quarta-feira, 6 de junho de 2018

A benção que chega com os ventos da Primavera - Capítulo 7 - Volume II - Hakushaku to Yousei Light Novel


Nota de abertura: Demorou, mas estamos de volta!! Eis o último capítulo do Livro II! Sem mais delongas, vamos à história!

No corredor mal iluminado, que Edgar e Lydia começavam a andar, havia uma sombra que se aproximava deles sem emitir um som. Lydia soltou um grito estridente à sombra da figura que surgiu subitamente em sua frente.


Num reflexo, ela se agarrou em um pilar próximo e ouviu uma voz monótona dizer “me perdoe”. Quando ela o encarou percebeu que era Raven.

― Você me assustou.

― Lydia, você poderia muito bem ter se agarrado a mim.

Como ele poderia fazer tal piada em qualquer tipo de situação?

―...Estou institivamente evitando!

Ela virou a cabeça, mas se Raven, que aparentemente se movia sozinho ao redor do navio, voltou, isso significaria que não era uma situação para ele se divertir com Lydia. Edgar mudou imediatamente para uma expressão séria e se voltou para encarar Raven.

Lord Edgar, uma série de barcos surgiram ao lado do navio. Acredito que no devido tempo, os homens de Graham virão a bordo.

― Tudo bem. Vamos nos apressar.

Lady Dóris está por aqui. – guiou Raven.

― Como você sabe?

― Eu perguntei a um dos homens de Graham que gritava no fundo do navio. Houve uma comoção dentro do navio, de modo que eles a tinham feito dormir e a levaram para um lugar que não seria encontrado por alguém de fora.

Esse devia ser o homem o qual ela e Rosalie tinham batido. Naquele momento, provavelmente ele já tinha escondido Dóris, e quando Lydia se deparou com ele, foi no momento que estava tentando esconder Rosalie.

Enquanto caminhavam, Raven entregou uma pistola a Edgar. Supostamente era a que ele havia deixado no escritório de Graham. Depois, Raven virou-se para Lydia.

― Oh, sim, senhorita Lydia, esqueci-me de lhe entregar isso.

O objeto que Raven mostrou a ela era a mesma lata de algum tempo atrás.

― Hum, isso realmente não me pertence.

Mas, Raven deve ter acreditado que era algo que ela deveria aceitar, e por isso, ele permaneceu a segurando para ela.

― Em todos os casos, creio que seja seu, Lydia. É melhor mantê-la com você.

Depois que Edgar disse isso, ele finalmente entregou-a como estivesse convencido. Novamente, em um ritmo rápido, os dois seguiram Raven, no entanto, de repente, houve um barulho e agitação ao redor deles.

― Lydia, você pode correr?

― Sim.

Ao mesmo tempo em que ela respondeu, Edgar puxou seu braço. Os três correram enquanto o som alto de vozes se aproximava lentamente.

― Eu os encontrei, por aqui! – disse um homem gritando.

Lord Edgar, vou mantê-los afastados.

― Tudo bem, onde está a localização de lady Dóris?

― No fim deste corredor. Há uma porta que está escondida por uma carga que está localizada atrás da sala de armazenamento.

Ao mesmo tempo em que Edgar assentiu, Raven se virou para trás. Lydia seguiu Edgar pelo corredor. O som das vozes altas diminuiu, provavelmente porque eles perseguiram Raven. Ela se perguntou quantos homens de Graham estavam no navio. Também se preocupou se Raven ficaria bem.

No último minuto, Lydia finalmente começou a compreender que ela estava fazendo uma coisa extremamente imprudente. Ela saiu do quarto, declarando que não iria abandonar Dóris e Rosalie, mas antes de resgatá-las, colocou Edgar e Raven em perigo. Ela não podia perdoar o lado egocêntrico de Edgar, mas quem estragou o plano original dele de resgatá-la, além de completar com sucesso sua vingança e escapar com segurança do navio, foi ela.

― Qual é o problema, Lydia? Você está com medo?

Mas, se ela abandonasse as duas, acreditava que iria levar um remorso insuportável pelo resto da vida. Mesmo que conseguisse sair do navio, poderia ter uma maneira de libertar as duas garotas, mas ela não queria prolongar o tempo da situação assustadora que iriam passar.

Ela não gostou de como Edgar não sentiu nenhum arrependimento em deixar as garotas para trás. Não foi pelo seu senso de justiça, mas não percebeu que estava esperando que houvesse um lado de Edgar que não fosse seu modo simples de vilão. Lydia sacudiu a cabeça com força.

― Não estou com medo. Esta foi a minha escolha.

― Uma atitude positiva.

― Na verdade, não. Sou apenas imprudente... Eu sei, mas não queria passar a minha vida arrependida.

― Estou sempre arrependido. Tanto que acho que meu maior pecado é viver.

Ele disse de uma maneira como não fosse nada demais, mesmo assim, Lydia ficou surpresa com a seriedade das palavras pesadas.

― Isso não é possível.

― Se não interferisse, a maioria dos membros da minha equipe ainda estaria viva. Ermine também... E assim como Raven. Às vezes penso que poderia ter havido um modo de não colocar aquele impulso instintivo de matar com as próprias mãos. Encontrar um modo de controlá-lo apropriadamente com a sua própria vontade.

― Mas,  você não foi o único a libertar todos do Príncipe?

― Livre... Apenas Raven continua vivo.

― Você acredita que seus amigos queriam continuar vivos como escravos? Então, eles não teriam ido com você. Você lhes deu a liberdade. Não foi você que lhes ensinou que seus corações não poderiam ser acorrentados por ninguém?

Edgar, que continuava a olhar para frente, já devia ter pensado no que Lydia achava, há muito tempo, por várias vezes.

Os dois foram para a parte de trás da sala de armazenamento, que tinha pilhas de cargas e produtos embalados e empilhados. Ele abriu a boca para falar como estivesse sozinho.

― Houve uma época que tentei pensar dessa maneira. No entanto, senti que era apenas o meu ego querendo acreditar nisso...

No final do caminho, entre as pilhas de cargas empilhadas, havia de fato uma porta que Raven dissera.

― Deve ser essa. Está trancada.

Pelo fato de Edgar centrar o foco nisso, parecia que a discussão terminou, e assim Lydia assentiu para ele. Ele tirou um pino dentro do seu bolso e facilmente abriu a fechadura. Era uma habilidade especial inimaginável para alguém que cresceu em uma família nobre respeitável. Espiando pela fresta da porta aberta, em um pequeno espaço que mais parecia um armário do que uma sala, eles imediatamente puderam ver Dóris estava trancada ali.

Miss Dóris, por favor, acorde.

Lydia se ajoelhou e tentou acordá-la, mas parecia algo impossível.

― Eles devem ter usado drogas para fazê-la dormir. Vou levá-la.

― Oi, Lydia! Temos um problema!

Só então Nico apareceu correndo em pânico.

― Nico! Onde esteve?

― Quem se importa, apenas corra e corra! Há um grande problema a caminho!

Aos pés de Lydia, Nico continuou a tagarelar.

― Está tudo bem, nós sabemos. Os homens de Graham estão se aproximando, certo?

Huhh? É algo mais problemático do que isso! A fera bogey voltou e agora está controlando Rosalie com seu mestre para matar o conde!

Oh, não, isso é verdade”. Lydia finalmente se lembrou.

― Edgar, me esqueci! O Fogman está atrás de você!

― Fogman?

Ele se virou de onde estava ajoelhado ao lado de Dóris para dar um olhar confuso. Claro que ele ficaria. Para ele, era um nome que pertencia a um livro de histórias, e sendo dito assim de repente que era um alvo dele, não seria capaz de compreender a dimensão do perigo.

― Eu não me lembro de algo assim guardaria rancor de mim.

― Ei, Lydia, então, é um Fogman?

Agora, até mesmo Nico estava em pânico.

― A fera bogey disse isso. Nico, você sabe o que torna um Fogman fraco?

― Um demônio como esse não tem fraqueza. E mesmo que tenha, não há nada que possamos fazer sobre isso, certo? Agora, que me lembro, disse algo como inimigo, e a fera bogey estava dizendo que ele estava preso em algum lugar com folhas.

― Que inimigo? Que folhas?

― Como eu saberia? Não, espere! Acho que ouvi algo assim antes...

― Lydia, por que eu seria o alvo?

Vozes vinham em ambas direções, deixando Lydia à beira de um colapso nervoso.

Hum... Em outras palavras, o Fogman tem rancor com o Conde Cavaleiro Azul. Ele foi selado dentro do “ovo de fada” por um dos ancestrais da família do conde. Desde que você herdou o título de Conde Cavaleiro Azul, ele planeja devorá-lo para se recuperar.

― Espere só um minuto! Há um Fogman dentro do “ovo de fada”?

― Você é uma família com uma longa linhagem, certo? É por essa razão que enquanto estava na casa da sua família, o Fogman não tinha permissão para sair da ágata nem que fosse um pouquinho. Mas, depois que foi transferido para as mãos de Rosalie, acredito que o poder que estava selado enfraqueceu, e por isso que ele chamou a fera bogey e estava à procura do Conde Cavaleiro Azul por tantos anos para revidar.

― Então, por eu conhecer Rosalie...

― Sim, descobriu que você tinha aparecido como Conde Cavaleiro Azul e está mirando em você.

― Então, o que você faz quando é atacado por um Fogman?

Lydia uniu as suas mãos como fosse fazer uma oração. Até mesmo ela não sabia o que fazer. Ela só sabia que a única regrar a seguir com as fadas que estavam em revolta era não vê-las, nem tocá-las e muito menos se aproximar. Ela só conhecia isso por ser amadora e inexperiente.

Mesmo me denominando uma fairy doctor, sou inútil”, pensou com raiva enquanto se esforçava para solucionar o caso.

Tsc! Que humano inútil! Se fosse o verdadeiro Conde Cavaleiro Azul, estaria certo de lutar com o mesmo poder que o Fogman. – murmurou Nico, descontente.

― Mas, Edgar não é o verdadeiro herdeiro. Como teria tal poder?

― Eu me pergunto se ainda serei atacado mesmo que não seja o verdadeiro. Você não acha que o Fogman seria capaz de reviver, mesmo que me destruísse?

― Bem, a vida dele depende disso. Então, ele vai tentar te destruir de qualquer maneira.

― Eu entendo.

― E, mais do que o poder do Conde Cavaleiro Azul, é alguém que leva o mesmo nome que ele.

Ter sofrido por se engarrafada pela fera bogey e ficado furiosa por ser isca de Edgar, sua mente tentava desesperadamente pensar alguma maneira de resgatar Dóris e Rosalie, quando Edgar mostrou a sua verdadeira face, foi responsabilidade de Lydia ter se esquecido, completamente, de pensar em um plano para se livrar do Fogman diante de tudo isso.

Foi também por estar despreocupada, imaginou que a fera bogeynão reaparecia tão rápido. De qualquer modo, este foi o seu maior erro como fairy doctor.

― Ah! – gritou Nico. – é alecrim, Lydia!

― Do que você está falando?

― As folhas eram de alecrim! Ah, como não poderia lembrar-me disso?

Ela não tinha ideia do que ele estava falando e inclinou a cabeça. No entanto, não tiveram mais tempo para ouvir a explicação confusa de Nico.

― De qualquer forma, parece que o nosso problema é apenas esse.

Houve o som ritmado de passos se aproximando. Eles vinham da entrada da sala de armazenamento e circulavam pelos três. Dos homens que formavam uma barricada, Graham saiu entre eles.

My lord, acredito que a situação inverteu.

Graham retornou a sua consciência e aparentemente recuperou a sua confiança com o número de homens que estavam atrás dele e sorriu.

― Você pode ter querido que caísse na armadilha que você planejou metodicamente. Entretanto, aparentemente, esqueceu-se de uma brecha na última parte.

― Pergunto-me, se você está certo sobre isso.

― O que você pode fazer sozinho? Nós jogamos aquele homem que é uma arma ambulante para o fundo do navio.

Com certeza, o homem gorducho e grosseiro que fora trancado por Lydia no fundo do navio estava no meio do grupo dos homens.

― Gostaria que você não subestimasse meu amigo. – respondeu Edgar de uma maneira debochada.

O navio subitamente balançou para o lado de forma brusca. Não só o navio balançava, assim como a carga e as mercadorias empacotadas e empilhadas na despesa haviam caído. E assim, uma das torres de pilhas com caixas de madeira se inclinou para o lado, despencando em cima de Graham e seus homens. Uma figura negra de um homem deslizou por cima de tudo aquilo. Raven pulou sobre Graham, que mal conseguira se esquivar dos caixotes e barris de madeira, e o segurou.

Uma vez que ele segurou uma faca em sua garganta, o resto dos homens de Graham não puderam se mover. Mas, eles não tiveram tempo para respirar.

― Lydia, eles estão aqui! – gritou Nico, que subia pelas pilhas caídas de caixas de madeira.

Sem fôlego, Rosalie entrou correndo. A fera bogey no topo de seu ombro lhes deu um sorriso.

― Rosalie, pare! Você está sendo manipulada por ele!

Mas, a voz de Lydia não alcançou seus ouvidos. A presença má e escura presa dentro da ágata usou o poder e vazou para envolver Rosalie. Mesmo com um pouco de magia, ligava-se ao sentimento de amor e ódio de Rosalie em relação a Edgar e agora tinha controle total sobre sua vontade. Rosalie não devia nem saber o que estava fazendo.

[― Lá está o conde, pegue-o!].

Depois que a fera bogey gritou, Rosalie não hesitou e jogou a pedra de ágata selada com água que a tinha mantido de modo tão precioso e bateu no chão. Houve uma pequena e fina abertura. No entanto, a água sagrada que ficou presa no seu interior por centena de anos finalmente foi liberada no ar. Ela evaporou num instante e desapareceu. Ao mesmo tempo, um nevoeiro fétido borbulhava e derramava instantaneamente no interior do navio.
O som das vozes dos homens de Graham foi encoberto pelo denso nevoeiro que não se conseguia enxergar duas passos à frente. Lydia só pôde ver o contorno fraco de Edgar que estava ao lado dela.

― Lydia, afaste-se do conde! – a voz de Nico gritando vinha de longe.

O alvo do Fogman era Edgar.

― Depressa, vá! – disse Edgar como tivesse os olhos em algo que se movimenta das profundezas da neblina.

Lord Edgar, onde você está? – gritou Raven.

― Raven, não venha!

É o Fogman. Os olhos de Lydia estavam fixos nele. Uma escura e espessa sombra se fundiu a eles no nevoeiro. Não era apenas uma coisa única. Um número de criaturas surgiu a partir do nevoeiro. Elas eram cães demoníacos que o Fogman levava consigo. Todos se concentraram ao redor deles e rosnavam.

A maior forma criada pelo nevoeiro era o Fogman. Ela sentiu sua atenção se concentrar em Edgar enquanto balançava seu grande corpo para os lados, para trás e para frente. Depois, seu corpo inchou como balão e avançou em direção a eles para atacar.

― Lydia, rápido, corra!

― ... Não!

Lutando contra Edgar que tentava afastá-la, Lydia não pensou quando se agarrou a ele. Ao mesmo tempo, os dois foram envolvidos pela escuridão pegajosa e viscosa. Pressionava-os com tanta força que começava sufocá-los. Eles devem ter sido atacados ou talvez engolidos, já que não havia a sensação de chão abaixo dos seus pés. De repente, a temperatura começou a cair como se fossem jogados no meio do ar gelado de inverno ao ar livre.

―Isso é... Dentro da barriga do Fogman?

Lydia também não sabia disso. Estava escuro demais para ver qualquer coisa, e as pontas dos dedos estavam dormentes de frio. Ela sentiu sua força deixá-la, como sua fonte de vida estivesse lentamente sendo sugada dela.

― Eu sinto muito... – sussurrou Lydia, enquanto estava abatida, autodecepcionada e arrependida.

― Desculpe-me, sinto muito. Isso aconteceu por causa da minha inexperiência. Sinto muito por ser uma fairy doctor tão inútil. Sinto muito por sempre dizer coisas egoístas e não ser capaz de resgatar você.

― Não me sinto de todo mal. Nunca imaginei que você me abraçaria de modo tão entusiasmado. Você não sorri tão facilmente na minha frente, mas é um privilégio você ter chorado por mim.

Ela finalmente percebeu que estava se entregando a ele, sendo embalada enquanto acariciava seus cabelos gentilmente, no entanto, era assustador se deixar levar na escuridão, e por isso, ela permaneceu imóvel. Não se importava se Edgar era uma pessoa perigosa ou um libertino fútil. Visto que, ela compartilhava o mesmo destino que ele.

― Eu sei que é um momento impróprio para isso, mas gostaria de saber... É sua responsabilidade como fairy doctor ou você quer ficar comigo até o fim? Ou você está me deixando romantizar só um pouquinho?

― É a única coisa que passa na sua cabeça?

As lágrimas rolavam enquanto ela se espantava com o comportamento frívolo dele, mas até que Lydia estava um pouco entredita. Ela não conseguia entender porque se agarrou a ele sem pensar nisso. Só que não queria deixá-lo sozinho.

Ele tinha muitos camaradas e amigos, e que não permitiam que olhasse para trás, precisava olhar para frente e liderar o caminho para guiá-los. E isso o fez ficar sozinho. Porque na visão de um líder, não havia mais ninguém.

Embora tenha aberto o caminho para os que estavam atrás dele, quando se deu conta apenas Raven permaneceu. Restaram dúvidas que se ele podia ter a esperança de ter salvado, nem que fosse um pouco, seus companheiros e camaradas. Queria acreditar, mas não sabia como. A única coisa que ele podia sentir era a forte pressão em seus ombros que apenas ele sobreviveu depois dos sacrifícios deles.

Ela teve a sensação de que lhe foi mostrado um vislumbre daquele coração, entretanto, isso poderia ser sua imaginação. Poderia ser enganada de novo, mas sabia que não queria deixá-lo sozinho.

―...É porque você me parecia solitário.

Hummm, então é piedade?

― Não pense tão alto sobre si mesmo!

Mesmo que eles pressionassem seus corpos juntos, era terrivelmente frio, poderiam congelar até a morte.

― Você é tão aquecida.

Huh, você não está com frio?

― Oh, não, não foi isso que quis dizer. Mas, essa coisa aqui tem me mantido aquecido.

― O que é?

O objeto de que Edgar tirou do seu bolso foi a lata de alguns dias atrás. Olhando de perto, eles puderam vislumbrar seu brilho levemente. Embora, estavam sendo empurrados de volta à escuridão sob o domínio do Fogman.

― Isto é...

― É uma lata.

― Eu sei disso, mas...

― Agora me lembro. Raven tinha dito que algo que isto estava querendo conhecer a fairy doctor.

― Você está me dizendo que uma lata pode falar?

― Bem, desde que tem o sangue de um Sprite correndo em seu sangue, ele tem o seu lado misterioso.

Talvez, foi por isso que Raven dizia desde o início que a lata era a arma de Lydia. Ele poderia ter percebido que havia alguma fada dentro? Uma lata ou, na verdade, algo dentro dela chamava por Lydia. O peixe cozido em ervas? Não, isso não poderia ser o poder que empurrava o Fogman. Era algo selado dentro de uma lata, por isso não tinha um poder tão forte. Mas, se ele pudesse lutar contra o Fogman adequadamente, então, poderia ser o elemento da natureza que esse algo possuía? ...O único elemento que tinha poder natural de afastar um Fogman seria...

A resposta, de repente, veio à Lydia. “O alecrim que Nico estava falando!”. O que estava dentro da lata foi enganado pela fera bogey e preso na lata de ervas! Era uma fada que, quando aparecia, trazia consigo o cheiro agradável da Primavera, grama.

― Edgar, acho que podemos ser salvos! Se pudermos abrir esta lata.

― Não carrego nada que abra latas comigo.

 ― Ah, sim. Você está certo.

Lydia ficou imediatamente desapontada. Para que situações como essa não acontecessem, ela deveria ter prestado atenção em busca de sinais de alerta, pensar no futuro e se preparar para que pudesse afastar o Fogman. Ela teve sua chance, mas por causa de sua inexperiência, Lydia deixou passar.

― Ah, Deus do céu, sou tão idiota!

― Então, você precisa abrir isto para comer o que está dentro?

― Oh, não!  Pelo menos se pudermos fazer uma fenda nela. Acredito que não seja peixe que está dentro.

― Podemos explodir, mas com isso. – disse ele e pegou a pistola.

Eu me pergunto, o que está aí dentro ficará bem”, mas essa preocupação não se aplica às fadas, por isso, não se incomodou.

― Vamos tentar.

― Lydia, fique para trás.

Ele colocou a lata no chão. Lydia cobriu os ouvidos e prendeu a respiração atrás de Edgar. Houve o som de uma bala de fogo e a lata se abriu. Naquele instante, veio algo que pulou para fora dela. Um furacão poderoso entrou em erupção. O vento pressionou o pesado nevoeiro que havia engolido os dois e levou-o em um redemoinho, explodindo no alto.

Uma voz gemeu como um terremoto, talvez fosse o Fogman. Uma enorme sombra escura parecia estar lutando para combater o vento. Era uma névoa negra que engolia tudo que estivesse ao redor, derrubando tudo. No entanto, agora, não podia se aproximar dos dois, pois estava enrolado no túnel do vento.

No momento em que tocou o vento, o nevoeiro se derreteu e se dispersou. Essa era a regra da natureza das fadas. A esfera de nevoeiro que estava controlada ainda tentava lutar contra o vendo, tentando manter sua forma, criando um redemoinho negro e o usava para atacar desesperadamente tudo o que pudesse.

Eles puderam ouvir gritos que provavelmente eram de Graham e seus homens. O nevoeiro e a névoa foram levados embora, mas ao que parece engoliram Graham e seus homens que estavam por perto, já que conseguiram vislumbrá-los. Mas, mais do que isso, a visão do nevoeiro, que os absorvia, foi chutada e impelida impiedosamente pelo vento, transportando a neblina, as pessoas e os detritos com ela, o que foi suficiente para causar arrepios na espinha.


Finalmente, a visão ao redor deles clareou a ponto de revelar a área do fundo do navio. Ela olhou para Nico, enquanto o vento ainda soprava, e viu Rosalie e Dóris, assim como Raven, e ficou aliviada ao ver que eles estavam longe da fome do nevoeiro e foram conduzidos para um local seguro dos ventos.

Os ventos se tornaram fortes e violentos mais uma vez, o que fez Lydia ser incapaz de se manter de pé, assim não conseguiu deixar os olhos abertos, e quase caiu. Ela foi segurada por Edgar e sentiu-se abraçada. Ouviu maldições e mais maldições da fera bogey, quando foi arrastada pelo vento e levada para longe.

Quando conseguiu levantar a cabeça, foi capaz de ver um leve vislumbre do céu azul. O teto da sala de armazenamento foi quebrado. O vento girava em torno do nevoeiro, subindo para o vasto céu. Ela viu um ligeiro vestígio de um par de asas que formava a partir dos ventos, tão finas e transparentes como o ar.

Sylph... – sussurrou Lydia.

Uma vez que o anunciador fora preso dentro da lata, explodiu nos céus, um enxame de fadas dos ventos, os sylphs vieram em grande número. Era a vinda dos ventos da Primavera.

Eles se ajuntaram para se tornar uma forte rajada e caíram do alto do céu sobre o topo das águas do rio, que ficavam ao lado da cidade. Sentiram o balanço pesado e a oscilação, mas estavam protegidos pelas sílfides. Lydia sentiu como estivesse sendo balançada em um berço. No momento em que o último sinal de que o Fogman foi dispersado pelo vento, as fadas dos ventos prosseguiram e voaram para o céu distante.

― Edgar, estamos bem agora! Conseguimos escapar de sermos engolidos pelo Fogman!

Seu coração se encheu de alívio e felicidade de sair do mundo de escuridão de dentro do Fogman, isso fez com Lydia estremecesse de alegria.

― Sim, parece exatamente isso.

Edgar estava em segurança. “Estou tão feliz por não deixado sozinho”. Mesmo que tenha sido imprudente, ou mesmo teve dificuldade de achar uma saída, ela pensou com otimismo que, quando você tinha a sensação de querer ajudar o outro, o poder miraculoso das fadas abençoaria você. Foram os braços de Edgar que estabilizaram Lydia, que quase caiu no chão de alívio. Ela percebeu que estava o agarrando por todo esse tempo, mesmo que mão dele tocasse a sua bochecha, não sentiu nenhum perigo que normalmente a faria pensar em escapar. Talvez porque ele estivesse sorrindo de uma forma rara com um olhar pacífico.

Quando a luz do Sol brilhou, ela olhou de perto para seu cabelo dourado, que brilhava como puro ouro e, em seguida, seus olhos foram capturados pelo olhar lascivo malva-acinzentado, o que fez derreter o seu coração.

Esta distância e esse clima me parecem um pouco perigoso”. Mesmo que ela pensasse isso, não podia nem bater nele, mas permitiu que levantasse sua cabeça enquanto os dedos em sua bochecha a guiavam.

Não, não! Está tudo bem. Raven disse que Edgar não era esse tipo de pessoa”. “Mas, ...Espere, espere um minuto. Me disseram que nada aconteceria. Raven é tão mentiroso?

Seus lábios suavemente tocaram a testa de Lydia. E, depois, ele sorriu todo feliz para ela.

― Acredito que prefiro o caramelo. Tanto que quero guardá-lo para   experimentá-lo mais tarde.

*****

Os ventos que sopravam em Londres dissiparam o nevoeiro que vinha tomando conta da cidade, fazendo o refrescante Sol da manhã espalhar o ar da Primavera ao redor.

Havia muitos rumores sobre o desaparecimento de lord Graham, e aqueles atos criminosos ficaram sem solução, perdidos no nevoeiro, podemos assim dizer. Era inimaginável para Lydia o que aconteceu àqueles homens que desapareceram em meio à escuridão junto com o Fogman.

O Fogman, enquanto fada, foi incapaz de se recuperar e desapareceu do domínio humano. Poderia sim, mais uma vez, recuperar seu poder, mas isso levaria bastante tempo.

Com o desaparecimento de Graham, Edgar perdeu a chance de declarar guerra contra o Príncipe, mas, inesperadamente, ele parecia que não se importava mais. Lydia não compreendia se ele havia decidido desistir de sua vingança, mas depois de ver o destino de Graham, talvez se sentisse como fosse vingado.

Só que aquele que Edgar queria se vingar por causa dos seus companheiros não era Graham, um dos homens do Príncipe, mas apenas a ponta do iceberg. É por isso que Lydia queria acreditar que a vingança não era algo que deveria colocar em prática pelos seus amigos mortos.

De qualquer maneira, as contramedidas e negociações que vieram depois foram prontamente atendidas por Edgar, e a única coisa que se tornou pública foi que Graham era quem usava os bens da família do Barão Worpole, lady Dóris descobriu em segredo, além de tentar parecer que Rosalie estava por trás da situação.

Em relação à Lydia e ao estado de luta que ficou no interior do navio foi explicado que, enquanto Lydia procurava o local onde Dóris, sua amiga, descobriu que o navio era suspeito. Edgar apareceu, depois de ter contado a história para ela, tentando fazer uma visita ao navio de Graham, arranjou uma briga entre os marinheiros a bordo, algo do tipo.

Os que saíram vivos foram os marinheiros contratados que não sabiam dos detalhes secretos, e mesmo que soubessem, não podiam revelar sobre contrabando.

― Os que restaram só puderam manter as bocas fechadas para sempre. – informou Edgar.

Enquanto ouvia e via esta parte dele, lembrou-se que ele era realmente um patife. No entanto, Lydia aceitou a recomendação de Edgar tirar três dias de folga do trabalho para se recuperar. Depois disso, Lydia dirigiu-se para a residência do conde, no seu usual estado de trabalho, onde ele esperava por ela.

Naquele dia, Rosalie e Dóris foram visitar Lydia. Dóris, que foi sedada, não sabia da fúria do Fogman e Rosalie foi manipulada para que não se lembrasse de nada. Depois que o Fogman e fera bogey desapareceram, Rosalie acordou e encontrou Dóris desacordada, correu para ela, balançou-a e chorou. Ela continuou se desculpando tanto, que o ato ficou irritante. Dóris não testemunhou a visão de Rosalie agarrada a ela, mas não havia dúvida que as duas se reconciliaram depois disso.

― Dóris e eu decidimos passar uma temporada no campo. – disse Rosalie com sua expressão usual, que costumava a ser séria.

― Já que Londres é uma cidade muito barulhenta. – falou Dóris com um sorriso agradável.

― Sim, acredito que seja melhor.

― Não concordei com campo no começo, já que odeio ficar entediada, mas Dóris continua dizendo que vai ser breve. Ela nunca cresce, continua agindo como uma criança.

Rosalie estava no seu eu habitual, mas quando Dóris lhe dava uma cotovelada, ela sussurrava de volta:

― Eu sei, eu sei.

― Uh, sinto muito por todas as coisas. E obrigada por nos salvar... Acabei de dizer isso.
Inesperadamente, parecia que Dóris era a mais madura das duas.

― Não pude salvá-la sozinha. Mas, miss Rosalie Worpole, acredito que é melhor você não se envolver mais com as fadas.

― Eu sei... Desde aquele “ovo de fada” e a própria fada nunca me protegeu de nada. Aprendi que as fadas não são confiáveis.

Oh, bem...”, pensou Lydia.

A razão pela qual Rosalie entrou em contato com a fera bogeyfoi porque colocou as mãos no “ovo de fada”. Como ela não nasceu com o poder de ver fadas, não precisaria ter mais preocupação em ela deparar com fadas mal-humoradas como a fera bogey.

― Mais importante, miss Carlton, gostaria de vir conosco?

― Hã?

― Acredito que poderíamos nos tornar amigas. Como é você, não me importaria que se desse bem com Dóris. Pode não haver nada no campo, mas creio que não ficaríamos entediadas se ficássemos as três juntas.

Parecia que Rosalie estivesse falando sério, pois seus olhos brilhavam.

― Mas, ainda tenho algumas coisas para... No entanto, claro, acho que podemos nos tornar amigas.

― Ei, qual é a verdade? Você está sendo ameaçada por Edgar? Se você estiver sendo forçada a trabalhar para ele, precisamos pensar uma maneira para te tirar daqui.

Ela abaixou a cabeça e diminuiu a voz como num sussurro como estivesse contando um secreto.

― Nã-não, estou bem. Nada disso está acontecendo.

― Você pode nos dizer a verdade. Não iremos contar para ninguém.

― Realmente não estou sendo ameaçada, por isso, você não precisa se preocupar.

― Rosalie, não é de bom tom inventar.

Quando Dóris disse isso, ela parecia não estar satisfeita, mas recuou.

― Então, você virá nos visitar em breve?

― Sim, é claro.

― Ora, ora, você não vai me convidar?

Com a voz vinha da porta, Rosalie e Dóris ficaram rígidas.

― Oh, bem-vindo de volta, Edgar. Elas vieram me visitar.

― Bem-vindas, ladies! Por favor, fiquem à vontade.

Diante do rosto feliz e sorridente de Edgar, a feição de Rosalie ficou ainda mais dura e tensa.

― Oh, não, vamos nos despedir agora!

― Mas, você acabou de chegar.

― Sinto muito, miss Carlton, nós não temos tanto tempo. Nós lhe enviaremos uma carta no devido tempo!

Rosalie praticamente estava arrastando Dóris e se dirigiu para a porta, dando uma volta excessivamente longa em volta de Edgar. Uma vez que passaram pela porta, elas não olharam para trás.

― Elas não deveriam ter medo de mim. – resmungou Edgar de uma maneira descontente.

― Isso porque elas estão assustadas.

― Entendo Rosalie, mas por que lady Dóris fugiria?

― Claro, ela deve ter tido uma boa palestra sobre o quanto você é um criminoso maligno.

Ele encolheu os ombros, no entanto, não parecia incomodado pelo fato de ser detestado e temido pelas ladies. Mais do que isso, olhou para Lydia como estivesse admirando uma criatura misteriosa.

― Você não age com medo. Você não ouviu Rosalie?

Seu coração ficou aos pulos, provavelmente, porque ele percebeu ela estar se questionando. Claro, não era como se tivesse ouvido os detalhes. Entretanto, se um homem de comportamento caloroso e gentil, de repente, mudasse completamente de atitude, seria natural não querer chegar perto dele. Dependendo da situação, até Lydia pode passar pela mesma experiência. No entanto, agora...

― Como se isso fosse novidade para mim. Sabia há muito tempo que você era um criminoso.

― No entanto, você chorou e mergulhou nos braços deste criminoso.

― Isso foi só porque fiquei surpresa!

― Oh, agora, você não tem que descartar a possibilidade tão difícil como essa. Desta aquela época, estive pensando algo sobre você.

― Sobre mim?

― Sim, sobre sua parte misteriosa. Todos não sairiam seguros e vivos se não fosse você. Eu a usei apenas para minha vingança. E, ainda assim, você ainda me ajudou, e até salvou Dóris e Rosalie, que foram vítimas do esquema deturpado de Graham. Depois que aquelas duas saíram seguras, senti como estivesse sido salvo duas vezes por você. Acredito que você seja realmente minha fada da boa sorte.

Não era algo tão glamouroso. Eles foram salvos graças às sílfides e até isso foi uma coincidência. Boa sorte... era algo improvável. Lydia era uma caloura indefesa.

Hm? Disse algo que te fez ficar triste?

― Agora, lembro-me de que tinha pensado em algo desde então.

― O quê?

― Reparei neste incidente que sou inexperiente e despreparada.

Ao ouvi-la falar com um tom sério na voz, Edgar elevou ligeiramente as sobrancelhas.

― Desse jeito, não deveria ser contratada exclusiva da família do conde...

― Espere só um minuto, Lydia. Você está dizendo que vai embora?

― Vou voltar para a Escócia e estudar muito mais.

― Onde estou errado? Se há algo que você não gosta em mim, vou mudar. Então, por favor, não me diga que quer acabar com nosso relacionamento.

― Por que você faz parecer fim de um namoro?

― Ou você encontrou um homem que você gosta? Se esse homem for tirá-la de mim, então, vou desafiá-lo para um duelo. Se ele não é um homem que pode morrer por você, não pretendo recuar.

― Pare de brincar!

Ele deve ter notado que não conseguia varrer a situação para embaixo do tapete brincando, por isso, sentou no sofá próximo de maneira cansada.

― Não estou brincando. Será que você não entende o quanto é necessária para mim?

― Mas, não sou de muita utilidade aqui como fairy doctor.

― Você salvou a todos nós do Fogman.

― Isso foi apenas uma coincidência.

― Preciso do seu lado puro e honesto, provavelmente, mais do que a fairy doctor. Se você, que me ensinou que não tenho que odiar ninguém, me deixar, então, quem irá me consolar?

― Quero me tornar uma verdadeira fairy doctor. Não uma amante para consolá-lo.

― Amante! Isso me parece ótimo! Se você ficar ao meu lado, poderá mudar de ideia.

E assim, ele lhe mostra o maior e mais sedutor olhar. No entanto, a maior falha de Edgar era que não havia nenhum sentimento honesto por trás daqueles olhos. Como de costume, Lydia não conseguia acreditar naquele ar de flerte que falava com ela.

Seu beijo em sua testa era apenas uma das suas brincadeiras habituais, ou mesmo o sinal de amizade, como ela fosse mais uma companheira. Ou talvez... De qualquer maneira, ela permaneceu confusa e acabou aceitando.

Parecia besteira ser excessivamente consciente, então, fingiu que tinha esquecido, mas quando olhava para o rosto dele, de repente, se enchia de vergonha. Estava curiosa sobre quais eram as suas intenções, mas também irritada com essa parte de si mesma. Por isso, ela tomou a liberdade e se concentrou em pensar como ser uma fairy doctor completa.

― Edgar, estou falando sério.

― Se você quer estudar, pode fazer por si mesma. Então, por que não poderia ser aqui?

― O número e as espécies de fadas são muito poucos em Londres. Mesmo que se fosse contratada particular da família do conde, dificilmente não há trabalho algum. E não pretendo ser contratada para ser sua parceria de brincadeiras. E isso tudo é contra a minha vontade.

― Talvez você queira trabalhar?

Ele disse algo completamente inesperado, o que fez Lydia questioná-lo. “O que este homem está pensando de mim?”.

― Bem, não se torna independente se você trabalhar duro e acumular experiência?

― Por que você não me disse antes?

Num curto espaço de tempo, ela inclinou a cabeça em confusão. Edgar chamou Tompkins, sendo que este trouxe uma caixa que mal conseguia levar com os braços e a colocou na frente de Lydia.

― O que é isso?

― Petições.

Dentro da caixa havia um número de cartas que transbordavam.

― Para simplificar, assim que chegou a notícia a todas pequenas propriedades de que sou herdeiro da família do conde, as cartas começavam a vir de diversas pessoas que vêm sofrendo com as relações incômodas com as fadas durante a longa ausência de seu lord. Escreveram pedindo ajuda sobre o atual estado das coisas. Como seria de esperar, certamente, há muitas fadas habitantes vivendo nas propriedades menores da família do Cavaleiro Azul, em vez da Terra das Fadas.

“As fadas estão roubando nosso cultivo. Elas estão criando um tumulto no telhado no meio da noite. Estão monopolizando a água do poço. Soltam o nosso gado. Deixam pegadas na lavanderia...”. Havia uma enorme pilha de cartas escritas sobre vários problemas em que os fairy doctors se envolviam desde os tempos antigos.

― Por que você não me mostrou isso mais cedo?!

― Estava preocupado com a montanha de trabalho que esperava por você assim que começasse.

― Isso significa que você as tenha guardado por semanas!

O tempo que ela estava falando para ele parecia um desperdício, por isso, Lydia transferiu imediatamente a caixa inteira para mesa próxima à janela. Sentou-se na área iluminada e se concentrou em passar os olhos pelas letras.

― Mas, Lydia, realmente aprendi com esse incidente. Quando recebi o nome de Conde Cavaleiro Azul significa que carregarei o ódio que ancestrais tinham dos poderes mágicos pertencentes distintamente desta família. De acordo com a sua história, as fadas aparentemente podem viver centenas de anos e parece que os sucessores do título castigaram e puniram as fadas más. O que quer dizer que não importa se um novo humano consiga o nome, pode haver fadas, como Fogman, guardam rancor contra o conde.

― Desculpe, mas podemos conversar mais tarde?

Ela queria concentrar-se nas cartas. Assim que possível, ela precisava reunir maneiras de lidar com todos os problemas e enviar as respostas. Lydia sentiu a excitação se acumular em desafio, deixando-a completamente absorta nos papéis.

― Tudo bem, ainda há muito tempo para nós dois. Desde que seja conde, não posso permitir que você fuja.

Claro que ela não estava ouvindo. Raven entrou com o chá pronto. Observando o rapaz colocar as xícaras de chá com as mãos obedientes e treinadas, Edgar sorriu alegremente.

― Parece que evitei uma conversa sobre o fim de nosso relacionamento.

― Muito bem, my lord.

― A propósito, Raven, quem ganhou a aposto do beijo?

Ele olhou em direção à Lydia pelo peitoral da janela como estivesse preocupado se ela estivesse ouvindo.

― Ela não pode ouvi-lo agora.

― Foi um empate. Porque lord Edgar tinha terminado de uma maneira tão indiferente.

― Você está com raiva?

― Não. Tenho o coração para seguir qualquer ordem que me seja dada. Só que não consigo pensar que seja tão difícil para você ganhar um beijo de miss Carlton, passando pelo trabalho de me fazer apostar e baixar a guarda.

― Isso porque Lydia se torna excessivamente tensa quando me aproximo demais. Sinto-me como fizesse algo terrível, mau se rompesse essa parede.

― É muito cruel.

Havia uma voz que vinha da porta. Um gato parado em suas duas patas traseiras falou com eles. Ou ele pensou.

― Eu só queria me familiarizar mais com Lydia. Você não acredita que um homem e uma mulher podem ficar mais íntimos com apenas um beijo do que cem palavras?

― E, no entanto, você deixou passar aquela preciosa chance? – perguntou Raven.

Raven aparentava que estava realmente um pouco frustrado. Ele tinha trabalhado tão duro para cumprir uma ordem tola dada por Edgar e conseguir fazer com que Lydia concordasse com uma aposta. No entanto, aquele beijo infantil fez com que todos os seus esforços fossem água abaixo. De qualquer maneira, para Raven, que não conseguia transmitir tão bem seus sentimentos, este foi um bom começo.

Repousando sua bochecha na palma da mão, Edgar expressou um sorriso feliz.

― Sinto muito colocá-lo em um campo que você tem certa fraqueza. Mas, como você mesmo disse, Lydia, naquele tempo, estava excepcionalmente aberta, e me sentiria mal por fazer aquilo.

Era realmente uma sensação de que ele simplesmente não podia desperdiçar algo em uma oportunidade tão casual. É como esperar o melhor momento para saborear seu vinho preferido.

Hmmm, então, você raciocina. Pensei que fizesse qualquer coisa a qualquer momento como bem entendesse.

Nico se aproximou e pulou em uma cadeira disposta próxima à mesa. Parecia que ele participaria da hora do chá. Sem hesitar, Raven colocou uma xícara na frente do gato que usava uma gravata como fosse a coisa mais natural. Por mais absurdo que fosse um gato beber chá ou abrir a boca para falar de modo irritante com ele, Edgar estava gradualmente perdendo a resistência em relação a ele.

― Nico, não me trate como se eu fosse algum tipo de animal selvagem.

― Um animal selvagem não entra em cio o ano inteiro.

Raven parecia que tinha rido baixinho. Havia coisas mágicas e misteriosas que aconteciam todos os dias ao redor de Lydia. Não era como se Edgar fosse capaz de visualizar o Fogman, mas testemunhou a névoa e os ventos peculiares de não poderiam ser descritos como um fenômeno natural.

Quando ele estava com ela, seus olhos foram abertos para um mundo que nunca conheceu. A percepção de mundo de Lydia estava muito distante da realidade selvagem e desumana com que Edgar estava familiarizado e soprava para o seu interior como os ventos silvestres de Primavera. E assim, ela o puxou para fora do nevoeiro. De dentro do nevoeiro profundo que ele havia se perdido há oito anos. Muitos outros nas mesmas circunstâncias morreram, mas Edgar permaneceu vivo. Sentira-se atormentado por isso, mas quando Lydia ficou ao seu lado, mesmo depois de ter sido engolido pelo Fogman, ele conseguiu superar esse fato.

Lydia não tinha nenhuma relação com o passado de Edgar, mesmo assim, a garota, que não tinha obrigação em ajudá-lo, chorou e disse que sentia muito enquanto o segurava. Ele notou que a sua parte fraca foi sustentada por aqueles braços delgados e macios dela. Se havia alguém que não o deixaria até o final, então, ele se conscientizou que não era pecado ser o único a sobreviver.

Foi a mão de uma salvadora que lhe foi dada, que era apenas ódio e arrependimento. Mesmo que a pacífica tarde de Primavera não durasse para sempre, ele desejava que um dia como este, sob o Sol de Primavera, se estendesse um pouco mais. Olhando para Raven, que, silenciosamente, colocou uma xícara ao lado de Lydia, Edgar soltou um sussurro:

― Nesse ritmo parece que não vou receber nenhuma atenção por um bom tempo.

― É por isso que você escondeu as cartas? – perguntou Nico.

Com uma colher de prata em uma pata, o gato de cabelos grisalhos mexeu seu chá que estava cheio de um delicioso leite.

―Bem... Enquanto ela permanecer aqui, acredito que posso suportar.

Só então, ele levantou a cabeça para perceber que havia mais uma xícara de chá para alguém em um lugar vago ao lado de Nico. Uma brisa musical de Primavera entrou pela janela aberta, levantando e girando o cabelo cor de caramelo de Lydia e as cortinas azuis claras. Uma pétala de flor trazida pelo vento silvestre caiu para dentro do chá.

Nota da tradutora: Tinha lido este livro há pelo menos uns 3 anos em inglês e não lembrava o quanto  ele é bom! Repare que Mizue escreve  com base em pesquisa! Nada é jogado, como no caso das silphs, que em outras palavras são as sílfides, as fadas do ar. São da mesma família que os elfos, mas estes últimos são bem maiores.
Vamos à frase do capítulo...

― Acredito que prefiro o caramelo. Tanto que quero guardá-lo para experimentá-lo mais tarde. 

Não era ele que disse que laranja era melhor? Calhorda!! E precisou a Lydia quase desaparecer para ele perceber o quanto ela é maravilhosa. E faz muito bem a Lydia dar aquela gelada nele! Merecidíssimo!

Vem aí então o Livro III, chega por aqui em meados de julho! Ele foi adaptado para o anime, mais precisamente os episódios 5, 6, 7 e 8. É a primeira vez que o Kelpie aparece. Então, te espero logo mais! Prestigie, divulgue! Superobrigada! E até lá!

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