domingo, 22 de setembro de 2024

A ansiedade de se sentir separado - Capítulo 1 - Volume VII - Diga-me a razão de suas lágrimas - Hakushaku to Yousei Light Novel


 


 

Nota de apresentação 

Sim, senhoras e senhores! Chegamos ao livro 7!!!! Aeeeeeeeeeee 

Sejam bem-vindos a um dos meus livros preferidos do light novel. E sim, foi parcialmente adaptado para o anime, o que vou comentar e comparar enquanto a história se desenrola. Portanto, pegue seu chá, café ou até a pipoca, e bora para história.  



“Querida e amada Lydia, 

Ontem caiu muita neve em Londres.  

Desde o início da manhã, ocorreram acidentes de carruagem aqui e ali, e foi uma visão bastante interessante ver toda a quantidade de pessoas que caíam em frente à mansão.  

O rio Tâmisa também congelou completamente e está cheio de pessoas que gostam de patinar.  

Quando vejo pessoas de mãos dadas e patinando tão alegremente, não posso deixar de imaginar como seria se você estivesse aqui.  

Como a época de Natal é aquela em que você passa o tempo com a família, posso imaginar que você está desfrutando as férias em paz com seu pai. Ao me perguntar como você está, desejo sinceramente que um dia possa passar o Natal e o Ano-Novo com você.  

É quase a décima segunda noite. A temporada de Natal na sociedade londrina já é considerada encerrada, mas não farei a estupidez de perguntar quando você voltará.  

Como foi uma promessa de que você pode passar as férias como quiser desde o início, não quero que me veja como um empregador para quem você trabalha demais.  

Reprimirei meus sentimentos de querer vê-la imediatamente e desviarei meu desejo escrevendo cartas para você. Mas, na verdade, não consigo descansar em paz. Tenho certeza de que você está sob o mal-entendido sobre mim e voltou para Escócia, então, gostaria de saber se você ainda tem a intenção de retornar a Londres mais uma vez.  

Tenho certeza de que está muito frio onde você está. Estou preocupado se você pegar um resfriado. Você sempre diz que não pode confiar em minhas palavras, mas pergunto se você pode crer em apenas uma.  

Mesmo quando separados, penso em você.  

Edgar Ashenbert”. 

 

Ao dobrar a carta de volta e guardá-la em uma pequena caixa de madeira castanha, Lydia soltou um pequeno suspiro.  

Desde que ela se tornou uma fairy doctor do Conde de Ibrazel, Lord Edgar Ashenbert, foi a primeira vez que ela ficou longe dele por um longo período de tempo.  

Ela forçou uma longa pausa de férias e estava passando-a na Escócia, longe de Londres, na casa de sua família, perto de Edimburgo, mas Lydia estranhamente não conseguia manter a calma. Deve ser porque chegavam cartas praticamente todos os dias de Edgar.  

Ele era um conde que não hesitou em tratar Lydia como sua futura noiva, e ela não conseguia acreditar completamente em suas doces palavras e fugiu, sem saber o que fazer com medo de se apaixonar por ele.  

Isso porque ele era um namorador renomado que se educou em vários relacionamentos com mulheres. Mesmo com esta carta, ela não sabia o quanto podia acreditar.  

Mas, depois de ler a carta enviada, Lydia relaxava os músculos de suas bochechas apenas com os pequenos acontecimentos em Londres e sentia uma dor no peito ao sentir a solidão de Edgar por não ter nenhum membro da família e seu coração vacilava por suas palavras extraordinariamente sérias.  

Edgar na carta deu a impressão de sinceridade e honestidade. Ele parecia uma pessoa totalmente diferente do Edgar que ela normalmente conhecia, tão ousado e arrogante como um nobre, e de acordo com a pessoa se tornaria um demônio malicioso profundamente bonito.  

Mas, Edgar tinha uma parte delicada e solitária, e por causa disso Lydia foi arrastada para morar em Londres e viajar para sua propriedade e deixou que fosse considerada sua ‘noiva’. 

Na mão esquerda, ela usava o ‘anel de noivado’ da pedra da Lua. Só poderia ser removido por Edgar e, mesmo assim, ela voltou para a casa esquecendo que o estava usando.  

Mas, esta pedra da Lua, que aparentemente possuía uma magia feérica e foi feita para que as pessoas comuns não pudessem vê-la, tinha com zelador a fada mineira Coblynau 

Assim, conseguiu passar despercebido pelo pai e pelas pessoas da cidade. Depois que o pai de Lydia, que era seu único membro da família, compareceu a uma festa que acontecia na véspera de Ano-Novo, alegou que queria fazer um levantamento geológico enquanto a universidade estava fechada e, por isso, estava em uma viagem ao Norte da Europa.  

Lydia, que veio para ficar, estava numa situação em que se quisesse ir para Londres, poderia sair a qualquer momento, mesmo assim, seus sentimentos não estavam ordenados, logo, gastava seu tempo lentamente.  

Ela se afastou da mesa, aproximou-se da janela e bateu no vidro embaçado com a ponta dos dedos. O céu lá fora estava coberto por nuvens baixas e cinzentas e parecia que a tarde ia se aproximar do amanhecer desde o início.  

A janela de vidro que ficava aberta para a entrada de ar estava congelada de tanto frio como gelo e, ao entrar em contato com ar da sala aquecido pela lareira, não demorou a ficar nublada novamente.  

Quando ela afastou a névoa mais uma vez, viu o leve reflexo de si mesma com seu cabelo castanho-avermelhado caindo.  

Seus olhos eram de um verde-dourado e podiam ver fadas que as pessoas comuns não conseguiam. Seus olhos, que foram rejeitados pelas pessoas da cidade que também a chamavam de bruxa, olhava para ela através do espelho como se estivessem prontos para começar uma briga.  Porque ela não conseguia acreditar que era nela que Edgar disse que estava pensando na carta que enviou, e, por isso, Lydia não foi capaz de enfrentá-lo facilmente. 

— Lydia, talvez você esteja esperando uma carta dele? 

Quem apareceu em sua porta era uma jovem que tinha o cabelo cor de café preso descuidadamente em um rabo de cavalo.  

— O que, meu Deus, Lota, o que você está dizendo? Isto é impossível! 

Ela correu para negar, mas para Lota, ainda parecia apreensiva. Lota era uma ex-pirata, mas decidiu morar em Londres por um tempo depois de conhecer seu avô na vida real, mesmo assim, ela apareceu sozinha na cidade de Lydia há alguns dias, dizendo que queria passar algum tempo com sua amiga.  

— Mas, você sabe, na mesma hora, todos os dias, você fica perto do parapeito da janela. Bem na hora da chegada da correspondência.  

 — Ah, sério? Não percebi.  

— Olha, é o carteiro!  

Num piscar de olhos, Lydia encostou o rosto na janela, porém, percebeu o que estava fazendo quando a sorridente Lota disse:  

— É... é apenas uma pegadinha.  

Ficando vermelha, ela afrouxou as bochechas.  

— Isso é maldade.  

— Desculpe, desculpe, mas não é algo que você deva esconder.  

Lota deu um tapinha no ombro de Lydia, que soltou outro suspiro.  

— É que chegava uma carta todos os dias e ultimamente não chega nenhuma, então, fiquei um pouco preocupada. Ele pode ter ficado doente ou ferido.  

A carta que Lydia leu antes era uma que chegara há algum tempo. 

— Edgar? Doente? Ferido? Sem essa. Este, certamente, é um dos seus truques.  

Lota sentou-se em uma cadeira e cruzou as pernas. Mesmo que decidisse morar com o avô, ela não conseguia se livrar do jeito masculino com que se comportava, já que era capitã de uma tripulação pirata.  

— Truque? 

— Ele sabe que se parar de enviar cartas, você ficará preocupada. Assim como você está agora. Então, ele está tentando convencê-la a encurtar suas férias e voltar para Londres.  

Isso fazia sentido. Lota era uma conhecida antiga de Edgar e sabia exatamente o quão criminoso e sedutor ele era. “Eu estava prestes a ser enganada”. Lydia tentou se recompor e se afastou da janela pensando que não ousaria esperar mais cartas. Porém, assim que ouviu o toque da campainha do carteiro, ela saiu correndo da sala.  

Ela correu para o jardim e abriu o portão de madeira para chegar à caixa de correio. Viu um envelope branco aparecendo e tentou retirá-lo, mas um gato fofo de pelos cinzas o arrancou dela.  

— Finalmente chegou, isto é para mim.  

— Nico, você escreve cartas? 

Vendo Lydia olhando para ele com surpresa, o gato-fada apoiado nas patas traseiras em cima da caixa do correio estufou o peito arrogantemente.  

— Escrever cartas é o que os cavalheiros fazem.  

Era uma fada que gostava de usar gravata, penteava os pelos e andava por aí copiando os gestos de um cavalheiro. Ele era amigo e parceiro de infância de Lydia, mas por passar tanto tempo com humanos, ele sabia ler e escrever. De todas as fadas que Lydia conhecia, ele era o mais humano.  

Porém, não importa o quanto ele tentasse copiar, sempre estaria no corpo de um gato cinza de pelos longos e, portanto, quanto mais humano ele agia, mais estranho se tornava.  

— Senhorita Carlton, senhor Nico, por favor, ouça.  

A voz vinha dos arbustos. Quem saiu atrás dos arbustos foi Coblynau. Ele era uma pequena fada com nariz arrebitado, barba desgrenhada e vestia-se como um mineiro de carvão, que subiu correndo a cerca e começou a pular para cima e para baixo quando chegou ao topo.  

— É uma emergência! 

As fadas tendiam a exagerar. Por isso, Lydia decidiu priorizar a checagem à caixa do correio do que ouvir sua emergência, mas parecia que a carta endereçada a Nico era única, pois não havia nada dentro.  

— Senhorita, isto é em relação ao seu noivo, o Conde Cavaleiro Azul. 

Lydia virou-se para o Coblynau. 

— Você sabe que não sou a verdadeira noiva de Edgar, certo? 

Conde Cavaleiro Azul era o outro nome para o Senhor de Ibrazel. No entanto, Lydia não estava oficialmente noiva de Edgar. Foi apenas o resultado de uma situação problemática que deu terrivelmente errado e, desde então, Edgar a tratava como sua futura noiva.  

Ela tem corrigido esta pequena fada repetidamente, no entanto, enquanto usava o anel de noivado da pedra da Lua, Coblynau só a via com a futura esposa do Conde Cavaleiro Azul.  

— Acontece que o último conde Ashenbert apareceu na Inglaterra há cem anos.  

Cem anos? De acordo com os registros oficiais, um herdeiro Ashenbert não aparecia há trezentos anos”. 

— Quem disse isso? 

— Os cisnes brancos na margem do rio. Você já ouviu falar que existem pequenas fadas que vivem entre os cisnes e viajam com eles? 

É claro que ela sabia que havia fadas que viajavam montadas em pássaros migratórios. No entanto, não era capaz de chegar perto de pássaros selvagens e cautelosos.  

— A revoada aparentemente foi resgatada pelo Conde Cavaleiro Azul anteriormente.  

— Foi realmente o conde? Pode ser um impostor de outra linhagem. -interrompeu Nico.  

Isso também poderia ser verdade, mesmo que se acreditasse que não existia nenhum membro vivo da família Ashenbert, uma linhagem ilegítima. O menino daquela linhagem ilegítima estava atualmente em desacordo com Edgar, que havia herdado o título da família.  

— Deve ser porque eles alegaram que o exército de Ibrazel e a família de banshees também foram trazidos. Mesmo que aquele homem tivesse nascido do conde, alguém de linhagem menor não seria capaz de fazer tal atitude.  

Conde Cavaleiro Azul era um humano que governou o Reino das Fadas e jurou lealdade ao rei da Inglaterra, que lhe concedeu o título.  

Seus descendentes passaram a ser reconhecidos como Conde Cavaleiro Azul e possuíam propriedades na Inglaterra, mas Ibrazel, uma grande ilha que se acreditava ser um mito, era a residência principal do conde e não seria surpresa se um exército existisse.  

Havia a chance para as fadas que viviam com os cisnes encontrarem coincidentemente o verdadeiro conde durante suas viagens. Mas, isso significaria que os descendentes do verdadeiro conde poderiam estar vivos em algum lugar. Ou o conde que apareceu cem anos atrás era o último herdeiro? Então, por que aquele indivíduo não foi e recuperou a espada que foi confiada aos tristões pelo conde anterior? 

Coblynau, gostaria de conhecer essas fadas.  

Uhm... Parece que elas já partiram. Elas disseram que gostariam de conhecer o conde e sua esposa, mas as circunstâncias não permitiram que esperassem... 

Como eu disse, não sou sua esposa”. Ela não conseguiu deixar de franzir a testa com um olhar frustrado. Em vez de Lydia, Nico fez uma pergunta.  

— Qual foi essa circunstância? 

— Bem, isso foi... 

Parecia que era uma tortura para o coblynau dizer isso,  

— Ei, Lydia, eu encontrei algo ótimo.  

Naquele momento, um jovem bonito pulou sobre os arbustos em um salto e pousou bem à sua frente.  

— O ... O que você quer, Kelpie?! 

Kelpie penteou os cabelos pretos ondulados com a mão, deu um sorriso infantil e soltou penas de pássaro ao redor de Lydia. 

A visão das penas brancas das asas flutuando como presentes de um anjo era tão romântica que não dava para tirar os olhos...  Mas, o romance não poderia ser encenado por este cavalo-aquático bárbaro parado em sua frente.  

— Você comeu um cisne! 

— Eu me certifiquei de ficar com as penas, só para você. Me lembrei de como você parecia feliz quando pegou uma pena outro dia durante seu passeio.  

Isso porque a pena branca era maravilhosa. No entanto, não havia erro que Kelpie as arrancou antes de devorar a criatura, por isso, ela não pôde aproveitar tal presente.  

Os cisnes nunca teriam imaginado que um cavalo-aquático vivia nas terras altas tão perto de Edimburgo. Lydia sentiu pena dos pássaros que perderam um querido membro de seu bando e suspirou ao pensar como eles certamente estavam a quilômetros de distância do céu, enquanto ela afastava as penas das asas presas em seu vestido.  

Kelpie olhou alegremente para Lydia com a boca cheia de penas.  

— Lydia, você não concorda que a vida na Escócia é ótima. Há tantas coisas para comer e a água é tão limpa e deliciosa. Você não sente vontade de viver aqui para sempre? 

— Você não deve, senhorita. Você não deve ouvir o que aquele da corte Unseelie está dizendo. - protestou Coblynau, enquanto puxava uma mecha de cabelo ondulado de Kelpie, que se inclinava em direção à Lydia.  

— Aquele conde nunca poderia te fazer feliz. Logo, quando você chegou aqui, não se lembra de como estava cansada? Foi culpa dele, não foi? Você ficou magoada com seu lado mulherengo, não é? 

— De quem você ouviu isso? 

Quando Lydia olhou para Nico, ele desviou os olhos. Ele não consegue manter a boca fechada. Mas, o que Kelpie disse pode ser verdade. Ela não tinha certeza se queria mudar o relacionamento próximo e distante que tinha com Edgar. Ela voltou para a Escócia com medo de que isso acontecesse, mas com o passar do tempo, Lydia foi gradualmente capaz de recuperar seu antigo eu.  

Os habitantes da cidade não acreditavam em fadas como sempre fizeram e fofocavam sobre a excêntrica Lydia de longe, mas mesmo que as pessoas falassem mal dela pelas costas e ninguém entendesse seus sentimentos, percebeu que nunca estaria sozinha enquanto tivesse suas fadas.  

Assim que ela deixou Londres, estava se sentido solitária, cansada e confusa, embora, tivesse fadas para lhe fazer companhia. Durante o tempo em que Lydia estava com Edgar, ela deve ter estado sob sua influência e acreditava que era bonita como uma garota normal ou mais.  


 

Se o nobre e belo Edgar, que era procurado por mulheres em toda a sociedade de Londres, alegasse seriamente que estaria interessado apenas nela, então, não se importaria em considerar isso... Mas, depois que ela voltou a si e se recordou de como havia desejado tanto dele por um segundo, notou o quão vaidosa e sonhadora ela era.  

— Não, senhorita, um homem casado mulherengo é como uma doença. Contanto que você o trate com amor profundo, sua doença será curada e ele passará a amar apenas sua esposa... - disse Coblynau enquanto continuava a puxar o cabelo de Kelpie 

Algo assim só poderia acontecer em um milhão de anos. Além disso, por que eu tenho que ser generosa? 

— Se você está preocupada com o adultério dele, então, é melhor que você volte para o conde. A senhorita não deveria ser a única a trair com um kelpie 

— Espere! Essa é uma boa ideia. Lydia, se você quiser se vingar do conde, eu ajudo. - ofereceu Kelpie. 

— Não precisa! 

— Então, por favor, volte para Londres. - argumentou Coblynau. 

— Ei, baixinho! Não meta seu nariz nos assuntos alheios. Lydia não vai voltar para Londres nunca mais.  

Kelpie apanhou o Coblynau. A fada da mina deve ter temido ser devorado. O sangue saiu do seu rosto e ele desmaiou.  

— Oh, Kelpie, não seja mau com ele.  

— Ei, pessoal! O chá está pronto! - gritou Lota.  

Nico foi o primeiro a pular da caixa de correios e correu para a porta. Pequenas fadas saíram apressadas de alguns arbustos. Até Coblynau acordou e escapou da mão de Kelpie para beber chá. 

— Comida humana não é realmente satisfatória. - murmurou Kelpie enquanto também entrava na casa.  

Meu Deus! As fadas realmente dizem e fazem o que querem!” Mas, Lydia não as odiava por seu egoísmo e inocência. Se você souber como se dar bem com elas, elas o tratam bem.  

Para começar, ninguém na cidade ousava se aproximar daquela casa, que estava ocupada por fadas. Então, os únicos que sobraram para cuidar da limpeza da casa foram os globins 

A casa da família foi construída no melhor local da área, e seu pai era um professor universitário e muito respeitado pelos moradores da cidade, por isso, ela conseguiu contratar uma governanta para limpar e cozinhar todos dias enquanto seu pai estava.  

No entanto, como sua única filha era vista como aberração, nenhuma governanta foi contratada se ela estivesse sozinha. Em uma casa assim, era maravilhoso ter um convidado humano que se sentasse e tomasse chá com Lydia.  

O chá, preparado pelo hobgoblin residente, apareceu de repente na mesa do nada, mas Lota aparentemente não se incomodou com isso. As amigas fadas de Lydia cercaram para inspecionar Lota, pois era uma rara chance de ver amiga humana de Lydia.  

Que tarde pacífica era esta. Lydia podia ver que esta era a melhor vida para ela. Se permanecesse aqui, ela não seria bagunçada ou abalada por Edgar... Se não voltasse para Londres, o que ele pensaria? 

 

— Lydia, o que está fazendo? - perguntou Lota.  

Lydia tateava no escritório tarde da noite, e como a luz estava acesa, chamou a atenção de Lota, que colocou a cabeça no interior.  

— Você não vai dormir? 

— Eu só queria pesquisar uma coisa.  

Lydia procurava o diário de sua mãe. No diário, que era uma fairy doctor, havia registros e notas úteis escritas sobre as fadas. Ela leu todos os volumes da coleção repetidamente para ver se havia algo escrito sobre o Conde Cavaleiro Azul, mas não encontrou nada.  

Como o condado era um título de nobreza da Inglaterra, pode não haver nenhuma informação sobre ele na Escócia. Talvez sua mãe só soubesse o que foi publicado no romance popular sobre o conde. Lota colocou seu castiça na mesa e olhou para o que Lydia havia rabiscado.  

— É sobre o Conde Cavaleiro Azul? - ela perguntou.  

— Hum, bem, você sabe que sou uma fairy doctor particular do conde? Edgar não sabe nada sobre fadas, mas ele precisa aprender a se comunicar com elas, ou ele terá problemas no futuro.  

Lydia sabia como Edgar queria se tornar como o primeiro conde. Se não o fizesse, não seria capaz vencer o homem que herdou os poderes mágicos do conde.  

Ela ficou incomodada com o que o Coblynau disse e decidiu usar essa oportunidade para passar o pente fino na história da família do conde, mas não era porque estava preocupada com Edgar, era seu dever.  

Depois que Lydia repetiu a mesma desculpa para si mesma em sua cabeça, Lota inclinou a cabeça em confusão 

— Ei, Lydia, com toda a honestidade, você realmente ama Edgar, não é? 

— Hein? 

Lydia estava pronta para rir do comentário de Lota, mas olhava para ela com uma feição tão séria que não permitia nenhum humor, por isso, Lydia permaneceu em silêncio.  

— Se você percebeu que se importa com ele depois de tanto tempo separados, então, eu vou dar uma surra nele para que isso o endireite.  

Eu me pergunto se ele poderia se tornar um homem de verdade”. Enquanto se preocupava com isso, ela fechou o diário.  

— Não sei dizer se tenho sentimentos por ele ou não. Ele foi o primeiro homem que foi tão charmoso e agradável comigo, e há momentos em que ele é sério, o que me faz querer acreditar nele, mas quando estou aqui, sozinha, sem Edgar, fico feliz com isso.  

— Mas, você ficaria acordada a noite toda procurando algo para ele.  

— Pode não parecer, mas é mais satisfação minha do que para ele. O dever de fairy doctor é muito importante para mim. Se eu não tivesse fadas, nunca poderia ser feliz.  

— Compreendo. Já que as fadas aqui parecem realmente se importar com você.  

Lota sorriu. Lydia sorriu de volta para ela, e uma ideia surgiu em sua cabeça. Ela ouviu que sua mãe, uma fairy doctor, havia deixado o local onde nasceu e fugiu com seu pai.  

Ela trouxe apenas Nico, se separou de suas amigas fadas de infância e veio viver uma terra desconhecida com apenas um homem em que podia confiar. “Por que ela foi capaz de fazer tal sacrifício? 

Lydia conseguia entender o quão fácil seria confiar em uma pessoa séria e honesta como seu pai. Mas, também sabia que tomar uma decisão tão importante não dependia se seu parceiro era honesto ou não.  

A razão pela qual ela desamarrou o barbante em volta do diário de sua mãe para abri-lo pode ter sido porque queria saber o motivo por trás daquela decisão, mesmo assim, a única coisa que estava escrita no diário era sobre fadas.  

Sua mãe tinha amigas fadas muito próximas e sabia quanto tempo de vida restava. É por esse motivo que devia ter escrito tudo o que sabia sobre fadas para sua filha, que também podia ver fadas como ela.  

— Lota, estou pensando em ir para a Ilha Mannon 

— Onde fica a Ilha Mannon? 

— É uma das propriedades da ilha de Edgar. Merfold, que conhece a família do conde há gerações, vive nessas águas. Edgar e eu não sabemos muito bem sobre o condado, então, precisamos aprender mais sobre ele.  

Foi Lydia quem ajudou Edgar a se tornar o Conde Cavaleiro Azul. No entanto, os verdadeiros poderes do Conde Cavaleiro Azul eram tão potentes que ele podia governar um país inteiro no mundo das fadas.  

Mesmo que ela fosse denominada como fairy doctor particular do conde, Lydia não tinha poderes mágicos próprios, ela só podia pesquisar o que era escrito por outros.  

— É por isso que você está indo para a Ilha Mannon? Porém, Lydia, não é tão importante que você não possua poderes, mas seus sentimentos em relação a Edgar.  

Em relação aos sentimentos, Lydia estava com medo de descobrir a verdade. É por isso que ela tentou mudar seu foco para outra coisa. Ir para a Ilha Mannon pode ser a única maneira de atrasar seu retorno a Londres. 

 

***** 

 

Quando acordou pela manhã, Paul Foreman viu um jovem com cabelos dourados brilhantes parado diante dele.  

— Bom dia, Paul. - disse o visitante.  

Se esse homem não falasse, as pessoas pensariam que ele era uma escultura. Estava em pé com as costas retas e segurava uma cartola e uma bengala na mão. Era um exemplo perfeito de beleza. Seu sorriso suave e gentil realçava seu rosto perfeitamente esculpido e não havia vinco ou ruga em seu terno elegante de alta qualidade.  

Entretanto, o fundo atrás dele era terrível. Por que ele estava em uma sala tão desorganizada? Paul era um pintor, então, seu senso artístico não permitiria que um espécime tão bonito ficasse em uma sala tão suja. “Por que um nobre como ele está em um lugar tão terrível como este? Não, talvez eu ainda esteja dormindo”. Então, Paul fechou os olhos com força, mas quando abriu para olhar para cima, viu os hipnotizantes olhos malva-acinzentados do homem o encarando. Finalmente, ele percebeu que esse homem era o verdadeiro lord Ashenbert. 

Mi-milord, Por que você... não, quero dizer, me perdoe por estar vestido desta maneira! 

Paul pulou entre as cobertas da cama. Mesmo se ele estivesse de pé no colchão, seu cabelo naturalmente ondulado estava desgrenhado e, como ele dormiu com as roupas que usava na noite anterior com seus amigos bêbados, estava em completa desordem.  

— Como não obtive resposta na porta, tomei a liberdade e entrei. Você não trancou a porta, então, fiquei preocupado que você pudesse estar morto.  

Morto?” Isso o fez abrir os olhos.  

— Sinto muito por fazer você se preocupar. Bebi um pouco demais e voltei ao amanhecer e dormi o tempo todo.  

— Entendo. Você se salvou não estando em casa ontem à noite. Ouvi dizer que alguns ladrões violentos estão invadindo casas recentemente, e havia uma chance de que estivessem mirando em você.  

Enquanto Paul ajeitava os botões da camisa que estavam abotoados errados, ele inclinou a cabeça em confusão com o comentário do conde sobre sua vida ter sido salva e, então, finalmente, notou que tudo em seu quarto, inclusive o estúdio que ele podia ver através da porta estava completamente bagunçado.  

Seus aposentos e estúdio nunca foram organizados desde o início, mas o estado atual passava muito além disso.  

— O que aconteceu? Quem fez isso? 

Ele não tinha nenhuma lembrança depois de chegar em casa completamente bêbado e cair em sua cama acolhedora. Parecia que estava tão bêbado que não reparou em que estado estava seu quarto quando chegou em casa. Paul tropeçou e rolou para fora da cama e conseguiu se levantar para correr para seu estúdio.  

— Você deveria verificar se algo foi roubado.  

Ma-mas, mas, eu não tenho nada que valha a pena roubar... 

Ele era um pintor de fadas que mal começou. Atualmente, seu único patrono era lord Ashenbert, que comprou a maior parte de seu trabalho. Para provar sua declaração, todas as suas pinturas foram deixadas para trás, jogadas no chão.  

No entanto, todas eram importantes para Paul. Ele rapidamente foi buscá-las e verificar se havia manchas ou tinta raspada.  

— Ontem, o clube do Slade também foi arrombado. Aparentemente, todos os seus empregados foram amarrados e deixados no porão.  

O senhor Slade era o negociante de arte que estava lutando para vender as pinturas de Paul e o dono de um clube de alta classe que atendia a alta sociedade. Mas, mais importante, ele também era o chefe de uma organização secreta chamada ‘Lua Escarlate’, da qual Paul também era membro e parecia que essa posição poderia ter algo a ver com essa invasão.  Originalmente, era uma organização formada por um grupo de pintores e escultores, mas os principais artistas foram mortos por um homem chamado “Príncipe”. 

O Príncipe também matou a família do lord Edgar Ashenbert, o homem que estava diante de Paul, quando ele era apenas uma criança, o enviou para a América e o tornou seu escravo.  

O conde mais tarde escapou da organização do Príncipe e se tornou o líder da Lua Escarlate, e prometeu buscar vingança, mas um dos subordinados do Príncipe que veio para Inglaterra pode ter feito o próximo grande movimento.  

— Então, é isso... Pode ser feitio do Príncipe? 

O seu subordinado era um garoto entre 15 e 16 anos chamado de Ulisses, que Paul também conheceu antes. 

— Estou supondo que eles estavam à procura por algo. Por exemplo, Paul, seu pai foi morto por ordens do Príncipe. Você disse que não sabia o motivo pelo qual ele foi o alvo. E se ele tivesse algo ou guardasse um segredo que Príncipe precisava saber? 

— Você acredita que eles pensaram que eu teria isso? 

— Tem alguma ideia do que poderia ser? 

— De jeito nenhum.  

Slade também disse que senhor O’neil não sabia de nada, mas o outro problema é que você é filho do pintor assassinado O’neil e que não sabemos por que eles descobriram a conexão secreta entre O’neil e Lua Escarlate.  

Compreendo”, pensou Paul. Paul estava junto quando seu pai foi morto e quase morreu, mas foi milagrosamente salvo, e se tornou o filho adotivo de Foreman, que era amigo de seu pai e colega na Scarlett Moon. No entanto, havia algumas pessoas que sabiam que Paul não era o filho verdadeiro de Foreman.  

Claro que o conde também sabia e era por isso que ele estava preocupado sobre de onde essa informação teria vazado.  

— Mas, parece que nada foi roubado, então, eles podem ter percebido que não tenho nada importante.  

— Não tenho certeza sobre isso, se o filho de O’neil estiver vivo, eles não permitiriam. Ainda mais se esse filho pudesse estar escondendo alguma informação importante. - disse o conde como se isso não fosse nada.  

— ...O que devo fazer? 

Paul estremeceu. Ele não gostava da ideia de ser morto por um motivo desconhecido.  

— Você deve se refugiar na minha mansão.  

Paul assentiu com gratidão. Ele tinha total confiança neste jovem conde e acreditava que não poderia haver um homem mais confiável do que ele. Este aristocrata bonito e elegante era dotado de um carisma inegável que era raro encontrar na nobreza hoje em dia.  

Ele era um homem calmo, autoconfiante e inteligente que nunca se acordava em nenhuma situação perigosa. Não só sua personalidade sociável lhe permitia se dar bem com qualquer um, o que o ajudou a ganhar os favores dos jovens membros da Scarlett Moon, incluindo Paul. Seu hábito de ter vários relacionamentos com mulheres não era uma característica muito ideal para um líder, mas parecia que ele estava recusando todas as ofertas por causa de uma mulher em quem estava interessado, mas independente disso era um homem incrível.  

— Seria ideal se pudéssemos encontrar o que eles estavam procurando antes que o façam.  

— Os artigos deixados pelo meu pai são apenas esboços e desenhos. Você gostaria de dar uma olhada? 

Eles também estavam espalhados pelo chão.  

— Pelo menos não parece que eles estavam atrás de uma pintura. - observou o conde.  

Se estavam à procura de uma pintura ou carta que pudesse ter algo importante escrito nela, então, devem ter levado todos os papéis com eles.  

— A propósito, Paul, subestimei você. Parece que interrompi vocês dois.  

Paul estava no meio de pegar suas pinturas e se virou inclinando a cabeça como se não entendesse do que o conde estava falando. O conde estava parado ao lado da porta aberta que dava para o quarto. Na direção em que seus olhos apontavam, havia algo se movendo sob as cobertas da cama de Paul. No momento seguinte, a criatura se levantou, tirou as cobertas e olhou de volta para os dois homens.  

Era jovem moça de cabelos longos. Sua idade parecia algo em torno de 14 e 15 anos. Ela tinha a pele pálida e branca e usava um vestido fino simples que mais parecia uma roupa íntima.  

Paul congelou, incapaz de falar enquanto o conde caminhava até a garota. 

— Com licença, senhorita. Você seria amante de Paul? 

Era seu forte quebrar a barreira de uma garota em relação a estranhos com um olhar gentil e um sorriso. As bochechas tensas da garota suavizaram e ela parecia prestes a concordar com a pergunta de Edgar, o que trouxe Paul de volta à realidade.  

My lord! Isso não é verdade! Nunca a vi antes... Hum, desculpe-me, jovem senhorita, mas por que você está no meu quarto? 

Com a interrupção repentina de Paul, o rosto da garota rapidamente se enrugou em uma expressão como se estivesse prestes a chorar.  

— Oh, por favor, não chore! Está tudo bem, vou me certificar de ensiná-lo mais tarde. Paul é um homem honesto. Ele não faria nada de errado com você. - disse o conde suavemente.  

Enquanto ele acalmava a garota, o conde pegou uma capa verde com capuz que estava debaixo da cama e a envolveu em seus ombros. Como não parecia ser de Paul, devia ser dela. De lá, o conde arrastou Paul, ainda atordoado, para sala ao lado.  

— Hum, realmente, não tenho nenhuma lembrança de como isso aconteceu. - choramingou Paul. Agora, ele que estava prestes a chorar.  

— Mas, na realidade, aqui ela está.  

— Estava terrivelmente bêbado ontem e não me lembro de nada.  

— Compreendo. Isso acontece às vezes. Mas, nesse tipo de situação, você deve permanecer calmo. Só causará problemas se a mulher começar a criar confusão. Primeiramente, para mantê-la tranquila, você nunca deve dizer que não se lembra de nada. Sua única opção é fazer com que a garota aceite pacificamente o fato de que nada aconteceu entre vocês dois.  

Paul notou que esse era um daqueles momentos em que o conde abaixava a voz e falava como o diabo.  

My lord, você disse a ela que não lhe faríamos mal algum. 

— Isso significa que há diferentes maneiras de lidar com esse tipo de coisa. E não haverá problemas futuros se você conseguir juntá-la a outro homem. 

— ... Você sempre faz isso? 

— Nunca levei uma garota para a cama enquanto estava bêbado e esqueci. Além disso, que graça tem se você nem consegue se lembrar? É muito mais divertido convidar uma senhorita e não causar erros que levem a problemas no futuro.  

Paul não conseguia encontrar consolo nessa palestra sobre o que era comportamento natural... e seus ombros caíram.  

— Com licença, esse cavalheiro não reconhece quem sou? - perguntou nervosamente a garota enquanto espiava levemente pela porta.  

— Não me lembro quem sou, esse senhor veio falar comigo como se me conhecesse ontem à noite, então, fiquei convencida de que nos conhecíamos e o segui até aqui.  

— Paul, parece que você a convidou.  

— O quê? Não, eu, eu não pretendia convidá-la para minha casa. - exclamou Paul.  

Mas, finalmente ele estava começando a se lembrar das coisas. A jovem garota estava sentada no chão no canto de beco, chorando. Paul passou e decidiu ajudá-la. Era um mistério por que todas as outras pessoas estavam passando por ela como se não a vissem. Era como se ela fosse invisível para eles.  

Paul tentava desesperadamente puxar outras lembranças de sua memória, enquanto o condo fazia outra pergunta à garota.  

— Então, jovem, você veio aqui com ele e passou a noite? 

O conde a questionava como estivesse em uma audiência e curtindo ao máximo.  

— Sim, quando estou ao lado dele, sinto como se o conhecesse de antes, algo nostálgico... 

— O que significa que este pode ser um encontro escolhido pelo destino. - disse o conde provocativamente.  

Se Paul deixasse a conversa nas mãos de alguém que buscava entretenimento, então, o resultado seria horrível. Paulo decidiu perguntar à garota por ele mesmo.  

Uhh, então, fiz alguma coisa para você? 

Tentando ser atencioso com os sentimentos dela, decidiu ser um cavalheiro e ficou pronto para assumir qualquer responsabilidade.  

— O que você quer dizer com fez alguma coisa? - ela indagou. 

No entanto, Paul só retornou com o rosto completamente confuso.  

— Em outras palavras, o que aconteceu depois que Paul e você chegaram aqui ontem à noite? - insistiu o conde.  

— Você não está sendo um pouco direto demais, my lord? 

— Ele deitou na cama e adormeceu. Então, decidi que deveria dormir também. 

— O quê? Que chato! - disse o conde.  

Em frente ao conde, Paul respirou aliviado e caiu em uma cadeira.  

— Então, jovem senhorita, você está dizendo que não se lembra de sua própria família ou nome? 

—Sim... No entanto, me lembro de que servi a uma nobre e qual era o nome do meu mestre.  

— Acho que você poderia ter sido empregada por um nobre. Qual era o nome de seu mestre? 

Lady Gladys. Ela era extremamente bela, uma mulher nobre e corajosa... 

Enquanto a garota explicava, seus olhos, de repente, se encheram de lágrimas que escorriam pelas suas bochechas.  

— Sinto muito, por algum motivo, quando penso no meu mestre, não consigo parar de chorar.  

— Aconteceu alguma coisa com ela? 

Tendo sua inocência provada, Paul mudou seu foco para resolver o dilema da garota.  

— Eu não sei... 

Suas lágrimas não paravam e ela cobriu o rosto com as mãos.  

— Se ela é uma mulher tão adorável, adoraria conhecê-la. Se não sabemos o sobrenome dela, não consigo pensar em ninguém de cabeça, mas vou investigar quem ela pode ser.  

— Muito obrigada, senhor. - disse a garota entre uma fungada.  

Naquele momento, Paul baixou o olhar para o chão e se abaixou em direção aos pés da garota. Deitadas nas tábuas, estavam várias pedras redondas de cor amarela. Além disso, havia mais caindo de cima. Eram as lágrimas da garota. Suas lágrimas escorriam pelas suas bochechas e chacoalhavam quando atingiam o chão.  

Até o conde percebeu e se abaixou para pegar uma.  

— Pedras de âmbar...? 

— O que isso significa? - perguntou Paul.  

Os dois homens olharam para a garota que ainda estava chorando. Suas lágrimas encharcaram seus cílios e escorreram por suas bochechas como gotas naturais, mas assim que entravam em contato com o ar, endureciam instantaneamente e se transformar em âmbar e faziam um baque forte ao atingir o chão. Não importa como alguém a visse, ela não era uma humana.  

— Uma fada? Você é uma fada? 

 


A garota não parou de chorar enquanto assentia de volta à pergunta do conde. 

— Então, isso significa que seu mestre também é uma fada? 

Ela balançou a cabeça, mas não estava claro se queria dizer não ou se não conseguia lembrar.  

My lord, acho melhor pedir ajuda da senhorita Carlton.  

Paul não ficava surpreso quando via uma fada de verdade hoje em dia, mas, mesmo que ele fosse um pintor especializado em fadas, ele não possuía técnico sobre elas. Ele sabia que a fairy doctor Lydia estava tirando longas férias para aproveitar o Natal na Escócia, mas o fim das férias se aproximava.  

— Você está dizendo que eu a chamo de volta para o trabalho? Então, não.  

— Mas, por quê? 

— Se for trabalho, então, a Lydia responsável retornaria com prazer, mas não quero isso! Quero que ela volte porque sente a minha falta.  

— Mas, ela não mostrou nenhum sinal de que irá voltar... 

Paul quase terminou a frase, mas fechou a boca. Este era um homem que podia ter qualquer mulher que ele acenasse, qualquer garota ficaria deslumbrada se passasse um minuto com ele, mas, por algum motivo, Lydia era a única garota que ele não conseguia conquistar. O conde estava por aí exclamando que ela era a sua namorada, mas eles eram tudo, menos isso.  

Paul não sabia por que o conde permitiu que ela voltasse para a Escócia, e ainda assim, não usou sua abordagem forçada usual como ir buscá-la. Parecia que planejava seu próximo movimento com muito cuidado. Paul sentiu frio depois de lembrar o que aconteceu quando as pessoas apontaram isso para ele no mês passado. O que se seguiu foi um homem irritado e amargo. Ele enganaria a todos com um sorriso amigável no início, mesmo assim, quando abriu a boca, soltou comentários frios e pungentes.  

No entanto, no momento, não parecia que seu temperamento estava mal-humorado. Ele ignorou o comentário de Paul.  

— De qualquer maneira, estou indo encontrar Lydia. Mas, não quero falar sobre trabalho.  

— Então, você finalmente decidiu ir vê-la? 

Paul queria pular de alegria.  

— Recebi um relatório do meu investigador de que Lydia está indo para Ilha Mannor. Como é uma das minhas propriedades, ela está praticamente me dizendo que quer me ver.  

Ele contratou um investigador. Isso significa que ele está pedindo para alguém relatar o que ela está fazendo. Se não foi ela quem lhe contou, então, não deve ter ideia de que conde estava planejando. Em contraste, ela pode não ter contado a ele porque não queria vê-lo... Paul não teve coragem de dizer isso em voz alta.  

— Então, você poderia levar essa jovem e fazer a senhorita Carlton falar com ela? 

— Eu disse que não ia falar sobre trabalho, não disse? Além disso, e se Lydia não entender que estou trazendo outra mulher? 

— Então, vou acompanhá-lo. - ofereceu Paul.  

— Não. Vou passar um tempo sozinho com Lydia. Tenho que usar essa oportunidade e fazer as pazes. 

Aparentava que ele só conseguia ser corajoso quando andava em seu próprio território.  

— Paul, até Lydia retornar, é sua responsabilidade cuidar dessa garota.  

— O quê? Ma-mas, ela é uma fada! Como eu vou cuidar de uma fada? 

— Vou deixá-lo descobrir isso por si só. Oh, está quase na hora do meu trem.  

O conde tirou seu relógio de bolso e olhou as horas com o sorriso mais feliz que ninguém via há um mês.  

— Agora, certifique-se de tomar cuidado, caso Ulisses ainda esteja atrás de você. Você deve se apressar e arrumar suas coisas. Se precisar de alguma coisa, vá até minha criada Harriet. Ela cuidará do resto.  


Nota da tradutora 

É um capítulo curto, mas bem escrito. Aqui vemos o retorno da nossa querida Lota, e a apresentação da banshee da família Ashenbert. Sim, ela aparece entre os episódios 8 a 12 do anime.  Para quem não sabe, banshee é um espírito ancestral de uma família que chora pedras de âmbar quando algum ente está próximo da morte.

Gosto muito bom do Paul, mas confesso, que ele é tonto, ele é! E será que desta vez o Edgar está tomando jeito? É... Nosso querido mulherengo quer, porque quer ficar com a Lydia. Veremos!

Então, aguarde a ansiedade porque a história só está começando.  

Volto em breve com capítulo 2! 

Beijos e até mais!