sábado, 4 de março de 2017

A Cruz de John - Capítulo 2 - Volume I - Hakushaku to Yousei - Light Novel

Olá! Seja bem-vindo(a) ao 2º capítulo do Volume I de Hakushaku to Yousei. Enjoy!

Na corte imperial do século XVI da Rainha Elizabeth, existiu um lord chamado Conde Ashenbert. Ele se autointitulou como descendente do Conde Cavaleiro Azul, foi um aventureiro que desbravou o mundo todo, e contava estranhos e maravilhosos acontecimentos que viveu e eram ouvidos pelas pessoas da  Corte. Um ouvinte compilou todas as suas histórias e escreveu um livro sobre o antecessor do Senhor Cavaleiro Azul, que é conhecido como “Senhor Cavaleiro Azul – o viajante do Mundo das Fadas” por F. Brown. Lydia conhecia muito bem este livro.

Era uma das várias histórias que seu pai lia após a morte de sua mãe. Ela se lembrava de que seu pai dizia que a história era verdadeira. Claro que para Lydia, que sabia da existência das fadas, não ousava duvidá-la. Só ficava admirada por existirem clãs que reconheciam um ser humano como seu governante, quando havia um Rei das Fadas em uma terra onde as fadas viviam.

Um livro que retratou um Senhor Cavaleiro Azul, e que, muito provavelmente, era a parte que as pessoas acreditavam, e, lógico, a parte das fadas era ficção.
No entanto, Lydia acreditava que não havia nada irreal em qualquer parte da maravilhosa e mágica história deste livro. As informações sobre a preciosa espada, da qual Edgar disse, se encontravam nesta história.

No último capítulo, há uma cena em que LordCavaleiro Azul deixa Edward I. Ele conta que voltará para o País das Fadas. O rei, por sua vez, indaga se ele voltará à Corte. O Cavaleiro Azul responde: “Claro que se Sua Majestade precisar de meus serviços, voltarei. E não importa onde eu estiver. Sou sempre o humilde servo de Vossa Majestade. Porém, o tempo das fadas corre do mundo humano. Um ano lá corresponde a centenas de anos por aqui, por outro lado, envelhecer 10 anos lá corresponde a alguns dias por aqui. Portanto, peço à Vossa Majestade que sempre que eu, ou qualquer um de meus descendentes, retornar a você, por favor, seja capaz de nos reconhecer”. Neste momento, o rei entregou a espada ao Lord Cavaleiro Azul.  Então, em nome de Edward I, não importa quem seja o rei da Inglaterra, este receberá aquele que é o Conde Cavaleiro Azul. Após isso, o número de Cavaleiros Azuis aumentou na corte real da Inglaterra. Destes, apenas um deles foi reconhecido pelo sir Brown, que escreveu a história do Lord Cavaleiro Azul.

E, agora, Edgar era o descendente. E a única coisa que lhe falta é obter a preciosa espada de Edward I, como prova de sua posição como conde. Acreditando nisso, foi oferecido à Lydia trabalhar como uma fairy doctor.

― Então, acredito que esteja tudo bem. Por que você não o ajuda?

Nico se encontrava excepcionalmente com bom humor essa manhã. Pois, fora devidamente entregues em seu quarto panquecas e baconem seu quarto.

― Ei! Você não disse ontem que estava bastante desconfiado sobre quem ele era?

― Contudo, se você não fazer isso, será jogada em algum lugar desconhecido e sem nenhum tostão.

Gostaria de saber se aquela ameaça de verdade real.

― Mas, mesmo que eu o ajude, não garante que iremos encontrar a preciosa espada.

― Basta pedir que o dinheiro seja pago antecipadamente. É melhor inteirá-lo que você tem um valor. Ah! Mas também há ideia de fugirmos assim que conseguirmos o dinheiro. – disse o gato despreocupado e arrogante, enquanto amarrava um guardanapo em seu pescoço e usava garfo e faca de modo imponente para levar a fatia de bacon para sua boca.

Se alguém que ganhasse o dinheiro, essa pessoa seria responsável para realizar o trabalho para ele. No entanto, Lydia se encontrava indecisa porque não tinha certeza se Edgar era o verdadeiro herdeiro da preciosa espada.

Embora, como Nico diz, a menos que não fugisse com dinheiro, seria difícil recusar a ajudá-lo.

― Tenho que escrever para o papai.

Lydia pegou um papel e um envelope que estavam na escrivaninha perto da janela.
“Pai querido, acredito que estarei chegando em Londres mais tarde do que imaginava. Um cavalheiro chamado Conde Ashenbert me ofereceu um emprego relacionado às fadas.
Ele diz que é o descendente do Lord Cavaleiro Azul. Eu não sei se ele é realmente, mas parece que não vai me liberar a menos que termine meu trabalho”.

Ela se perguntou se deveria escrever sobre o período em que ficou presa por um homem chamado Huxley, mas decidiu que isso só o preocuparia, e por isso, não escreveu.
“De qualquer forma, não se preocupe comigo. Tão logo, cuide-se”.

Depois de assinar seu nome e fechar o selo, ouviu uma batida na porta. Edgar entrou contente. Ele disse bom-dia com um sorriso claro e nítido. Seus cabelos louros cintilavam no Sol brilhante da manhã. Ele parecia tão perfeito que ela começou a sentir ciúmes e se perguntou se Deus o privilegiou demais.

― Qual seria o assunto?

― Eu pensei que deveríamos discutir nossos planos neste momento.

Ele caminhou arrogantemente como estivesse em seu próprio quarto e sentou em um dos sofás. Seu servo estrangeiro o acompanhava e ficou na porta imóvel. Nico já havia terminado a refeição e, se encontrava esticado no sofá, e por isso mesmo, Edgar não chegou a testemunhar a sua excepcional forma de se alimentar.

― Em primeiro lugar, olhe isto.

Edgar pousou uma moeda na mesa próxima a ele. Lydia sentou-se de modo que dava para encará-lo e pegou a moeda em sua mão.

― Uma velha moeda de ouro.

― O brasão da família do Conde está nela. E você pode ver o que está nela? De acordo com a nossa família, foi escrito pelas fadas.

― É tão pequeno não consigo ler.

― Mesmo que você seja uma fairy doctor?

Lydia se sentiu ofendida.

― Você sabe que isto pode ser lido por meio de lupa. Quando o assunto se trata sobre as fadas, as pessoas encaram como algo misterioso, e esperam que se use alguns poderes mágicos e poof! O problema seria solucionado. Porém, a arma de um fairy doctor é o conhecimento sobre as fadas e possuir habilidades para negociar com elas. Eu não sou uma bruxa.

― Compreendo. Então, esta é uma cópia feita por meio de uma lupa. Agora você lê-la?

Entregou rapidamente um pedaço de papel à Lydia, que franziu o cenho.

Ele poderia ter-me entregue desde o começo.

Além disso, o bilhete revelou uma coleção de letras embaralhadas, algo peculiar delas. Mas, se você ler sem que fossem criadas pelas fadas, então, você poderia perceber imediatamente que havia um alfabeto.

― Isto, sem dúvida, está em inglês. Você está me testando?

― Não conheço sua habilidade. Na sociedade, há pessoas que se aproveitam de outras alegando ver algo que não é possível, ou falam sobre como apenas elas podem entrar em contato com fantasmas, fadas e visões do futuro. No entanto, você não conectou com algo obscuro e inexplicável e não é porque não sou capaz de entender. E você não me parece que dê uma resposta vaga. Apenas que queria saber se isto sirva para algo a nós dois. – ele disse claramente como não fosse nada.

Lydia franziu o cenho ainda mais. Era irritante, algo como ela estivesse sendo subestimada.

― Então, my lord, cujo descendente do Lord Cavaleiro Azul, não consegue ver as fadas, acredita que as fadas escreveram isso?

― Isto foi gravado por seres humanos. Se for um trabalho que seja menos minucioso, então é algo que qualquer pessoa possa fazer. Não serve que existam fadas.

― Logo, está dizendo que você é alguém que não acredita em fadas. Mesmo assim, crê na existência de uma espada preciosa, protegida por elas, e procurou a ajuda de fairy doctor que não sabe se é ou não é uma fraude?

― A espada do Lord Cavaleiro Azul por si só tem uma origem histórica e não há indício de algo místico nisto. A questão é onde ela está escondida. Nomes das fadas são usados como palavras que nos guia para a sua localização. Lydia, você disse que a habilidade do um fairy doctor era seu conhecimento sobre as fadas e poder de negociação. Só quero esta sabedoria. Não preciso de poderes mágicos. Só quero que você seja capaz de entender o que as palavras gravadas aqui significam. Firo seu orgulho, que alguém como eu, que não acredita em fadas, te pede ajuda como fairy doctorpara entender isso?

Diante de seu olhar desafiador, crescia dentro de Lydia um ímpeto que ele admitisse que errou e aceitasse a razão dela. A razão pela qual os fairy doctors foram necessários durante tanto tempo. O laço entre as fadas e os seres humanos era tão forte que apenas o conhecimento não iria desvendá-lo.

― Edgar, não adianta apenas o meu conhecimento, pois você não vai conseguir colocar a espada preciosa em suas mãos.

― Que honestidade! Então, você deve ler primeiro isto.

Lydia tomou fôlego e apanhou o pedaço de papel entregue a ela.

[O green jack do berço do spankie. Uma dança com duendes na noite de luar. Além da cruz do silkie. O labirinto de pooka].

― O que é isso?

― Isso é o que quero saber.

Assim como os primeiros enigmas, os nomes das fadas ainda apareciam neste. Sem parar, Lydia decidiu passar os olhos em tudo.

[... Troque com a estrela Merrow. Caso contrário, será ouvida canção da lamentação dos merrows.].

― Isto é tudo?

― A estrela Merrow, provavelmente, é a estrela de safira que está na espada preciosa.

― Então, este último trecho é a parte mais importante relacionada à espada preciosa.

― Pergunto-me, o que significa a troca com uma estrela. – murmurou Lydia.

― Eu também não sei, assim como o restante.

― Tenho certeza que a primeira parte é indicação do esconderijo. Mas, onde estão as propriedades da família do conde? Se não formos para lá, não posso dizer nada em definitivo.

― Minha família possui terras e propriedades em toda Inglaterra.

Edgar estendeu um mapa, onde estavam marcados vários xis em vermelho em diversos lugares.

― Por onde vamos começar? – perguntou Lydia.

― Eu gostaria de saber isso também.

Lydia estava perplexa. Se fosse passar um pente fino em cada um deles levaria uma quantidade de tempo absurda. E ainda assim, este homem a forçaria até que descobrisse o que ele quer. Claro que do ponto de vista dele é apenas um trabalho que ofereceu à Lydia.

― Um trabalho. – Lydia sussurrou.

E no final, apenas sobrava a ela a opção de aceitar. No entanto, se ela encarasse de forma positiva, era uma rara oferta de trabalho decente. Se ela queria se tornar uma profissional, então não deveria hesitar em momento como esse. E como Lydia se sentiu ansiosa, seu espírito de luta foi despertado.

Talvez haja uma pista que aponte qual propriedade está no enigma.

Ela correu os olhos pelo mapa e memorizou-o, percebeu algo sobre os nomes.

― Bem, parece que é usado os nomes de várias fadas da Irlanda.

― Sério? Mas, minha família não possui propriedades ou castelos na Irlanda.

― Merrow é o que as pessoas na Irlanda chamam de sereias. Isso aponta para onde a espada está. Provavelmente ela se localiza em algum lugar perto do mar.

Ela rastreou o lado oeste da costa que se encontrava perto da Irlanda. Havia um trecho da costa que estava conectado com o mar irlandês.

― Ah! E aqui? Manann Island. Se é uma ilha, então deve ter uma ou duas lendas sobre as sereias.

― Então, vamos começar por aqui.

Parecia que ela tomaria um caminho mais longo para chegar a Londres.

― Para sua informação, eu não trabalho de graça. Você vai ter que me pagar adiantado.

― Certamente! Quanto?

Agora que ela pensou nisso, pois nunca tinha realmente tido uma oferta decente para o seu trabalho até o momento. Então, ela notou que não tinha de fato decidido sobre um preço exato para seus serviços. No entanto, se isso ela deixasse escapar, então ele a subestimaria. Desse modo, Lydia desesperadamente fez uma cara indiferente.

Vou ser menosprezada se pedir um preço baixo. Ousada, ela mostrou cinco dedos de sua mão para Edgar.

― Raven. – Edgar chamou seu criado, sem nenhuma objeção ao pedido de Lydia.

Raven saiu rapidamente da sala sem esperar instruções e voltou imediatamente. Em suas mãos estava uma bandeja de ébano com um cheque. Na frente de Lydia, Edgar assinou o cheque. Quando ela olhou para o cheque entregue, Lydia ficou quieta e por pouco não gritou ase gritar de surpresa.

― Isso é o suficiente?

Pensou que estivesse cobrando um valor exorbitante de 50 libras, mas 500? Se ela estipulasse uma fortuna de modo tão leviano, ficaria encabulada e não poderia corrigir o mal-entendido.

― Isto sela nossa negociação. Estarei esperando bastante de você.

No momento em que Edgar se levantou do sofá, Raven, pela primeira vez, falou com Lydia.

My lady, gostaria que enviasse sua correspondência?

Parecia que ele tinha visto a carta na mesa. Certamente era um servo atento a tudo. Se estivesse em uma situação corriqueira, Lydia pensaria nisto, mas nesse lugar e momento, ela imediatamente sentiu uma mudança inquietante no ar.

Raven percebeu que Lydia tentava entrar em contato com alguém de sua convivência intencionalmente, e por isso, perguntou a ela para que Edgar ouvisse.

― Tudo bem. Eu mesma posso enviar. – ela respondeu apressadamente, mas sabia que Edgar lançava um olhar afiado para o envelope.

― Uma carta para quem?

― Para meu pai. Escrevi para avisá-lo que chegarei a Londres mais tarde do que previsto. Isso é ruim?

― Vai ser ruim se nossa localização for vazada. Huxley e seus homens podem chegar antes de nós.

― Só vou dizer a ele que vou chegar atrasada.

― Apenas isso se tornará evidente que está me ajudando. Por favor, entenda, Lydia, uma vez que você concordou com nosso contrato, sou seu empregador. Todos os segredos devem ser confidenciais. E gostaria que você seguisse minhas instruções.

Ele não disse com uma voz áspera, mas havia uma determinação que não aceitava qualquer objeção. Ele estava acostumado com os outros o servindo. Com seus olhos plácidos, voz digna e postura reta, mas poderosa, tinha tudo a qualidade de um nobre de alta classe, que fez de suas palavras algo inegável.

Mesmo sentindo uma vontade de retaliá-lo, Lydia permaneceu em silêncio.

― Peço desculpas por não ser racional. Mas, Lydia, não me perturbe muito. Seria bem melhor para você...

Ela se perguntou se enviasse a carta secretamente, seria jogada no mar. Sua voz calma lhe causou medo. Uma mistura entre calma e algo sombrio.

A única coisa que Lydia entendeu que, no final, estava na mesma situação em que se encontrava presa a Huxley. Ela não conseguia comparar qual homem, Edgar ou Huxley, ou melhor, os dois poderiam fazer mais mal a ela. No entanto, tinha certeza de que Huxley era um homem mais fácil de lidar.

Sua carta para o pai ainda estava em cima da mesa, e a razão pela qual não foi confiscada, é que, provavelmente, sabia que ela não a enviaria. Para provar isto, Lydia não apresentava resistências para fazê-lo.

O servo leal não era um mero criado de Edgar, mas também um braço direito inteligente. Contudo, Lydia viu que ambos possuíam um laço mais forte, algo como parceiros de crime. Para ser exata, é como diziam que, ele realmente mataria qualquer um que machucasse Edgar.

― Ei, da próxima vez, certifique-se que traguem o chá com leite mais quente. Não tenho a língua sensível como gato. – disse Nico a Edgar e Raven quando saiam do quarto.

Lydia olhou para Nico, perguntando-se o que ele queria dizer, mas Edgar pareceu não notar que ele falou alguma coisa. Apenas Raven parou brevemente, mas depois sugeriu que ele imaginou isso e seguiu seu mestre.

― Se autointitula herdeiro do LordCavaleiro Azul, mas ele é um menino que se recusa em acreditar que um gato pode falar. Ele nunca será capaz de ver fadas ou compreendê-las.

Ela se perguntou se isso significava que ajudaria um impostor. De qualquer modo, não tinha escolha sobre o assunto. A força de Lydia foi drenada de forma que ela se tornou uma cativa.

A partir de então, toda vez em que ela saia do quarto, Ermine a acompanhava. Ao contrário de seu estranho e indiferente irmão, ela era cordial e conversava de modo caloroso com ela. No entanto, não sabia se isso era um mero espetáculo. Porque ela era a criada de Edgar.

― Senhorita Carlton, a luz do Sol está forte hoje. Por favor, use isto. – disse Ermine enquanto a cobria com um guarda-sol quando saiu sozinha para o convés. Havia passageiros que olhavam com curiosidade para a empregada com roupas de homens, mas Ermine não lhes dava atenção.

Lydia não era uma filha da alta sociedade e que se preocupava com o bronzeamento, mas ela invejava a bela pele branca de Ermine.

― O clima está excepcionalmente lindo para este país. – observou Ermine. Parecia que sua expressão mostrava que estava se lembrando do Sol em um país estrangeiro.

― Senhorita Ermine, você esteve em um país diferente?

― Por favor, me chame de Ermine. E sim, não sou britânica.

― Agora que penso sobre isso, Edgar também disse que tinha saído de outro país até agora... Então, isso deve ter sido verdade.

― Você não confia em Lord Edgar?

― Isto porque ele... Nosso primeiro encontro ele me agarrou de repente, prendeu meus braços atrás das costas. Além disso, não sei se ele é amável ou assustador. Ou se é um cavalheiro ou outra coisa. Em primeiro lugar, ele é um conde realmente?

Ela respondeu apenas com um sorriso suave e não mencionou nada sobre o seu mestre.

― E aquele rapaz chamado Raven. Ele é jovem, mas há uma falta de expressão em seu rosto, e é assim sempre. Edgar ordenou que ele não sorrisse? Se fora ordenado, ele parece que segue isso à risca.

― Raven é esse tipo de criança. Não que ele tenha sido ordenado a agir assim. Ah, mas se fosse ordem de Lord Edgar, ele não faria outra coisa a não ser segui-la.

Esse tipo de criança. O jeito que ela disse parecia que era muito próxima dele. Um relacionamento como ela estivesse cuidando gentilmente dele. Devia sentir a curiosidade de Lydia e respondeu à sua pergunta.

― Raven é meu irmão mais novo.

― Hum, mas ele...

― Nossas cores de peles são diferentes porque somos de pais diferentes. Senhorita Carlton, você diz que sabe coisas sobre as fadas, mas já viajou ao mundo delas?

― Bem, sim. Você pode não acreditar em mim, mas, as passagens estão em toda parte. Na fronteira entre as sombras e a luz solar, em lugares onde o vento momentaneamente muda de curso, nas matas de espinheiros e arbustos dos sabugueiros, e nas sombras das folhas de trevos.

― Em nosso país, a existência das fadas também era real. No entanto, como algo mais assustador. E havia crianças que nasceram com o sangue de temidas fadas. Raven foi esse tipo de criança.

― Oh, é verdade? Então, ele pode também ver e falar com fadas?

― Não tenho certeza. Ele era uma criança que não gostava de conversar com outras pessoas sobre as fadas.

Ela pôde entender o que não queria falar com os outros sobre isso. Se Lydia fosse tranquila referente a isso, então também agiria do mesmo modo. Mas, é evidente, para não esquecer a mãe, sempre mantinha sua atenção para aquele mundo mágico. Contudo, da mesma forma, sussurravam atrás dela, que Lydia era uma fada changeling de uma criança pequena. Ela não se parecia nem com seu pai ou com a mãe, a cor de seus olhos era extremamente rara.

Seus olhos seguiam algo quando estava sozinha no berço, e, então, de repente sorria e ria. Quando ela cresceu, brincava com algo invisível e conversava com ele, como estivesse falando consigo mesma, e isso perturbava sua babá.

Ela simplesmente ignorava aqueles que a chamavam de estranha, mas quando era apontada como changeling, era chocante e triste, como seus laços e lembranças de sua mãe fossem negados.

― Então, ele também teve más experiências. É algo que os outros não conseguem entender.

― Eu acredito que sim. E no caso de Raven, é uma encarnação de um espírito maligno. Originalmente, era considerado como uma existência horrível, e aquele que fosse possuído, era afastado da sociedade. Assim como sou sua irmã mais velha, não era capaz de entendê-lo como um todo. Nós deixamos nosso país como estivéssemos caçados, entretanto, encontramos pelo caminho Lord Edgar e, finalmente, achamos nosso lugar no mundo.

― Por que ele é o conde do País das Fadas?

― Tanto faz que ele seja conde ou não. Porque ele é homem triste.

Triste? Para Lydia, ele era arrogante e coercitivo, manipulava os outros como um peão de seu próprio jogo. Parecia se aproveitar de perigosos negócios com os outros e caçar tesouro.

Lydia inclinou a cabeça e Ermine mexeu os lábios em uma expressão que parecia um sorriso triste.

― A bondade e a severidade do lordfazem parte de sua tristeza. E é por isso que ele também aceita nossa tristeza. Só desejo que o mundo das fadas lhe traga a verdadeira tranquilidade.

Lydia se perguntou o que ela queria dizer com a verdadeira tranquilidade. Ou porque era o lugar que os descendentes do Lord Cavaleiro Azul retornariam ou porque era seu desejo, mesmo que não fosse o verdadeiro herdeiro. Lydia não sabia.

Edgar, Raven e Ermine mostraram suas várias facetas, uma após a outra, como suas figuras fossem um caleidoscópio.

O alarme soou. O som baixo e vibrante foi sugado pelo céu escurecendo.

Um grupo de pessoas que estavam conversando no convés apontou para algo no mar. Lydia se esticou para ver o que era. Era um navio de patrulha do exército. A grande sombra negra dirigia-se na direção deles. E, então, o navio a distância gradualmente diminuiu.

― Eu me pergunto, o que aconteceu. – disse Ermine mexia as sobrancelhas de modo nervoso. – Vamos voltar para o quarto, senhorita Carlton.

A sala para onde Ermine conduzia Lydia era a cabine de Edgar. Edgar se encontrava em pé junto à janela, olhou furioso para o navio-patrulha preto, e de repente, sorriu como se pensasse em algo divertido. Ele virou-se para Lydia:

― Talvez Huxley esteja atrás de nós.

― Isso é impossível. Você está dizendo que ele se uniu ao exército?

― Bem, vamos descobrir em seu devido tempo.

Huxley podia estar se aproximando, mas Edgar não mostrou nenhum sinal de preocupação.
De acordo com a explicação do capitão, havia aparentemente alguém muito perigoso escondido no navio, e, portanto, a tripulação iria inspecionar os quartos. Talvez Huxley prestou queixa a alguém que conhecia esse tipo de situação. Havia a possibilidade de que Lydia e Edgar foram vistos correndo para este navio.

Após de algum tempo, um oficial militar entrou no quarto com alguns de seus homens, apresentou-se como tenente-coronel e disse de forma polida:

― Sinto muitíssimo, milord, mas podemos ter a sua permissão para inspecionar a sua cabine?

― Vá em frente. Seria problemático para mim se houvesse alguém perigoso escondido nesta cabine. Há quartos que não estamos usando, então, por favor, inspecione esses também. – disse Edgar sem hesitação sentando-se no sofá.

Enquanto seus homens faziam a vistoria, o tenente verificou as identidades de Raven e Ermine, e fez algumas simples perguntas para Lydia. Em seguida, solicitou para entrar em seu quarto.

― Uh, sobre esse procurado, que tipo de pessoa ele é?

Caso era de fato o relatório de Huxley, Lydia estava curiosa para saber que tipo de queixa apresentou.

― Bem, o procurado poderia ser o único atrás dos assaltos que acontecem em Londres.  Nós temos um relatório que ele pode ter um refém, e nós decidimos entrar em ação imediatamente.

― Um refém...

― Sim, senhorita. Foi dito que ele ameaçou e raptou uma jovem mulher. Uma garota da mesma idade que você.

― Tenente, por favor, não diga nada que a assuste. Já é uma notícia terrível. O ladrão que você diz não é o mesmo que as pessoas têm comentado ter matado uma centena de pessoas?

As palavras de Edgar fizeram com que Lydia se lembrasse da notícia no jornal. Ela se perguntou se Huxley usou um assalto real onde o ladrão estivesse foragido. E afirmar que o ladrão mantinha um refém, talvez ele também procurasse por Lydia. Talvez ele não tenha previsto que Edgar e Lydia possuíssem os bilhetes, e planejasse capturar os passageiros que não tivessem seus nomes na lista de cabine.

― Peço desculpas. Mas, my lord, o rumor de que ele era o assassino americano é porque eles apresentam características semelhantes. Esse assassino foi executado.

Seus homens voltaram da inspeção com a informação que não encontraram nenhuma irregularidade. Logo após o relatório, o homem que estava tomando notas atrás do tenente interrompeu de repente.

― Tenente, sobre esse ladrão, o relatório diz que ele é um jovem louro e seus olhos são violetas.

O tenente não escondeu sua cara feia.

― Loine, é o bastante.

― Entendo. É uma característica comum. Há um aqui. – disse Edgar francamente.

Lydia não se conteve, se virou para encará-lo. Agora o observando, ele tinha as mesmas características. No entanto, se era apenas isso, então havia outros com os mesmos aspectos.

Mas...

Lydia tinha um mau pressentimento e não conseguia tirar os olhos de Edgar.

― Bom, parece que nosso trabalho aqui está feito. Precisamos ir ao quarto ao lado. Obrigado por sua cooperação.

― Obrigado pelo seu serviço.

Depois que o tenente e seus homens se retiraram do quarto, Edgar deve ter notado o olhar de Lydia e voltou-se para fitá-la.

Ela virou a cabeça para trás, mas como fez como algo pouco natural, a deixou mais suspeita e ela se odiava por isso.

― Lydia.

― Sim?

― Chegaremos ao porto de Scarborough, em cerca de duas horas. Certifique-se que esteja pronta para desembarcar.

Sem fazer qualquer pergunta, Edgar apenas sorriu para ela com seu comportamento habitual incontestável.

― Loine, o que estava pensando? Queria chamar o conde de ladrão?

― Não, senhor tenente, é que o conde se assemelha a ele.

― Não, não é ele. O retrato aparentava um pilantra qualquer.

― Sim, mas, você não pode depender de um retrato. Qualquer pessoa pode ter esse tipo de cabelo ou cor de olhos, mas ele apresenta essa característica distinta. Se verificássemos esse detalhe, tudo ficaria claro.

O mais alto oficial olhava o corredor verificando cada detalhe, de repente, ele parou e se voltou ao seu subordinado.

― Então, você pediria ao conde que mostrasse a língua?

Nico, que dormia sob o farol do saguão, onde o Sol batia iluminando a mármore, fingia cochila, enquanto torcia suas orelhas.

― Depois de perguntarmos algo humilhante deste tipo, e não houvesse nada, como iríamos se arranjar? É óbvio que ele se recusaria, além disso, poderia apresentar uma queixa. E ter uma cruz tatuada em sua língua significaria que você é um serial killer da América. Caso queira misturar essas evidências com o ladrão de Londres, continue lendo o noticiário de fofocas, como os entusiasmados cidadãos.

― Sinto muito! Mas, ele foi realmente executado na América? O serial killer chamado sir John foi dito como um homem carismático, com uma característica de alto nível. E o corpo mostrado do enforcado não aparentava como alguém assim...

O tenente encarou seu subordinado e levantou os ombros, irritado.

― Como pode haver qualquer classe ou carisma no corpo de um enforcado? E Loine, você está enganado de um modo geral. O que estamos procurando não é um passageiro da cabine da primeira classe, mas malandro escondido em algum lugar.

Hmmm...”, passando a pata sobre os bigodes, Nico observou os policiais passarem e voltou ao quarto de Lydia com as duas patas traseiras resmungando para si próprio: “Agora, isso está indo para algum lugar.

Lydia e todos os outros saíram do navio no porto de Scarborough e seguiram para o oeste pela estrada de ferro.

À vista da janela era repetitiva e monótona. E no trem a vapor, Lydia teve que se sentar de frente para Edgar, em um compartimento barulhento, algo insuportável para ela. De vez em quando, ela ficava em pé e perdida.

― Ei, ei, se você ficar tão nervosa, eles ficarão desconfiados de você! – informou Nico, aparecendo de pé em suas patas traseiras na passagem.

― Nico, sobre o que você disse antes, você realmente acha... então...

― Se o policial dissesse não, portanto, você também pensaria assim?

― Você está certo. É difícil acreditar que um serial killer seja capaz de falar um inglês britânico.

Ela chegou a essa conclusão, mesmo assim algo ainda a incomodava. Talvez seja a parte sombria do caráter de Edgar desde a primeira vez que se encontraram.

― Entende? Você poderia ao menos verificar a língua dele.

Lydia soube da informação da tatuagem de cruz através de Nico que ouviu da conversa dos oficiais. Ela não conseguia entender como alguém tem a ideia de fazer uma tatuagem na língua de uma pessoa e em seguida realizá-la. No entanto, esse detalhe era muito importante.

De que modo, ela poderia verificar isso, era o que Lydia matutava na sua cabeça, desde que ouviu de Nico no navio.

― Mas, normalmente, não se pode ver a língua de outra pessoa. E a história da tatuagem era supostamente do americano. Então se ele não tivesse, aí estaria a prova de que ele não é o ladrão que tem feito roubos em Londres?

― Por enquanto, podemos relaxar que ele não é um assassino. Porque, pelo que se tem notícia, todas as vítimas de Londres estão vivas.

Isso poderia ser apenas uma coincidência, mas poderia ser como Nico diz. Ela queria fazer as coisas corretamente.

 No entanto, Lydia teve uma ideia e voltou ao compartimento. Quando ela procurou por Edgar, ele estava sentado junto à janela, com a bengala apoiada no colo e os seus olhos fechados. Pode ser que ele estivesse dormindo.

Talvez eu possa aproveitar esta oportunidade.

Lydia se aproximou na ponta dos pés. Parecia que ele não iria acordar. Embora que ele estivesse cochilando, sua mão estava segurava o queixo. Ele era perfeito, como se você o colocasse em uma pintura, ele se encaixaria perfeitamente como um quadro elegante. Seu cabelo dourado balançava sobre a bochecha branca criando uma sombra. Lydia concentrou-se nos lábios. Mas por mais que ela observasse, não conseguia ver a sua língua. Se ela colocasse o dedo na sua boca, sem dúvida, ele acordaria. Mesmo sabendo isso, Lydia se sentiu atraída por Edgar, não se moveu de onde ela estava, apenas se abaixou.

Os homens normalmente se supõem mais resistentes?

Os cílios longos, lábios finamente moldados e um queixo liso e fino. Ela tinha desejo de tocá-lo, com o mesmo sentimento de observar de uma maravilhosa obra de arte. Quando estendeu o dedo, os seus lábios se curvaram lentamente em um sorriso divertido. Ele abriu os olhos e fitou fixamente para ela.

― Em que posso te ajudar?

Lydia congelou. Ela tinha o dedo indicador apontado para perto da ponta do nariz dele.

― Se você oferecesse seus lábios, eu continuaria fingindo que estava dormindo, mas não pensei que seria cutucado.

― Hum... estava apenas...

― Está tudo bem! Toque-me!

― Não! Eu não ia...

Ela recuou a mão e tentou fugir da cena, mas Edgar agarrou o seu ombro.

― Oh, peço desculpas! Não deveria ter menosprezado a oferta de uma dama. Estaria mais feliz respondendo às suas expectativas.

Ele andou em direção a ela, o que fez Lydia entrar em pânico.

― Não! Eu... Sua língua...

― Língua? Não imaginei que você gostasse do estilo francês.

― Ei, espere! O que você está pensando?

Ela lutou para afastar Edgar, no entanto, Lydia viu Raven carregar o chá sobre o ombro dele. Contudo, ele não prestou a atenção em Lydia que quase foi derrubada com um empurrão para o assento. Ele não expressou absolutamente nada quando deixou o chá sobre a mesa. Estava prestes a sair quando...

― Ei! Por que você não me ajuda?

― Raven não me pararia, mesmo que fosse estalar o seu frágil pescoço.

Que nível de lealdade, ela se perguntou, que estas pessoas possuíam no mesmo grupo criminoso.

A sua raiva emergiu, sua mente ficou vazia por um momento. Sabendo que ele era um conde, era o único impedimento de arrancar a sua cabeça fora. Ela chicoteou a sua palma aberta nele como fosse um canalha. Sua palma parou bem em sua bochecha, e Edgar finalmente soltou Lydia.

No entanto, ela não conseguiu terminar com isso, e tentou jogar uma xícara de chá que estava na sua frente.

My lord!

Lydia voltou à realidade com a voz de Raven. Porém, o chá quente já tinha sido derramado no braço enquanto se colocava entre eles.

― Eu...Eu sinto muito! Você... É melhor esfriar isto com água.

― Eu estou bem. Não há nada para se preocupar. Vou fazer um novo bule de chá.

― Isto não será necessário. Vá tratar-se com Ermine.

Ele assentiu com a cabeça às ordens do seu mestre e Lydia acompanhou com olhar Raven enquanto se retirava, soltando um suspiro.

― Não se preocupe! – disse Edgar de modo indiferente.

― Você! É culpa sua! Você me forçou... e me disse algo assustador! Como quebrar meu pescoço!

― Foi apenas um exemplo.

― Teria sido melhor o chá ter sido derramado em você! Não tinha nenhuma intenção de ferir Raven!

Hmmm... Então, você não se importa comigo que foi esbofeteado?

― Claro que não! – ela o repreendeu e correu para fora do compartimento.

― Pare com isso, Lydia! Mesmo que fosse uma mulher, alguém que tente ferir o conde será morto.

No momento, em que ela avistou Raven na penumbra junto à pia, e estava se aproximando dele, ouviu o sussurro bem baixinho de Nico.

Ele estava brincando de novo, mas ela ainda estava nervosa, e hesitou em ignorá-lo depois que derramou chá sobre ele. Raven devia ter notado os passos de Lydia aproximando-se, contudo, ele não se virou.

Hum, deixou uma marca? – ela perguntou de modo cauteloso a ele.

― Não é grande coisa. Mas, mais importante ainda... – ele finalmente se virou para ela, embora não mostrou nenhum sorriso, mas também parecia não estar bravo. ― Assim como você disse, deveria ter parado lord Edgar mais cedo.

― Então, Edgar não teria sido acertado com chá?

― Nunca imaginei que uma lady fizesse tal coisa.

Lydia foi insultada levemente, mas por sentir remorso que o feriu, ela o ganhou por isso.

― Então, você saberá que nem todas as mulheres que são flertadas por Edgar se sentem lisonjeadas.

― Sim! Obrigado por me mostrar isso.

Sua resposta séria aparentemente não tinha intenção de provocar ou culpar Lydia, simplesmente porque ele não sabia medir as palavras. Provavelmente, era mais entendê-lo do que Edgar, mesmo que não demonstrasse nenhuma expressão.

― Perdão, mas quantos anos você tem? – com passar do tempo, ela decidiu perguntar algo que a estava deixando curiosa.

― Tenho 18 anos.

― Oh! Então, você é um ano mais velho do que eu.

― É por causa deste rosto franzino. – ele respondeu seriamente.

Como ele mesmo disse, talvez por seus olhos sejam grandes, aparentava ser mais jovem do que sua idade real. E se ele sorrisse, ela pensou, passaria uma impressão de ser mais afável aos outros.

― Gostaria de perguntar a você, caso Edgar tentasse matar alguém, você realmente não o deteria?

― Não diria que o impediria, mas eu que deveria cometer o assassinato.

Ser capaz de dizer algo assim tão naturalmente lhe provocou um arrepio pelo corpo. Ao contrário de Edgar, quando ele disse isso não soou como uma piada.

― Você sujaria as mãos pelo seu mestre? Iria tão longe pelo seu mestre ao ponto de confundir sua lealdade a ele?

― Se fosse cometer um crime, seria apenas por causa de lord Edgar. Ele me ensinou que não devo matar alguém além de suas ordens. Embora, demorou algum tempo para que entendesse isso.

Ela não compreendia o que ele queria dizer. Apenas, Lydia sentiu como estivesse nas profundezas de uma escuridão sem fim. Depois que ela o mirou de perto, notou que os olhos de Raven, que ela pensava ser da mesma cor do seu cabelo preto, na verdade, eram de um verde-escuro. Ela se lembrou de que contaram ele carregava o sangue das fadas, talvez pelo fato de seus olhos. Enquanto ela devaneava, seus olhos verdes fixaram nela.

― Oh, me perdoe! Apenas estava curiosa sobre a cor de seus olhos. Veja, tenho olhos verdes também. Uma vez que o verde é a cor das fadas, no meu caso posso ver fadas, que supostamente, se sobrepõem em outras fadas. Eu era chamada de changeling. Um changeling é quando uma fada sequestra um filho de um humano e deixa sua própria prole no lugar para que ele possa cuidá-la.

De modo inesperado, acabaram se olhando, Lydia ficou envergonhada e não parou de tagarelar, mas quando ela deu um respiro, ele a interrompeu:

― Um espírito é algo que vive na floresta. As florestas na Inglaterra são pálidas. Elas têm a cor de seus olhos, a cor do Sol.  Onde nasci era um verde denso e tenebroso, não havia luz. As fadas deste país são muito luminosas para que eu veja. No entanto, você é capaz de ver o espírito em mim.

Parecia que ele sorria debilmente, mal notava os olhos dela. Era quase um sorriso dolorido, e mesmo que tivesse a habilidade de entrar em contato com as fadas, sentia que ele era um tipo diferente. Um espírito mágico encarnado de um país distante.

Dizia-se que o Cavaleiro Azul gostava de viajar, contava histórias de fatos em terras distantes e animava a Corte. Os países do leste oriental, naquele tempo, eram mais longínquos do que o País das Fadas, envoltos de mistérios e maravilhas para os ingleses.

A história do conde conta que ele veio do País das Fadas com seus empregados mágicos. Lydia teve a sensação que estava dando um passo em direção à velha lenda das aventuras de Lord Cavaleiro Azul. Ele era o Lord Cavaleiro Azul e seus seguidores que voltaram ao mundo humano ou eram simplesmente ladrões?

Quando desembarcaram do trem a vapor na última estação, o céu estava escurecendo, pronunciando o pôr do Sol. Geralmente, as estações estavam localizadas na periferia, portanto, do lado de fora só restavam as ruas escuras por onde as carruagens passavam. Não havia muitos outros passageiros além deles, que rapidamente se dispersaram, ficaram ainda menos pessoas, contando com eles.

Raven disse que iria atrás de uma carruagem. Havia uma área de espera para carruagens atrás do edifício da estação.

― Senhor, está procurando uma carruagem? Qual é o seu destino?

Perguntou um homem que saiu das sombras escuras da estação.

― Não, obrigado! Nosso criado foi um buscar uma carruagem. – respondeu Edgar em um tom bem frio.

― Oh, não diga isso, sir. Vou tornar a passagem barata para você! – disse o homem, enquanto agarrava o braço de Lydia. E antes que ela abrisse a boca, uma faca afiada estava presa à sua garganta.

Edgar e Ermine ficaram a postos. Mas, olharam ao redor deles e estavam cercados por um grupo de homens que saíram das sombras.

― Não se mova, sir!

Viraram-se para encarar quem falava, era um homem que saiu do grupo e mostrou-lhes a ponta de uma pistola que estava escondida debaixo do casaco.

Era Huxley.

― Ah, então foi você, Huxley. Embora, não soubesse que você ambicionasse esse nome. – disse Edgar em tom irônico.

O homem olhou ferozmente para Edgar, o que transpareceu um Huxley completamente diferente de quem cumprimentou Lydia.

― Não se dê a si mesmo tais ares. Seu fingimento em ser um nobre é algo absurdo.

― Eu não finjo. E, além disso, não sou sir, e sim lord. Tente não misturá-los.

― Pare de brincar! Você está desfrutando uma viagem extravagante com o dinheiro de meu pai?

― Corrigindo, a recompensa que seu pai me ofereceu! Infelizmente, era apenas o dinheiro da carteira. Não poderia concordar com isso, mas terminou. Não é como se tivéssemos problemas com dinheiro.

― Recompensa?! Depois que você levou tudo, planeja roubar a joia que meu está procurando? É sua culpa que o meu pai...

― A razão pela qual seu pai está no hospital lutando pela vida foi porque você disparou sem cuidado sua arma. Mesmo que tenha me apontado, não seria óbvio que poderia acertar seu pai que estava atrás de mim? No entanto, você berra como se fosse eu quem fez isso.

― Cale-se! Cale-se! Vou me certificar de você nunca mais será capaz de abrir sua boca arrogante!

Enquanto ouvia a conversa dos dois, Lydia se levantou ainda agarrada pelo homem atrás dela, em choque absoluto.

Qual é o significado disso? Edgar estava atrás do dinheiro e da joia do pai de Huxley? Huxley atirou com sua arma e acertou no próprio pai?

― Nós ficaremos com a senhorita Carlton a partir de agora para nos auxiliar, entendeu? Ei, amarre-os! Vou arrastá-los para a polícia e vocês serão enforcados.

― Então, os seus crimes e do seu pai se tornaram públicos. Gostaria de nos acompanhar até a forca? Ou talvez você vá primeiro.

Assim que Edgar acabou de falar, uma sombra negra surgiu ao lado de Lydia. O ar se movimentou como fosse provocado por um batimento de asas, e a sombra voou para parte de trás de Lydia, e flash de luz brilhou sobre as bochechas dela. O homem que estava agarrado à Lydia caiu no chão sem emitir um som. Seu pescoço estava severamente retorcido e ele parou de respirar. A sombra dançou para mais adiante.

Raven.

Como se protegesse da linha de fogo de Huxley, ele deslizou para baixo na frente do seu mestre. Ele dispunha de uma adaga esbelta em sua mão. Os homens de Huxley o tentaram atacar de repente a fim de segurá-lo. Os rostos dos homens não era apenas os conhecidos do navio, mas pareciam que outros bandidos foram recrutados para o grupo.


Com apenas Raven, parecia que ele estava em desvantagem. Porém, surgiu outro redemoinho. Ermine chutou um dos homens que estava do seu lado. E no momento seguinte, ela estava com uma faca na mão apoiando Raven. Lydia então notou que a roupa masculina dela tinha uma razão, deixá-la livre para se movimentar. Mas, ela não conseguia deixar de olhar para eles. O Conde Cavaleiro Azul e seus servos misteriosos, Raven e Ermine. Era como tivessem saídos de um livro de contos.

Lydia reparou que Edgar estava de pé ao seu lado. Mas quando ela voltou-se a ele, a agarrou e a puxou pelo braço. Naquele momento, houve um som de um tiro e um furo em seus pés. Raven se esquivou por um instante. Ergueu sua perna no ar para ricochetear a pistola que Huxley mantinha grudada em sua mão. E, por fim, ele se virou para defender Edgar e evitou que os homens viessem apanhá-lo, aniquilando um por um.

My lord, há uma carruagem na esquina, logo à frente.

― Posso deixar isso com você?

― Por favor! Seja cuidadoso.

Depois, Edgar virou-se puxando Lydia pelo braço e se afastou da luta.

A lâmpada que iluminava a carruagem resplandecia levemente ao longe na escuridão. Entretanto, Lydia tropeçou na bainha de sua saia e caiu. No instante em que se levantou, a ponta de um sabre estava apontada para ela na altura do nariz.

― Eu disse que a levaríamos conosco. John, você pode lutar o quanto quiser, mas você não passa de uma nada e que só presta para morrer no lixo.

Quem é John?

Huxley apanhou Lydia.

Por quê?, perguntou-se a si mesma, ao mesmo tempo que seu sangue fervia. Por que cada um deles tenta me enganar, me ameaçar e por que tenho que ouvir o que eles falam?

Mesmo que Huxley tivesse uma arma afiada, ela não se importou porque finalmente perdeu a paciência. Lydia lutou de modo frenético tentando se soltar.

― Gossam! Não! Pare! – gritou Edgar.

Huxley se irritou quando Lydia mordeu o seu dedo e levantou para atacá-la com sabre. Ele foi empurrado para trás por Edgar, e Lydia viu a borda da lâmina atingir o ombro dele, cortando o revestimento de seu casaco. 

Edgar torceu as sobrancelhas em dor. Quando Huxley avançou para atacá-lo de novo, Edgar, mesmo estando ferido, esticou a bengala e de dentro dela, tirou uma espada, assim como fosse uma bainha.

Ele parou o sabre de Huxley com o contra-ataque da lâmina da espada, forçando-o a largá-lo. Ele usou o momento para fazer um corte no punho de Huxley, e isso fez com que ele se afastasse de uma distância considerável.

Novamente, Edgar puxou o braço de Lydia enquanto partia na direção oposta de Huxley. Quando eles finalmente chegaram na carruagem, ele a empurrou e subiu.

― Quem... Quem é você de verdade? Quem é John? E Gossam? – exclamou Lydia. Mas, Edgar a deteve de gritar calando-a colocando a mão em sua boca.

― Dirija! Agora! 

Mesmo que Edgar estivesse ferido e a situação parecia que ele estava forçando uma garota na carruagem, para uma pessoa comum, isso pareceria um sequestro. No entanto, o cocheiro não fez nenhuma pergunta depois que ele jogou um punhado de dinheiro. 

Nota da tradutora: Espero que você tenha curtido tanto quanto eu enquanto estava traduzindo. Cada vez mais me apaixono por essa história. Aqui temos mais algumas informações sobre Raven e Ermine. Para você que só assistiu o anime, pode ter estranhado a presença de Ermine, a meia-irmã de Raven. Ela tem um ar da Nana Oosaki, a vocalista da banda Blast Nana. E ah, Raven... Raven é uma pegada mais suave de outro personagem que sou louca: Sebastian Michaelis de Kuroshitsuji. 
E não disse que o Edgar do light novel é mais sinistro? Pois é... Ele mete medo. Bonito, mas a gente não sabe qual é a dele. A parte da carta que Lydia tenta enviar ao pai foi a que me deixou mais estressada. Dá para sentir o nó na garganta da nossa querida fairy doctor!
Ai, ai, e vem mais emoções por aí! Acredito que entre o final de março e comecinho de abril chega o 3º capítulo!
Nos dê suporte! E divulgue! Beijos e até mais!