido, mas parecia ser noite e a caverna de calcário onde a luz da Lua entrava fez a cal brilhar e a área ficasse iluminada o suficiente para ver claramente. 

Ermine não estava em lugar nenhum. Ele finalmente percebeu que ela era ilusão. Foi enganado pela magia da fada e quase soltou a mão de Lydia. Não, embora tenha sido apenas por um segundo, ele a soltou. Porque Lydia disse a ele que tudo ficaria bem, mesmo que se separassem por um tempinho. Não, Lydia deve saber que isso iria acontecer antes de dizer isso.  

Para que Edgar não hesitasse em salvar Ermine. Até Edgar deveria saber que, embora fosse apenas um segundo, não deveria deixar seu sentimento ou mão se separar de Lydia. Ele a segurou enquanto ela jazia sem vida em seus braços e caiu no chão.  

— É tarde demais? Mesmo assim, Lydia está aqui. Ela está respirando e tem pulso.  

— Porque é como se ela permanecesse. A alma de Lydia foi levada pelo mundo das fadas.  

— Nico, você tem que ajudá-la. Não há nada que você possa fazer? 

— Como sou uma fada, não tenho nenhum poder para trazê-la de volta ao reino humano.  

Ele colocou as patas nos quadris e soltou um suspiro profundo.  

— Desculpe, conde. É melhor você se apressar e voltar, Entre naquele pequeno barco ali. Quando você estiver na água do mar, será o mundo humano.  

Então, esse banco deve ficar bem perto da fronteira”. Em apenas um passo, eles estavam prestes a sair. Ele ficou tão irritado e pressionou o corpo dela contra o dele, mas não houve resposta.  

— Você deveria deixar isso para trás. Ela não pode ser levada para fora com você e é apenas algo que irá desaparecer quando você a deixar.  

— Então, eu vou ficar aqui. Vou me manter aqui.  

— ... Entendo. Bem, você é livre para fazer o que quiser. - disse suavemente o gato, sem qualquer piedade.  

Edgar pretendia ficar ali.  

Lydia disse a ele para salvar Ermine e que iria esperar aqui, mas o mesmo tempo ela parecia tão solitária, tão triste. Talvez ela desejasse, mesmo que só um pouco, que Edgar percebesse sua mentira. Mesmo que ela não estivesse desejando, ainda mais, ele deveria ter notado. Como ela parecia tão pressionada e no limite.  

Mesmo quando ele a prendeu usando um noivado e se ele estava pensando em protegê-la a todo custo e tentar seriamente amar em troca, então, deveria ter percebido isso.  

Ele não era capaz de usar a espada, e nesse ritmo, não teria habilidade de proteger Lydia completamente, e por estar hesitando, não estava decidido por um ou outro, por isso acabou assim.  

Ele queria mantê-la ligada ao mundo humano e apoiá-la porque ela não tinha apegos e possuía um coração tão mole que desistiria de poder voltar para casa pelo bem dos outros e, portanto, trabalhou tanto pelas pessoas e fadas.  

Ele disse isso a ela inúmeras vezes, mas se perguntou se acabaria sendo mentira. Nico havia dito que o seu corpo era apenas restos, mas não queria deixá-la sozinha e ficar ao seu lado para sempre, por isso, ele penteou seus cabelos lisos cor de caramelo.  Porque ele prometeu que ficaria ao lado dela.  

Edgar trouxe a sua mão, que ele segurava perto da boca e deixou seus olhos vagarem até o anel de noivado com a pedra da Lua. A suave luz branca-leitosa tremeluziu fracamente. Ele percebeu algo. Esse anel não poderia impedir a alma de Lydia não partir? 

Era um anel de uma fada-guardiã. Pelo seu poder, deveria ser prometido que Lydia permaneceria na posição de noiva de Edgar. O poder do anel deveria lutar contra o poder que tentava separar Edgar e Lydia. 

— Lydia.  

Ao chamá-la, ele fechou os olhos. E, então, sentiu a sua presença perto dele.  

Vagamente, sentiu a visão dele em suas pálpebras. Ela ficou parada como se estivesse completamente perdida e olhando ao redor para ver se havia alguma coisa em sua volta.  

Lydia ainda estava aqui. Ela ouviu a voz de Edgar em seus ouvidos, porém, por não conseguir ver onde ele estava, inclinou um pouco a cabeça. Ele podia até ver essa expressão nela.  

— Edgar? Onde você está? 

Ele sentiu a sua voz.  

— Bem, aqui. Bem aqui ao seu lado.  

— Então... Você está muito longe. 

Talvez quem estivesse distante fosse Lydia.  

— Lydia, estou muito magoado. Como você mentiu para que largasse minha mão.  

— Mas, é para salvar Ermine. - ela murmurou fracamente.  

— Você estava errada, só vimos uma ilusão de Ermine. Muito provavelmente, devo ter sido testado quanto aos meus sentimentos por você. Entretanto, você não acha que não fui justo? Você disse que tudo ficaria bem.  

— Sim, não foi justo da minha parte.  

— Se eu soubesse que iria perder você, não teria desistido, mesmo que isso me matasse.  

E não queria tornar isso doloroso para você”. 

— Então, você pode dizer quanta dor estou sentindo agora? Se não posso voltar com você, não tenho nenhum desejo de voltar. Não me importo se ficar aqui e morrer.  

... Você não se deixaria morrer por minha causa”. 

— Você pode apenas assistir. Até você saber que não é mentira.  

De repente, Lydia perdeu a compostura de nervosismo. Ele não sabia quais eram os verdadeiros sentimentos dela. Mas, agora, ele só poderia tirar vantagem do seu coração mole.  

Desde o momento em que se conheceram, ela não conseguiu abandonar Edgar, que estava em apuros. Mesmo que ele fosse tirar vantagem dessa parte gentil dela, ele queria muito tê-la de volta.  

— Lydia, você ainda está aqui comigo. Para afastar a magia da fada, deveríamos unir nossos corações e poderemos voltar para casa. Vamos voltar juntos. Por favor, deseje que você queira ir para casa por minha causa.  

... Eu estava desejando poder voltar”. 

Seu rosto contorceu em tristeza.  

Se estivesse tudo bem em acreditar em você, então, eu desejaria voltar para casa juntos”. 

— Sim.  

Com os olhos fechados e ainda sentindo o coração de Lydia, agarrou sua mão sem vida com força.  

Era impossível porque eles não eram amantes de verdade. Embora, ela pensasse que, se fossem capazes de afastar a magia ilusória e voltar, "então, estava pensando em aceitar honestamente o que você diz”. 




— Nossos corações são um.  

Lydia ficou preocupada em como responder, mesmo assim, Edgar não prestou atenção e continuou a falar.  

— Eu nunca vou deixá-la ir.  

No segundo seguinte, a pedra da Lua emitiu uma luz forte e brilhante. A luz da pedra da Lua era tão cintilante que era possível perceber mesmo com os olhos fechados, enquanto aquela luz branca preenchia sua visão. Edgar sentiu a sua mão segurar suavemente a dele e abriu os olhos.  

Ele sentiu como Lydia, em seus braços e seus olhos verde-dourados que o encaravam, era como um tesouro precioso.  

*** 

— Sim, quero dizer, sério, não tenho ideia de como isso aconteceu, mas no momento seguinte eu estava parada na frente da casa do proprietário.  

Num dos quartos do senhorio, Lota descansava numa banheira colocada em frente à lareira e falava enquanto soltava uma baforada do cigarro.  

— Isso é porque a magia do changeling foi quebrada. Lembre-se, Lota, de como você trocou com Betty e se tornou a changeling. É, por isso, que você naturalmente retornou ao lugar onde deveria estar. - disse Lydia enquanto secava os cabelos que acabaram de ser lavados com uma toalha.  

— Isso foi fácil para você. Enquanto Pino e eu caminhávamos juntos, éramos seguidos por monstros assustadores.  

Betty deixou sair a água quente que estava no balde no topo de cabeça de Lota. Lota levantou habilmente um dos braços para que a ponta de cigarro não se apagasse.  

Hmm, foi isso que aconteceu. Mas, Pino não te protegeu com segurança?  

— Sim. Finalmente, descobri quais eram seus verdadeiros sentimentos. Embora tenha sido um longo caminho indireto até isso.  

Com uma feição encabulada, Betty sorriu.  

— Demorou muito.  

Lota e até Lydia sorriram.  

As três, que retornaram do ninho do Wyrm, lavaram a poeira e a sujeira e, finalmente, estavam relaxando.  

Então, Nico entrou onde elas estavam com uma escova na mão.  

— Ei, Lydia, você poderia escovar os pelos das minhas costas? 

Dentro da caverna de calcário, quando a consciência de Lydia voltou, Nico, que estava ao lado de Edgar, estava imundo como um gato de rua.  

Seus olhos se encontraram e Lydia disse: 

— Você está horrível.  

Em vez de reagir com raiva, ele apenas ficou chocado com ela.  

Ao invés disso, ele pode ter ficado surpreso com a facilidade com que Lydia voltou quando foi chamada por Edgar. Ele apenas disse que queria se apressar e se lavar, e seguiu em frente para voltar para casa.  

Lydia penteou seu pelo cinza que teve o brilho devolvido diante de um grande espelho e se olhou com curiosidade ao ver como no final ainda tinha o corpo de um humano.  

Ela se perguntou se não seria uma changeling. Ou ela não sabia se isso era o resultado da pedra da Lua da fada guardiã protegendo-a para que a magia changeling lançada sobre ela não fosse quebrada.  

Porque o poder incomensurável que estava armazenado na pedra da Lua fez com que Lydia permanecesse na forma que o Conde Cavaleiro Azul desejava para sua noiva.  

— Senhoritas, devo adicionar mais água quente? 

A senhora Tyler entrou na sala. Elas ouviram que seu bebê, que passou pelo changeling, havia retornado para ela.  

— Martha, você não precisa trabalhar tanto em um momento como este. Por favor, fique ao lado de seu bebê. 

Olhando para Lydia, ela relaxou os olhos que refletiam sua forte vontade.  

— Meu bebê está dormindo agora, então, estou bem. Além disso, queria agradecer ao conde e a todos. Até os aldeões, depois de saberem que não têm de fazer o que o presidente da câmara e o falso proprietário lhes dizem, estão aqui porque querem fazer algo para ajudar.  

Lydia apenas pensou honestamente: “Graças a Deus”. Um pouco antes, a mãe dobbie também apareceu carregando seu bebê, parecia muito feliz e agradeceu à Lydia.  

O clã dobbie deixou para trás um grande peixe seguindo os passos da mansão do proprietário como agradecimento ao Conde Cavaleiro Azul por derrotar o Wyrm. Mas, ainda assim, isso não significa que todos os problemas foram resolvidos.  

Raven voltou um pouco depois de Lydia e dos outros e mostrou sua decepção por Ermine não ter conseguido ser resgatada. Edgar disse que só podiam esperar.  

Lydia pediu ajuda aos dobbies e fez com que vasculhassem todos os cantos da caverna de calcário. Se ela não pudesse ser encontrada, isso significava que Ermine era capaz de se movimentar e deveria retornar sozinha.  

No entanto, eles não puderam ficar tranquilos até que eles próprios a vissem, sendo que Edgar parecia calmo à primeira vista, mas quando Lydia imaginou o quão preocupado estava, isso fez seu coração doer. A Ermine que eles viram no fundo do penhasco era apenas um feitiço mágico ilusório que havia entrado nas aberturas dos corações de Lydia e Edgar.  

Mas, por ser uma ilusão de aparência tão realista, o sentimento sinistro não pôde ser apagado de sua mente.  

— Quando vocês terminarem de se vestir, por favor, venham ao salão. Vou preparar chá e algo para vocês comerem. - disse Martha ao sair.  

Lota e Betty soltaram assovios de alegria. Ao terminar de escovar Nico pela ponta da cauda com cuidado, ele se inspecionou no espelho e estreitou os olhos feliz e satisfeito.  

— Bem, então, irei para o banquete dos dobbies 

— Não beba muito.  

Ao ver Nico sair e se virar, ela notou que Lota havia saído do biombo e estava se preparando para se trocar. Betty puxou o cabelo cor de café para cima e amarrou-o em um rabo de cavalo no topo da cabeça, como de costume. Ela foi bastante rápida em fazer isso. Lydia podia facilmente imaginar que as duas arrumavam os cabelos uma da outra desde que eram crianças.  

— Lydia, vou arrumar seu cabelo também. Será um incômodo se você deixar molhado.  

Betty agarrou Lydia pelos ombros sem lhe dar tempo para se opor e fez com que ela se sentasse em uma cadeira.  

— Esse vestido é tão adorável. É o gosto dele? - questionou Lota em um tom de provocação.  

Suas próprias roupas estavam tão sujas e ela não tinha nenhuma outra muda de roupa, por isso, Lydia estava trajada com o vestido de uma filha de família rica que usava quando chegou aqui.  

Mas, por algum motivo, parecia que ela estava se vestindo bem para o bem de Edgar. À medida que seu cabelo era arrumado, Lydia sentiu isso cada vez mais convincente. Em pouco tempo, Betty prendeu lindamente o cabelo de Lydia e o decorou com uma fita.  

— Agora, sim, está perfeito. Mas, Lydia, você realmente não faz jus ao seu valor com aquele homem.  

— Sim. - concordou Lota.  

— Mas, bem, você pode dizer que ele se tornou mais digno? Pensei nisso quando ele voltou com você junto.  

Mesmo depois de saírem da caverna de calcário, quando chegaram à terra e ao avistarem a mansão do lord das terras, estavam preocupados em não soltar a mão do outro. De qualquer forma, os dois seguraram a mão um do outro com força e Lydia lembrou-se de como estavam andando tão próximos, ombro a ombro, e isso a fez corar.  

— Nós não estamos nesse tipo de... 

Mesmo quando ela disso isso, como eles voltaram do mundo das fadas juntos fez esta noite fez parecer um pouco diferente de qualquer noite normal e a deixou inquieta.  

— Para dizer a verdade, mesmo que ele tivesse uma mulher com quem estava cortejando, sempre tinha várias outras com que estava brincando, e parecia que ele não tinha o menor sentimento de culpa por isso. Mas, ouvi dizer que, mesmo quando ele está pedindo você em casamento, se sente culpado por brincar. Você não acha que isso é um grande avanço? 

— Lota, como é que você sabe algo desse tipo? 

— Há pouco, em Londres, eu o vi entrar em uma casa que ficava do outro lado da rua de uma livraria. Lydia, você não viu isso também? 

— Hum, por que você sabe... 

Ao dizer isso, Lydia, de repente, se lembrou. Naquela hora, havia uma garota que estava olhando para Lydia e gritou bem alto.  

— Era você, Lota? 

— Mas, Lydia, ele saiu sozinho imediatamente. Pensei que o marido que deveria ter saído tivesse voltado para casa antes deles. Mas, agora, sinto que ele pensou nisso.  

— Sé-sério? 

— E, então, ele foi para algum clube. Esse é o fim do que eu sei.  

Ela se recordou como ele mesmo disse que esteve no clube de Slade até de manhã, era realmente verdade. Mas, ela não sabia se isso era por causa da culpa que ele poderia ter sentido por Lydia. Ela não sabia, mas ficou um pouco aliviada.  

— Agora, vamos nos apressar para tomar chá.  

Lota terminou de calçar as botas e levantou-se energicamente.  

Naquele momento, Lydia teve a leve impressão de olhar pela janela. Havia uma carruagem magnífica estacionada do lado de fora. Lydia estava familiarizada com a figura que saiu do seu interior e soltou um suspiro. Betty e Lota vieram correndo e espiaram pela janela. 

— Quem é esse? 

— Aquele velho cavalheiro é o Grão-Duque de Cremona.  

— O quê? - disseram Lota e Betty e se entreolharam.  

 

*** 

 

As três se posicionaram perto da porta do salão e aguçaram os ouvidos silenciosamente para ouvir o que acontecia lá dentro.  

Parecia que o Grão-Duque estava no interior, mas elas não conseguiam ouvir com muita clareza. Quando Lota abriu uma fresta da porta, o delicioso aroma de doces perfumou o ar e despertou o apetite de Lydia. Porém, ainda não era uma situação em que pudessem se divertir com aqueles doces.  

Mesmo que ela achasse que era impróprio da sua parte, quando espiaram lá dentro, viram que o velho senhor estava apertando a mão de Edgar. E, então, de repente, Edgar virou-se para a porta.  

— Lydia, entre.  

Ao ser chamada, Lydia entrou em pânico, mas não conseguiu fugir quando foi notada, então, entrou silenciosamente na sala.  

Como o Grão-Duque a encarou com olhos tão gentis, ela relaxou aliviada e balançou a cabeça.  

— Excelência, muito obrigada por me salvar aquele dia.  

— Oh, não! Suas feridas sararam? Ouvi dizer que você resgatou a minha neta e gostaria de agradecer do fundo do meu coração.  

Parecia que Edgar havia chamado o Grão-Duque. Deve ter contado a ele sobre a situação da existência de um falso conde. No entanto, quando chegou a hora, não havia anel de fluorita, então, ela se perguntou se o Grão-Duque a aceitaria como neta.  

— Lydia, você poderia trazer a princesa aqui? 

Agora que ela se lembrava, Edgar deveria ter a impressão de que Betty era a princesa.  

— Hum... Edgar, antes disso, tenho uma coisa para lhe contar. 

Lota estava dizendo que talvez quisesse conhecer seu avô. Porém, para Lota, que foi criada por piratas, seu medo de ser rejeitada deveria ser forte. Além disso, se o Grão-Duque ficasse confuso por não saber se Betty ou Lota eram a verdadeira princesa, então, não haveria um reencontro emocionante.  

— Há algum problema? 

— Hum, para falar a verdade, as duas estavam trocando de posição... 

— Ah, eu sei disso.  

— Ei? 

— Embora, eu também tenho me enganado por muito tempo.  

Só, então, a porta se abriu. Lota e Betty entraram na sala. As duas ficaram em silêncio. Como não havia nenhum anel como prova, parecia que Lota esperaria silenciosamente até que o Grão-Duque percebesse quem era sua verdadeira neta. O Grão-Duque, a princípio, ficou um pouco surpreso com a entrada de duas meninas, mas, rapidamente, focou os olhos em uma delas.  

— A direita é Lota e a esquerda é Betty. Você pode dizer quem é sua neta? 

Assim que Edgar disse isso, não hesitou, avançou e pegou na mão de uma delas.  

— É, realmente, você.  

Lota, que foi a mencionada, arregalou os olhos surpresa. No entanto, ela rapidamente baixou os olhos por não saber o que fazer.  

— Perdi o anel, mas, você ainda me considera sua neta? 

— Você é um reflexo vivo de sua mãe. Não há erro. E o nome Lota... todos nós da família te chamamos assim.  

— Se fosse uma criança de cerca de três anos, não seria surpresa que ela dissesse seu nome quando fosse resgatada. - disse Edgar e sorriu para Lydia, que estava com uma cara confusa.  

— Mas, o Grão-Duque não disse que o nome da neta era Lota.  

— Ele disse que ela era Charlotte. Eles falam italiano em Cremona, então, seria Carlotta. O que significa que o apelido dela é Lota. Então, quando ela era jovem, ela se lembrava de outras pessoas a chamando de apelido que normalmente usavam.  

Assim, desde o momento em que Edgar conheceu o Grão-Duque, percebeu que Betty e Lota haviam trocado de lugar.  

— Lota, embora seu país não exista mais, você ficaria ao meu lado de agora em diante. Eu pensei que não tinha mais ninguém que pudesse chamar de família, mas você foi a única que permaneceu viva.  

— Mas, fui criada pelo capitão de piratas. Não tenho o direito de ser neta do senhor.  

— Eles foram as pessoas que criaram você até agora, não foram? Só tenho sentimentos de gratidão.  

Fazendo uma cara de alívio, Betty recuou e caminhou em direção de Pino, que estava parado na porta. O homem urso estava à beira das lágrimas. Enquanto, ela o acalmava, eles saíram silenciosamente.  

E Lydia também foi instigada por Edgar e saiu do salão.  

*** 

 

Ao mover-se para outra sala, Lydia finalmente conseguiu ter um momento para relaxar com um pouco de chá e doces. Bem, ao lado dela, Edgar a olhava prontamente.  

Seu olhar era tão incendiário e ansioso que Lydia, que levou sua xícara de chá com leite aos lábios, de repente ficou envergonhada e abaixou a xícara.  

— Eu me pergunto, o que Lota fará a partir de agora. Alguém pode abandonar o posto de chefe de uma tripulação de piratas tão facilmente? 

— Se o Pino se casar com Betty, não haveria problema se ele embarcasse no navio? Já que é o navio do capitão anterior, isso significa que pertence à Betty, que é sua filha.  

"Compreendo. Então, Betty era filha de um pirata. Agora que me lembro, ela teve a coragem que parecia. Parecia que ela estava evitando o olhar do Wyrm e deixava de lado seus deveres”.  

Como ela estava tendo uma sensação estranha de ter compreendido, quando levantou os olhos, encontrou os de Edgar novamente.  

— ... Você não vai comer? 

— Estou saboreando a doce felicidade de estar ao seu lado novamente.  

Quando eles ficavam sozinhos, era normal que ele começasse seus movimentos para seduzi-la. No entanto, desta vez, Lydia estava mais nervosa do que nunca. Isso porque ela estava em grande desvantagem. Ela queria pensar seriamente em Edgar e foi por isso que disse que queria ir para casa.  

Ela havia quebrado a astúcia e o próprio fato de escapar daquele lugar dizia, com certeza, que ela já tinha total confiança em Edgar.  

Ele tinha segurança de avançar essa parte, e se o fizesse... 

— Lydia, está tudo bem para mim não ter que desistir de você, certo? 

Ela não podia rejeitá-lo completamente como fazia antes. Edgar tirou a xícara das mãos de Lydia, enquanto permanecia em silêncio e colocou-a na mesa. Ela não sabia o que fazer com as mãos vazias e o encarou atordoada para o seu rosto.  

Durante todo esse tempo, Lydia pensava em Edgar como um trapaceiro e perseguidor de saias. Que ele não era uma pessoa que poderia amar apenas uma mulher.  

No entanto, se descobrisse que não era esse o caso. Talvez, assim como Betty no passado, ele estivesse apostando em Lydia para ver se conseguiria levá-la a sério. Se isso acontecesse, talvez ele pudesse sentir que seria capaz de se libertar de Ermine 

Muito provavelmente, não havia necessidade de que essa pessoa fosse Lydia, mas porque ele estava tendo um leve sentimento de amor por ela e, portanto, ele poderia estar tentando evoluir desses sentimentos para a seriedade.  

E quando se tratava do lado de Lydia, a única razão pela qual conseguiu rejeitá-lo todo esse tempo foi apenas porque ele era uma pessoa indiferente. Se não fosse frio, então, ela temia que não houvesse qualquer outro bom motivo para rejeitá-lo.  

Se ele se tornasse um homem que pudesse cuidar tanto de alguém que selasse seus sentimentos pela única pessoa que amava, então, poderia simplesmente se apaixonar por ele.  

Eles se apoiaram um ao outro para derrotar o Wyrm e prometeram voltar para casa juntos e se ela quisesse acreditar nele, então, Lydia estava pensando em algo assim. Mesmo agora, ela refletia nisso enquanto observava Edgar pressionar seu corpo para frente. Ela se perguntou o que aconteceria se passasse a amá-lo. Seus olhos eram cercados por cílios dourados e refletiam Lydia neles gentilmente e seus lábios finamente esculpidos ostentavam um sorriso.  

— Não faça essa cara tão assustada.  

Eh... 

Parecia que ela estava muito espantada. Mas, Lydia permaneceu rígida e aparentemente olhava para Edgar.  

— Bem, então, você poderia fechar os olhos. Portanto, você não terá medo.  

Ei, o que você pretende fazer?” ... Ou foi uma pergunta estúpida de se fazer. No entanto, de repente, houve um som de batida, e Lydia, que estava tão tensa e nervosa como uma corda esticada, sacudiu os ombros.  

Lord Edgar, minha irmã voltou.  

Ao mesmo tempo em que Raven relatou isso, Edgar se levantou. Quando eles viram Ermine inclinando a cabeça na porta, ele correu até ela e a abraçou como faria como um membro da família.  

— Graças a Deus, fiquei muito preocupado. Se você fosse um ser humano, não seria um lugar onde você pudesse sobreviver.  

— Sinto muito. Eu tinha me perdido.  

— Tudo bem, contanto que você esteja segura.  

Lydia também sentiu alívio e se levantou.  

Ermine, sinto muito. Você passou por tanto perigo para me salvar.  

— Não, era meu dever. O mais importante era que a senhorita Carlton estaria segura.  

Ela tinha tirado o casaco e estava vestida apenas a camisa e o colete por cima. Deve ter caído no mar porque o cheiro de sal exalava de suas roupas que ainda não estavam completamente secas. Lydia reparou que havia uma mancha vermelha em um dos punhos.  

Ermine, você está ferida? 

Mas, quando ela disse isso, lembrou-se que seu sangue selkie se transformaria instantaneamente em algo semelhante à areia clara. Isso significava que era de outra pessoa, como o sangue de um humano.  

— ... Eu encontrei o cadáver do prefeito. - disse ela, virando para Edgar.  

— Havia dois aldeões que arrastaram o seu corpo do mar e estavam revistando as suas roupas. Aparentavam que tentavam tirar algo dele. Quando os chamei, eles vieram me atacar, então, me defendi.  

— Eles deviam estar procurando a freya. - disse Edgar com uma expressão severa.  

Aparentemente, o Princípe ordenou que Ulysses despertasse o Wyrm para que pudesse colocar as mãos nisso.  A fluorita de fogo, ou freya, acabou sendo a fraqueza do Wyrm e pode ter sido muito próximo da própria magia que uma fada possuiria.  

— Então, e aqueles dois? 

— Conseguiram escapar.  

— Junto com a freya? 

— ... Provavelmente.  

Edgar soltou um suspiro. Mas, ainda assim, ele sorriu como se ainda fosse compreensivo com a dor que ela havia sofrido.  

— Você passou por tantos problemas.  

Ela balançou a cabeça para os lados suavemente. Para Lydia, ela parecia que poderia cair a qualquer momento.  

Ermine, você não parece bem.  

Seus olhos vacilaram por um instante, como se ela tivesse perdido a compostura.  

— Está tudo bem para você se retirar. É melhor que você deixe seu corpo descansar.  

Ela fez uma reverência e saiu da sala. Raven a seguiu e fechou a porta.  

— Eu me pergunto se ela está bem. 

— Sim, eu também.  

Vendo o lado de seu rosto que parecia um pouco preocupado, as batidas rápidas que dominavam o coração de Lydia se transformaram em dor. Talvez não seja tão bom amá-lo. Edgar estendeu a mão para Lydia como se fosse continuar de onde havia parado. Mas, ele aparentava estar inseguro para fazer isso, o que fez Lydia virar o rosto. Ele olhou para Lydia com uma expressão dolorida.  

— Você também está cansada? 

— Ah? Sim, acho que sim. Passei por tanta coisa... 

— Entendo. Então, é melhor você descansar bem esta noite.  

Ele recuou tão facilmente, Lydia passou a observar suas costas enquanto ele se afastava. Ela permaneceu ali parada, surpresa com o que aconteceu. “Isso é tudo? 

Se fosse assim, no passado, ele normalmente manteria a intenção de seduzi-la, mesmo que ela demonstrasse sua antipatia. E, no entanto, por que nesta noite ele se deixou levar tão facilmente? 

E você disse que nunca largaria minha mão”. Lydia sentou-se em uma cadeira, ao mesmo tempo, em que bebia o chá que esfriara. Começou a se sentir sufocada, como se houvesse preso no fundo do seu coração. “Eu me pergunto se ele estava preocupado com a aparência de Ermine. Sim, deve ser isso”. “A vida é assim”, mas ao pensar nisso, de repente, ficou deprimida.  

Foi exatamente como quando eles viram essa ilusão. Pelo bem de Ermine, Edgar quase soltou a mão de Lydia. E, ainda assim, ele tentou desesperadamente trazer Lydia de volta. Porque ela sentia que esses sentimentos dele não eram mentira, estava aqui agora.  

É por isso que Lydia pensou em ser honesta com seus próprios sentimentos. E apenas decidiu não o rejeitar. Caso ele desejasse um beijo seu, ela tentaria pensar em não bater nele ou fugir.  

— Oh, nossa que estúpido! Estúpido! Sou uma completa idiota! 

— Por que você está gritando? 

Kelpie entrou na sala pela janela. Com pressa, ela tentou recuperar a compostura, entretanto, como era Kelpie, não havia necessidade de se preocupar com suas maneiras.  

— ... Nada está errado.  

Ele se aproximou de Lydia, colocou a mão na sua cabeça livremente e olhou para baixo para encarar seu rosto.  

— No final, você ainda é uma humana. É uma pena, mas não pode ser evitado. 

— Agora que me recordo, obrigada por me ajudar. Você ficou bem com o fogo do Wyrm? 

— Parece que tenho algum problema? 

— De jeito nenhum.  

— Bem, é isso. Então, você está tomando chá sozinha? Que incomum! 

Lota estava com o Grão-Duque e Betty com Pino, eles estavam refletindo sobre todas as coisas que aconteceram e deviam estar passando o tempo em paz. Edgar... Pode ser onde Ermine está. Lydia também passou tanta coisa, mas agora, estava sozinha.  

Mas, eu sempre fui assim”. 

— Todo mundo está ocupado.  

— Então, vou ficar com você. 

Kelpie sentou-se na mesa, pegou um bolinho e jogou-o em direção à boca aberta. Mesmo pensando que não havia educação em seu comportamento, Lydia ainda riu. Sempre, sempre foram as fadas do que pessoas permaneciam ao seu lado.  

É por essa razão que poderia ter sido melhor que ela não tivesse recebido os avanços de Edgar esta noite. Não foi como se tivesse sido decidido que ela iria se apaixonar por Edgar a ponto de aceitar sua proposta, mas ela quase se sentiu como se fossem amantes.  

Mesmo quando ela pensasse sobre isso mais de perto, se passasse a amá-lo, então, os sentimentos de Lydia eram unilaterais para sempre. Mesmo que eles se casassem e ele parasse de traí-la, ela não seria sua número um. “Tenho que ficar calma. Não quero pensar que poderia ter sido melhor não ter retornado a este mundo”. 

Não foi culpa do Edgar que ela tenha ficado triste. Pelo menos, naquele momento, do fundo do coração, Lydia desejou poder voltar com ele e ele deveria ter desejado a mesma coisa também.  

Ao contrário das fadas que não passaram por mudanças, o mundo humano era fácil de modificar e o coração das pessoas balançava e seguia em frente. Mesmo que soubesse disso, Lydia poderia não ter sido forte o suficiente para pensar que gostava dele.  

 

*** 

 

Antigamente, o Conde Cavaleiro Azul foi implorado pelos aldeões e selou um dragão Wyrm. E ele deve ter escondido a fluorita de fogo, freya, que era seu ponto fraco em algum lugar da aldeia. Quem veio depois foram os irmãos que carregavam o sangue do conde. Eles sabiam onde estava a freya do dragão e que, se o usassem, despertaria o dragão mais uma vez.  

O irmão mais velho só usou seu talento para esculturas para aumentar o valor das fluoritas. No entanto, o irmão mais novo era diferente. Parecia que a fluorita vermelha, freya, que o dragão criava tinha outro uso especial.  

O prefeito afirmou que era a pedra da imortalidade e só poderia ser manejada por aqueles que carregam o sangue do Conde Cavaleiro Azul, mas Edgar não sabia que tipo de método era para obter tal resultado, por isso, não tinha ideia se era verdade ou não. De qualquer forma, o irmão mais novo reviveu o dragão e pensou em fazê-lo mais uma vez para que as freyas pudessem ser extraídas. 

O irmão mais velho que percebeu o perigo disso confiou a única fluorita capaz de reviver o dragão ao distante ducado de Cremona. Moldando-o em um anel que tinha a crista esculpida nele, antes de ser morto por seu irmão mais novo. 

O jovem Ulisses que Edgar conheceu, poderia ser filho daquele irmão mais novo? Ele deu a impressão de ter passado por uma educação especial e lavagem cerebral, mas ainda deve fazer parte da linhagem. De qualquer forma, Ulisses, que se tornou um peão do Príncipe, ainda carregava o sangue do Conde Cavaleiro Azul e não foi morto porque voltou sua lealdade ao Príncipe. 

E, então, procurou e encontrou a fluorita que foi enviada secretamente ao ducado de Cremona e reviveu o dragão.    

No fim, parecia que a freya foi levada para fora da aldeia. Os dois aldeões de quem Ermine falou ainda não estavam em nenhum lugar. “Se aquela pedra acabar nas mãos do Príncipe, então, me pergunto se o faria não morrer. Eu não gostaria que isso acontecesse”, pensou Edgar.  

Deixando isso de lado, os mistérios continuaram aumentando. Mesmo que o dragão fosse derrotado, principalmente, graças a Lydia e Edgar, que não conseguiu usar o poder da espada Merrow contra uma fada, ainda não havia garantia de que ele poderia continuar lutando.  

E ainda não sabia o que deveria fazer com Lydia. Edgar estava parado na varanda enquanto olhava para o mar onde o Sol da manhã refletia. Estremeceu de frio e voltou para sala. Foi justamente quando Raven chegou para anunciar que a refeição matinal estava pronta.  

Lord Edgar, irei ao correio da vila, portanto, tem alguma outra tarefa para mim? 

— Correio? Para fazer o quê? 

— Para enviar a carta que a senhorita Carlton me pediu.  

— A quem a carta é endereçada? 

Mesmo que pensasse que estava violando a privacidade dela, por se tratava de Lydia, ele ficou curioso e acabou perguntando.  

— Para seu pai, professor Carlton. Parece que ela está informando a ele que voltará daqui para a Escócia e passará as férias com ele.  

Parecia que um raio que saiu do nada. “Feriado?”, ecoou no interior de Edgar.  

— Ela disse que já obteve aprovação para um feriado de Natal antecipado. Você já aprovou? 

—  Eu nunca aprovei isso.   

Com casaco na mão, ele tentou sair correndo da sala.  

— Hum... A senhorita Carlton já partiu há muito tempo.  

— Você a deixou ir? 

Não era falha de Raven. No entanto, Edgar ficou completamente confuso. “Por quê? Por quê? Por quê?”, era a única coisa que vinha à mente.  

— Não aprovei folga para os feriados. Por que você não me contou nada isso? 

— Ainda estava escuro antes do amanhecer. Se lhe dissessem que não precisava acordar seu mestre, então, seu servo leal aceitaria a palavra de sua noiva Lydia.   

Sem dar uma batida, Lota entrou no cômodo particular masculino. E, então, ela estendeu um pedaço de papel na frente dos seus olhos.  

— O formulário de solicitação de férias de Lydia. Fiz questão de entregá-lo a você.  

... Mas, ainda é novembro.  

— Parece que você a fez trabalhar duro, então, ela não deveria ter o direito de descansar por um mês e meio até o Natal acabar? 

A força desapareceu completamente de seu corpo e Edgar caiu no sofá.  

— Além disso, por que foi você a quem confiou para entregar o formulário? 

— Porque fui eu quem sugeriu a ideia para Lydia. Tirar férias daqui e passar algum tempo longe de você. Eu insisti que, uma vez que você tenha a ideia, é melhor que ela vá em frente antes que seja dissuadida.  

— O quê? 

Sua boca aberta não fechou.  

— É porque deixei escapar para Lydia que você poderia ter se tornado um pouco mais decente. Mas, você não acha que não mudou muito desde o tempo com Betty? Senti culpa de deixar Lydia deprimida.  

Lydia estava deprimida? 

Ela não mostrou nenhum desses sinais, então, Edgar não tinha ideia do que Lota falava.  

— Achei que você não cometesse nenhum deslize ou erro com mulheres, entretanto, me enganei.  

Isso o irritou, logo, ele ergueu a sobrancelha e encarou Lota.  

— Ou será que você não consegue pensar com calma e clareza quando se trata de Lydia? 

— Você vai e se envolve nos casos amorosos de outras pessoas, e o que você quer dizer? 

— Até tarde da noite, havia um grande número de fadas festejando no seu quarto. Embora, eu só pudesse ver o gato e o cabelo preto ondulado, parecia bastante animado e barulhento. Por isso, devia haver um grande número de pequeninos lá também. Então, pensei por que você não estava lá com ela.  

Eu disse à Lydia que era melhor ela descansar. Ela não deveria estar cansada? 

Sim, ela passou por um dia agitado por alguém. Ela precisava salvar Betty, eu e o bebê de Martha, todos de uma vez, e ela não podia recorrer a ninguém quando se tratava de fadas. 

Ela estava certa. Lydia tentou fazer isso sozinha e estava preparada para não conseguir voltar. É por essa razão que Edgar pensou que definitivamente não queria deixá-la sozinha. Mesmo que ele não tivesse nenhum poder para lutar contra as fadas, acreditava que poderia pelo menos ficar ao lado de Lydia. 

E, então, ele percebeu ... Que ontem à noite ela estava sozinha.  

Eu pensei que você ficaria ao lado dela. Já que vocês dois superaram o perigo juntos, ainda mais você é o único que sabe de todos os problemas dos quais ela passou. Eu imaginei que você estava flertando com ela, e, então, Lydia esqueceria completamente todas as lembranças assustadoras e pensei que isso a deixaria relaxada e capaz de descansar.  

Edgar só foi capaz de permanecer em silêncio. No entanto, não era como se ele a fizesse ficar sozinha sem pensar. Ele estava pensando em diminuir a distância entre ele e Lydia de uma vez, mas hesitou porque sentia que ainda não tinha o direito de fazer isso. Ele não conseguiu recuperar a freya e ainda não sabia que tipo de poder misterioso ela possuía. Ele não sabia como continuaria protegendo Lydia contra Ulisses, que carregava o sangue do verdadeiro Conde Cavaleiro Azul.  

Ele não queria deixá-la e ainda assim não foi capaz de se aproximar dela. Lydia estava disposta a enfrentá-lo de coração para coração, mas Edgar fugiu.  

 

— Lydia estampava um sorriso no rosto. Ela disse que as fadas são as únicas que ficariam ao seu lado.  

 

Ela havia voltado porque decidiu acreditar nos humanos, em Edgar, mas eram as fadas que estavam ao seu lado. Isso... Com certeza, iria machucá-la.  

 

— Aquela garota, ouvi dizer que ela era muito ridicularizada por ver fadas. Mas, assim mesmo, deve ter sempre sorrido sobre isso. Gostaria que Lydia fosse feliz com um homem que ela considera o mais querido. É por isso que não posso confiar em você como está agora com Lydia.  

 

— Você está se considerando a guardiã de Lydia.  

 

— Como uma amiga. Lydia não é como Betty. Você a seduz com sentimentos tão delicados, mas do ponto de vista dela, ela só tem uma das opções: rejeitar você ou amá-lo seriamente.  

 

Suas palavras eram amargas por completo. Lota parecia completamente furiosa com Edgar. “Sentimentos fracos, não é assim que me sinto”. Mesmo que pensasse isso, ele não podia revidar, e, então, Edgar foi deixado sozinho.  

 

— Devo ir atrás da senhorita Carlton? - indagou Raven, que aparentemente ainda permanecia onde estava.  

 

— Não, agora, não sinto que posso cortejá-la adequadamente.  

 

Raven fez uma referência e saiu da sala. Foi definitivo que ele se aproximou de Lydia. E com isso, Edgar pensou que poderia mudar o destino dela e isso o deixou nervoso.  

Ele foi completamente indiferente. Porque ele não estava fazendo a escolha dele, e quando foram jogados dentro da magia das fadas, Lydia saiu por causa de Edgar para que ele pudesse soltar a sua mão.  

 

Ele jurou de coração porque queria salvá-la, e se fosse por Lydia, ele não perderia para magia ilusória da fada, mas foi Edgar quem a fez cometer esse tipo de mentira.  

 

Ele queria protegê-la, porém, estava a machucando. Nesse ritmo, ele apenas passaria pela alienação no mundo humano, e um dia poderia sair do seu lado.  

 

— O que devo fazer? 

 

Mesmo que ele se perguntasse o que fazer, simplesmente não conseguia pensar em colocar distância entre ela.  

 

No final, ele estava pensando em como poderia apagar essa má conduta. E, como ele pensava, se fosse feriado, ela voltaria, certo? 

 


Nota da tradutora 

Chegamos ao fim do último capítulo do livro 6. Pois bem, revisitando esse livro (já li bem antes de traduzi-lo^^), percebi o quanto ele é uma verdadeira montanha-russa.  

Sei que o final é frustrante, e diga-se a verdade: P***a, Edgar!!! Que vacilo! 

Pelo amor! O bom nesse interim é que finalmente ele tem tomado vergonha na cara e percebido que realmente a ama (será?) 

Eu simplesmente amo a Lota. Pra ser sincera, uma das minhas personagens preferidas do light novel! Forte, corajosa, bocuda e estilosa! Prepare-se porque ela irá aparecer bastante e se tornará a amiga mais querida de Lydia.  

No próximo, entraremos no livro 7, que foi adaptado para o anime (daquele jeito, mas foi...). Então, aguarde que ele vem aí! Prometo que não demorara mais seis meses... Assim espero.  

Beijos e até mais!