quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Vitamin – No limite da privacidade


Você já sofreu ou provocou bullying? Ou melhor, presenciou esse tipo de atitude? Afinal, o que é bullying?

Bullying é quando uma pessoa ou grupo agride de forma intencional por meios verbais, físicos de maneira repetitiva um ou mais colegas de escola. O termo bullying vem da palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão.

Esse tipo de situação pode acontecer em vários ambientes: desde a escola, inclusive trabalho, entre amigos ou mesmo na rua. Mas você deve pensar: “Na minha época isso se chamava brincadeira. Foi um termo ‘modinha’ que inventaram!”. Negativo...

As situações de bullying estão arreigadas em nossa cultura há muito tempo. A primeira vez que o termo foi usado foi no final da década de 70 pelo professor norueguês, Dan Olweys, que realizou um estudo sobre as tendências suicidas entre os adolescentes. E o que ele descobriu? Na maioria dos casos, o suicídio era motivado por uma causa ... o bullying.

Então, temos o Japão. Um país cheio de regras, compromissos e muita pressão para molecada. Lá não é só conhecido por suas maneiras meio que acirradas com seus costumes, mas também lá a praga do bullying existe. E de forma tão assustadora do que aqui ou se bobear mais até!
Vitamin
E sobre este assunto controverso, doloroso e assustador que trata o mangá Vitamin de Keiko Suenobu, lançado pela editora JBC.

A história é mais ou menos a seguinte: Sawako Yarimizu é uma estudante de 15 anos como outra qualquer. Até que... Um dia ela é pega por um colega de classe em uma “atitude constrangedora” com namorado em plena sala de aula depois do horário. Pronto, aí está a deixa para que a vida de Sawako vire um inferno. Seus colegas praticam verdadeiras atrocidades com a garota, sem contar o namorado escroto que nega estar com ela naquele momento. A estudante pede ajuda para um professor, que resume que isso “é apenas estresse decorrente dos exames se aproximando. Seja forte!”, ele diz. Sem poder contar para os pais, Sawako se afunda em tormento sem fim. Não quer ir mais à escola. Até que... ela encontra uma luz no final do túnel.

É mangá devastador, muito bem escrito, desenhado e, sobretudo, que trata de uma maneira profunda e séria sobre o bullying. A autora, Keiko Suenobu, parece uma especialista no assunto, sendo que já tratou do tema em mangás como Limit, Hope e Life. O primeiro, aliás, também está sendo editado pela JBC.

O bullying japonês já foi tratado em outras obras como Another, Rozen Maiden e Kimi ni Todoke. Mas nunca foi tão bem abordado e até de forma cruel em Vitamin.

O bacana aqui é lidar não só com bullying, mas como a sociedade japonesa trata a mulher: o seu papel e as regras que deve seguir. Primeiro, lá se valoriza muito a garota virginal, estudiosa, obediente e de uma meiguice sem fim. Segundo, lá se tem: idade para beijar, transar, casar e ter filhos. Saiu de uma dessas regras? Se fica falada, malvista e malfadada.
Vitamin 3Para a sociedade japonesa, Sawako deveria namorar respeitosamente, ser dedicada aos estudos e obediente. Só que, por azar da garota, ela namora um cara pra lá de nojento, o Kouta. Possessivo, ciumento e a obriga a fazer sexo com ele. Sim, há uma cena de sexo no mangá e mostra que Sawako só o pratica para agradar o namorado, não sentindo nenhum prazer naquilo. No fundo, ela não quer ficar sozinha e o encara como redenção. Mal sabe que ele seria um propulsor do inferno que ela viveria.

Sawako x Sawako

Quem leu Kimi Ni Todoke sabe que o começo do mangá conta sobre Sawako Kuronuma, uma garota que a classe a encara como assustadora, comparando até com a Sadako, que a personagem principal de filme Ring, que deu origem à Samara, personagem de O Chamado.

Pois é, pois é... Só que diferente da protagonista de Vitamin, Sawako, durante o transcorrer da história, consegue duas amigas muito fofas, que são Ayano Yano e Chizuru Yoshida e de quebra, um namorado para lá de doce, ShotaSawako kimi Kazehaya. Kimi tem todos os ingredientes de shoujo: comédia, romance e todo aquele frufru que se encontra em histórias deste tipo. A Sawako de Kimi se revela uma garota meiga, sensível e muito, muito boazinha. E aos pouquinhos, ela se sai e se dá muito bem.

Já de Vitamin... Sim, Sawako tenta o tempo todo agradar amigos, colegas, namorado e pais. Mas quando tudo arrebentar para seu lado, se vê sozinha, sem solução e desesperada. As cenas de violência que as garotas praticam com a protagonista são agoniantes.

Você pode até achar: “Nossa, que exagero!”. Mas como a própria autora disse: “mas estão acontecendo atualmente, no mundo real, tipos de bullying ainda mais cruéis do que os retratados neste mangá”. Haja coração, estômago e cabeça para aturar.

Mas, Sawako, na temporada que fica em casa, encontra um rascunho de uma história que ela desenhou no primeiro ano ginasial. O seu sonho sempre foi ser mangaká. Mas, devido as exigências impostas pela escola, pais e sociedade, deixou esse sonho para trás. Será que não é hora de retomar e seguir em frente? Esta é a pergunta que Sawako faz.

Sawako X o caso Minami Minegishi

Miichan 2Não sei se você se lembra de uma garota com cabelos raspados, chorando, que pedia perdão pelos seus “atos impensados” há dois anos. Estou falando de Minami Minegishi, integrante da AKB48, um grupo feminino de idols.

Sabe por que ela fez isso? Porque passou a noite com um dançarino de um outro grupo. “Mas, oras, Juliana, qual é o problema nisso?”. Nenhum! Porém, no contrato assinado pela Miichan, como é chamada, tem uma cláusula onde é proibido ter relacionamentos amorosos e sexuais, enquanto estiver na banda.

Calma que te explico. Primeiro, o grupo AKB48 é uma sigla para Akihabara 48, um grupo idol feminino que é composto por 48 integrantes entre 12 a 26 anos que cantam, dançam e dublam animes.

Idol é um segmento musical, que remete às garotas bem jovens que passam uma imagem doce, meiga e virginal. Até a forma que elas se apresentam são como os uniformes escolares. Quanto à cláusula, não é bem que é proibido, mas que seja algo bastante discreto, uma vez que ela tem a ver com manter a disciplina dentro do grupo. Sabe como que é! Namorados podem cometer atitudes impensadas, que podem “arranhar” a imagem do grupo. Capicce? Tudo isso para alimentar aquela idealização dos fãs, que imaginam possuí-las e ama-las eternamente...

Machista? Um bocado!

Mas aí temos a Miichan, que foi flagrada saindo da casa do rapaz. E aí que surge o escândalo. Sem autorização dos produtores, staff ou colegas do grupo, a garota foi mais rápida. Raspou a cabeça (algo que os japoneses encaram como uma forma de redenção. Um tanto ridículo, eu sei...) e gravou um vídeo, aos prantos, pedindo desculpas pela atitude impensada. Ela não foi expulsa, mas rebaixada para a ala dos estagiários.
Vitamin final
E o que tem a ver Miichan com a protagonista de Vitamin, Sawako? Muita coisa. As duas são e foram expostas por um escândalo sexual. E cá para nós, ninguém sabe se realmente Miichan transou com o dito cujo (e se transou, daí?) e Sawako foi pega em uma posição constrangedora porque o namorado praticamente a forçou a uma situação erótica.

Mas o que definitivamente uma coisa você irá concordar comigo: Vitamin é obrigatório para quem quer conhecer mais sobre bullying, sobre a ótica japonesa.

Serviço
Vitamin. De Keiko Suenobu.
Editora: JBC.
Volume único.
Preço: R$ 14,90.




























Vitamin – No limite da privacidade


Você já sofreu ou provocou bullying? Ou melhor, presenciou esse tipo de atitude? Afinal, o que é bullying?

Bullying é quando uma pessoa ou grupo agride de forma intencional por meios verbais, físicos de maneira repetitiva um ou mais colegas de escola. O termo bullying vem da palavra inglesa bully, que significa valentão, brigão.

Esse tipo de situação pode acontecer em vários ambientes: desde a escola, inclusive trabalho, entre amigos ou mesmo na rua. Mas você deve pensar: “Na minha época isso se chamava brincadeira. Foi um termo ‘modinha’ que inventaram!”. Negativo...

As situações de bullying estão arreigadas em nossa cultura há muito tempo. A primeira vez que o termo foi usado foi no final da década de 70 pelo professor norueguês, Dan Olweys, que realizou um estudo sobre as tendências suicidas entre os adolescentes. E o que ele descobriu? Na maioria dos casos, o suicídio era motivado por uma causa ... o bullying.

Então, temos o Japão. Um país cheio de regras, compromissos e muita pressão para molecada. Lá não é só conhecido por suas maneiras meio que acirradas com seus costumes, mas também lá a praga do bullying existe. E de forma tão assustadora do que aqui ou se bobear mais até!
Vitamin
E sobre este assunto controverso, doloroso e assustador que trata o mangá Vitamin de Keiko Suenobu, lançado pela editora JBC.

A história é mais ou menos a seguinte: Sawako Yarimizu é uma estudante de 15 anos como outra qualquer. Até que... Um dia ela é pega por um colega de classe em uma “atitude constrangedora” com namorado em plena sala de aula depois do horário. Pronto, aí está a deixa para que a vida de Sawako vire um inferno. Seus colegas praticam verdadeiras atrocidades com a garota, sem contar o namorado escroto que nega estar com ela naquele momento. A estudante pede ajuda para um professor, que resume que isso “é apenas estresse decorrente dos exames se aproximando. Seja forte!”, ele diz. Sem poder contar para os pais, Sawako se afunda em tormento sem fim. Não quer ir mais à escola. Até que... ela encontra uma luz no final do túnel.

É mangá devastador, muito bem escrito, desenhado e, sobretudo, que trata de uma maneira profunda e séria sobre o bullying. A autora, Keiko Suenobu, parece uma especialista no assunto, sendo que já tratou do tema em mangás como Limit, Hope e Life. O primeiro, aliás, também está sendo editado pela JBC.

O bullying japonês já foi tratado em outras obras como Another, Rozen Maiden e Kimi ni Todoke. Mas nunca foi tão bem abordado e até de forma cruel em Vitamin.

O bacana aqui é lidar não só com bullying, mas como a sociedade japonesa trata a mulher: o seu papel e as regras que deve seguir. Primeiro, lá se valoriza muito a garota virginal, estudiosa, obediente e de uma meiguice sem fim. Segundo, lá se tem: idade para beijar, transar, casar e ter filhos. Saiu de uma dessas regras? Se fica falada, malvista e malfadada.
Vitamin 3Para a sociedade japonesa, Sawako deveria namorar respeitosamente, ser dedicada aos estudos e obediente. Só que, por azar da garota, ela namora um cara pra lá de nojento, o Kouta. Possessivo, ciumento e a obriga a fazer sexo com ele. Sim, há uma cena de sexo no mangá e mostra que Sawako só o pratica para agradar o namorado, não sentindo nenhum prazer naquilo. No fundo, ela não quer ficar sozinha e o encara como redenção. Mal sabe que ele seria um propulsor do inferno que ela viveria.

Sawako x Sawako

Quem leu Kimi Ni Todoke sabe que o começo do mangá conta sobre Sawako Kuronuma, uma garota que a classe a encara como assustadora, comparando até com a Sadako, que a personagem principal de filme Ring, que deu origem à Samara, personagem de O Chamado.

Pois é, pois é... Só que diferente da protagonista de Vitamin, Sawako, durante o transcorrer da história, consegue duas amigas muito fofas, que são Ayano Yano e Chizuru Yoshida e de quebra, um namorado para lá de doce, ShotaSawako kimi Kazehaya. Kimi tem todos os ingredientes de shoujo: comédia, romance e todo aquele frufru que se encontra em histórias deste tipo. A Sawako de Kimi se revela uma garota meiga, sensível e muito, muito boazinha. E aos pouquinhos, ela se sai e se dá muito bem.

Já de Vitamin... Sim, Sawako tenta o tempo todo agradar amigos, colegas, namorado e pais. Mas quando tudo arrebentar para seu lado, se vê sozinha, sem solução e desesperada. As cenas de violência que as garotas praticam com a protagonista são agoniantes.

Você pode até achar: “Nossa, que exagero!”. Mas como a própria autora disse: “mas estão acontecendo atualmente, no mundo real, tipos de bullying ainda mais cruéis do que os retratados neste mangá”. Haja coração, estômago e cabeça para aturar.

Mas, Sawako, na temporada que fica em casa, encontra um rascunho de uma história que ela desenhou no primeiro ano ginasial. O seu sonho sempre foi ser mangaká. Mas, devido as exigências impostas pela escola, pais e sociedade, deixou esse sonho para trás. Será que não é hora de retomar e seguir em frente? Esta é a pergunta que Sawako faz.

Sawako X o caso Minami Minegishi

Miichan 2Não sei se você se lembra de uma garota com cabelos raspados, chorando, que pedia perdão pelos seus “atos impensados” há dois anos. Estou falando de Minami Minegishi, integrante da AKB48, um grupo feminino de idols.

Sabe por que ela fez isso? Porque passou a noite com um dançarino de um outro grupo. “Mas, oras, Juliana, qual é o problema nisso?”. Nenhum! Porém, no contrato assinado pela Miichan, como é chamada, tem uma cláusula onde é proibido ter relacionamentos amorosos e sexuais, enquanto estiver na banda.

Calma que te explico. Primeiro, o grupo AKB48 é uma sigla para Akihabara 48, um grupo idol feminino que é composto por 48 integrantes entre 12 a 26 anos que cantam, dançam e dublam animes.

Idol é um segmento musical, que remete às garotas bem jovens que passam uma imagem doce, meiga e virginal. Até a forma que elas se apresentam são como os uniformes escolares. Quanto à cláusula, não é bem que é proibido, mas que seja algo bastante discreto, uma vez que ela tem a ver com manter a disciplina dentro do grupo. Sabe como que é! Namorados podem cometer atitudes impensadas, que podem “arranhar” a imagem do grupo. Capicce? Tudo isso para alimentar aquela idealização dos fãs, que imaginam possuí-las e ama-las eternamente...

Machista? Um bocado!

Mas aí temos a Miichan, que foi flagrada saindo da casa do rapaz. E aí que surge o escândalo. Sem autorização dos produtores, staff ou colegas do grupo, a garota foi mais rápida. Raspou a cabeça (algo que os japoneses encaram como uma forma de redenção. Um tanto ridículo, eu sei...) e gravou um vídeo, aos prantos, pedindo desculpas pela atitude impensada. Ela não foi expulsa, mas rebaixada para a ala dos estagiários.
Vitamin final
E o que tem a ver Miichan com a protagonista de Vitamin, Sawako? Muita coisa. As duas são e foram expostas por um escândalo sexual. E cá para nós, ninguém sabe se realmente Miichan transou com o dito cujo (e se transou, daí?) e Sawako foi pega em uma posição constrangedora porque o namorado praticamente a forçou a uma situação erótica.

Mas o que definitivamente uma coisa você irá concordar comigo: Vitamin é obrigatório para quem quer conhecer mais sobre bullying, sobre a ótica japonesa.

Serviço
Vitamin. De Keiko Suenobu.
Editora: JBC.
Volume único.
Preço: R$ 14,90.